quarta-feira, 31 de julho de 2013

Noite Maldita 2 - cap 5


Capítulo Final

“Eu não vou deixar que ele te faça mal, Michelle! Você está salva comigo!” – disse Bill, segurando Michelle nos braços.

Bryan se levantou lentamente e ficou olhando o casal.

“É, eu estou salva com você!” – disse Michelle num tom de voz muito estranho, e ao dizer isso sacou um punhal que levava consigo nos bolsos e fincou-o na barriga de Bill.

Katie e Vince chegaram nesse instante. Tarde demais para evitar, mas ainda a tempo de verem Michelle esfaqueando Bill.

“O que? Por quê?”- disse Vince olhando incrédulo ao que acontecia.

“Isso que eu quis dizer quando disse que só o Bill precisava de ajuda” – Katie disse a Vince.

“Quando ela voltou dizendo que um homem havia esfaqueado a Gina, e que ela conseguiu fugir trancando a porta do quarto por fora ela mentiu! Por que o assassino teria usado uma faca com a Gina, se ele usou a barra de ferro com todos os outros?” – disse Katie.

“O modus operandi” – disse Vince se lembrando do que Katie comentara muitas horas antes.

“E as portas dos quartos não tinham chaves, só podiam ser trancadas por dentro com as tábuas. Foi ela, a Michelle que matou a Gina, e com o mesmo punhal que acabou de matar o Bill! O assassino não a sequestrou, ele a usou para nos atrair até aqui, para o alto da Pedra dos Escravos” – continuou Katie.

“É, você é mesmo espertinha, Katie! Diferente do estúpido Bill! Pena que não vai poder contar isso para ninguém!” – respondeu Michelle.

“Esse ‘estúpido’ que você diz era loucamente apaixonado por você” – Vince disse à Michelle.

“Pouco importa! Os escravos precisam receber o sacrifício maldito!” – Michelle respondeu.

Nesse instante os ventos da tempestade, cada vez mais fortes, fizeram o capuz descobrir a cabeça de Bryan. Katie e Vince viram seus olhos! Estavam completamente brancos e brilhantes.

“Mate-os, Bryan” – Michelle ordenou ao assassino.

Katie e Vince tentaram correr, mas Bryan pegou novamente a barra de ferro e alcançou Vince acertando-o com um golpe na cabeça.
Katie ao tentar correr torceu o tornozelo e caiu sobre um monte de galhos.
Michelle ria macabramente.

“Está vendo Katie? Você pode vê-los? Eles estão ao meu lado!” – disse Michelle.

Katie viu os fantasmas de dezenas de escravos ao redor de Michelle, e começou a rezar baixinho para si um dos poucos trechos da bíblia que sabia – não era uma pessoa religiosa – “Ainda que eu esteja no vale das sombras da morte nada temerei”.

Michelle ria da reza do salmo.

“Eu estou praticando o Bem, Katie” – disse Michelle – “Se os espíritos não tiverem as sete mortes que exigem, muito mais pessoas morrerão ao longo de treze anos de maldição! Alguém teria que providenciar o sacrifício. E foi por isso que eu os chamei para cá hoje! Entende que a morte de vocês poupará a região de treze anos de terror?”

“Você não está fazendo nenhum bem, Michelle! Tirar vidas não é fazer o Bem, não importa que você acredite que estará poupando muitas outras! Vidas não podem ser tratadas como números!” – disse Katie.

“Você vai poder dizer isso pessoalmente aos escravos, quando estiver com eles no Inferno!” – disse Michelle erguendo o punhal para desferir contra Katie um golpe fatal.

Com a mão erguida acima da cabeça e rindo macabramente Michelle gritou: “Escravos, recebam a sétima alma!”.

Katie cerrou os olhos e repetiu o outro trecho bíblico, do qual conseguia se lembrar, gritando “Dez mil cairão à minha direita e mil à minha esquerda, eu, contudo, não serei atingida!”.

Nesse momento um relâmpago caiu exatamente no punhal erguido, como se Michelle fosse uma antena para-raios, fulminando-a.

No mesmo instante os olhos de Bryan voltavam ao normal.
Katie olhava assustada a mancha negra no chão em que Michelle se transformou.
Chorava, aliviada. Os fantasmas desapareceram.

Um pouco mais calma conseguiu olhar para Bryan, mas este já não lhe parecia assustador.

Bryan Lempke olhava ao seu redor, procurando entender onde estava e o que estava acontecendo. Ele reconheceu o terrível local e seu olhar se tornou imensamente triste. Compreendia que tudo se repetira. Havia sido outra vez, um assassino.

“Bryan?” – testou Katie.

Lempke voltou seu olhar para a moça caída e foi em sua direção estendendo a mão.

“Você não pode andar? Me deixa te ajudar” – disse ele à ela.

Luzes vermelhas piscavam vindas da estrada e ouvia-se o som de vários homens subindo a Pedra dos Escravos.

“Não, Bryan! Enquanto meu amigo e eu corríamos para cá, consegui área no meu telefone e chamei a polícia! Eles irão te prender novamente se você estiver aqui. Pode ir, vou ficar bem!”

“É melhor que me prendam” – ele respondeu.

“Não é culpa sua, Bryan, é uma maldição que acontece a cada treze anos! Vá antes que cheguem!” – disse Katie ao homem.

Bryan se aproximou da beira da Pedra, de onde os escravos eram arremessados.

“Isso pode acabar se eu saltar” – disse ele.

