segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal Macabro.



- O Zach deu nó no cabelo da minha boneca de novo! – A pequena Becky, muito zangada, se queixou à Mãe.
- Eu vou dar uma boa bronca nele! Me deixa te ajudar a desfazer o nó! – respondeu a mãe.
- O Zach é tão chato! – disse Becky.
- Prontinho! Viu? – disse a mãe ao entregar a boneca. E outro assunto tomou conta dos pensamentos da pequena Becky.
- Mamãe, por que nunca vemos o Papai Noel?
- Deve ser porque ele vem muito rápido, já que tem que entregar presentes em todas as casas de todo o mundo! Aí fica difícil conseguir vê-lo, não é? Mas ano passado você quase o viu! Não foi?
- É.

Becky foi até a janela, onde ficou olhando o céu e penteando a boneca.

- Oi, querido, como foi o trabalho? – a mãe de Becky perguntou ao marido que chegava.
- Foi um dia duro no trabalho, Gina. Eles nos exploram muito naquela fabrica. Olha a hora que estou chegando!
- Ah, querido! Pelo menos esse ano vamos poder comprar o que as crianças querem de Natal – Gina disse sussurrado ao marido, para que a pequena Becky não os ouvisse.
- Isso é verdade! Pena que o Papai Noel ganhe o crédito!
- Ah, Wayne! É tão gostosa essa idade, de acreditar em Papai Noel!
- Pelo menos o Zach já sabe que somos nós que compramos! E só vídeo game dele custa mais do que ganho em um mês inteiro!

- Mamãe! Mamãe! – Becky gritou entusiasmada da janela, interrompendo a conversa dos pais – Vem ver, Mamãe!

Gina foi até a janela.

- É a estrela de Belém, Mamãe? – Becky perguntou apontando uma estrela grande que surgia no céu.

- Não, filha, a estrela de Belém só esteve no céu na noite do nascimento de Jesus... Mas olhe! É uma estrela cadente!
- Cadente?
- Sim, porque cai, então é cadente!
- rs – Becky achou o nome engraçado.
- E sabe o que uma estrela cadente tem de muito especial?
- Não.
- Quando vemos uma podemos fazer um pedido e ele vai se realizar!

Becky apertou os olhinhos, se concentrando em seu desejo.

- O que você pediu à estrela? – quis saber a mãe
- Que esse ano eu consiga ver o Papai Noel!

***

Naquela mesma noite, algumas horas mais tarde, o velho Sr. Rimbauer acendia pela primeira vez a iluminação de Natal de sua casa! O Sr. Rimbauer estava muito orgulhoso da iluminação desse ano! Sua casa era sempre a mais iluminada da pequena cidade nas noites de Natal.
O velho passou algum tempo do lado de fora da casa admirando sua obra para esse ano. Depois entrou em casa regozijoso e se sentou em sua grande poltrona na sala.

- O Sr. Rimbauer ligou a iluminação da casa! – comentou Charles, um de seus vizinhos com a esposa.
- Esse ano está ainda mais linda! – ela respondeu depois de olhar pela janela.

Sr. Rimbauer ouviu um som estranho, o som de uma respiração pesada e ofegante, e, voltou-se para trás, na direção de onde vinha o som e se deparou com uma figura tenebrosa!

O Grito de Rimbauer foi alto e cheio de horror.

Charles correu apressado na tentativa de acudir. Mas já não poderia fazer nada! Ao atravessar a porta da frente, que Rimbauer deixara aberta, encontrou o velho morto imerso em uma poça do próprio sangue no meio da sala.

Charles sentiu o estomago embrulhar com visão da enorme abertura no pescoço de Rimbauer, era como se alguma fera o tivesse atacado.

Charles voltou correndo para casa.

- O que houve, amor? O que houve com o Sr. Rimbauer? – perguntou a esposa

- Rápido, telefone para o Delegado Sullivan! O Sr. Rimbauer foi brutalmente assassinado!

***

- O Sr. Rimbauer? E justo na noite de Natal? Mas quem teria um motivo para matá-lo? – Sean Martin questionou ao delegado, assim que soube do telefonema de Charles.
- Nunca se sabe!
- De qualquer modo acho difícil imaginar vingança ou crime passional contra o velho Rimbauer! Terá sido assalto?
- Veremos depois de chegarmos lá.

***

Ao examinar o corpo do Sr. Rimbauer, o delegado Mike Sullivan estava propenso a imaginar mais o ataque de algum animal do a ação de um criminoso...
Também não havia sinais de que algo houvesse sido roubado da casa...
Sullivan decidiu fechar a casa e o mais rápido possível rondar a área em busca de algum animal selvagem ou o que quer que possa ter feito aquilo ao velho.

***

Enquanto isso um caminhão militar cruzava as estradas da região

***

O Delegado Sullivan e Martin rondavam os entornos da casa de Rimbauer quando algo pulou em cima da viatura policial. Pelo barulho algo muito pesado.
A criatura sobre o carro de polícia quebrou os para-brisas, agarrando o volante e fazendo Sullivan perder o controle da direção. O carro derrapou na neve e capotou.
A criatura que pulara sobre o veículo agarrou Martin puxando-o para fora. Sullivan conseguiu sair, mas assim que se levantou, antes de ter qualquer reação, um tapa da criatura o arremessou muitos metros para longe.
A criatura se assemelhava à figura humana, mas tinha pelos vermelhos com faixas brancas, que bizarramente faziam lembrar uma roupa de Papai Noel, tinha o rosto verde, orelhas grandes pontiagudas e pelos no rosto, como uma grande barba branca.
O delegado viu a fera erguer Martin e cravar seus dentes enormes no pescoço dele. Sullivan sacou a arma e atirou seis vezes no monstro sem que este demonstrasse qualquer abalo com os disparos, que deveriam ter-lhe atravessado o coração.
O delegado assistiu incrédulo os buracos das balas simplesmente se fecharem.
A criatura bebeu uma boa quantidade do sangue de Martin e depois como se estivesse saciada jogou o corpo para o lado e desapareceu dentro da noite.

***

Sullivan fez sinal para que um carro parasse.
- Mike?
- Gerald, preciso do carro. Ficamos sem a viatura.

