sexta-feira, 14 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 5



Nos posts anteriores: Um grupo de amigos decide passar um agradável final de semana numa região de praias, sem imaginar o terror que viveriam. Acabam tendo que passar a noite numa fazenda. Uma série de fatos estranhos acontece. Até que Pedro, um dos amigos, retorna à cabana onde tentavam passar a noite com a notícia da morte de dois amigos, que teriam sido assassinados sob a estranha circunstância de serem jogados do alto de uma pedra de cerca de quarenta metros de altura. Max, que havia permanecido na cabana junto com as duas garotas do grupo, acusa Pedro de ser o assassino e estar criando situações para ficar sozinho com cada um do grupo por vez, e o ataca com um punhal. Eles travam uma luta que resulta na morte de Max. As duas meninas, Shayla e Cynthia deixam a cabana, junto com Pedro, que saiu ferido em sua perna esquerda, do confronto com Max. Cynthia temendo que Pedro seja o assassino entra desesperada na frente de um carro na estrada gesticulando para o veículo parar. No entanto ele acelera, atropelando e matando Cynthia. Pedro e Shayla seguem procurando por alguma casa onde pudessem pedir por ajuda. Ao encontrarem um poço. Pedro decide apanhar água para seu ferimento, mas antes confessa seu interesse por Shayla, pedindo-a em namoro. Ela aceita. Mas quando ele vai buscar a água é jogando dentro do poço pelo verdadeiro assassino. Shayla vê Pedro morto com o pescoço quebrado. Sabe que o assassino está perto. Ela foge desesperada pelo mato...


último capítulo

Depois de fugir por bastante tempo Shayla chegou à outra cabana de madeira. Que tinha varanda e várias mesas do lado de fora, parecendo ser uma venda, um bar ou ambas as coisas. Ela bateu desesperada à porta. Que não demorou a se abrir.
Um velho a atendeu, e a fez entrar, a acalmou e disse para que se sentasse.

“Você teve sorte de eu estar acordado” – disse o velho, que de fato havia acabado de chegar. “Tenho o sono pesado e talvez não a escutasse lá de trás, do quarto”.

O velho serviu à Shayla uma xícara do café que acabara de preparar, perguntando: “Você não é daqui, não é? O que faz aqui nesse lugar deserto e há essa hora? E o que houve?”.

Shayla lhe contou tudo o que acontecera com ela e com os amigos. O velho saiu-lhe do campo de visão, como se fosse apanhar uma xícara de café para si. Shayla que estava agora mais calma levou a xícara à boca, para terminar o café já frio, que ia bebendo enquanto contava sua longa história.
No instante em que colocava a xícara na boca ela viu por uma porta entreaberta, que dava para a garagem, o carro. Reconheceu ser mesmo modelo que atropelou Cynthia. Sentiu o corpo gelar e aquela incomoda sensação de haver alguém atrás de si. Ela voltou o olhar para trás. O velho lhe apontava uma espingarda.

“Sinto muito, minha filha! Você precisa morrer! Acredite, eu não gosto de fazer isso! Mas eles escolheram você e seus amigos para o sacrifício! E eu não vou te deixar escapar! Não quero que aconteça de novo a alguém da minha família! Há treze anos perdi um filho num estranho incêndio! Entre você e eu ou alguém da minha família, é a sua alma que os malditos escravos vão levar!”

“Do que o senhor está falando? Não atira! Não! Por favor!”

“Os malditos espíritos dos escravos! Aquela pedra de onde seus amigos foram jogados é a “Pedra dos Escravos”, no tempo deles, os escravos rebeldes depois de serem surrados e passarem o dia todo presos lá no alto dela, tendo os miolos cozidos pelo sol, eram jogados lá de cima para a morte! Mas seus espíritos ainda estão na fazenda e eles querem almas mortas numa chacina para manter a nós da região em paz! Vocês não perderam aquele trem por acaso! Quando vi uma forasteira desesperada na estrada logo entendi que era alguém escolhida pelos espíritos para morrer na fazenda amaldiçoada e por isso eu a atropelei! Agora, lamento, é a sua vez!” – dizendo isso o velho ergueu a espingarda à altura de poder mirar e posicionou o dedo para disparar contra Shayla.