“Não! Por favor! Chega de sangue inocente! Vá, por favor! Houve outros usados como instrumento da Maldição antes de você! Não irá parar se você pular! Vá, eles estão quase aqui em cima! Vou dizer algo para que não te procurem! Fuja pelo outro lado da Pedra!” – pedia Katie.

Bryan pensou por uns instantes.

“Está bem. Eu vou. Obrigado!” – dizendo isso Bryan Lempke desapareceu na tempestade. E não tornaria a ser visto

– pelo menos durante os treze anos que se seguiram.

FIM (?)



...beijinhos***

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Noite Maldita 2 - cap 4


Capítulo 4 – A Chacina no Rubião (penúltimo capítulo).

O grupo de amigos chegou ao local chamado de Rubião. Durante o dia, um local muito frequentado por quem visita as cachoeiras locais, e completamente deserto àquela hora.
Não tiveram muita dificuldade para arrombar a porta de uma das cabanas, e não importava quanto barulho fizessem, não chamariam a atenção de ninguém.

Entraram festivos na cabana.

“Parece que vem vindo chuva aí” – disse Damon, olhando pela janela.
“A gente podia ver se acendia essa lareira” – comentou Michelle.
“Vou lá fora ver se tem lenha já cortada em algum lugar. Deve ter por aí, e é melhor pegar antes que essa chuva, que o Damon disse, caia e molhe a madeira” – disse Jim, e deixou a cabana.

Jim perambulou procurando por lenha. Parou um pouco para olhar o pequeno lago que havia próximo às cabanas.
Uma barra de ferro zuniu e acertou com toda a força a cabeça de Jim. Um golpe desferido por Bryan Lempke, que sem que sua vítima ouvisse, se aproximou por trás. Jim caiu morto no mesmo instante dentro do lago, onde seu corpo ficou boiando.

A Chuva começava a cair quando os que estavam dentro da cabana já se agitavam com a demora de Jim.

“O que pode ter acontecido?” – questionou Gina.

“Não sei, vou olhar lá fora” – disse Damon.

“Vamos contigo” – Gina respondeu.

“Nada! Só tem a gente aqui! O bocó deve tá que nem besta procurando lenha, vou sozinho, vou pegar essa capa de chuva aqui, por que não quero me molhar” – respondeu Damon, pegando a capa amarela e saindo com uma lanterna para procurar por Jim.

“A gente não deveria ter deixado o Damon ir sozinho” – comentou Gina.

“Ele deve ter razão, a gente só ia se molhar, e pelo visto, sem conseguir acender a lareira para nos secarmos” – disse Richie – “Daqui a pouco ele tá de volta com o bocó do Jim”.

Alguns minutos depois uma pancada na porta.
Gina abriu a porta se deparando com Damon, que tinhas os olhos esbugalhados, este, abriu a boca tentando dizer algo e vomitou sangue em cima de Gina encharcando-lhe a roupa. Damon tinha um buraco das costas à barriga, como se tivesse sido atravessado por um golpe violentíssimo.
Gina deu um passo atrás, deixando o corpo de Damon, que caíra sobre ela, ir ao chão e começou a gritar histérica com as mãos para o alto.
Richie e Vince correram e fecharam a porta, trancando-a com uma tábua atravessada.
Michelle puxou Gina para longe, tentando acalmá-la e a levou para um dos quartos da cabana para trocar a roupa banhada de sangue. Todos se apavoraram.

Richie, tremulo, disse: “Quem fez isso, cara? Será que o Jim também foi morto?”.
Bill sentiu falta de ar, se lembrando de tudo o que lera sobre a noite maldita e Bryan Lempke.

Michelle voltou gritando e chorando do quarto “Um homem entrou pela janela e esfaqueou a Gina! Ela está morta lá no quarto! Eu consegui correr, fechei a porta e tranquei por fora!”.

O grupo, então, arrancou às pressas a tábua que fechava a porta da frente da cabana, e todos correram apavorados para fora e para a chuva, que agora estava muito forte.

“Vamos pra outra cabana!” – gritava Vince.

Na corrida avistaram, ao meio de clarões de relâmpagos, o assustador vulto do encapuzado corpulento, que tinha em sua mão direita uma barra de ferro.

“Bryan Lempke” – disse Bill
“Não pode ser!” – disse Vince.

A chuva já havia se transformado numa verdadeira tempestade, com ventos impetuosos!
Continuaram correndo, quando Katie gritou! Havia visto o corpo de Jim boiando no lago e chamou a atenção do grupo para o cadáver do amigo.

O grupo chegou à outra cabana, sem tempo para arrombarem a porta, Richie socou uma das janelas, cortando a mão.

“Rápido!” ele gritava, vendo Bryan caminhar lentamente em direção deles.

Michelle, Katie, Vince e Bill pularam pela janela para dentro da cabana, no entanto, Richie não teve tempo de fazer o mesmo. Foi agarrado por Bryan, que antes que a vítima tivesse tempo de qualquer tentativa de reação, já o havia estrangulado e jogado seu corpo de lado.