Gerald cedeu o acento do motorista para Sullivan e seguiram para delegacia.

***

- Mike, recebemos outra chamada. – Denny, outro policial, informou ao delegado assim que este chegou.
- O que houve? – perguntou Mike.
- Dois adolescentes foram encontrados mortos perto de uma fogueira.
- Mas que droga! Quem eram?
- Os netos da Norma Camber.

Mike, agoniado, passou as mãos pelo cabelo.

- Pobre Norma! Eles estavam feridos no pescoço?
- Sim, Mike.
- Inferno! Foi o desgraçado!
- O que houve com Sean, e como foi na casa do velho Rimbauer?
- O que atacou Rimbauer não era humano e... Não sei o que era! Aquilo agarrou Sean e eu não pude fazer nada! Com um safanão me arremessou longe. Eu disparei seis vezes, as balas não tiveram nenhum efeito nele! O desgraçado matou Sean mordendo a garganta e ao que tudo indica fez o mesmo com Rimbauer!
- Mike, juro que se não fosse você contando eu não acreditaria – disse Denny
- Eu digo o mesmo – comentou Gerald – Pelo o que você disse, Mike, é difícil imaginar como capturar essa coisa!
- Se soubéssemos, pelo menos, onde essa criatura fará o próximo ataque! – disse Denny.

Mike, de cabeça baixa e apoiado com ambas as mãos na mesa, pensava.

- Nós sabemos! – exclamou Mike e olhou para o relógio na parede – Gerald, você fica aqui na delegacia.
Tá certo, Mike...
- Denny, você vem comigo! Vamos para o Centro no carro do Gerald! Estão prestes a acender a árvore de natal!

O delegado e Denny entraram no carro e partiram.

- Como sabe onde ele vai estar?
- O Maldito é atraído pela luz! Rimbauer tinha acendido a iluminação de natal da casa dele. Quando chegamos pouco tempo depois a coisa pulou sobre a viatura, que estava com as luzes acesas, e depois atacou onde havia uma fogueira! A árvore gigante vai atraí-lo e quase toda a cidade está lá!

***

Militares examinavam a área, onde, próximo à cidade, um objeto não identificado havia caído.

- Mais tralha pra gente levar para a Área 51! – comentou o Capitão Denbrough
- Essa coisa parece um ovo partido e olha toda essa gosma! – comentou o Tenente Huggins – Esses malditos alienígenas não nos dão folga nem no Natal!
- Eu também preferia estar com minha família, tenente – respondeu Denbrough.
- Capitão! – alarmou o Sargento Bowrs – Há rastros de que algo saiu daqui e caminhou pela floresta na direção leste!
- O maldito alienígena deve ter ido em direção à cidade! – comentou Huggins – Os civis de lá podem ter avistado a queda do objeto.
- Da distância que estão quem tenha visto de lá certamente imaginou ser algo inocente, como uma estrela cadente! Ainda bem, se não haveria civis curiosos olhando esse maldito meteorito! Vamos para aquela cidade procurar o que tenha saído dessa droga aqui! Era só o que me faltava, um maldito alienígena perambulando no meio de população civil! – disse Denbrough.

***

A árvore gigante de natal foi acesa na praça central da cidade recebendo ovação do público!
Enquanto as pessoas se saudavam e admiravam a grande árvore a criatura atraída pela luminosidade se aproximou rápido do centro, saltando de prédio em prédio, chegando à praça e surgindo ao pé da árvore.

Aos poucos as pessoas voltaram suas atenções à estranha criatura.
Sullivan e Denny chegavam...

- Mantenham-se longe dele! – gritava o delegado.

A população assustada abria um grande vão em torno de onde estava a criatura.
O monstro caminhava lentamente olhando para os lados.

- Essa coisa é perigosa! – gritava o delegado.

De repente perceberam que uma criança se aproximava do monstro! Era a pequena Becky, que no meio do tumulto se afastou dos pais.

- Minha filha! – Gina berrou apavorada quando viu Becky andando em direção a criatura

- Papai Noel! – dizia a pequena Becky

- Becky, não! Não chega perto dele! – gritava Gina em meio à multidão

Papai Noel! – repetia Becky, cada vez mais próxima do monstro.

A criatura reparou na menina e a observava, com saliva escorrendo pela boca e os olhos fixos.

Os militares chegaram ao centro da cidade e Mike Sullivan ao vê-los foi de encontro a eles.

- Ainda bem que estão aqui! Sou o delegado da cidade! Precisamos de ajuda contra aquilo! Eu atirei naquilo e as balas foram completamente ineficazes! – disse Mike ao Capitão Denbrough.

- Mas que droga! Tem uma criança lá! – exclamou Denbrough – Atirem tranquilizantes antes que ele pegue a criança! – ordenou.

O tenente e o sargento acertaram muitos disparos no monstro, que não era afetado pelos tranquilizantes.

- Mas que diabos! Isso derrubaria cem elefantes! – exclamou o capitão.

Quando a criatura estava prestes a atacar a menina sentiu uma pedra lhe acertar a cabeça.

- Ei, seu boboca! – gritou Zach, irmão de Becky, que dançava de modo provocativo, na intenção de atrair a criatura para longe da irmã.

- Meu Deus, ele vai matar aquelas crianças – gritavam da multidão.

O monstro agarrou Zach pelo pescoço e o ergueu, tal como fez com Martin, segundos antes de morder-lhe a garganta. Mas antes da mordida mortal a criatura deu um grito de dor após ser atingida por uma bola de neve! Becky a arremessara!

- Seu feio, larga meu irmão! – gritou a menina, arremessando outra bola de neve.

Novamente atingida, a criatura voltou a gritar de dor, suas costas exalavam fumaça – as bolas de neve estavam queimando o alienígena.

- Ele está sendo afetado por bolas de neves? – questionou Denbrough – Nós o acertamos com tranquilizantes pesados sem efeito e ele sente o ataque de bolas de neve?

- Espere! – disse o Tenente Huggins – Não são as bolas! Eu entendo! É o sentimento da menina pelo irmão!