Shayla paralisada pelo medo esperava o disparo que lhe tiraria a vida. Ela fechou os olhos e ouviu um disparo. Mas não foi da arma do velho! Ao abrir os olhos ele viu o homem que intentava mata-la caído no chão, abatido com um tiro certeiro no coração. Ela, então, olhou para trás, de onde poderia ter vindo o disparou que lhe salvou e vê o xerife à porta, empulhando a arma com a qual matou o velho.

“Não tive escolha, ele iria atirar” – disse o xerife.

Shayla mal podia acreditar na visão do homem fardado. Uniforme impecável, das perneiras lustrosas ao chapéu de aba larga, que tinha a estrela que o identificava como xerife no peito. Ela desaba em choro, sendo acolhida por ele.

“Conte-me o que aconteceu” – disse o oficial.

Ela contou tudo o que acontecera. Ele saiu com ela da venda. Lá fora estavam mais dois policiais e dois carros da polícia estacionados, um do xerife, e no outro havia um homem branco, cabelo com corte militar e olhar de louco, algemado no banco de trás.

“Sua sorte, moça, foi nós termos vindo à fazenda! Procurávamos por aquele homem preso ali na viatura! Ele é um desertor, fugiu esses dias de um quartel nas proximidades e estava se escondendo nesses matos. Parece ter enlouquecido. Foi ele quem matou seus amigos. Confessou-nos ter jogado dois rapazes do alto daquela pedra e mais um, que empurrou dentro de um poço” – ouvindo o xerife contar isso, mais uma vez ela chorou por seus amigos e a morte de Pedro.
  
O xerife abriu a porta de trás de seu carro para Shayla e o outro veículo da polícia partiu levando o desertor assassino.

Enquanto Shayla e o xerife seguiam pela estrada ele disse:

“Lamento ter precisado atirar no velho Renfield! Acredite, ele não era má pessoa. Acontece que as pessoas daqui costumam acreditar em superstições”.

– “Ele me falou algo sobre espíritos de escravos assassinados” – ela comentou.

“As pessoas daqui acreditam que espíritos dos antigos escravos da fazenda, voltam a cada treze anos e reclamam um número de almas para apaziguar sua maldição. Chamam a essa noite de “Noite Maldita”! Coincidentemente hoje.” – o xerife deu um sorriso de canto de boca e continuou – “São tão supersticiosos que se souberem do desertor que prendemos, o que perseguiu a vocês, acreditariam que ele estaria, na verdade, possuído por tais espíritos, para ser um instrumento da chacina que exigem em troca de não espalharem mortes por treze anos”.

Shayla admirou-se da lenda da Noite Maldita, quando o xerife parou o carro e virando-se para trás, com a arma, em punho disse: “Infelizmente para você, essas mesmas pessoas supersticiosas acreditam que os escravos pedem sete almas”.

Shayla fechou os olhos, sentiu o frio cano do revolver colt em sua testa.
O disparo da arma do xerife ecoou no silêncio da noite.



Fim



E você? Para onde irá viajar no próximo verão?
...beijinhos***



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 4


Por uma interessante coincidência ao separar meu conto em capítulos, ficou para postar hoje, Dia dos Namorados, um capítulo que tem entre seus eventos um pedido de namoro! Só não garanto que vá terminar da melhor forma, afinal, é um conto de terror!

Quero agradecer a você, que está acompanhando o conto, que escrevi com grande dedicação procurando lhe oferecer uma boa “história de terror assustador que dá medo”!
Mas se você está visitando o blog pela primeira vez, ou perdeu algum capítulo, antes do capítulo do dia há um breve resumo da história até aqui! Este é o penúltimo capítulo e sexta-feira postarei o capítulo final, quando todo mistério sobre a fazenda será revelado!
Espero que goste do capítulo de hoje!

Feliz Dia dos Namorados! Em especial para o meu “mozinho”!