Dentro da cabana Vince e Katie correram para um dos quartos, enquanto Michelle andou para trás, se afastando da janela por onde entraram, e ficando encostada, com expressão de pavor à outra parede da cabana, porém, não tendo o cuidado de ficar longe das janelas. A mão de Bryan atravessou a outra janela, perto da qual Michelle se mantinha acuada, e a puxou para fora da cabana.
“Nãooooooo!” – gritou Bill.
No mesmo instante a cabana foi atingida por uma grande estrutura em madeira, que voou, tendo sido arrancada de seu lugar pelos ventos. O impacto fez desabar parte da cabana, prendendo Vince e Katie em seu interior. Bill conseguiu sair da parte em que estava no momento do impacto e viu Bryan Lempke carregando Michelle às costas e subindo a trinha que retornava à Pedra dos Escravos. Viu também que Lempke deixara a barra de ferro no chão. Sem vacilar, em sua ânsia por salvar Michelle, Bill apanhou a barra de ferro e correu com ela nas mãos, perseguindo Bryan.

Vince e Katie, presos nos destroços da cabana, viam Bill partir em perseguição ao assassino.
“Cara! Ele vai mata-la e a você também!” – gritou Vince.

Bill, sem êxito, tentava alcançar Bryan, que agora era ligeiro ao carregar Michelle para a Pedra dos Escravos.
Bryan chegou ao topo da Pedra. E Bill chegou alguns instantes depois, se deparando agora com a cena de Bryan arrastando Michelle pelos braços em direção ao ponto da pedra de onde os escravos eram arremessados no passado.
Bryan parece não ter se dado conta, nem da perseguição, nem da aproximação de Bill, que com toda força que pode acertou-lhe as costas com a barra de ferro.
Bryan caiu e Bill tomou Michelle para si, abraçando-a e afastando-a de Bryan.

Enquanto isso, Vince e Katie moviam o mais rápido que podiam os destroços da cabana para se libertarem.
“Aquele idiota do Bill! Ele não vai ter chance nenhuma de salvar a Michelle sozinho! A gente tem que alcançar eles para salvar os dois!” – disse Vince, quando conseguiram sair dos destroços.
“Acho que talvez só o Bill realmente precise de ajuda”. – disse Katie
“Hã?” – Vince não compreendia.
“Não há tempo para explicar, vamos tentar alcançá-los antes do pior!” – respondeu Katie.


Continua...

sábado, 27 de julho de 2013

Noite Maldita 2 - cap 3


Capítulo 3 – O Clube do Terror.

Bill e Vince se encontraram, no horário combinado, com Michelle, Damon, Jim e Gina, à beira da estrada, próximos ao trevo da entrada do bairro. Esperaram mais algum tempo por Katie e Richie, que não demoraram muito a chegar.

O grupo começou a subir para a pedra, iluminando o caminho com lanternas.

“Aí, Bill, Será que o assassino da maldição vai tá lá em cima? Vai proteger a Michelle, pegador?” – Vince disse baixo a Bill.

“Cala a boca! Quer que ela escuta?” – Bill respondeu zangado para a diversão de Vince.

No alto da pedra, fizeram uma fogueira, beberam, se divertiram contando piadas e relembrando alguns casos da galera. Esquentaram marshmallows no fogo.

Até que quando estavam todos já um pouco altos pelo consumo de bebidas alcoólicas, Jim pegou uma das lanternas e voltou sua luz contra seu próprio rosto, dizendo:

“Aí, galera, que tal a gente contar algumas histórias de fantasmas?”

Vince olhou para Bill.

“Legal, que nem O Clube do Terror” – comentou Gina.

“Putz! Eu assistia isso!” – disse Michelle.

“Eram histórias muito bobas! Mas eu era muito pequeno e achava muito legal!” – comentou Richie.

“Ficava com medo! Diz logo!” – disse Jim.

O pessoal riu.

“Sabe o que era legal também? Cine Trash!” – disse Damon – “Só filme tosqueira!”.

“Isso nem é da minha época, mas os tosqueira são os melhores” – comentou Vince.

“Sabe o que é legal? Clube do Medo, passa num canal da TV a cabo” – comentou Katie.

Michelle propôs: “Que tal a gente fazer o nosso Clube do Terror?”.

Damon começou – “Eu sujeito à aprovação do Clube do Terror, o conto...”.
E contou uma história sobre uma praia assombrada por fantasmas de leprosos.
Jim contou sobre um fantasma de uma loira que assombrava uma estrada.
Michelle contou uma longa história, que era mais que tudo uma paródia do filme “Jovens Bruxas”.
Gina contou a lenda da Mulher da Capa Preta.
Vince contou sobre um cara que teria visto um lobisomem.
Katie contou sobre uma velha estranha que criava gatos*
(*será a próxima ‘história de terror’, aqui no blog)
Richie contou uma história que intitulou como “Medo de Cemitério

“Sua vez, Bill” – disse Michelle, passando-lhe a lanterna.

“O Bill tem uma história boa, não é, Bill?” – disse Vince.

Bill começou a falar:

“Existia uma fazenda, do tempo da escravidão, onde os escravos rebeldes eram punidos sendo levados para o alto de uma pedra, onde passavam o dia tendo os miolos assados pelo Sol, para depois serem arremessados para a morte da altura de mais de quarenta metros! Mas eles tiveram sua vingança! Seus espíritos passaram a atormentar a região, impondo a cada treze anos a chacina de sete pessoas. E no caso dessa exigência não ser cumprida os espíritos dos escravos espalharão terror e mortes por treze anos sem trégua, até que se complete novamente o ciclo de treze anos. A cada treze anos, sete pessoas devem morrer, para evitar a cólera desses espíritos!”

