sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Monstro debaixo da Cama cap 5



O Monstro debaixo da Cama


Último Capítulo.

Rachel, espiando a todo o momento pela janela da sala, esperava ansiosa a chegada da sensitiva, que contatara pela internet.
Wilma Cunninham chegou à calçada, olhou para a casa, depois conferiu o endereço em um pedaço de papel que trazia à mão. No caminho até a porta da frente, a árvore no quintal lhe chamou a atenção. A sensitiva se deteve observando a árvore.
Rachel, que observava Wilma, desde que esta chegara à calçada, saiu pela porta da frente.

“Senhora Robinson, presumo” – disse Wilma.
“Sim, sou eu” – respondeu Rachel.

A sensitiva se voltou em direção à árvore, e olhou para Rachel, que assentiu com a cabeça.
Wilma chegou próximo à árvore, esticou os braços com as palmas das mãos abertas voltadas para o tronco e em seguida fechou os olhos. Então sua fisionomia se alterou como em um súbito mal-estar.

“Está tudo bem?” – perguntou Rachel.
“Sim, é algo que senti ao examiná-la! Desculpe-me, sou Wilma Cunninham”.
“Presumi”
“Podemos ver a casa?”
“Sim, Claro”

Sean, Trish e Jeanette, irmã de Rachel chegaram à varanda.
Rachel fez as apresentações.

A aparência de Wilma não correspondia ao que o casal imaginara. Rachel imaginava que a Sr.ª Cunninham chegaria trajando algo como um vestido longo e preto e teria o rosto pálido. Sean a imaginava exótica, com roupas hippies e cabelos arrepiados como uma foto de Einstein. No entanto, ela fugia a ambas as expectativas, não tendo nada em sua aparência que a diferenciasse do comum.

“Pode ficar aqui na varanda com a Trish?” – Rachel perguntou à irmã, que consentiu.

“Em seu e-mail você me falou sobre a criança mencionar um monstro debaixo da cama” – disse Wilma
“Sim” – respondeu Rachel.
“Podemos ver o quarto da garota?”
“Claro”

Sean observava a Sr.ª Cunninham com certa desconfiança. O casal concordou em não dar mais informações à sensitiva na expectativa de testar sua autenticidade no caso de Wilma saber dizer sobre os eventos ocorridos sem que tomasse conhecimento prévio destes.

***

Da varanda Trish percebe que seu ursinho está na calçada, como se tivesse sido deixado ali sentado.

“Tia Jean, meu ursinho está ali na calçada posso apanhá-lo?”
“Sim, querida, cuidado!”

“Acho que ele se perdeu! Posso guarda-lo na caixa de brinquedos?” – perguntou Trish ao retornar com o urso.
“Depois, agora sua mãe e seu pai estão conversando com a moça lá no andar de cima” – respondeu Jeanette, que havia observado que haviam subido ao segundo andar.
“A caixa está aqui na sala, papai trouxe várias das minhas coisas para a sala”.
“Está bem! Só o coloca na caixa e fica aqui sentada com a tia até sua mãe voltar, tá?”



***

Rachel, Sean e Wilma entraram no quarto da pequena Trish. Wilma pareceu sentir algo imediatamente ao entrar no cômodo. A sensitiva fechou os olhos e ergueu as mãos, com as palmas voltadas para fora. Novamente sua expressão facial parecia a de alguém com mal-estar. 

“Com certeza há algo neste quarto e nesta casa” – disse a sensitiva e continuou: 
“Há uma presença espiritual aqui! Uma presença que não é boa. É algo maligno!” 

“A senhora vê alguma coisa?” – Rachel perguntou sussurrado.

Wilma gesticulou com a mão fazendo sinal para esperar. E depois de alguns minutos respondeu.

“Eu vejo um jovem, um rapaz... ele... ele habitou a casa... este era o quarto do jovem”. – disse a sensitiva.

Rachel se lembrou da história que soube, através da vizinha, do jovem que se enforcara na árvore.

“Você quer nos dizer que a casa é assombrada pela alma desse jovem, que teria morado aqui e veio a falecer?” – perguntou Sean.

“Há uma presença espiritual aqui, como eu disse... Mas não! Não é a deste jovem!” – a sensitiva hesitou em completar o que iria dizer. Mas depois prosseguiu:
“O espírito que habita esta casa não é humano! Não se trata de alguém que viveu e esteja preso a esse plano!”. 