...beijinhos***


Nos posts anteriores: Um grupo de amigos decide curtir um final de semana numa região de praias. Durante a viagem Henry sonha estar caindo de uma pedra muito alta e Shayla tem uma estranha visão de um homem fitá-la e desaparecer em seguida. Quando estão numa pequena praia recebem a estranha advertência para não passarem a noite na região. No entanto o grupo se distraiu da hora, tendo que passar a noite lá. Resolveram se abrigar numa cabana vazia que acharam “convidativa”. Pedro e Henry saíram da cabana para ver se havia alguém do lado de fora, depois que Shayla afirmou ter visto um homem olhando pela janela. Henry deixou a ronda mais cedo e desapareceu. Pedro chama Alan para procurar o amigo desaparecido. Pedro retorna sozinho com a notícia de que Henry e Alan estavam mortos. Pedro conta o estranho episódio onde Henry e Alan morreram sendo jogados do alto de uma grande pedra. Max acusa Pedro de ser o assassino e investe contra ele com um punhal.

quarto capítulo

Max ataca Pedro com o punhal. Pedro segura o pulso de Max para desviar o golpe. O punhal entra na perna esquerda de Pedro, que cai com a dor. Max investe novamente puxando o punhal e indo pra cima de Pedro caído, que novamente segura o pulso de Max, que aproximava a lamina do pescoço de Pedro. Shayla e Cynthia assistiam assustadas à luta. Shayla vendo Max aproximar o punhal cada vez mais da garganta de Pedro, enquanto gritava acusando-o de ser o assassino, se precipita para tentar tirar Max de cima de Pedro, que grita para que ela se mantenha afastada. Quando Max avançou sobre ele, Pedro conseguiu deixar a perna direita dobrada entre eles. Então, com toda a força que tinha Pedro joga Max para trás usando a perna direita. Max ao cair bateu, tragicamente, com a cabeça na ponta afiada de uma foice guardada naquela cabana repleta de ferramentas, morrendo na mesma hora.
Cynthia arregalou os olhos e tapou a boca vendo Max morto e a poça de sangue que se formava ao redor de sua cabeça atravessada pela foice, Shayla virou o rosto, Pedro se afligiu e foi engatinhando até o corpo do amigo que acabara de morrer.

“Eu matei o Max” Pedro disse, chorando – “Eu matei meu amigo! Eu matei uma pessoa!”.

Shayla abraçou Pedro, e disse: “Não foi sua culpa! Foi acidente! Ele estava tentando te matar! Você não o jogou contra aquilo por querer!”.

Pedro continuou mais alguns minutos segurando o corpo do amigo morto.

Ainda completamente transtornado Pedro disse que precisavam ir embora. Shayla rasgou uma canga e usou o pedaço de pano para amarrar o ferimento da perna de Pedro.
Shayla, Pedro e Cynthia deixaram a cabana.

“Não podemos tentar sair daqui pelo caminho que viemos! No escuro não enxergaríamos e Pedro com a perna assim não conseguiria fazer aquelas trilhas” – disse Shayla.

“Acho que se formos além da linha do trem vamos acabar encontrando alguma casa” – disse Pedro.

Os três seguiram, com Shayla ajudando Pedro a caminhar. Após passarem da linha férrea, mais adiante, chegaram a uma estrada de terra.
Cynthia não disse nada, mas quando Max acusou Pedro de ser o assassino, dizendo o porquê dele assim acreditar, ela também passou a crer que Pedro tivesse assassinado Henry e Alan e que pretendia matar todos. Cynthia havia torcido secretamente para que Max tivesse conseguido matar Pedro.
Um par de faróis brilhou na estrada. Poderia ser o socorro pelo qual ansiavam! Cynthia aflita, acreditando que Pedro só esperava uma boa oportunidade para matá-las, correu desesperadamente para a estrada ficando bem no meio dela, gesticulando agitadamente para o carro. O veículo, no entanto, acelerou em sua direção.
Shayla e Pedro gritaram desesperados para que ela saísse do meio da estrada. Mas não deu tempo e o carro a atropelou, fugindo em alta velocidade em seguida.
Shayla correu gritando e chorando ao encontro do corpo de Cynthia, sendo depois alcançada por Pedro.

“Por quê? Por que ela entrou na frente do carro daquele jeito? Por que o desgraçado a atropelou?” – perguntava Shayla, que chorava a morte da amiga.
“Eu não sei” – respondeu Pedro.

O casal arrastou o corpo da amiga para fora da estrada e seguiu adiante procurando por alguma casa onde pudessem pedir ajuda. O ferimento de Pedro sangrava bastante.

Encontraram um poço.

Pedro disse: “Vou ver se tem água e se tem como pegar naquele poço para a minha perna”.
Shayla chorosa disse:
“Pedro, eu estou com tanto medo!”.
– “Eu também, Shayla”.
Shayla se sentiu melhor, ouvindo de Pedro que ele também estava com medo.