Michelle parecia ser a mais espantada ao ouvir a história. Bill continuou:

“Na última chacina da maldição, um grupo de jovens, assim como nós, estavam na fazenda amaldiçoada e todos foram mortos! Dois garotos foram aparentemente jogados do alto da pedra em que os escravos eram mortos, numa cabana outro cara foi encontrado morto com uma foice atravessada na cabeça, um velho foi morto em sua venda com um tiro no peito, outro cara foi encontrado morto dentro de um poço, e duas garotas encontradas mortas na estrada, uma delas com um tiro bem no meio da testa. Todos foram mortos por um terrível assassino que foi possuído pelos espíritos dos escravos!”

Todos se admiraram com a história. Depois de algum tempo em silêncio Michelle comentou: “História interessante”.

“Mas tem algo errado aí!” – disse Katie – “Não me parece serem todos vítimas de um único assassino!”.

Damon admirou-se do comentário: “Por que você diz isso?” – perguntou à Katie.

“Não tem um padrão, um modus operandi!” – disse Katie –“Ele matou alguns jogando do alto da pedra, e outro jogou em um poço, outro matou com uma foice, outra o Bill só disse que estava morta na estrada, e outras duas pessoas com tiros, mas um com tiro no peito e a outra com tiro na testa”.

“A Katie é esperta”- disse Gina e Michelle concordou.

“Mas o Jason do Sexta-Feira 13 também mata cada um de um jeito!” – disse Jim.

“É verdade!” – concordou Richie, acrescentando “O legal desses filmes é ver como o Jason vai matar cada um!”.

“Mas não contei ainda a parte mais assustadora” – disse Bill, chamando novamente a atenção de todos do grupo, e dando continuidade:

“A antiga fazenda dos escravos é justamente o bairro onde a gente mora... E a pedra de onde os escravos eram arremessados para a morte é essa onde estamos... E exatamente hoje é a Noite Maldita, quando os espíritos exigem o sangue de sete vítimas... E o assassino de treze anos atrás pode voltar!”

Nessa hora Vince saltou de trás de um arbusto com o casaco sobre a cabeça gritando - “Sou o assassino da Noite Maldita!” – pregando um grande susto em todos.

Vince recebeu alguns socos de Gina, como punição pelo susto.

“Palhaço! Babaca!” – ela dizia enquanto golpeava o risonho Vince.

O grupo se descontraiu.

“Tá bom, e agora, o que vamos fazer?” – perguntou Jim.

“Vamos para o Rubião” – Michelle respondeu.

“Mas o que vamos fazer lá? Ir na cachoeira à noite?” – questionou Damon.

“Não. Vamos entrar numa daquelas cabanas legais para passarmos a noite!” – disse Michelle.

Alguns acharam que poderia ser perigoso.

“Qual é? Estão com medinho? Ninguém toma conta daquilo lá! Vamos estar só nós. Vai ser legal!” – disse Michelle.

O grupo, então, deixou a pedra seguindo pela trilha que conduzia até o Rubião.
Sem saberem, no entanto, que eram observados por uma figura encapuzada, Bryan Lempke.


Continua...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Noite Maldita 2 - cap 2



Capítulo 2 – O Retorno de Bryan Lempke


Horas antes, naquele mesmo dia, numa prisão próxima do bairro de Bill e Vince, um homem era liberado, após cumprir anos de sentença. Seu nome: Bryan Lempke.

Bryan Lempke era uma alma atormentada. Bom filho, perdeu o pai em circunstâncias até hoje não bem esclarecidas e sempre ajudou a mãe desde então. Quando servia ao exercito, no entanto, surtou, desertando de seu quartel. Foi preso acusado de sete assassinatos. Crimes dos quais não se lembra. Só consegue se recordar do quartel antes de sua fuga e a partir do momento de sua prisão. Os fatos entre esses eventos, os assassinatos, ele simplesmente não conseguia se lembrar. Mas carregava muita dor por essas mortes. Teve sua pena reduzida por bom comportamento. Na prisão dedicou-se a leituras religiosas, buscando paz para sua alma. Tornou-se um sujeito muito calado. Estava sempre introspectivo e era raro ter alguma conversa, as tinha apenas com o psiquiatra da penitenciaria, que passou a visitar desde que se iniciaram os pesadelos pelos quais era atormentado todas as noites. Sonhava frequentemente com mortes de pessoas arremessadas de uma pedra muito alta. Entretanto, as consultas não conseguiam livrá-lo do sentimento de culpa ou dos pesadelos.

Na manhã de sua soltura, Bryan, fez um pedido, que se revelou bastante inusitado.

“Posso ficar?”

“O que? O cara quer ficar!” – disse o guarda gorducho e de aspecto desleixado, sentado à mesa, a quem Bryan dirigiu o pedido – “Aí, cara, sabia que você era esquisitão, mas querer ficar mais nesse lugar? Gostou do tempo que passou aí, é?”.

Outro guarda próximo, um magrelo e que usava bigode, que estava encostado à parede enquanto comia uma rosca doce de padaria, riu e comentou:

“Deve tá com algum cacho aí dentro!”.

Os guardas riram.

“Tá deixando esposa aí na cadeia, cara? Arrumou alguma mulherzinha?” – perguntou o guarda gorducho.

Bryan permanecia calado, sem mudar a expressão de seu rosto.

“Pegue suas coisas e esse dinheiro” – disse o gorducho, ao entregar as coisas de Bryan e a quantia de auxílio aos condenados que terminavam a pena – “Saia e recomece sua vida. Mas se quer tanto ficar na prisão, mate mais alguém por aí, que te trazemos de volta pra cá!” – sugeriu debochando.

