sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Mansão Thompson.



Parte das minhas últimas férias eu passei em Salisbury cidade do condado de Wiltshire, Inglaterra, cidade de onde minha família veio. Eu já havia viajado para lá antes, e desde as primeiras visitas conheço Amanda Jones, vizinha dos meus parentes lá. Naqueles dias das férias recentes fiquei na casa dos meus parentes e todos os dias tive a companhia de Amanda e sua irmã menor Lucy. 

Em Salisbury há uma velha casa conhecida lá como “A Mansão Thompson”. Sobre esta velha casa, situada na estrada Odstock, contam-se histórias de assombrações. Dizem que é conhecida como “Mansão Thompson” porque lá teria vivido uma garota a qual chamam de “A Pequena Thompson”. São muitas histórias estranhas sobre como teria sido a vida dela. E há também quem jure ter visto fantasmas de cavaleiros traidores do Rei Ricardo III andarem pela região da estrada Odstock. Por muitos anos dizem que a casa foi alvo de pesquisas sobrenaturais e que após a tal Pequena Thompson (da qual se desconhece o destino), nenhum morador teria habitado a casa por mais de um mês. Porém desde o século 19 a casa é apenas um endereço abandonado.
Pela coincidência do nome e sendo minha família de Salisbury, Amanda brincava comigo dizendo que o fantasma da pequena Thompson seria minha "tataratataratatara-avó". Amanda começou a 'encasquetar' que poderíamos passar uma noite dentro da velha casa abandonada. Lucy sua irmã menor se empolgou com a ideia e disse que se Daniel, irmão delas, também fosse que ela teria coragem de passar a noite lá! Daniel achava uma grande bobagem todas as histórias sobre assombrações, e que eram apenas histórias que se contavam para entreter as crianças, mas parecia animado em nos ver com medo durante “a aventura”.
Talvez esse espírito da aventura, somado à curiosidade foi o que nos levou a inventarmos que iríamos para outro lugar. E pegamos lanternas, lanches, e tudo o que achamos que precisaríamos para passar uma noite na velha casa.
Pegamos um Ônibus com destino á Whitesbury, que nos deixou em frente ao endereço. Após passarmos um longo trecho de estrada sem casas, e sequer muita vegetação começou uma vegetação alta e com aspecto seco. Amanda disse ao motorista que queríamos descer. Ele fez cara de estranheza e perguntou “vocês teem certeza que vão descer aqui no meio do nada a essa hora?” (Será que ele pensava sobre as assombrações?).
A alta vegetação no início de uma curva pouca fechada escondia o antigo portão enferrujado da casa. Ao passarmos por ele lá estava a famosa Mansão Thompson.
Tinha uma pintura vibrante, porém gasta pelo tempo. Colunas em vários formatos e vigas elaboradas, telhados altos e cheios de ângulos, partes da casa pareciam torres e tinha muitas varandas. A casa era cercada por várias árvores dentro de seu terreno.
A noite já caía em Salisbury (...)
Estávamos na velha casa abandonada e não imaginávamos que algo tenebroso fosse acontecer. Afinal não deveria ter mais ninguém além do nosso grupo ultra organizado à quilômetros dali! A noite caiu e também uma fina chuva. Que aos poucos se transformou em uma chuva muito forte que sacudia as velhas árvores completando nosso cenário de casa assombrada! Amanda achava divertido tentar gravar sons ou fotografar partes da casa como uma verdadeira caça-fantasmas. “Ei, você quer uma foto da minha tataratatara-avó?”, brinquei. Lucy insistia em contar histórias de assombração e acampar no meio da grande sala da velha mansão.
Porém aos poucos todos começaram a se sentir “incomodados” conforme a hora avançava. Era como se o clima lá tivesse se tornado pesado. Daniel disfarçava, mas estava visivelmente apreensivo. A chuva forte passou. E pensamos em ir embora, mas haviam caído várias árvores bloqueando o portão. E lá fora no nada era um breu que, verdade, não dava coragem de atravessar. Teríamos que passar a noite na “mansão assombrada”. “Tudo bem! Devemos estar tensos por termos ouvido histórias quando pequenos, o cenário era sugestivo e a toda casa velha faz ruídos!”. “Vamos ficar aqui e quando clarear voltamos”.