“Eu soube de um rapaz que morou aqui” – disse Rachel não se contendo.
“Eu vejo o rapaz... Ele teve contato com a presença que sinto aqui... pobre rapaz!”.

E depois de mais alguns minutos a sensitiva disse: 
“Afaste a cama! Afaste a cama da menina!”

Sean seguiu a orientação da sensitiva.

“Arranque o carpete!”

Rachel olhou para Sean, que estava hesitante e disse:
“Busque as ferramentas, querido!”

Sean buscou algumas ferramentas e arrancou o carpete. O casal teve uma sensação gelada quando viram o que havia ocultado pelo carpete, exatamente sob o local onde estava a cama de Trish. 
Havia um desenho de um pentagrama de linhas pretas no chão de tábua debaixo do carpete e na área do desenho havia grandes arranhões, como se feito por um grande animal.
Rachel levou as mãos à boca. Sean ficou surpreso e perplexo.

“Há um espírito nesta casa, e como disse, não é humano, é um espírito demoníaco!”

E completou: “Diferente do que popularmente se imagina são raros os casos reais de presença dessa categoria de espírito, de fato, pessoalmente, é a primeira vez que eu tenho contato com um”.

Rachel se sentia apavorada ao ver aquilo bem debaixo de onde a filha dormira.

“E o rapaz? A senhora falou do rapaz” – perguntou Rachel.

“Este símbolo é muito antigo, e há muito tempo usado por praticantes de magia... O rapaz que o fez... É por onde o demônio veio! Este círculo no chão funciona como um portal que liga o mundo do demônio ao nosso...
O rapaz o invocou... Vi claramente o passado deste quarto! Aqui o rapaz fez um pacto com esta entidade maligna.... O demônio lhe deu tudo o que ele queria... o carro desejado... dinheiro... popularidade... o amor de uma garota cobiçada... Porém o demônio não tardou em exigir o pagamento. O demônio o levou a um estado psicológico inimaginável! Ele o influenciou negativamente... o rapaz caiu em profunda amargura e depressão... mesmo tudo o que queria e obtivera através do demônio deixou de importar para ele... Foi atormentado até não conseguir suportar mais... Então cometeu suicídio... Enforcando-se... a árvore na entrada! Sim... ele se enforcou nela!”

O casal Robinson estava perplexo.
Rachel gaguejando perguntou:
“Há algo que podemos fazer? Digo... Para que vá embora... o demônio”.

A sensitiva respondeu, após breve hesitação, com pesar:
“Infelizmente... Não creio que haja muito que se possa fazer... Se esta entidade fosse invasora há ritos que creio que poderiam livrar a casa de sua presença, mas... Ele não é invasor... O rapaz o trouxe e deu ao demônio o direito de posse da casa...”. 

“Mas, a casa foi deste rapaz no passado, ou de seus pais... Hoje é nossa, nós a adquirimos! Não temos como... não sei... impor isso a esse espírito ou entidade... ?” – perguntou Sean.

“Entendo Sr. Robinson... Infelizmente no mundo astral a casa ter sido vendida não tem valor para esta questão, o demônio a recebeu de um proprietário e este morreu... Ele tem direito espiritual sobre o lugar... Eu lamento muito que eu não possa ajudar... Tudo o que posso fazer aqui é torna-los conhecedores destes fatos que pude captar”.

“Eu agradeço à senhora, Sr.ª Cunninham” – respondeu Rachel.

***

Os Robinsons deixaram a casa, colocando-a a venda.
Os dias que se seguiram passaram hospedados em uma hotelaria até que encontrassem uma casa que pudessem alugar.


A casa no bairro de Highlands continua sem comprador.



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Monstro debaixo da Cama - cap 4


