quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Conto Trash


Inspirado no conto “O velho, a linda e o jovem” de Claudio Chamum, porém bastante diferente (especialmente o desfecho)!





Ele se encantou por ela no primeiro instante em que a viu. Apesar de haver no salão muitas belas jovens, todas impecáveis em seus vestidos de festa, quando ele a viu ela lhe ofuscou os olhos para tudo mais ao redor. Ela trajava um vestido preto, todo de renda, mangas longas, ombros e costas à amostra e um body bordado que dava a ilusão que estava quase nua. Tinhas seus cabelos, negros como a noite, presos, mas de forma que seus cachos caiam-lhe sensualmente pelo pescoço. Sua pele era clara como a porcelana, usava batom vermelho rubi, mas a maquiagem lhe valoriza, sobretudo, os belos olhos azuis.
Ao vê-la ele sentiu necessidade de afrouxar o colarinho de seu traje black-tie (exigido pela ocasião). Esticava o pescoço e inclinava a cabeça, seguindo-a com o olhar.
Como se tivesse percebido, mesmo estando longe, que atraíra a atenção do jovem, ela o mirou, flagrando o rapaz a observá-la. Os olhos dela eram como pedras de safira. Ele engoliu a seco e desviou o olhar – um pouco sem jeito. Olhou ao redor, como se imaginasse que todas as pessoas da festa houvessem percebido seu encanto pela moça. Tornou a olhá-la, após tomar mais um gole do seu drink. Ela havia se voltado para algumas pessoas com quem mantinha conversa, e depois de alguns segundos, tornou a olhar para ele, olhou-o de cima em baixo, como se o avaliasse e aprovasse, mas rapidamente retornou a atenção aos que estavam perto dela.
Ela passou a se deixar observar por ele, como fazem as mais experientes no jogo da paquera. Ela inclinava a cabeça e mexia no cabelo de forma que o rapaz se sentia cada vez mais hipnotizado por ela. Ele se mantinha voltado para ela, aonde quer que ela fosse, enquanto ela desfilava por entre os demais convidados. Ele se sentia atraído, de forma que mal podia conter a vontade de se aproximar. Em seu trajeto, ela olhou novamente para ele, e sorriu de forma que estivesse receptiva a uma aproximação.
Ela o fazia acreditar que estava sendo conquistada, satisfazendo sua vaidade masculina. O que ele não percebia, era que ele sim estava sendo presa da jovem.
Ele, envaidecido pelos olhares recíprocos dela, ajeitou o cabelo, colocou as mãos nos bolsos e estava prestes a ir até a jovem, quando ela, chegando a uma das mesas das festas, beijou com intimidade e na boca um senhor que estava à mesa, sentando-se em companhia deste. Ela cochichou algo ao ouvido do companheiro.

O rapaz passou a mão pela cabeça e depois passou a mão pelo rosto, enquanto se virava em sentido oposto à mesa com a jovem e o senhor, que a acompanhava.
“Putz! Que furada!” – ele pensou “É casada e está com o marido!”.
Ele permaneceu um tempo completamente desconcertado, mas não conseguiu deixar de tornar a olhar para ela. À mesa, ela se inclinava à frente, pegou uma taça de vinho, que bebeu sensualmente, olhou discretamente para o rapaz, cruzando as pernas, de forma que o lado interno de suas coxas se voltava para ele. Por mais que tentasse, o rapaz não conseguia deixar de voltar o olhar a todo instante para a moça. Corria-lhe os olhos pelas pernas, os cabelos, o lindo rosto juvenil. Sentia acalorar-se e ficou a ponto de perder a razão quando ela, após mais um breve gole de vinho, que encerrou a garrafa que o casal tinha à mesa, lambeu delicadamente os lábios vermelhos.
A essa altura, ele sentia as mãos suarem frio e estava quase descabelado de tanto que passava as mãos pelo cabelo pela agonia que a moça o impunha. O jovem esboçava o plano de deixar a festa, de forma a fugir dessa agonia, quando um dos garçons se aproximou dele e lhe disse, indicando a mesa com a jovem e o senhor. – “O casal àquela mesa o convida a beber um pouco de vinho”.

O rapaz foi até a mesa do casal, mesmo estando temeroso de que o marido tivesse se apercebido de seu interesse por sua jovem esposa.
“Boa noite” – o rapaz cumprimentou o casal.
“Queira sentar-se, meu jovem” – respondeu o senhor.
O jovem se sentou, sentindo-se completamente desconfortável com a situação. A moça o olhava de forma que seu olhar parecia penetrar-lhe a alma.
O garçom apresentou uma garrafa de Domaine Georges & Christophe Roumier Musigny Grand Cru ao senhor, que meneou a cabeça afirmativamente, o garçom, então, abriu o vinho e ofereceu a rolha ao senhor, que a cheirou, e, novamente meneou a cabeça, então o garçom serviu a taça do senhor, que com um gesto indicou ao garçom que deixasse a garrafa sobre a mesa.