Continuávamos na sala. E a sensação incomoda continuava somada a uma estranha sensação de que éramos observados. Lucy havia parado com as histórias (talvez por estar ficando com medo).
Já tínhamos explorado toda a casa e a certa hora resolvi subir para ir ao banheiro. Enquanto subia os degraus da escada e minha mão suava fria, passando pelo velho corrimão, a sensação de desconforto aumentava e estranhamente a cada passo no corredor ao topo da escada o lugar parecia mais frio. Ouvi uma voz sussurrante dizer “Aline”. Pensei ser Amanda me seguindo para pregar uma peça. Porém a voz tornou a dizer meu nome, de modo não falado, era como um vento, e também não me chamava o nome, parecia mais proclamá-lo como alguém querendo me mostrar que sabia meu nome. Entrei tensa no banheiro e quando estava de frente para um espelho pareceu-me ver em seu reflexo uma menina vultuosa de vestido preto passar pela porta! Meu corpo todo gelou e assim que consegui me mover (o que pareceu uma eternidade) subi desesperada no vaso do banheiro e danei a gritar “AMANDA! SOCORRO AMANDA!”.
Todos chegaram assustados com meus gritos à porta do banheiro. E antes que eu conseguisse terminar de contar o que vi, uma portinha do teto que dava para o sótão começou a bater sem parar diante dos nossos olhos atônicos! Não sei por quanto tempo permanecemos ali parados olhando a portinha até que tão subitamente como começou a bater, parou!
Estávamos num lugar que ninguém sabia, nossos telefones não davam sinal, não tínhamos para aonde ir. E havia um fantasma na casa! Sabia de nós e fazia questão de nos fazer perceber sua presença. Estávamos apavoradas!
(...)
Daniel insistia em que eu pensei ter visto! E que tudo era fruto do ambiente e das histórias! E que a portinha teria ficado batendo por causa de correntes de ar! Ele partiu para fechar bem todas as janelas.
Resolvemos tentar dormir. Havia uma velha cama num quarto da parte de cima. Mas não caberíamos nós quatro. Daniel disse que dormíssemos as três na cama (com ácaros ainda tão assustadores quanto o fantasma), e ele dormiria no sofá da sala enquanto “montava guarda”.
Passamos uma noite horrível naquele quarto! Hora parecia que ouvíamos passos, horas sons estranhos. Lucy jura que ouviu Amanda falando de trás pra frente! Ficamos agarradas e de olhos fechados com medo de ao abri-los nos depararmos com a menina fantasma.
As poucas vezes que conseguimos pregar o sono tivemos pesadelos. Pesadelos estranhos, com situações de muita gente sofrendo e muita tristeza. E até pesadelos com a antiga Inglaterra e enforcamentos públicos!
Daniel não dava sinal lá da sala e acreditávamos que ele, diferentemente de nós, dormia à vontade.
Pela manhã (quando finalmente clareou) pegamos nossas coisas e saímos o mais rápido que pudemos da casa e voltamos para o bairro de Amanda e dos meus parentes.
Tranquilos à tarde na casa da Amanda lanchávamos e nos lembrávamos da noite que vivemos e do terror sofrido na velha mansão (achando certa graça).
Perguntei a Daniel se ele tinha conseguido dormir bem.
Ele disse que sim, e que só acordou na hora em que viu Lucy na sala e... que a vendo ali de pé parada concluiu que ela estava com medo. Então disse “quer dormir comigo?” e que o único incomodo que sentiu foi dividir o sofá com ela. Mas depois ferrou num sono pesado e que nem tinha visto a hora em que Lucy teria acordado e levantado.
“Daniel, a Lucy não saiu do quarto, nem por um minuto” respondi.
Lucy e Amanda olhavam perplexas para ele.
Que, por alguns instantes pareceu achar que estávamos brincando. Mas diante das expressões das irmãs e de Amanda séria confirmando “É verdade Daniel! A Lucy não saiu do quarto durante a noite!”
Seu rosto se transformou, dava pra ver o quanto ele gelou naquela hora.
“Então, quem ou o que se deitou comigo naquele sofá?”