“A gente vive como se nunca fosse morrer, e isso que tá acontecendo! Nunca imaginamos quando começa um dia que nesse dia...” – disse Shayla, que não terminou a frase. Houve um instante de silêncio entre eles, então se abraçaram.
“Shayla, talvez se eu não disser agora eu nunca diga” – disse Pedro.
Shayla olhou para cima, para Pedro.
“Se conseguirmos voltar, quando tudo isso acabar...” – Pedro encontrava coragem e motivos para fazer o pedido que não havia tido coragem até então – “Você... quer namorar comigo?”.
– “Quero” – ela respondeu.
Eles se beijaram, um beijo mutuamente esperado por muito tempo.

A dor e sangramento da ferida em sua perna lembraram a Pedro de que ele iria ao poço.
Enquanto Pedro ia em direção ao poço, Shayla se sentia feliz e se imaginava fora daquele pesadelo com ele. Ela olhou em torno de onde estava, enquanto imaginava esse futuro.

Mas naquele instante em que ela desviou o olhar de Pedro, ela o ouviu gritar e ouviu o som do corpo do pretendente batendo dentro do poço. Ela correu até lá, e viu Pedro caído – ele quebrou o pescoço na queda. Shayla chorou amargamente, seu Pedro estava morto.

Pedro teria simplesmente caído dentro do poço? Não! Quem ou o que estava perseguindo o grupo deveria estar ali, e bem perto! Deveria estar olhando para ela agora! Pedro foi assassinado, sendo, assim como Henry e Alan, empurrado para cair!
Shayla fugiu. Corria e chorava a morte dos amigos e de seu amado. Fugiu o mais rápido que pode pelo mato, com os olhos cheios de lágrimas.


Continua...


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 3



Nos posts anteriores: Um grupo de jovens decide curtir um final de semana numa região de praias. Durante a viagem de trem Henry sonha estar caindo de uma pedra muito alta e Shayla tem uma estranha visão de um homem negro com “roupas de pano de chão” fitá-la e desaparecer em seguida. No restante do passeio tudo corre bem. Até estarem numa pequena praia onde receberam uma estranha advertência de que não deveriam perder o último trem de volta. No entanto o grupo se distraiu da hora, perdendo o trem e tendo que passar a noite na região. Resolveram se abrigar numa cabana vazia que acharam “convidativa”. Mas Pedro e Henry saíram da cabana para averiguar se havia alguém perigoso do lado de fora, depois que Shayla afirmou ter visto um homem olhando pela janela. Henry deixou a ronda mais cedo e desapareceu. Pedro chama Alan para procurar o amigo desaparecido. Muito tempo depois Pedro retorna sozinho com a notícia de que Henry e Alan estavam mortos.


terceiro capítulo

Shayla e Cynthia demoraram a assimilar a notícia de que seus amigos Henry e Alan estavam mortos. Max, que havia aberto a porta para Pedro, sentou-se numa cadeira pesaroso pela notícia.

“Você tem certeza?” – perguntou Cynthia.
– “Sim, estão mortos”.

Shayla se levantou e procurou acalmar Pedro, que continuava pálido e trêmulo.

Após conseguir ficar menos nervoso Pedro contou o que acontecera.

“Alan e eu estávamos procurando o Henry. Então vimos marcas no chão que pareciam ser de algo, ou alguém que tivesse sido arrastado recentemente por ali. Seguimos as marcas por uma trilha que subia uma colina. Depois de chegarmos ao topo demos com um precipício! Na verdade quase não o vimos! É uma pedra nua daquele lado da colina! Tem uns quarenta metros de altura! Olhando lá de cima vimos Henry  lá embaixo morto! Alan pensou que ele talvez tivesse caído sem ver por onde andava, mas não fazia sentido! Henry tinha dito que voltaria pra cabana! Por que teria resolvido ir para longe? Então imaginei que alguém o matou, arrastou e depois jogou o corpo lá de cima! Mas Alan disse algo certo, que se tivesse sido arrastado depois de morto deveríamos, mesmo à noite, ter visto rastros de sangue. Então acho que ele foi arrastado vivo até lá e assassinado sendo arremessado do alto da pedra”.

Nesse momento Shayla e Cynthia se lembraram do pesadelo que Henry teve durante a viagem de trem. Henry havia morrido em circunstancia idêntica à de seu sonho. Cynthia sentiu um terrível frio subir-lhe pelo corpo e temeu de que o destino tivesse reservado aquela noite como a noite da morte de todos. Cynthia acreditava nessas coisas de Destino.