Resumo dos capítulos anteriores: Um jovem casal adquiriu uma casa e se mudou com a filha, que começou a se queixar de que em seu novo quarto havia um “monstro debaixo da cama”. Uma noite Rachel pensou ter visto a filha chamar à porta do quarto e desceu até o porão, onde teve uma experiência assustadora. Pensando que poderia haver algum tipo de mal espiritual na casa, Rachel comprou um crucifixo para a parede, mas o objeto religioso caiu estranhamente várias vezes e ela terminou por guarda-lo no fundo de uma gaveta. Desde que chegou à casa nova Rachel não tinha uma boa impressão de uma árvore no jardim da frente. Ela soube, por uma vizinha, de que anos atrás um rapaz havia se enforcado nela, fato que, na época, chocou a vizinhança. Rachel acreditou que talvez as coisas melhorassem se mandasse rezar uma missa pela alma do rapaz suicida e pediu ao padre da paroquia local para benzer a casa. Mas no dia de benção da casa o padre depois de subir ao segundo andar desceu rápido e parecendo assustado e com medo se apressou em deixar a casa.
Numa tarde Rachel vê a filha brincando na árvore, em pânico grita com filha, mandando se afastar da árvore. A menina entra em casa chorando. À noite o marido questiona a esposa sobre o ocorrido. Rachel relata tudo ao marido e diz que quer se mudar da casa e que esta é assombrada. Sean não quer deixar a casa, e perder o investimento e julga que Rachel esteja fantasiando. Até que uma noite irritado com a filha ir dormir todas as noites com o casal Sean vai dormir no quarto de Trish.



O Monstro debaixo da Cama


Penúltimo Capítulo

Sean entrou no quarto da filha e fechou a porta. Dirigiu-se à cama. Pegou um ursinho de pelúcia, que estava perto da cabeceira e jogou para um canto, onde havia outros brinquedos. Deitou-se, puxou o lençol, arrumou o travesseiro e se ajeitou para dormir. Depois de alguns minutos, sonolento, sentiu vontade de abrir os olhos. O ursinho estava sobre a cama, bem de frente para seu rosto. Sean se sentiu confuso, mas acreditou não ser mais do que uma peça pregada pelo sono. Jogou novamente o ursinho para o lado e voltou a ajeitar. Sentiu o quarto mais frio do que estava quando chegou. Olhou para a janela, para conferir se estava fechada e puxou mais o lençol. “O tempo deve estar virando” – pensou. 
Sean pegou no sono.

Cerca de uma hora depois ele acordou, repentinamente, com falta de ar. Sua reação seria levantar, erguendo o tronco, mas suas costas ficaram como que coladas à cama. Quis gritar, mas não conseguia. Tentou se mover, mas também não conseguia. 
Sean lutava desesperadamente para puxar o ar. Pensou que morreria. Conseguiu finalmente respirar. Tentou novamente gritar pela esposa, crendo que precisava de socorro médico urgente, mas a voz não lhe saía. Engasgou. Tentou se mover, sem conseguir de novo. Sentiu o lençol apertando, prendendo-o à cama. Tornou-se ofegante. Sentiu a cama, como se um grande cão estivesse subindo nela. Mas ele não via nada. Então sentiu como se um animal apoiasse as duas patas dianteiras em seu peito. 
Preso à cama e sem conseguir gritar, Sean sentiu um ar quente vindo ao rosto. Era como um bafo de uma fera tocando-lhe a face. Sean sem ver nada, sentia algo em cima de si. Ficou assim, imóvel e com o hálito horrível contra o rosto por mais dois minutos. 
Então tudo voltou ao normal. Sean fechou os olhos e levou as mãos ao rosto. Seu coração pulsava forte. Sentia a mente em confusão. Tremia. Pensava se teria sido um pesadelo – não, não foi, mas qual a explicação? Testou as pernas. Conseguiu se mover. Descansou as mãos na cama e abriu os olhos. Viu o urso de pelúcia no seu colo. Saiu desesperado da cama e do quarto de Trish.

***

“Sean?” – admirou-se Rachel ao encontrar o marido dormindo no sofá da sala.
Sean acorda e vê a esposa e a filha pronta para a escola. Trish segurava o ursinho de pelúcia. 
“Não!” – exclamou Sean, tomando o brinquedo da menina.
Trish ficou perplexa e disse em choramingo “Mas eu sempre o levo para a escola!”.
Rachel olhou de forma interrogativa para o marido, e se agachou de frente para a filha. 
“Hoje você não prefere levar a Henrietta sua boneca?”
Trish assentiu indo apanhar a boneca.
“Não a deixe entrar sozinha no quarto!” – Sean disse à esposa.
Rachel acompanhou a menina, e estranhou as atitudes do marido 
Ao retornarem com a boneca, Sean estava sentado no sofá da sala olhando fixamente para o urso de pelúcia, que segurava com ambas as mãos.
“Vamos, filha” – Rachel disse saindo com Trish, e voltando o olhar de estranheza para Sean.

***

Ao retornar da escola Rachel pediu explicações ao marido de seu comportamento pouco antes. 
Sean relatou à esposa o ocorrido durante a noite no quarto da filha.

