sábado, 2 de novembro de 2013

O Lobo e O Coyote -cap 4



Último Capítulo


“Papai!” – disse espantada Sally ao encontrar o xerife amarrado e amordaçado na rua.

Ao tirar a mordaça do pai, ela perguntou o que houve.

“Um maldito fora-da-lei muito perigoso, filha!” – disse o xerife – “O conhecido como William Coyote! O maldito assaltou um homem nessa noite passada e o levou tudo do pobre diabo e o deixou desacordado na rua! E agora há pouco fez isso comigo!”.

“Bill não poderia ter assaltado ninguém essa noite passada! Não foi ele!” – Sally disse demonstrando muita convicção.

“Bill? Você o chama de “Bill”, como se o conhecesse? E por que tem tanta certeza de que ele não cometeu o assalto?” – disse o xerife.

“Ora! É que... Deixa-me desamarrá-lo, papai! E me conte melhor desse sujeito desacordado!” – disse Sally, querendo com o assunto da vítima de assalto fugir à resposta da pergunta feita pelo pai.

“Logo pela manhã bem cedo esse viajante estava desacordado perto de uma cerca, e com marcas de enforcamento no pescoço...” – respondia o xerife.

Sally se lembrou do que sabia, por livros, sobre lobisomens. Que pela manhã voltavam à condição humana. E ao saber onde exatamente o tal homem estava desacordado, com marcas no pescoço, concluiu que o lobisomem passara a noite com o pescoço preso na cerca e que o homem que o pai encontrou e julgava ser vítima de assalto, era na verdade o lobisomem. Mas preferiu não comentar algo tão difícil de acreditar.

Mais tarde, à noite, Sally procurou Billy no hotel.

“Desculpe-me pelo seu pai, eu precisei da estrela de prata que ele carregava presa à roupa” – disse Billy.

 Billy mostrou a bala de prata à Sally e colocando-a no colt, disse:

“Coiotes são tipicamente excluídos de áreas com lobos! Talvez seja a hora do Coiote excluir o lobo!”.

“Acredita que ele voltará?” – perguntou Sally.

“Pequena, eu conheço as bestas e conheço os homens, ambos são orgulhosos, pelo que você me disse, esse lobo é ambas as coisas, e com certeza voltará e virá atrás de nós para se vingar de ter sido cavalgado e ter passado a noite com a cabeça presa numa cerca. Mas dessa vez a bala de prata espera por ele!” – respondeu Billy.

***

Na noite seguinte, já em horário avançado Sally procurou por Billy no seu quarto de hotel.

“Papai vai dormir na delegacia de novo?” – Billy perguntou à Sally ao encontra-la.

Sally entrou no quarto e o casal trocou beijos apaixonados.
Depois, tiraram suas roupas de cima e se deitaram, trocando mais beijos, abraços e carícias.

Billy acariciava os cabelos de Sally quando ao ouvir cachorros latindo, parou e disse:

“Pelo jeito que os cães estão ladrando, estou vendo que farejam lobo!”

No instante seguinte Sally atônica arregalou os olhos, apontando para a janela às costas de Billy.

Billy foi muito rápido, alcançou a pistola na cômoda ao lado da cama e se virou, deitando de costas sobre Sally, quando a besta-fera pulou, quebrando a janela, invadindo o quarto e atacando ao casal, Billy disparou a arma, acertando bem entre os olhos do lobisomem, que com o impacto do disparo foi para trás, caindo pela janela, rolando pelo teto do alpendre, e caindo no meio da rua.

O lobisomem urrou e uivou por longos e dolorosos minutos até morrer.
O som do disparo da arma de Billy e os urros e uivos acordaram todos na cidade, que correram, saindo de suas camas, para ver o que havia acontecido. Inclusive o xerife McCamon. Billy e Sally desceram e se juntaram à multidão.

Todos assistiram à horrenda cena do lobisomem morto voltando à forma humana.

“Sally?” – disse o xerife ao ver a filha.
“Papai, as suas calças!” – ela respondeu.

O xerife se levantou tão apressado que se esquecera de vestir as calças, para diversão do povo da cidade.

Billy dirigiu-se ao xerife e disse:

“Aí está o seu ladrão de gado e cavalos, também sua suposta vítima de assalto, e, se quiser, pode retirar a bala de prata da cabeça dele, foi feita com a prata do seu distintivo”.

***

Na tarde do dia seguinte o xerife McCamon e sua filha Sally foram ao hotel procurar por Billy para entregar-lhe um cavalo.

“Os fazendeiros ficaram gratos pelo extermínio da fera que vinha atacando seus cavalos e gado e pediram que você aceite esse cavalo, como lembrança de gratidão” – disse o xerife.

Billy acariciou o pescoço do animal e comentou:

“É um belo corcel!”

Billy montou no cavalo e acrescentou:

“Bem, meu trabalho por aqui já acabou, é hora de deixar essa cidade”.

Terminou a frase e ficou olhando para Sally, que entendeu que ele a esperava.
Sally abraçou e beijou seu pai, o xerife, dizendo:

“Eu te amo, papai, voltaremos para visitar”.

Então Sally montou no cavalo junto de Billy e o abraçou pela cintura.

Billy fez um gesto de despedida segurando a ponta do chapéu:

“Até mais, xerife”.

E eles partiram.

E foi assim que Billy passou a ser chamado de “Billy Coyote - O Bala de Prata”




...beijinhos***