“Alan ainda insistiu na possibilidade de Henry ter caído sem ver o precipício. Depois quando voltávamos para trazer a má notícia, ainda sem acabarmos de descer a colina, voltando pelo caminho que fizemos, Alan sumiu sem que eu, que estava ao seu lado, conseguisse ver o momento do sumiço ou quem ou o que o apanhou! Achei que ele estava com uma de suas brincadeiras de mau gosto e comecei a chama-lo, mas instantes depois o ouvi gritando. Voltei rápido ao topo e ele tinha, assim como Henry, caído, ou sido arremessado lá de cima! Então... Então...”.

Pedro ficou hesitante em dizer o que houve depois.

“Pedro, o que houve depois?” – perguntou Shayla. Pedro, no entanto continuava hesitante.

“Pedro, seja o que for pode nos dizer” – as novas palavras de Shayla o fizeram prosseguir.

“Eu ouvi som de correntes e então vi vultos, não sei, vi escravos ao meu redor. Não eram nítidos, era assombração! Fantasmas! Saí correndo! Na fuga ouvi som do mato se mexendo, como algo me perseguindo! Corri o mais que pude! O som do mato cessou no meio do caminho e então cheguei aqui.”

Shayla não desacreditava do relato de Pedro, que lhe parecia uma confirmação do que ela já acreditava: a fazenda era mal assombrada pelas almas dos antigos escravos.

Pedro disse: “Temos que sair daqui! Temos que ir embora! Não podemos ficar! Nós temos que ir embora!”.

Max, que permanecera todo esse tempo calado, disse: “E então quando sairmos daqui o que você vai fazer? Vai nos matar? Do mesmo modo que matou Henry e Alan?”.

– “Você ficou louco, Max?” retrucou Shayla.

“Não! Nem um pouco!” e voltando-se para Pedro continuou “Foi você, Pedro, que nos chamou para esse lugar maldito, falando dessas praias e você que quis ficar nessa cabana! Henry ficou sozinho com você e “sumiu”, depois foi a vez do Alan!”

“Eu não fiz isso, Max!” – respondeu Pedro.

 Max respondeu: “Não sei que tipo de psicopata é você, bastardo, mas você não vai matar mais nenhum de nós!”.

Ao dizer isso Max se levantou, com um punhal, que encontrara na cabana e mantivera consigo, atacando Pedro furiosamente.

“Eu vou te matar, desgraçado!”



Continua...


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 2




No post anterior: Max, Pedro, Alan, Henry, Shayla e Cynthia resolveram visitar uma região de praias. A viagem até a cidadezinha foi tranquila, a não ser por um pesadelo de Henry, que sonhou estar caindo de uma pedra muito alta, e a estranha visão que Shayla teve de ser fitada por um homem negro, trajando roupas com aspectos de pano de chão, que desaparecera logo após. Depois de descobrirem uma pequena praia e serem avisados por um senhor de que esta fazia parte de uma fazenda e serem advertidos por ele a não perderem o último trem. Os jovens acabaram perdendo a hora se vendo obrigados a passarem a noite na fazenda. (primeiro capítulo).


segundo capítulo

“Droga! Perdemos a porcaria do trem! E agora como vamos voltar?” – disse Cynthia.
“Pelo jeito vamos ter que passar a noite por aqui!” – comentou Henry.
“Ah que legal! E onde vamos dormir?” – a amiga retrucou.
“Qual é! Vai ser até legal! A gente pode dormir lá na praia!” – disse Alan.
“Ah tá! Sabia que à noite na praia é um frio de rachar?” – perguntou Shayla.
“Peraí! Lembram que passamos por uma cabana? Parecia vazia, talvez só usem pra guardar algo, podemos dormir lá!” – disse Pedro.
“Vamos invadir a cabala do ‘sotro’?” perguntou Shayla.
Pedro respondeu: “Só para passar a noite! Isso é, se não tiver alguém lá!”
“Não tem ninguém lá, tá na cara! Todo mundo que trabalha nessa fazenda já foi embora”.
“E aquilo que aquele homem falou?” – Cynthia lembrou – “Deve ser perigoso ficar aqui!”.
“Perigoso por quê?” – questionou Alan.
“É desertão, né?” – disse Cynthia.
“Se só vamos estar nós aqui, que problemas poderíamos ter?” – retrucou Alan.
“A gente pode voltar pra praia e depois vamos para a cabana!” – sugeriu Henry.
“Ah não! Já tá querendo escurecer, se vamos para essa cabana, vamos logo!” – disse Cynthia.