- Hã? – fez Denbrough

Huggins entregou um megafone ao Delegado Sullivan, dizendo-lhe que ordenasse à população que atirassem bolas de neve.

- Atirem bolas de neve! Pensem em suas famílias! Pensem no nosso amor por nossa cidade! – ordenava Mike à população.

As bolas de neve arremessadas pela população acertavam a criatura, que gritava e derretia... Até que o monstro se desmanchou completamente evaporando!

Denny pegou a pequena Becky e a entregou à Gina.

- Minha filha! – dizia Gina chorando e abraçando a filha. Em seguida Zach chegava e se juntava ao abraço, e também Wayne, pai das crianças.

- Mamãe, porque o Papai Noel é mal e atacou o Zach? – perguntou Becky.

- Aquilo não era o Papai Noel, filha.

- O que, afinal, era aquilo? – Sullivan perguntava ao Capitão Denbrough.

- Não sei, filho. É algo que devemos esquecer e dar graças por termos nos livrado dele.

FIM


Desejo que seu Natal não seja macabro!
Boas Festas!
E um feliz e prospero ano novo!



...beijinhos***

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 6



Noite Maldita 3 - O Final da Maldição


Capítulo Final

No alto da Pedra dos Escravos as vítimas eram sacrificadas uma a uma, e o sangue recolhido derramado no caldeirão.
Amanda assistia às terríveis cenas sem saber se seria pior ser a próxima ou ter que assistir a mais sacrifícios, antes que chegasse a sua vez.

Algo estranho e ainda mais bizarro começou a se formar dentro do caldeirão e a cada novo derrame de sangue aquilo crescia em volume! Amanda nunca vira um demônio, mas tinha certeza de que era o que aos poucos se formava dentro daquele caldeirão!

A coisa erguia-se e aos poucos ganhava uma forma semelhante à humana, porém bestial! A forma inicial era compacta, depois se formaram braços, cabeça com chifres... E então feições horrendas...

Amanda assistiu ao sacrifício das outras seis vítimas, até que chegou sua vez de ser levada para a morte.

Ela foi colada no local e amarrada na mesma posição que as demais, com os braços abertos... Os encapuzados que recolhiam o sangue dos pulsos se posicionaram... E o encapuzado que a segurava se posicionou onde os demais se colocaram para sacrificar suas vítimas... Então ela pode ver o rosto debaixo do capuz... Era Brett! Aquele que ela tanto amou a havia levado para ser sacrificada naquele ritual horrendo! Amanda imaginava, até ali, que quem quer que fossem aqueles encapuzados, eles teriam feito algo a Brett, e agora via que o amado era um deles, que a atraíra para a morte! Amanda chorava pela iminência da própria morte, chorava pela dor de ter sido enganada por Brett, por saber que nunca fora amada por ele... Chorava de raiva de si mesma, chorava de remorso de ter acreditado nele, chorava com saudade de casa, com saudade dos pais e com remorso pelo seu último contato com eles ter sido uma briga...

Brett olhou para os olhos de Amanda, vendo neles toda a dor que ela sentia. Ele nunca a amou de verdade, mas se lembrou das conversas, das declarações que ela lhe dedicava, das horas que passaram juntos, da relação carnal que tiveram... Brett retirou seu punhal e o ergueu... Continuava a olhar os olhos de Amanda.

“Eu não posso fazer isso” – disse Brett.

“O que você está dizendo, irmão Brett?” – perguntou o líder do grupo.

“Ela é uma criança praticamente!” – disse Brett.

“Esse é o sacrifício que mantem nossa terra, e nossas famílias, a salvo das punições! Assim é, e assim tem sido por todos esses anos! Execute a sétima vítima!” – disse o líder.

“Eu não posso” – disse Brett.

“Você é um fraco e um traidor, irmão Brett” – respondeu o líder.

Amanda então viu a boca de Brett se encher de sangue. Outro encapuzado se aproximara por trás e o esfaqueou... Brett vomitou sangue em cima de Amanda e caiu morto.

O encapuzado que matou Brett olhou com desprezo para o ex-confrade no chão, depois limpou o punhal nas próprias vestes e disse: “Será uma honra executar a vítima que completará a volta do Espírito Maldito!” – e, sorrindo, ergueu o punhal – “O Espírito Maldito será grato a mim!”.

Nessa hora muito repentinamente um trovão ecoou com grande força e começou a chover. E alguém saltou até o local do sacrifício! Era Bryan Lempke!
Bryan agarrou o encapuzado, segurou seu pulso, fazendo-o soltar o punhal, ao mesmo tempo agarrou-o pelo pescoço.
Os demais encapuzados se posicionaram para atacar Lempke.

“Não o ataquem!” – Soou a voz horrenda e gutural da criatura que se formava dentro do caldeirão.

“Vamos, Bryan! Mate-a para mim! Afinal esse é seu verdadeiro destino! Você é meu descendente! Tire o sangue da vítima e o derrame no caldeirão! Eu só preciso do sangue de mais uma vítima para estar nesse mundo!”.

 – “Nunca servirei a seus propósitos, Feitor!” – respondeu Bryan e, então, usando o punhal que tomara do encapuzado, cortou as cordas que prendiam Amanda e a colocou para trás de si.

Os encapuzados que haviam ficado vigiando a cabana e o xerife chegavam ao topo da Pedra nesse momento. Assim que deram falta de Lempke seguiram para lá.

“Retirem o maldito pentagrama de prata do pescoço dele! É o que faz com que ele não esteja possuído!” – ordenou a criatura do caldeirão. Mas quando os encapuzados avançaram, relâmpagos começaram a cair sobre a Pedra, dispersando o grupo.

O líder dos encapuzados, que se manteve próximo ao caldeirão, agarrou, então, um dos confrades, que estava ao seu lado, e, inclinando-o para o caldeirão, cortou-lhe a garganta, matando-o e derramando seu sangue.

A criatura, então, abriu os braços e gemia enquanto seu corpo chegava ao fim do processo de materialização física.

Os encapuzados olhavam de longe, e Bryan se aproximou do caldeirão.

“Ele está vindo para este mundo e não há nada o que você possa fazer contra isso!” – o líder disse a Bryan.