“Acho que aquilo quis me matar” – disse Sean.
Rachel se admirava, Sean relatava uma experiência ainda mais extraordinária do que as vivenciadas por ela.
“Rachel, eu não sonhei isso” – Sean respondeu ao olhar da esposa, que lhe pareceu questionador.
“O que acha que devemos fazer?” – perguntou Rachel.
“Eu não sei! Há alguma coisa lá! De verdade há! Mas... Como lidamos com algo assim?” – disse Sean.
“Onde está o urso?” – perguntou a esposa.
“Eu o coloquei numa bolsa e joguei na lata de coleta de lixo” – “Rachel, a Trish não pode ficar mais naquele quarto! Vamos tirar tudo de lá!”. 

O casal subiu até o quarto de Trish. 

“Você trancou?” – perguntou Sean, depois de tentar abrir a porta do quarto.
“Não” – respondeu Rachel.
Sean tentou novamente, e forçou a porta.
Rachel buscou a chave, mas esta quebrou quando Sean tentou abrir.
Sean socou furioso a porta. 
Ouviram um soco interno em resposta.
“Meu Deus!” – exclamou Rachel levando as mãos à boca.
Permaneceram parados em frente à porta e novamente a porta foi socada do lado de dentro do quarto. A perplexidade os dominou e uma terceira vez a porta foi socada pelo lado de dentro do quarto.
“Meu Deus, Sean!” – exclamou Rachel.
“Quem está aí? Tem alguém aí? Quem está aí dentro?” – Sean gritava sem obter resposta.
Furioso, Sean agarrou a maçaneta e solavancou várias vezes a porta, tentando abri-la.
Assim que desistiu a porta começou a solavancar, como se algo imitasse o gesto de Sean do outro lado. 
Rachel começou a chorar de aflição.
O marido buscou tábuas e as pregou à porta.  

***

“A Trish pode ficar na casa de uma de suas irmãs depois da escola?” – Sean perguntou á esposa.
“Acredito que não haveria problema nenhum. A Jeanette deve poder ficar com ela, e ela ficará feliz em dormir na casa da tia”.

Sean, sentado à mesa da cozinha, passou as mãos pela cabeça, agoniado.

“Eu... Eu estive pesquisando na internet sobre... fenômenos... assombrações ou fatos assim...” – dizia Rachel.
“Você o que?”
“Há relatos sobre coisas assim. Há vários casos nos EUA”. 
“Não sei até que ponto se possa dar crédito a algo na internet...”.
“Eu encontrei uma página, é de uma sensitiva, Wilma Cunninham, ela... lida com coisas assim... ela... atua próximo a Nova Orleans...”.
“Rachel! Não deve ser mais do que uma enganadora! Isso é engodo!”
“Bem... Na verdade, eu havia enviado um e-mail umas semanas atrás... e... Ela concordaria em ver nossa casa”.
“E o que essa sensitiva faria aqui? Encheria a casa de incenso, diria umas palavras esquisitas e tentaria tirar o máximo de dinheiro da gente?”
“Ela não pede dinheiro, Sean! Ela pesquisa esse tipo de fenômeno! Parece-me algo que podemos tentar! Encontrar uma explicação!”
“Não há explicação para isso!”
“Sean, talvez ela ajude! O que mais podemos fazer?”
“Tudo bem! Vamos chamar essa sensitiva! Mas não lhe daremos dinheiro!”


Continua...






sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Monstro debaixo da Cama - cap 3


Resumo dos capítulos anteriores: Um jovem casal adquiriu uma casa e se mudou com a filha, que começou a se queixar de que em seu novo quarto havia um “monstro debaixo da cama”. Uma noite Rachel pensou ter visto a filha chamar à porta do quarto e desceu até o porão, onde teve uma experiência assustadora. Pensando que poderia haver algum tipo de mal espiritual na casa, Rachel comprou um crucifixo para a parede, mas o objeto religioso caiu estranhamente várias vezes e ela terminou por guarda-lo no fundo de uma gaveta. Desde que chegou à casa nova Rachel não tinha uma boa impressão de uma árvore no jardim da frente. Ela soube, por uma vizinha, de que anos atrás um rapaz havia se enforcado nela, fato que, na época, chocou a vizinhança. Rachel acreditou que talvez as coisas melhorassem se mandasse rezar uma missa pela alma do rapaz suicida e pediu ao padre da paroquia local para benzer a casa. Mas no dia de benção da casa o padre depois de subir ao segundo andar da casa desceu rápido e parecendo assustado e com medo se apressou em deixar a casa.