Eles voltaram pela trilha para a cabana, passando novamente pela espécie de casa, ou alojamento em ruínas.

“Por que será que deixaram essa casinha aí em ruínas?” – Cynthia ficou curiosa.
“E esse tronco?” – acrescentou Shayla.
“Essa fazenda deve ser da época da escravidão, isso aí deve ter sido uma senzala, que não se preocuparam em preservar, eu imagino” – respondeu Pedro.
“É, amarravam os escravos nesse tronco aí pra dar surra.” – comentou Alan.

Chegando à cabana, Pedro testou a porta, que estava aberta. O grupo entrou.

“Ah qual é! Eles nem trancam isso!” – comentou Alan.
“Não deve vir ninguém aqui, só funcionário da fazenda” – disse Cynthia.
“Mas a gente vai dar um jeito de trancar!” – disse Shayla.
“Tudo bem, aqui tem essas travas que é só colocar uma tábua, deve ter uma aqui dentro” – respondeu Pedro, que encontrou uma tábua e trancou a porta por dentro.
“Ela tá com medinho” – debochou Alan.
“Deixa ela!” Pedro repreendeu o deboche.

Os amigos se instalaram como podiam pela cabana...

“Que lugar horrível pra dormir! Não tem cama, nem cobertor...” reclamava Cynthia.
“Você queria o que? É um armazém de ferramentas! Não um hotel. Se ajeita aí como der, é o jeito!” – disse Max.
“Melhor que morrer de frio na areia da praia” – disse Henry.
“A gente vai dormir mesmo? Ninguém tem um baralho? A gente podia jogar valendo tirar peça de roupas!” – disse Alan.
“Vai te catar, Alan! Além do mais acordamos muito cedo. Estou cansada do dia nas praias. Vamos dormir logo e acordar cedo antes que chegue o pessoal da fazenda” – respondeu Cynthia.

O grupo se acomodou da melhor maneira que pôde para pernoitarem.
Mas não conseguiram pegar no sono. Todos tiveram impressão de ouvirem ruídos estranhos. “Barulho de correntes, choros e gemidos distantes” como definiram. Todos estavam bastante incomodados e acabaram se levantando e conversando sobre os sons. Cynthia opinou que deviam estar impressionados. Max foi da opinião de tentarem dormir. Os estranhos sons continuavam.

“É o vento! Barulho lá da praia, bicho no mato! Sei lá!” – disse Henry.
“Não é! É muito estranho! Parece coisa de assombração!” – disse Cynthia.
“Agora vai ficar com medo de fantasma?” – respondeu o amigo.
“Eu que fico gritando no trem com pesadelo?” – ela retrucou.

A discussão foi interrompida por Shayla que disse ter visto um homem olhar pelo lado de fora da janela.

“Deve ser sombra, caramba!” – disse Henry.
“Não! Vi nitidamente!” – respondeu Shayla.
“Será algum funcionário da fazenda? Deve ter algum vigia! Né, gente?” – disse Cynthia.
“Se fosse vigia teria batido à porta!” – disse Alan.
“E se for alguém perigoso?” – perguntou Shayla.
“Tá! O que o cara perigoso tá fazendo aqui?” – questionou Alan.
“Sei lá, pode ter escapado de alguma cadeia e tá procurando um lugar pra se esconder!” – respondeu a amiga.
Pedro disse: “Quando eu era criança várias vezes imaginei haver monstros no quarto e passava a noite com medo. Até que um dia eu tive coragem de acender a luz e vi que não havia nada, senão roupas amontoadas que no escuro pareciam monstros. Vamos fazer assim eu e Henry damos uma olhada lá fora e vemos se tem alguém lá. Vem comigo, Henry?”.

Henry resmungou uns palavrões, mas concordou em rondar o lado de fora.
Pedro e Henry começaram a olhar em torno da cabana.