“Sim, há! O sangue do próprio feitor pode quebrar o feitiço e bani-lo para os Infernos!” – respondeu Bryan, que usando o punhal fez um corte fundo em seu antebraço, derramando seu próprio sangue no caldeirão – “Meu sangue, sangue de um descendente, tenho o sangue desse demônio maldito!”.

Então um enorme portal se abriu no espaço, e através dele se podia ver o mundo dos mortos – Um mundo tenebroso, que se abria para os Infernos e se viu o rosto da morte! Com aparência de um homem muito feio. Demônios alados saiam do portal e carregavam os encapuzados para o Reino dos Mortos. Enquanto eram carregados a carne de seus rostos se desfaziam e se contorciam de dor, se deformando em horríveis caretas. A criatura no caldeirão, com gritos como de dor, começou a se desfazer e antes de desaparecer por completo gritou: “Você me pagará caro, Bryan!”.

O Portal se fechou, sumindo, como se nunca houvesse estado ali, e com ele se foram os encapuzados e tudo mais que havia sobre a Pedra, com exceção apenas de Bryan e Amanda. A chuva cessava, assim como os relâmpagos... Então os espíritos dos escravos surgiram e se aproximaram deles, entre os espíritos estava a escrava que Amanda vira algumas vezes.

“Obrigado!” – os espíritos disseram, em seguida tornaram-se pontos de luzes, e, então, desapareceram.

Bryan e Amanda deixaram o local. Amanda em choque com tudo o que vivenciara não pronunciou uma palavra até chegarem à estrada.

 “O que foi tudo aquilo?” – Amanda perguntou a Bryan.
“Aquilo foi o fim de uma maldição que assolou por muitos anos essa terra” – respondeu Lempke.
“Eu vi algumas vezes um espírito de uma mulher, que estava entre aqueles...”.
“Ela estava tentando te avisar do perigo que você corria! Creio que agora você tem ideia do que acontece aos que são maus! Volte para casa e viva bem sua vida”.


Amanda voltou para casa e algum tempo depois começou a namorar Jimmy (aquele do capítulo um).

Bryan, livre da maldição, pode ter uma vida normal. Estabeleceu-se numa cidade longe dali, onde veio a conhecer Irene, por quem se apaixonou e veio a se casar.


FIM (?)


...beijinhos***

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 5



Noite Maldita 3

Capítulo Cinco

Após os eventos com o padre Glaxton, Bryan Lempke viajou para a Itália, mais precisamente para a região da Toscana, onde encontraria Cowley.

Cowley tinha por volta de sessenta anos. Era um tipo extravagante no modo de se vestir, usava sempre roupas longas que se assemelhavam a mantos. Usava cabelo comprido e barba aparada... Mas o que chamava, em especial, a atenção de Bryan era o modo como Cowley observava o céu, especialmente quando havia relâmpagos.

Cowley se recostava à janela de seu casebre em um subúrbio toscano observando atentamente o céu, quando pela primeira vez falou a Bryan sobre a arte de interpretar relâmpagos.

Relâmpagos, trovões, entranhas de animais, o voo dos pássaros, o curso dos astros, o aparecimento dos cometas, as chuvas, os sonhos e os pesadelos, os andróginos, as crianças de duas cabeças, os bebês prematuros, as árvores, as abelhas: tudo era pretexto para Cowley prognosticar e prever o futuro. Fora através desses métodos que Cowley previra com exatidão o encontro de Bryan Lempke e o padre Glaxton.

Cowley explicou a Lempke que os raios não são disparados meramente por uma colisão de nuvens, dá-se a colisão para que o raio seja disparado, os raios fazem sinais por terem sido produzidos, mas de que eles se produzem porque teem algo a significar. Cowley explicou ainda a Lempke que o raio que fulminara Michelle ("Noite Maldita 2") fora fruto da vontade divina.

Bryan viveu os anos que se seguiram na Toscana e se tornou discípulo de Cowley, iniciando-se em magia.

*** 

Bryan desceu do ônibus, chegando à região da antiga fazenda. Era o final da tarde e logo teria que enfrentar seu destino. Cowley não revelara a Bryan detalhes do que aconteceria nessa noite, era importante, segundo ele, que Bryan os ignorasse para que a sequência dos fatos não fosse ameaçada.

Após Bryan descer do ônibus, o motorista que o conduzira olhava intrigado para Bryan, pegou, então, o celular e fez um telefonema: “Lempke acabou de chegar à cidade. Sim, veio no ônibus que dirigi”.

Para descansar um pouco da viagem e meditar se preparando, Bryan alugou um quarto de motel por algumas horas. Após deixar o motel, o dono do estabelecimento também deu um telefonema: “Ele acabou de deixar o meu motel”.

Ambos os telefonemas foram para a cúpula da seita secreta que zela pelo cumprimento do ritual maldito.

***

Bryan seguia a pé pela rodovia que dava acesso à entrada do Rubião e às trilhas que conduzem até a Pedra dos Escravos, quando foi interpelado por uma viatura policial.

O carro de polícia tocou a sirene, emparelhou com Bryan, que se deteve, e o xerife desceu da viatura.

“Boa noite, policial” – comprimentou Bryan.

“Coloque as mãos na viatura” – ordenou o xerife, que em seguida o revistou.

Ao examinar os documentos de Bryan o xerife disse:

“Ora, se não é assassino Bryan Lempke!” – havia um tom de ironia em sua fala.

“Eu já paguei tudo o que devia à justiça” – respondeu Bryan.

“Justiça? À qual Justiça você se refere?” – disse o xerife, colocando a arma na nuca de Lempke e em seguida o algemou.

“Você mudou bastante desde a primeira vez em que te prendi vinte e seis exatos anos atrás! Não é interessante que nos reencontremos?” – disse o xerife (o mesmo xerife de "Noite Maldita 1"), que então colocou Bryan no banco de trás de sua viatura e dirigiu até a entrada do Rubião. Chegando lá o fez descer e o conduziu, com a arma em sua nuca, pelas trilhas, até se encontrarem com dois encapuzados.

“Aqui está o descendente! O que faremos com ele?” – o xerife perguntou aos encapuzados.