Bryan, sem dizer mais nada, apanhou as coisas e o dinheiro e deixou a penitenciaria.
Caminhou até onde poderia apanhar alguma condução.
Fez sinal ao primeiro ônibus de viagem intermunicipal que viu.
Embarcou, pagando ao motorista por sua passagem e se acomodou em um dos acentos.
Intencionava ir o mais longe possível daquela região, da qual gostaria de nunca mais se lembrar.

Olhava pela janela, vendo a paisagem dos campos pelos quais a autoestrada passava, enquanto alimentava o desejo que seus tormentos, assim como aquela região, estivessem ficando para trás.

Alguns quilômetros depois de deixar a fronteira do município, no entanto, Bryan puxou o capuz do pesado casaco que vestia. O mesmo que usava no momento de sua prisão treze anos atrás, quando dos assassinatos na fazenda. O capuz ocultava seus olhos à vista de quem o olhasse.

Levantou-se e caminhou lentamente até o motorista.

“Eu desço aqui”

O ônibus parou, deixando Bryan à beira da estrada.

Lempke começou, então, a caminhar calmamente, fazendo de volta todo o caminho percorrido de ônibus, voltando à região onde ele fora preso treze anos antes.


Continua...



terça-feira, 23 de julho de 2013

Noite Maldita 2 - cap 1



Capítulo 1
Treze anos depois a Maldição está de volta (Stephen King é o cara)

Dois garotos escutavam música e conversavam. Vince estava sentado na cama de seu amigo Bill, que estava no computador selecionando as músicas e ao mesmo tempo acessando algumas páginas da Web de seu interesse.
Bill pegou um CD “The Razors Edge” da banda AC/DC, colocou no compartimento de CD...

“Vince, Se liga nesse som!” – disse Bill, empurrando a gaveta do drive de CD.

Começou a tocar a música “Thunderstruck” (trilha sonora oficial de "Noite Maldita 2"). Vince ao ouvir os primeiros sons, executados por Angus Young na guitarra, começou a se imaginar tocando e a fazer os gestos típicos de uma “guitarra imaginária”.

“Mandou, Bill! Muito som!”

“You’ve been Thunderstruck! Thunderstruck!” – coro dos amigos.

Enquanto Vince seguia com sua “airguitar”, Bill balançava ligeiramente a cabeça pra frente e pra trás, no compasso da música, enquanto lia algo em um de seus sites favoritos.

“Cara, que doideira! Se liga!” – disse Bill, mostrando algo para o amigo, e abaixou um pouco o som.

“Qual é, deixa o som!” – reagiu Vince.

“Tem uma história muito bizarra aqui nesse blog! É um blog que fala de histórias sobrenaturais... tipo umas coisas muito bizarras, que pouca gente sabe e que, assim, rola de tentarem ocultar a verdade sobre essas histórias...” – disse Bill.

“Que viagem, Bill! E o que tem aí que você até abaixou o som pra falar?” – perguntou o amigo.

“Aqui conta que treze anos atrás, um cara, tal de Bryan Lempke, surtou, fugiu do quartel e foi se esconder numa fazenda, onde matou sete pessoas, vários jovens de fora da região, que estavam na fazenda e um velho, dono de uma venda nos arredores, sendo depois preso pelas autoridades locais”. – contou Bill.

“Tá, o maluco surtou e saiu matando! Tem um monte de notícia assim!” – disse Vince.

“Acontece que aqui diz que existe uma maldição! E que exatamente treze anos antes desse Bryan surtar, na mesma fazenda, outro cara também surtou e matou, também, sete pessoas. E treze anos antes, também aconteceu, e isso vem acontecendo a cada treze anos nesse lugar. O blog diz que é uma maldição, pois na fazenda existiram escravos que foram muito mal tratados e eram jogados do alto de uma pedra para a morte por punição à rebeldia, e que os espíritos dos escravos, se não receberem o sangue de sete vítimas nessa noite maldita, espalham mortes por treze anos na região!” – Bill relatou o que o blog dizia.

“Tá, legal! Mas se você quer ver história de terror, por que não coloca aí um filme da Sexta-Feira 13, ou A Hora do Pesadelo, ou Olhos Famintos ou Jogos Mortais, sei lá!” – disse o amigo.

“Esses filmes são legais, cara, mas se liga! Os melhores são os filmes baseados em livros do Stephen King!” – respondeu Bill.

“Stephen King?” – questionou Vince.

“Pra você ter uma ideia! Os super clássicos: O Iluminado e Carrie, A Estranha são baseados em livros dele! Aquele filme tosqueira da melhor, Christine, O Carro Assassino e Bala de Prata... Colheita Maldita, 1408, O Apanhador de Sonhos... Voo Noturno, que tem o vampiro mais sinistro que já vi! Nada desses vampiros de purpurina que rolam por aí! Fenda no Tempo, Às Vezes Eles Voltam...E tem os que mais gosto: O Nevoeiro e Tempestade do Século! Fora outros também muito bons! Inclusive Cemitério Maldito!” – comentou Bill, empolgado.

“Cemitério Maldito, pode crer, que rola o som dos Ramones!” – respondeu Vince – “Esse Stephen King é o cara! Mas os livros são melhores que os filmes!”.

“Você leu os livros?” – admirou-se Bill.

“Não. Mas sempre que tem filme baseado em livro todo mundo diz que o livro é melhor!” – o amigo respondeu.