FELIZ HALLOWEEN!

...beijinhos***


Tá bom,  eu inventei tudo, é uma história fictícia! Espero que quem tenha tido paciência de ler tenha gostado. Esse longo post é uma pequena homenagem à escritora Gerina Dunwich, que amo e de cujo livro “Guia das Bruxas sobre Fantasmas e o Sobrenatural” (Edit. Madras) eu plagiei descaradamente as narrativas para contar essa história! Excelente livro!

Outra coisa! Não suba em privadas! Fui advertida que esse foi o momento mais perigoso da história! Mesmo eu sendo pequena e leve, o vaso que subi para tirar a foto poderia quebrar e eu poderia me machucar muito seriamente, pois seu ladrilho é extremamente cortante.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Amiga que Copiava - cap 2














Continuando...


Eu entendi o que minha mãe disse! Bem, de certo modo é legal saber que alguém acha a gente tão legal assim! E tudo bem se alguém “copiar alguma coisinha” ainda mais se estiver na moda mesmo. Mas a Carla era um clone! O pior era que a Carla já tinha começado a ser vítima da galera do bullying! Um dia eu bem vi de longe, quando uns garotos chegaram pra ela e disseram “Oi Aline! Ih! Ah não! A gente tá procurando a Aline original! Sabe onde ela tá? Deve saber!”. A menina ficou super mal! Eu cheguei perto dela, mas não sabia o que dizer, muito menos contei o que tinha visto, só a chamei pra me fazer companhia.
Eu tinha que fazer algo! Afinal ela era uma menina muito fofa, eu gostava muito dela. Mas não sabia bem o que fazer. Pensava “pelo que entendi minha mãe dizer, a Carla me copia justamente por se sentir insegura, se eu falar pra ela parar de me imitar só vai se sentir pior”. Já que ela gostava das minhas roupas comecei a mostrar pra ela e a comentar com ela sobre garotas que eu achava que tinham um visual legal, as famosas que eu achava estilosas. Tipo pra ela ter outras referências além de mim. Mostrava revistas, sites e etc. E trocava ideia sobre bandas e tudo... Às vezes ela agia sem estar me imitando! Eu aproveitava quando ela era mais ela mesma, tipo com personalidade própria e a elogiava! Ela começou a descobrir bandas e roupas sem eu ter falado pra ela e me mostrava. Minha prima Bianca sempre costumou me ter como referência. Mas a Bia além de ser mais nova, até se inspira em mim sim, e se liga no que escuto de banda e etc, mas não faz de mim um espelho! Aí nada de mal que alguém até se inspire em algo. Já no caso da Carla era tenso! Era como não é legal acontecer. Ela copiava até minhas atitudes! Hoje, entendo melhor o que rolava com ela! Ela estava anulando a personalidade dela por querer, naquele momento, ser igual a mim. E quando rola isso a pessoa que imita se sente cada vez pior, por se sentir inferiorizada, por que ninguém vira a outra pessoa! Independente de quem seja a pessoa copiada! Não é que a que está sendo copiada (naquele caso eu) seja melhor, mas é por que todos são diferentes! Mas no fim das contas eu acredito que agindo como agi eu a ajudei a descobrir mais sua personalidade própria... Ela foi ganhando mais confiança no próprio gosto e 'talz'. Até que ela passou a ser Carla em vez de ser “outra Aline”. E sabe mais? A Carla como ela própria é super! Eu também sou mo fã dela agora! É uma amiga super especial! É isso!

...beijinhos***

domingo, 24 de outubro de 2010

A Amiga que Copiava - cap 1












Esse final de semana encontrei com a Carla, que fazia muito tempo que não a via! Ela estudou comigo na época da sétima série. Ela se mudou do bairro um tempo atrás e se tornou mais raro nos vermos. Mas às vezes nos vemos. Ela estava passeando por aqui esse fim de semana e adorei encontrá-la e colocar a conversa em dia!

Na sétima a Carla era da minha turma na escola e minha amiga. Mas começou a acontecer o seguinte. Ela começou a gostar de como eu enfeitava as capas dos meus fichários e deixou de usar caderno e passou a usar fichário que nem eu e a enfeitá-los parecidos com os meus. Tudo bem! Fichário é fofo! Então comprei uma botinha que achei super estilosa e estava super feliz com minhas botinhas... No dia seguinte a Carla tinha comprado botinhas iguais às minhas. Tudo bem! Eram estilosas mesmo! Mas também começou a encanar de escutar as mesmas bandas que eu gostava e a me perguntar sobre bandas legais! Tudo bem! Sempre gostei de mostrar algum som novo que eu gostava p'ras pessoas. Mas daí a pouco ela também estava se vestindo parecido comigo, usando piercing igual ao meu e imitando minhas gírias, e um dia deixei de ser a única de cabelo verde na sala. Tudo bem, não sou a primeira pessoa que coloriu o cabelo. Mas não poderia ter só se inspirado e pintado de azul ou vermelho? Isso às vezes era um tanto chato. E era estranho alguém me copiando! Às vezes até me incomodava!
Acho que o máximo da brisa dela foi quando rolou daquelas redações de escrever sobre alguém que você admira. E de repente lá estava a Carla na frente da sala, da turma inteira, pra ler uma redação intitulada “Aline Thompson é meu ídolo!” Sabe aquela incrível vontade de enfiar a cabeça embaixo da carteira?
Às vezes algumas coisas irritavam. O que me desagradou mesmo foi rolar uma coisa da parte dela de competir com a Carol pra ser minha best (melhor amiga). Eu acabei conversando com minha mãe sobre o assunto e contei o que acontecia, e também que aquilo me deixava sem jeito. Minha mãe não estudou Psicologia, mas é uma verdadeira psicóloga! Minha mãe me disse: 

Se ela te imita filha, é por que acha seu jeito legal! Nessa idade de vocês acontece muita crise de identidade. Ela te imita por que é insegura com o jeito dela mesma. E acha que sendo igual a você será tão legal, quanto acha que você é! Ela te vê como um modelo ideal de menina!”


Sua mãe também gosta dessa frase: “nessa idade de vocês”?

CONTINUA...