“O Espírito Maldito nos disse que o descendente deve permanecer vivo. Vamos prendê-lo até que o ritual esteja completo”. – respondeu um dos encapuzados. E levaram Bryan para a cabana onde estavam até momentos antes as pessoas capturadas para servirem de vítimas no ritual (vítimas, entre as quais estava Amanda). Os dois encapuzados ficaram montando guarda.

No interior da cabana Bryan estava refém da situação até que viu diante de si os espíritos de vários escravos que o observavam. Então sentiu que as algemas às suas costas se romperam. Lempke, então, sussurrou para os espíritos: “Vocês me libertaram?”.

 – “Rompemos os seus grilhões! É tudo o que podemos fazer para ajudar! Saia pelos fundos, eles estão conversando diante da frente da cabana. Impeça o ritual, Bryan. Se o Feitor voltar ao mundo dos vivos o mal se espalhará! Seja rápido, o ritual já está avançado! Ajude-nos!” – responderam os espíritos.


Continua...

(Próximo capítulo: Sexta-feira)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 4



Hoje, sexta-feira 13, dia de Terror, e dia das emissoras de TV reprisarem os filmes do Jason, não poderia faltar um pouco de terror aqui!

Mas antes quero falar de uma feliz surpresa e grande satisfação!

Quero agradecer a você que votou no “O Diário Thompson” para o selo “Xícara de Ouro” do blog “Café entre Amigos”, que promove, entre seus leitores, uma votação de melhores blogs do ano! Muito feliz pela sua indicação! Muito obrigada!

...beijinhos***




Noite Maldita 3

Capítulo Quatro

Amanda se sentia grogue enquanto recobrava os sentidos lentamente. 
Ela estava sentada, com os pés unidos e amarrados e as mãos amarradas às costas...
Estava no interior de uma pequena cabana de madeira... Quis gritar, mas estava amordaçada, com uma fita de silver tape... Olhou em volta... Havia mais seis pessoas na mesma situação... Algumas ainda dormiam, outras estavam acordadas, seus olhares eram de completo desespero... 

Onde ela estava? Como foi parar ali? Não, não era realidade, era um pesadelo! Precisava acordar! Onde estava Brett?
Começou a ter taquicardia e a se desesperar... 

O que Amanda não sabia era que a bebida que Brett lhe servira estava “batizada”, ele lhe dera um “Boa noite, Cinderela”.

Amanda começou a ter alucinações... Assistia a cenas de escravos recebendo horrendos maus-tratos... De repente as alucinações desapareciam... 

Eram alucinações! Ou seriam visões de cenas do passado? Não, era alucinação, alguém a drogou!

Ela não consiga sequer tentar, de alguma forma, se mover... seu corpo começou a tombar para a direita, então caiu no chão da cabana... 

Ela chorava copiosamente... Como ela foi parar ali? Por quê? 

Um rato se aproximou lentamente do seu rosto, enquanto estava caída no chão... o roedor ficou a milímetros de seu rosto e depois andou sobre ela por intermináveis minutos... 

Às vezes as alucinações voltavam, mas os piores momentos eram quando ela se sentia consciente. O que iria acontecer? Por que ela, e aquelas outras pessoas, foram levadas para aquele lugar?

Até que ouviram um barulho – alguém estava abrindo a porta da cabana... Era um grupo de homens encapuzados, com grandes mantos escuros. 
Entraram sem dizer uma palavra e começaram e levar as pessoas, que ali estavam, para o lado de fora da cabana...

Era noite... E estavam no meio de uma mata... 
Aqueles homens enfileiraram as pessoas que estavam dentro da cabana e começaram a fazê-las caminhar pelo mato... 

O caminho a que eram obrigados a seguir parecia interminável... Quem eram aqueles encapuzados? Aonde os estavam levando? E o que iriam fazer a eles? Teria Brett algo a ver com isso? Onde estava Brett?

Seguiram por uma trilha até o alto de uma grande pedra – A Pedra dos Escravos.

No alto da pedra havia tochas formando um grande círculo, uma mesa rústica de madeira e um estranho caldeirão... Lá esperava um encapuzado, parecia ser o líder daquele grupo misterioso... 

Amanda e cada uma das pessoas que estavam com ela no interior da cabana eram seguradas por um encapuzado...

 – “Tragam as vítimas do Sacrifício” – ordenou aquele que liderava.

Um dos encapuzados conduziu sua vítima até a mesa de madeira, onde outros dois encapuzados a amarraram, de forma que seus braços ficaram abertos como uma cruz, com os pulsos ultrapassando a extensão da mesa... 

O líder então fez alguns gestos...

 – “Eu invoco os espíritos malditos desta noite, para que recebam a paga pela paz em nossa terra! Como há tanto está estabelecido, nessa noite nós lhe entregaremos sete almas exigidas em sacrifício!”

O encapuzado que levou a vítima até a mesa retirou um punhal do interior de sua veste, enquanto um dos que a havia amarrado posicionava uma vasilha abaixo do pulso esquerdo... O que detinha o punhal, então, cortou-lhe o pulso e o outro recolhia o sangue... Fizeram o mesmo com o pulso direito... A vítima agonizava de forma aterradora... Até que, em um último gesto de misericórdia teve o punhal cravado no coração.

Amanda assistia em completo desespero àquele rito macabro.
É o que logo fariam com ela. 
Vivera tão pouco! Era tão jovem ainda!

A vasilha com o sangue foi levada até o caldeirão, onde o sangue que continha foi derramado, por ordem do líder que dizia: “Derrame o sangue da vítima no caldeirão, como nos ordenou o Espírito Maldito!”


Continua...