“Tá de zoa, né?” – disse Bill – “Mas essa história aqui do blog é real! E muito estranho isso! Sempre na mesma noite a cada treze anos?”.

“Sei lá, cara, isso tá com cara de ser viagem dessa galera! E o povo de antigamente, ainda mais de lugar pequeno, região de fazendas, essas paradas, viajavam muito nessas coisas de fantasma, de lobisomem...” – disse Vince.

“Só que não te contei, ainda, a parte mais doideira!” – respondeu Bill – “Essa pedra, de onde eram jogados os escravos, que passaram a assombrar o lugar é exatamente aquela do outro lado da estrada, aqui de frente pro bairro!”.

“Como assim?” – perguntou o amigo.

“Aqui, nosso bairro, era a fazenda da história, foi aqui que aconteceu! E tem mais! Hoje é a noite em que se completam exatos treze anos, desde a chacina executado pelo tal Bryan Lempke!” – disse Bill.

Som de mensagem via Facebook.

“Aí! É a Michelle! Tudo que você queria!” – Vince mexeu com o amigo, pois sabia que Bill fazia tempo tinha admiração pela garota – “O que ela tá falando?”.

“Ela tá dizendo que a galera vai reunir de noite e tá chamando pra ir!” – respondeu Bill

“Uma chance!” – comentou Vince.

“Tamo junto, vou sim, vai muita gente?” – Bill respondeu à Michelle no chat.

“Vai o Jim, o Richie, a Katie, o Damon e vou ver se a Gina também vai!” – respondeu Michelle.

“O Vince tá aqui, a gente tá trocando uma ideia, ele pode ir também?” – respondeu Bill.

“Claro, melhor ainda! Ia te perguntar dele mesmo!” – respondeu Michelle.

“Vai rolar uma parada pra gente beber, né?” – Vince perguntou.

“Leva o que?” – Bill perguntou à Michelle.

“Traz aí garrafa do que tiver!” – ela respondeu.

“E onde a galera vai reunir?” – perguntou Bill.

“Tá ligado aquela pedra alta, do outro lado da estrada? A gente vai pra lá e de lá vamos pro Rubião”. – respondeu a garota.

Bill ficou um pouco receoso.

“A pedra da maldição!” – disse Vince em tom de brincadeira – “Não vai dizer que vai ficar com medinho de historinha que leu em blog? Vai perder a gata pro Bryan sei lá o que?”.

“Ih! Qual é?” – respondeu Bill e confirmou a presença dele e do amigo Vince. Michelle despediu-se dizendo que iria tentar falar com Gina, para ela ir com a galera.


Continua...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mãe no Facebook


“Não! Não e ponto final!”

Dizia com tom de fim de conversa, minha prima Bianca, enquanto andava com expressão emburrada, sendo seguida por minha tia.

“Mas, Bia!” – dizia minha tia, alguns passos atrás.

“Bianca Thompson, eu sou sua mãe!” (com ênfase). – disse minha tia ao parar de andar, esperando que a Bia fizesse o mesmo.

Era essa a cena com que me deparei ao encontrá-las no final de semana.

Minha tia me olhou
“Aline, converse com sua prima” – disse.

“Aline, converse com sua tia!” (com ênfase no “sua tia”) – remendou Bianca em tom que significava que era a mãe quem precisava rever a posição!

Oh não! Mal cheguei e já estava, mais uma vez, na saia-justa, sendo incumbida pelas duas de mediar mais uma discussão! O que seria dessa vez?

“A Bianca, imagina, não quer me aceitar no Face!” – protestou minha tia, dizendo “Face” em total tom de intimidade com a rede social.

“Mas não mesmo!” – contestou Bianca.

Eu continuava parada no ponto em que me deparei com elas e eu “disse”:
“Err...”

“Minha própria filha não quer me aceitar no Face! Que desnaturada! Os amiguinhos dela todos me aceitaram e ela, minha filha, não quer me aceitar!” – disse minha tia.

“Tá vendo, Aline? Ela sem-noção adiciona todos os meus amigos e fica perturbando! E não é “aceitar”, é re-aceitar, porque tive que excluir a mamãe!” – disse a Bia.

“Mas eles me adoram! Me chamam de tia e tudo! É ciúme que ela fica por causa disso!”



“Dorme com esse barulho! E tem mais! Sabe aquilo que dizem no “F.B.” de “foto de perfil e foto que a gente é marcada pelos amigos”? Deveriam incluir “foto que sua mãe te marcou”! Ela posta uma foto minha de cem anos atrás e ainda escreve “Minha Bia-Bilubizinha”!!!!!!” – o tom da Bianca ao dizer isso “justifica” os muitos pontos de exclamação. – “Tem noção de quanto tempo fiquei sendo chamada de “bilubizinha” na escola? Isso sem contar o apelido de “orelhinha” que ganhei por causa da foto! “Plim” – notificação: “ ‘Sua Mãe’ te marcou numa foto!”– frio no coração!”– continuava a Bia.

“É apelido carinhoso! Sempre chamei de Bilubizinha e tá tão lindinha naquela foto! *--* – disse minha tia.

“Peraí, Aline, tem mais!!!” – continuava a Bia.

O que aconteceu com o “Oi, Aline, quanto tempo! Como você tá?”?

“Imagina, que minha mãe foi lá no “Bianca está em um relacionamento sério com Marcus” e comentou “Meu genro, cuide sempre bem da minha bebezinha”!!!!” – você já sabe o porquê dos muitos pontos de exclamação nas falas da Bianca, né?