“Ah, qual é, Pedro? A Shayla é impressionada, ela vê coisas! Ela me contou que achou que viu um homem estranho dentro do trem, agora tá vendo coisa onde não tem de novo! Vamos voltar logo lá pra dentro, dizer que não tinha ninguém por aqui, porque não tem mesmo, e dormir!” – disse Henry.

Pedro quis olhar mais, e Henry voltou. Mas quando Pedro, depois de rondar por mais tempo, voltou à cabana, Henry não estava lá.

“Ele voltou antes dizendo que vinha dormir” – disse Pedro.
“Deve ter voltado pra praia!” – disse Alan em tom de brincadeira.

Esperaram mais tempo e nada de Henry voltar. Já começavam a imaginar motivos para o sumiço. Até que Shayla temerosa disse:

“E se tinha mesmo alguém perigoso lá fora e pegou o Henry?”.
“Acho que temos que ficar todos juntos aqui dentro, com todos juntos estaremos mais seguros” – opinou Cynthia.
“Mas e o Henry?” – perguntou Pedro, sem obter resposta dos demais.
“Que diacho! Se o Henry tá lá fora e em perigo não podemos deixar o cara na mão!” – esbravejou Pedro.
“O que você sugere? Que todo mundo vá lá fora junto?” – perguntou Max.
“Um de vocês fica aqui com as garotas e o outro vem comigo, vamos achar o Henry” – Pedro respondeu.
“Tá bom! Vamos levar uns desses facões e dessas lanternas e vamos achar o cara! Mas se o cara tiver lá fora de sacanagem eu mesmo vou esfaqueá-lo” – disse Alan se dispondo a procurar o amigo.
“Max, consegue manter guarda? Acho mais seguro”. – perguntou Pedro.
“Tá bom! Já perdi o sono mesmo com isso! Garanto que não vamos sair daqui sem amanhecer”. – respondeu irritado.

Pedro e Alan deixaram a cabana para procurar Henry. Passou-se muito tempo sem que regressassem. Max acabou ferrando no sono. Cynthia também pegou no sono, mas despertou várias vezes. Shayla aflita não conseguia dormir, vez ou outra ouvia os estranhos ruídos. Ficou imaginando haver uma conexão entre o homem negro que vira no trem, as ruínas que julgaram ser de uma senzala e os sons de correntes e gemidos. Começava a acreditar que a fazenda era assombrada por almas de antigos escravos.

Até que Pedro retornou. Mas estava sozinho, visivelmente conturbado, rosto pálido, olhos esbugalhados. Ficou parado à porta sem dizer nada.

“O que houve, Pedro?” – perguntou Shayla

Pedro permaneceu em silêncio.

“Pedro! O que houve?” – insistiu Cynthia.

Pedro, trêmulo, parecia querer dizer algo, mas prosseguiu sem responder.

“Pedro! Onde estão Alan e Henry?” – perguntou Shayla.

Afinal Pedro rompeu o silêncio:

“Estão mortos”.



Continua...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 1





primeiro capítulo

Um grupo de amigos formado por Max, Pedro, Alan, Henry, Shayla e Cynthia, decidiram aproveitar um dia de final de semana numa região de praias, distante oitenta e cinco quilômetros a oeste de onde moravam, sobre a qual Pedro ouvira falar muito bem.
A rodovia que levava até lá era de terra, muito acidentada e cheia de curvas. A melhor opção era irem de trem. Viajaram até o subúrbio da cidade para, de lá, baldearem para o trem com carros de madeira que os levaria à região praieira.
O trem logo lotou, era um bom sinal, sinal de que o destino era, de fato, popular. A maioria dos passageiros era de jovens.
No caminho havia várias passagens de nível, muitas com cancela, sinal e sirene e as paradas nas estações eram demoradas, quando jornaleiros ambulantes aproveitavam para vender seus periódicos. Além das paradas, se alguém no meio do caminho fizesse sinal o trem parava também.
Pela janela era possível tocar o mato com a mão e Alan até tentou, por várias vezes, apanhar cachos de bananas, dos quais, o caminho era farto, enfrentando protestos de Cynthia dizendo que ele acabaria se machucando. Cynthia também alimentava certo ciúme, pois Alan flertava com algumas passageiras. De fato a “paquerinha de praia” já começava no trem. Já Pedro dividia sua atenção entre a bela paisagem, com o mar à esquerda e a montanha à direita, e Shayla, para quem por muitas vezes voltava um olhar tímido. Foi uma viagem de cerca de três horas, tranquila e muito agradável.
A tranquilidade do grupo só foi quebrada quando Henry, depois de pegar no sono, pois haviam acordado mais cedo do que lhes era de costume, acordou gritando assustado com um pesadelo.