(Próximo capítulo: Terça-feira)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 3



Noite Maldita 3

Capítulo Três

Na casa de Brett, na noite seguinte da chegada de Amanda, nas horas que antecediam a festa para a qual ele a convidara, já não havia timidez entre o casal. Riam, bebiam... Amanda não tinha costume de beber, nunca bebera antes, a não ser uma provadinha escondida da cerveja do pai, mas ela não diria isso a Brett – para não “pagar mico”.
Amanda saía do banho quando ao olhar para o espelho vê novamente a imagem de uma mulher negra. Sentiu o corpo gelar e fitou, com o coração disparado, a imagem fantasmagórica no espelho, como que esperasse que ela se dissipasse, tal como uma alucinação. A imagem se mantinha nítida, então a negra do espelho sussurrou “Fuja! Fuja!”.
Assustada e não querendo crer no que vira e ouvira, Amanda saiu pálida do banheiro e visivelmente nervosa. Ela não comentaria com Brett! Deveria estar muito bêbada, mas só álcool faria aquilo? Na verdade, Amanda desde criança via coisas assim, sempre se refugiando em qualquer explicação.
Brett notou o nervosismo de Amanda e a questionou do porquê estar tensa daquela forma, ao mesmo tempo a abraçando.
Ela disse que só estava nervosa com o fato de estarem os dois a sós. Brett a acalmou. Do beijo em seguida se iniciaram carícias cada vez mais ousadas. Amanda se entregou ao amado. Ela se sentia em um sonho! Um sonho perfeito! Não voltaria para casa dos pais! Apesar dos apenas quinze anos de idade se sentia suficientemente adulta para seguir a vida pelo mundo. Brett a amava, viveriam toda a vida juntos! Com pensamentos em sonhos de um futuro com seu amado, Amanda começou a sentir um sono muito forte e acabou adormecendo nos braços de Brett, sem saber que, quando acordasse, seu sonho perfeito se converteria em seu pior pesadelo – um pesadelo inimaginável para ela!


Após a conversa de Bryan com padre Glaxton, quando de sua visita à região da antiga fazenda dez anos atrás, Glaxton chamou Bryan para uma sala secreta na casa paroquial, ocultada por uma imensa estante de livros de teologia.

Enquanto a porta secreta se revelava Glaxton disse: “Providencialmente, mas não por coincidência, meu coadjutor está passando o dia fora, foi ter com familiares. Também não por coincidência, estamos na fase da lua minguante”.

Bryan surpreendia-se com o interior da sala repleto de símbolos pagãos e objetos estranhos e havia um altar com estatuetas egípcias.

 – “Padre, estas coisas me fazem pensar em bruxaria, em obras condenáveis pela fé!” – disse Bryan. Glaxton respondeu “Durante a idade média os padres adoravam condenar o que não conheciam”.

Glaxton, usando sal, desenhou um grande círculo no chão, então ficou de pé extremidade leste do círculo e segurando um punhal, que apanhara de sobre o altar, com a mão direita tocou a testa dizendo Ateh; o peito Malkuth, o ombro esquero Ve-Gedulah e o direito Ve-Geburah; cruzou as mãos sobre o peito Le-Olam e novamente segurando o punhal diante de si Amém. Desenhou no ar, com a ponta do punhal, uma estrela de cinco pontas e o fez novamente nas direções Leste, Oeste, Norte e Sul, dizendo, respectivamente em cada direção: Yod He Vau He! Adonai! Eheieh! e Agla! Estendeu os braços, como uma cruz, e com grande resolução recitou: "Diante de mim está Rafael, Atrás de mim Gabriel. À minha direita está Miguel. Á minha esquerda está Auriel. Diante de mim queima o Pentagrama, atrás de mim brilha a estrela de seis raios!".

Glaxton, então, colocou Bryan no centro do círculo, amarrando em torno da cintura de Bryan um grosso cordão preto. O padre então acendeu uma vela de cor preta e disse em tom forte: "Rápido como o vento, veloz como a noite, que o mal seja banido com a luz. A ti busco onde possas estar e invoco a lei de três!" O padre, então, pôs fogo em uma vasilha cheia de álcool e, se colocando a distância de um braço, passou a vasilha na frente de Bryan, para cima e para baixo. Ainda a segurando, caminhou três vezes em torno dele, entoando: "Termino suas maldições com o poder do pensamento, todas as suas obras resultaram em nada. Saia, saia todo o mal, para depois perecer e desaparecer no chão. Como o fogo e as chamas, a luz purificadora bane agora e para sempre o sofrimento de Bryan Lempke!". Colocou a vasilha sobre o altar. Desamarrou o cordão preto da cintura de Bryan, deixando-o cair no chão. Pediu a Bryan que saísse do círculo, colocou a vasilha ainda queimando no local onde Bryan estava. Então Glaxton e Bryan entoaram juntos: "Tú que causaste este tormento viverás cativo nas profundezas!". Glaxton disse a Bryan que deixasse a sala sem olhar para trás, enquanto tomaria as últimas providências.

Glaxton colocou um cordão com um pentagrama de prata no pescoço de Bryan, dizendo “Você deve manter este amuleto consagrado contigo!” – Bryan assentiu com a cabeça, e Glaxton prosseguiu:

 – “Há pessoas, entre as quais estou incluído, que por décadas busca livrar essa terra da Maldição. No combate à crença da necessidade do sacrifício maldito nos foi de grande valor o desenvolvimento da região nos últimos anos. Alguns de nós se utilizou de suas posições sociais para incentivar esse desenvolvimento, com ele e com a vinda de novas famílias fomos capazes de rebaixar o mito da Pedra dos Escravos à condição de suposta superstição dos antigos”
 – “Assim a população atual está livre, pois não é conivente com o sacrifício, sequer crê que ele exista ou tenha sido real” – comentou Bryan.
 – “Contudo, a fidelidade ao culto maldito prosseguiu, ainda que enfraquecido, manteve-se uma seita secreta em torno do sacrifício. Você desconhece os fatos ocorridos da ocasião de sua segunda possessão: uma garota de nome Michelle providenciou para que houvesse as vítimas, ela fazia parte da seita. Sabemos que a seita cresceu muito, especialmente entre jovens, nesses três anos, tememos o avanço desse grupo”.
 – “As vítimas para que eu assassinasse, o senhor diz”
 – “Você não tem culpa, Bryan, você não agiu mediante seu arbítrio. E coube a você ser o descendente vivo do feitor quando da décima terceira noite amaldiçoada, daqui a dez anos! Você terá a oportunidade de desfazer a maldição! Se você falhar, será necessário esperar mais do que um século e meio para uma segunda chance! E por isso eu lhe enviarei a um grande aliado, Cowley o preparará para seu destino.”.