A coisa era séria mesmo!

“Aline, a Bia – antes de me excluir – nunca me mandava mensagem!” – disse minha tia, com ênfase no “antes de me excluir” destacando o absurdo de ser excluída pela filha.

“Mas eu moro com você!!! Por que vou mandar mensagem se você está a alguns metros???” – os pontos de interrogação nas falas da Bia seguem a mesma lógica dos pontos de exclamação.

“Tá vendo, Aline? Ela não retribui o amor dos pais!”.

“Err...” – Eu tentava dizer algo, mas eu mal fazia o movimento de abrir a boca uma delas já tinha voltado a protestar.

“Sabe que isso dela me cobrando recado vira piada depois na escola, né? Além de que o assunto na sala já foram as fotos que a minha mãe postou dela de biquíni!” – disse a Bia.

A situação estava cada vez mais tensa! E pior, eu seria cobrada por dar um veredito sobre a contenda! Mais complicado ainda! Dessa vez a Bia tinha razão em várias reclamações e como dizer isso pra minha tia?

“Tem mais, Aline! Ela entra em conversas minhas com meus amigos, sem entender o assunto e dá pitaco! Fora curtir e compartilhar tudo que posto aí vem tio, tia, gato, cachorro, papagaio, entrar também na conversa! Fora quando algum amigo meu, que ela adicionou, posta uma piada ‘mô’ ultra-maldosa, que ela não entende, ou melhor, entende do jeito dela e ainda acha graça, e vai e curte e compartilha!!!”.

Oh-oh! Ih! Elas pararam e ficaram me olhando com ar de cobrando o veredito! Chegou a hora que eu mais temia!

“Er, tia, bem... É legal ter um perfil no Facebook, ficar um pouquinho de olho na Bia e tal, afinal, a internet tem muita gente mal intencionada e etc. É legal conversar com ela sobre o que pode ser perigoso, tal como, dizer onde mora, onde estuda de forma que exponha isso ao acesso de estranhos e talz... Mas tem algumas coisinhas aí que não são muito legais (na verdade não são nada legais, mas estava falando com minha tia, sabe como é!). A Bia já é “uma mocinha” e o ambiente dela entre os amigos, na escola... tem muita importância pra ela e algumas coisas, assim, que nem os apelidos carinhosos é melhor usar só em casa... E coisa tipo as fotos de família, a deixam com vergonha, melhor deixar só pra reunião de família...”.

Minha tia parecia estar aceitando bem minha opinião.

“Mas o que tem de mal em ter os amigos dela que eu gosto como amigos? E o que tem eu por uma foto minha na piscina?” – disse minha tia.

A Bia ameaçou voltar a falar.
Eu continuei:

“Er... (certo receio agora, parte muito tensa) É que, mesmo a senhora gostando muito deles, são amigos dela" (acho que a tia entendeu e assimilou até bem demais o subentendido: “dela e não seus”)

“Imagina ouvir os comentários sobre minha mãe de biquíni e a conversa sobre a coroa enxuta e a ter que olhar a mãe pra ver como vai ficar a filha quando tiver a mesma idade e os garotos falando isso com o Marcus!” – Bianca não se conteve e interrompeu.

“Er... (que situação, hein?!) Os meninos são fogo! Foto de biquíni ou que possam parecer sensuais (muito tato pra dizer “sensuais”) pode não ser muito bacana (“não ser bacana” é uma expressão que minha tia assimila bem). A Bia não mandar mensagem não quer dizer que ela não te ame. Tem conversas dela com os amigos que são coisa deles... Dar palpite no namoro via Facebook também não é muito maneiro. (“maneiro” também está no vocabulário que minha tia assimila bem). E isso de curtir e compartilhar todos os posts dela não é muito bacana".

“Coisa da idade, né? Os tais “micos” e etc., né?” – disse minha tia, entendendo a posição da Bianca.

Bia fazia cara de “tá vendo, mãe?”, mas ao mesmo tempo com jeito de certo “dó” da mãe se sentir excluída.

“Tá! Vou aceitar o convite de amizade! Marco no família e tudo! Mas maneira nessas coisas que a Aline falou, tá?” – Bianca disse à mãe.

Abraço delas – Ufa! Ficou tudo bem!

“Aline” – disse minha tia, voltando-se para mim

 – “Sua mãe bem podia ter um Face também! Por que não faz um pra ela?”.

A minha mãe?

No Facebook?!! =|

D=




sábado, 6 de julho de 2013

Histórias de Terror Assustador que dão Medo!


O conto que trago hoje se trata de uma lenda urbana de Maceió, onde tudo teria se passado, sendo muito conhecida em todo estado de Alagoas! Tomei conhecimento da história através de uma mensagem que me foi enviada pelo Claudio, autor do blog “H.E. e O.P.”- um blog que eu pessoalmente gosto muito de visitar!
Pesquisando encontrei muitas versões dessa lenda urbana e à partir do que mais gostei preparei o texto de hoje, que espero que você goste! Foi muito importante para o resultado que ofereço a visita ao site “Sobrenatural.Org”.




Em um dos primeiros anos da década de 1920, acontecia um luxuoso baile da alta sociedade maceioense. Faziam-se presentes moças muito bem trajadas e rapazes obedientes às regras do cavalheirismo.