“O que houve, Henry?” – quis saber Shayla
Ele ainda assustado com o sonho vívido respondeu: “Sonhei que eu estava caindo!”.
“Caindo?” – tornou a perguntar a amiga.
“Sim! De uma pedra muito alta!”
“É só um pesadelo, cara!” – disse Max.
“Sonhar que tá caindo é sinal de que você sofrerá desonras, ou um grande perigo!” – Cynthia comentou, em tom de quem conhecia bem os significados populares dos sonhos.
“Ai, Cynthia! Vira essa boca pra lá!” – disse Shayla, que não havia comentado com o grupo algo estranho que lhe acontecera minutos antes. Ela teve a impressão de ver entre os passageiros um homem negro, usando uma roupa com aspecto de pano de chão, olhando fixamente para ela e depois desapareceu, como num delírio.
“Vai ver é perigo de se divertir demais nas praias” – disse Alan.

***

Chegaram ao seu destino. Tratava-se de uma cidade com jeito típico de interior, dessas com apenas um único armazém, um único restaurante... que ficavam, assim como a prefeitura, e o único hospital, e a estação de trem, no entorno de uma praça central.
Trataram de se abastecerem de material para lanche no armazém. Depois partiram para as praias acompanhando os grupos de banhistas.
Não se decepcionaram com as belas praias, a costa verde e visão de muitas ilhas.
O grupo de amigos resolveu explorar a região passando por diversas de suas praias.
Durante as caminhadas Shayla contou sobre a estranha visão do homem, durante a viagem de trem, a Henry.
Eles caminharam até que encontraram uma praia pequena, longe do tumulto dos turistas. Eram os únicos por ali, aproveitando suas águas calmas e a vista da mata que a cercava.

Num momento em que se distraiam com brincadeiras pueris um senhor de meia-idade, modos e sotaque interioranos, trajando camisa xadrez vermelho, calças jeans surradas, botas de borracha e chapéu de couro surgiu ao lado deles, que mal perceberam sua aproximação.

O senhor lhes disse:

“Apesar de não haver cercas, senão apenas uma placa, a qual vocês certamente não se aperceberam, essa praia aqui, não é pública, faz parte da fazenda da qual sou administrador”.

“Desculpe a gente, senhor, não a vimos mesmo...” – Pedro começou a responder sem jeito já sendo interrompido pelo homem:

“Contudo, não há mal que vocês desfrutem aqui da praia. Parecem boa gente! Vocês são da cidade, né? Se vê! Mas não perambulem pelo restante da fazenda. Certo? Seguindo por essa trilha” – olhou para atrás de si em direção à mencionada trilha – “vocês vão dar num apeadouro, onde vocês podem pegar o trem! Só não percam a hora! Não devem ficar aqui à noite!” – fez uma pequena pausa e mirou a todos do grupo “O último trem de volta sai cinco e trinta e cinco da estação e passa na fazenda pelas seis horas. Se o maquinista vir alguém no apeadouro ele para”

“Obrigado, senhor” – respondia Pedro, enquanto Alan, mais afastado olhava o chão achando graça do jeito do homem. Antes que Pedro terminasse de pronunciar a frase, o senhor disse:

“Eu vou deixar a fazenda às quatro horas. Não se esqueçam do que eu disse” e começou a caminhar de volta para a fazenda. Já de costas para o grupo reiterou: “Devem estar no apeadouro mais tardar seis horas para não perderem o último trem”.

***

O grupo de amigos continuou aproveitando a praia e não se deram conta do avançar da hora naquela longa tarde de verão, quando escurece tarde.
Até que Max percebendo a hora alarmou o grupo, que seguiu apressadamente pela trilha indicada pelo administrador da fazenda. Passando por uma grande cabana rústica de madeira e por ruínas de uma casa ou alojamento, que tinha um tronco ao lado.
Quando faltavam ainda trezentos metros para o apeadouro, viram o trem passando por ele.

“Droga! Perdemos a porcaria do trem! E agora como vamos voltar?” – disse Cynthia.
“Pelo jeito vamos ter que passar a noite por aqui!” – comentou Henry.


Continua...