Continua...

(Sexta-feira: o quarto capítulo)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 2



"Noite Maldita 3 - Todos os segredos serão revelados"

Capítulo Dois

Amanda finalmente se encontrava com seu amado Brett! Durante os seis meses de namoro pela Internet, Amanda passava todo o tempo, inclusive durante as aulas da escola, sonhando acordada, perdendo a noção do espaço e do tempo. Parecia viver numa dimensão paralela! Foram seis meses sonhando com esse encontro, idealizando, imaginando como seria perfeito! A paixão que sentia, por si só, lhe trazia inúmeras sensações de prazer, parecia ter nela o mesmo efeito de uma droga.

Agora Brett estava ali, perto dela, de frente pra ela. Ele era ainda mais lindo do que nas fotos que postava. Amanda sempre imaginou que quando esse momento chegasse, ela sairia correndo para os braços do amado e lhe daria um beijo cinematográfico! No entanto, ela ficou ali parada. Brett foi até ela, se abraçaram, ela teve vergonha de beijá-lo.

“As coisas da festa estão prontas?” – Amanda perguntou, sem saber o que dizer.
“Sim, está tudo certo para a festa amanhã” – respondeu Brett, que a tomou pela mão – “Vamos, meu bem, você deve querer descansar da viagem!”.
“Deixa eu só ir rapidinho no banheiro!” – disse Amanda.

Enquanto Amanda lavava o rosto na pia do banheiro da rodoviária, sentiu o ar tornar-se mais frio e quando olhou para o espelho seu corpo inteiro gelou ao ver a imagem de uma mulher negra atrás dela, que a fitava com expressão séria. A Imagem logo desapareceu. Amanda saiu apressada do banheiro. Preferiu não contar sobre isso a Brett. O que ele iria pensar dela? Que era louca e via coisas? Talvez ela estivesse tensa, talvez fosse alguma faxineira da rodoviária que ela vira de relance. Ela não tinha uma boa resposta para o que vira.


Enquanto isso Bryan, que só chegaria à cidade no final da tarde do dia seguinte, se lembrava de sua conversa com o padre Glaxton.

–“Venha comigo até a casa paroquial, lá poderemos conversar melhor” – disse o padre.

– “O senhor pode me dizer sobre meu pai, a fazenda e a maldição?” – perguntou Bryan.
– “Você precisa saber, Bryan, antes de tudo, que há muitas pessoas interessadas no seu destino. Caberá a você, filho, a chance de livrar esta região do jugo maldito, que há muito lhe caiu! Você certamente nesses anos soube ou ouviu algo sobre a Maldição dos Escravos!”.
– “Nos tempos de escravidão vários escravos foram arremessados da Pedra dos Escravos para morte, e seus espíritos desejosos de vingança exigem a cada treze anos a morte de sete pessoas na noite maldita. Caso contrário os espíritos espalhariam mortes na região por treze anos, até que o ciclo se cumpra novamente. Não é isso, padre?”.
– “E você?”
– “Eu fui, por duas vezes, instrumento dessa maldição” – Bryan terminou a frase e ficou calado, voltando o olhar penoso para o chão.
– “Sim, filho, e seu pai também foi usado como instrumento da maldição. Diferente de você, ele sabia que seu avô também fora possuído pela maldição. Seu pai insistia em manter a vã esperança de que ele não seria tocado por ela! Ele ouviu do seu avô sobre a terrível sina e de todos os tormentos que lhe perseguiram. Após a morte do seu avô a maldição caiu sobre seu pai, este, ao perceber que havia voltado da possessão, após cometer os assassinatos, se jogou do alto da Pedra. Sinto tanto por ele” – respondeu o padre Glaxton.
– “As almas dos suicidas não encontram paz, não é, padre?”.
Glaxton com pesar respondeu:
– “Reze sempre pela alma de seu pai”.
– “O senhor sempre soube? Por quê? Por que a meu pai e avô? Por que a mim?”.

O Padre Glaxton olhou para todos os lados, e aguçou os ouvidos – parecia preocupado em não ser ouvido por mais ninguém.

– “Vou te contar a origem da Maldição, o que houve há tanto tempo na antiga fazenda! Existiu, naquele tempo, um feitor, o feitor da fazenda. Ele foi um homem perverso que maltratou de todas as formas aos escravos da fazenda. Costumava amarrar os escravos desobedientes no alto da Pedra, deixando-os desfalecer ao sol. Suas maldades foram inúmeras.
Uma noite os escravos armaram uma rebelião. Eles conseguiram capturar o feitor, e o levaram para o alto da Pedra. Lá eles o assassinaram.
Acontece que o espírito de quem foi mau durante a vida continua igual após a morte de seu corpo físico. Podendo tornar-se uma entidade demoníaca!
Após matar o feitor os escravos festejavam, com um grande banquete no topo da Pedra. Mas acontece que o espírito do feitor fez um trato com o próprio Demônio. O espírito do feitor se tornaria maldito e mandaria muitas almas para o Inferno. Em troca, Satã agonizou de tal forma aos escravos durante o banquete, que eles enlouqueceram e saltaram da Pedra, dando assim ao Feitor a sua vingança. Por serem os assassinos do Feitor, o Demônio possui legalidade sobre suas almas e ele as tornou cativas. Você, Bryan, o seu pai e o pai de seu pai e outros antes de vocês são os descendentes diretos do Feitor e por isso vocês teem sido vítimas de maldição familiar”.
– “As almas das vítimas da Noite Maldita são oferecidas ao Demônio pelo espírito do Feitor?” – perguntou Bryan.
– “Não, e é aqui que o Adversário de nossas almas usou de grande sagacidade! Satã não pode se apossar de almas, se elas forem inocentes. Acontece que durante muitos anos, a maior parte das pessoas da região sabia do sacrifício e era conivente com ele. Em prol de se preservarem da ameaça de treze anos de mortes a população da região entregava as vítimas ao assassino possuído. E por treze anos viviam hipocritamente como uma boa comunidade cristã! As almas da região teem sido condenadas ao Inferno por assassinato”.
– “Aquele que quiser preservar sua vida a perderá!” – disse Bryan e concluiu “Por serem coniventes com os sacrifícios são igualmente culpados por desobedecer ao quinto mandamento: Não Matarás! Aquele que mata em seu coração é culpado de assassinato!” – disse Bryan.