Um rapaz reparava uma moça em especial, chamava-lhe a atenção a satisfação dela em estar ali, revelada em seu sorriso de contentamento e o modo como corria os belos olhos, mirando tudo ao seu redor. O rapaz teve seu interesse despertado pela distinta dama.

“Poderia me conceder o prazer da próxima dança?” – cortejou-a o rapaz. Ela aceitou o convite, com um sorriso e estendendo a mão.

Ela parecia ainda mais feliz por dançar! O rapaz se encantava cada vez mais.

“Não quero ser indiscreto, mas não pode dizer-me o seu nome?” –  ele perguntou.
– “Carolina... Carolina Marques”.

Passaram um bom tempo juntos, dançando e tendo conversas agradáveis.

Até que...

“Não posso ficar por muito tempo mais” – ela disse.
“Ainda é bastante cedo” – disse o rapaz, triste pela iminência de perder a companhia.
“É que saí de casa contra a vontade de meus pais” – disse tímida – “Acontece que estou adoentada e me aconselhou o médico a não me expor à friagem da noite em demasia”

Algum tempo depois ela disse que estava apreciando muito a dança, as conversas e a companhia, mas precisava voltar naquele momento para casa.

“Se é assim, permita-me, então, leva-la até sua casa!” – ele disse.
“É melhor não” – ela respondeu.
“Poderia dar-lhe carona” – insistiu.
“Muito agradecida, mas a carona poderia me acarretar em problemas com meus pais”.
“E se eu lhe a levar até próximo sem parar à porta de sua casa? Ainda assim não me permitiria?” – tentou de novo.
“Sinto, mas não seria conveniente” – a moça recusava terminantemente.
“Estou preocupado com o que o médico lhe aconselhou! Por favor, aceite, então, ir com minha capa, assim estará mais protegida da friagem!” – o rapaz ofereceu ansioso por um pretexto qualquer que lhe assegurasse voltar a vê-la.
“És muito gentil!” – ela respondeu resolvendo aceitar a capa mediante tanta insistência.
“Contudo, não é correto que eu fique com sua capa!” – ela disse “Pode ir busca-la amanhã. Faço questão de devolvê-la”.

Ela então anotou o endereço em um pedaço de papel para que ele pudesse reaver a capa.
Satisfeito por um novo encontro marcado o rapaz permaneceu no baile e ela partiu.

No dia seguinte, em horário que lhe pareceu conveniente o rapaz foi até a casa dela. Atendeu-lhe uma senhora idosa.

“Procuro por Carolina Marques. Ela se encontra?”
Uma expressão de desagrado se formou no rosto da senhora, que depois de algum tempo olhando para ele disse rispidamente:
“Olha aqui, meu rapaz! Essa brincadeira não tem nenhuma graça!”
Ele se surpreendeu com a resposta rude.
“Desculpe-me, minha senhora! Asseguro-lhe que não tenho nenhuma intenção de brincar, muito menos de ser desagradável”.  – ele respondeu
Um senhor, marido da senhora, chegou à porta nesse momento, e perguntou à esposa: “O que está havendo?”.
 – “Esse rapaz parece ter vindo fazer uma brincadeira de muito mau gosto!” – respondeu a esposa.
“Por favor, meu senhor! Longe de mim tal intenção! Vim até aqui orientado pelo endereço que recebi”. – disse o rapaz.
“O que, afinal, o rapaz disse, querida?” – o senhor perguntou à sua mulher.
“Ele me perguntou pela Carol” – ela respondeu.
“Ora, querida, talvez o jovem não o saiba!” disse o marido à esposa.
A senhora estendeu a mão e pediu o papel com o endereço e correspondia.
“Quem lhe deu nosso endereço e por que pergunta por Carolina?” – ela perguntou ao rapaz.
“Foi uma moça, a quem emprestei minha capa ontem” – respondeu confuso.
“Que moça era essa?” – perguntou o senhor.
“Uma moça, de, aparentemente, uns vinte anos...” respondia o rapaz. Interrompido pela senhora:
“Aqui já morou uma Carolina, nossa filha, mas já não era tão jovem, ela veio a falecer ano passado, vítima de tuberculose”.
O rapaz ficou completamente desconcertado e sem jeito.
“Eu... Eu não imaginava... Compreendo a reação da senhora, peço mil perdões!” e triste continuou “Creio ter sido eu vítima de uma brincadeira”.

Vendo verdade na reação do jovem a senhora perguntou sobre o ocorrido e pediu maior descrição da tal moça. O rapaz, então, contou sobre o baile e descreveu a moça por quem se apaixonara na noite anterior. A descrição era surpreendentemente fiel à imagem da filha, quando mais jovem. O casal então buscou um retrato da filha. O rapaz reconheceu a fotografia como fiel ao que a jovem aparentaria se trinta anos mais velha, ficando ainda mais confuso.

“Ela não teria uma filha? Neta de vocês? Alguma parenta mais jovem? Quero dizer... Eu... Não quero ofender... Mas alguém que poderia ter querido me pregar, ou nos pregar uma peça...”. – O rapaz não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

“Não. Carolina nunca se casou ou teve filhos. Essa era uma de suas tristezas. Ela foi uma pessoa de saúde frágil, estava sempre adoentada” – a senhora respondeu com pesar.

Como o casal morava próximo ao cemitério, resolveram levar o jovem até o túmulo da filha falecida em novembro do ano anterior.
Chegando lá, encontraram a capa que o rapaz emprestara sobre o túmulo de Carolina.


Essa lenda é conhecida como "A Mulher da Capa Preta".

...beijinhos***