O Monstro debaixo da Cama


Capítulo Três

Numa tarde Rachel chega ao jardim da frente e vê sua filha, Trish, brincando de se pendurar na árvore. Ao ver a cena Rachel congelou por uns segundos, aterrorizada.

 A pequena Trish viu a mãe parada à porta da frente da casa.

“Oi, mamãe” – disse e sorriu.

Rachel correu em direção à filha, gritando em pânico.

“Sai daí, Trish! Sai daí agora!”

“Eu só estou brincando na árvore...”.

“Vai pra dentro! Vai e fica lá! Não chega mais perto dessa árvore! Fica dentro de casa e não volta para cá!” – Rachel gritava com a menina.

Trish, chorando, saiu correndo assustada para dentro de casa.

Rachel, depois de a menina entrar, sentou-se na escadinha da varanda, onde ficou por um longo tempo tentando se acalmar. Ela começou a pensar que o espírito do suicida, de alguma forma, atraiu a menina. Imaginava que se não tivesse interrompido a brincadeira... Trish poderia ter caído e batido com o pescoço...
Com esses pensamentos Rachel, nervosa, chorava descontrolada.

***

“Rachel, o que houve à tarde? Trish se queixou que estava brincando sem fazer nada de errado no jardim até que você chegou e começou a gritar com ela” – perguntou Sean à esposa naquele dia à noite.

Rachel relatou ao marido que perdera o controle entrando em pânico ao ver Trish se pendurar na árvore, e só então relatou ao marido o que soube, pela vizinha, sobre o suicídio cometido naquela árvore.

“Mesmo que isso tenha acontecido é só uma árvore! Deveria, se não queria Trish perto dela, tê-la advertido previamente! O que não tem cabimento é que você, sem nenhuma explicação para a garota, tenha sido tão energética com ela, como me pareceu ao ouvir a queixa dela! Nós cortamos a árvore. Pronto!” – respondeu Sean

“Sean, quero que nos mudemos daqui” – disse Rachel.

“Você está maluca, Rachel? Nós investimos todo nosso dinheiro na aquisição dessa casa! Além do mais, ela é perfeita, como sempre quisemos!” – respondeu o marido.

“Ela é assombrada!” – retrucou a esposa.

“Percebe o absurdo que está dizendo? Casa assombrada?”

“Não é absurdo! Um rapaz se matou naquela árvore! Eu não sonhei aquilo do porão! E eu vi! Eu vi algo lá embaixo! Tentei por um crucifixo na parede da sala e ele foi atirado da parede contra a porta da frente! E Trish diz ver um “monstro” no quarto dela! E tem os desenhos que ela fez na escola...”.

“Que crucifixo? Que desenhos?”

“Não cheguei a te contar. Eu o guardei o crucifixo no fundo da gaveta do móvel da sala. E a professora dela me perguntou o que ela tem assistido na TV, por causa do monstro nos desenhos...”.

“Pelo amor de Deus, Rachel! Você está tendo fantasias! Você pendurou mal o crucifixo no máximo! E é normal uma criança desenhar monstros! Ela inventou esse monstro para chamar a atenção, deve ser isto!”

“Não estou fantasiando, Sean! E o padre? No dia em ele veio benzer a casa ele saiu assustado e com medo daqui!”

“Tudo isso é fantasia sua! Não vamos nos mudar! Não tem cabimento!”

“Eu e minha filha não vamos mais morar aqui!”.

***

Uma noite Sean chegou cansado do trabalho, tomou banho e foi se deitar.
Rachel já estava deitada. Sean se deitou ao lado da esposa – eles não estavam se falando muito devido às constantes discussões.

Trish chegou ao quarto dos pais e Rachel disse: “Vem, filha, pode deitar aqui”.
Sean se virou para o lado contrariado, pois Rachel insistia em deixar Trish dormir com eles.
Como a menina se mexia muito, vez ou outra acertando uma ‘joelhada’ em Sean, ele se irritou. Levantou-se, apanhou o travesseiro e disse: “Quer saber? Vou dormir no quarto da Trish!”.

Rachel não deu atenção ao marido, que se dirigiu ao quarto da filha, esbravejando reclamações pelo caminho.


Continua...