Glaxton esboçou um sorriso pela compreensão de Bryan.

Continua...


(Terça-feira: o terceiro capítulo)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Noite Maldita 3 - cap 1




As Histórias de Terror Assustador que dão Medo estão de volta!

Se você gostou de Noite Maldita e de Noite Maldita 2 eu espero que goste tanto ou mais do terceiro conto!

Bryan Lempke está de volta.

Em "Noite Maldita 3 - O Final de uma Maldição" Todos os segredos serão revelados!




"Noite Maldita 3 - O Final de uma Maldição"

Capítulo Um

No meio da noite, já de madrugada, Amanda, escondida dos pais, saía de casa pela janela do seu quarto, no segundo andar. Com muito cuidado, e levando uma mochila às costas, ela andou pelo teto do alpendre até a árvore próxima, que usou para descer para o quintal. Ao sair para a calçada, parou, olhou para trás e bufou, ainda com raiva dos pais, depois da discussão mais cedo. E, então, seguiu seu caminho.
Conforme se afastava de casa começou a ter a incomoda sensação de estar sendo seguida. Começou a se sentir tensa e um sentimento de medo começou a crescer.
Até que uma mão lhe segurou o ombro.

–“Jimmy!” – Ela disse, depois de quase ter berrado com o susto “O que você está fazendo aqui?”.
– “O que você está fazendo?” – contestou Jimmy.
– “Não é da sua conta!” – Amanda bravejou.
– “Você está fugindo de casa? É aquele cara da Internet, não é?”.
– “Já disse que não é da sua conta! E aquele cara tem nome, viu? É Brett, e é meu namorado! E, de novo, o que você está fazendo aqui? Anda me vigiando?”.
– “Não ando vigiando ninguém, mas eu estava acordado e vi, pela janela do meu quarto, você saindo da sua casa! Namorado? Você só conhece ele pela Internet!”.
– “Pois logo vou conhecer pessoalmente! E é meu namorado sim! Já estamos namorando pela Internet há seis meses!”.
– “Então é isso? Você tá indo encontrar com ele! Você acha mesmo que um cara de vinte e cinco anos tem boa intenção com uma menina de quinze que conheceu pela Internet?”.
– “Me deixa em paz, Jimmy, e vê se não me segue também, além de ficar me vigiando da janela do seu quarto!”.

Amanda seguiu para a rodoviária, onde pegaria um ônibus para a cidade de Brett.
Mas Amanda não era a única pessoa a viajar para aquela cidade naquela noite.

Partindo de outra localidade, Bryan Lempke, uma alma atormentada por eventos passados, não conseguia dormir a bordo de um ônibus com o mesmo destino.
Bryan sabia que logo teria que enfrentar seus piores fantasmas.

Vinte e seis anos atrás Bryan prestava serviço militar quando surtou, desertando do exército e se escondendo em uma fazenda. Quando voltou do surto estava preso, acusado pela morte de sete pessoas. Após passar treze anos na penitenciária por essa acusação, sendo depois libertado por cumprimento da sentença, amenizada por bom comportamento, Bryan voltou a surtar. Dessa vez quando voltou a si estava no mesmo local onde fora preso treze anos antes. Sabia que havia acontecido novamente. Ele havia matado. No segundo surto, quando recobrou a consciência, encontrou uma garota, com quem teve uma conversa rápida, pois ela lhe disse que se apressasse em fugir, antes de ser novamente preso, já que a polícia estava a caminho. Mas o que Bryan não esqueceria foi a frase: “É a maldição, acontece a cada treze anos”.

Bryan olhava a noite chuvosa pela janela do ônibus, enquanto se lembrava do seu encontro com o Padre Glaxton, dez anos atrás.

Bryan, após o segundo surto, procurou viver longe daquela região e reconstruir sua vida. No entanto, sua angustia o fez voltar à região onde vivera até a idade militar, em busca de respostas. Entre as perguntas estava o desejo de saber sobre seu pai, que morrera quando Bryan era ainda garoto. Sua mãe sempre lhe disse apenas que o pai morrera sob circunstâncias que não foram bem esclarecidas.

Ao voltar à cidade Bryan pode averiguar, pelos registros oficiais do município, que Tony Lempke, seu pai, estava entre oito pessoas encontradas mortas na fazenda onde trabalhou. – A mesma fazenda onde Bryan fora preso quando surtou e aonde retornou treze anos após o primeiro surto. – Os registros davam conta de que a perícia concluiu que Tony Lempke havia assassinado sete pessoas de forma brutal e logo depois cometido suicídio. Fatos os quais sua mãe lhe ocultou.
Desde sua prisão, Bryan só tornou a encontrar a mãe uma única vez. Após isso ela ficou acamada e veio a falecer vítima de câncer.
Depois das consultas aos documentos que lhe revelaram ser o pai assassino e suicida, Bryan foi até a igreja onde na infância fizera primeira comunhão.

Bryan entrou na igreja, vazia àquela hora, andou vagarosamente pelo seu interior, até que se sentou em um dos seus bancos, de onde ficou olhando para o altar, para a imagem do Cristo crucificado, enquanto desejava profundamente encontrar paz para seu espírito.

– “Bryan” – disse uma voz familiar.
Bryan voltou-se para trás e lá estava o Padre Glaxton, o mesmo páraco dos seus tempos de catecismo.
– “Padre? O senhor ainda se recorda de mim?” – disse Bryan.
– “Sim, tenho esperado pelo nosso encontro de hoje por muitos anos! A essa altura você já sabe sobre seu pai” – respondeu o Padre.
 – “Tem esperado por mim? E o senhor sabe que estive procurando por informações sobre o meu pai?” – questionou Bryan.
– “Sim. E você traz perguntas sobre muitas coisas além do destino de seu pai, você tem perguntas sobre si, sobre a fazenda e A Maldição” – respondeu Glaxton, e acrescentou – “Eu tenho as respostas”.



Continua...


(Sexta-feira: o segundo capítulo)