“Conhece Erzsébet?” – perguntou o senhor ao rapaz, se referindo à sua companheira.
“Creio que... er... Talvez um pouco... de vista!” – o rapaz respondeu sem saber o que dizer.
“Bem, ela quis que o convidássemos a beber um pouco de vinho!” – o senhor disse servindo ao rapaz.
“O senhor aprecia o fruto da vinheira?” – questionou ao jovem, enquanto servia também à moça.
“Bem... pra dizer a verdade, eu não entendo muito sobre vinho, mas gosto muito da bebida...” – respondia desconsertadamente o jovem – “eu sempre tive dúvida sobre a forma de segurar a taça, se pela haste ou a copa...” – o rapaz disse em tom divertido, como que querendo suavizar a situação.
A moça sorriu, achando graça.
“A temperatura ideal para o vinho é 17 graus, se nos parece de acordo seguramos a haste, para que o calor da mão não o aqueça. Se, ao contrário, nos parecer mais frio, seguramos a copa para aquecê-lo. Sabe por que eu cheirei a rolha?”
“Er... na verdade, não o sei, senhor” – o rapaz respondeu desconcertado, sentindo-se inferior em cultura comparado com o senhor.
“Às vezes alguma bactéria que esteja na rolha altera-lhe o sabor”.
A moça segurou sua taça pela haste e a moveu circularmente próximo ao nariz, sentindo o buquê da bebida.
“Não é bonito como se assemelha ao sangue?” – a jovem perguntou ao rapaz.
O jovem engoliu a seco e respondeu “Sim”.
Só então o jovem reparou no estranho brasão da joia que a moça tinha como pingente de seu cordão.
“É húngaro” – ela comentou sobre o pingente.
“Seu nome...” dizia o rapaz.
“Erzsébet? Sim é um nome húngaro também, pode me chamar de Elizabeth, se o preferir” – disse a moça, sabendo o que o jovem pensava.
Ela tomou da bebia, de forma que seus lábios se molharam, e, com os olhos fixos nos olhos do jovem lambeu-os suavemente. O jovem sentiu seu corpo inteiro esfriar.
Ela se levantou e, olhou primeiro para o senhor e em seguida para o jovem, dizendo “Vou ao toalete”, retirou-se com um gesto formal.

“Erzsébet é uma linda jovem, não é?” – o senhor perguntou enquanto a moça se afastava e ambos a observavam seguir pelo salão.
A pergunta fez com que o rapaz tivesse certeza de que o marido percebera seu encanto pela esposa.
“Certamente sim... er... ela...”.
“Ela o hipnotizou, não é?”
Estava claro que não havia o que tentar esconder.
“O senhor não tem ciúmes? Digo... ela... ela é...”.
“Ela é jovem, é linda... Diga-me, meu rapaz, quantos anos você me daria?”
O rapaz se sentia muito sem jeito de responder
“Uns cinquenta talvez”- arriscou
O senhor achou graça.
“Muita generosidade! Quinhentos e cinquenta se aproximaria mais!”.
Ambos se divertiram.
“O que você pensa sobre um homem da minha idade que tenha como companheira uma jovem como Erzsébet?”
O rapaz se viu sem resposta
“Não precisa responder. Mas vou lhe dizer, eu não a posso satisfazer completamente. Contudo sinto-me satisfeito quando ela se satisfaz. Compreende?”.
“Estou admirado... er...”.
“Gosto de conhecer quem agradou a ela. Você me parece um bom tipo. Ela seleciona bem”.
O rapaz estava muito surpreso com o que o senhor lhe havia dito
“Veja, ela retorna”- o senhor disse alarmando a aproximação da jovem.
Sem tornar a sentar-se à mesa, Erzsébet disse ao senhor “Importa-se que ele me acompanhe um instante até a varanda, a apreciar o luar?”.
“De acordo, querida!”.

Ela tomou o rapaz pela mão e o conduziu através dos convidados. No entanto seu destino não seria a varanda, e sim um dos quartos do andar de cima da bela mansão.

Era um quarto amplo e belíssimo, mobilhado em estilo vitoriano.
Ela o conduziu até próximo à cama, e o derrubou, empurrando-lhe o peito. Ele caiu deitado de costas, sentia a boca secar, respirava agitadamente e ofegante. Com o olhar fixo nos olhos do rapaz, a linda moça subiu lentamente sobre a cama, engatilhando sobre ele até que os rostos estivessem próximos. A respiração dele se tornava cada vez mais pesada e lhe era impossível fechar a boca. Ela levou a cabeça na direção direita do pescoço do rapaz. Ele levou as mãos às belas coxas da jovem – sentiu lhe as coxas – frias como a morte. Ela beijou-lhe o pescoço, seu beijo, ao contrário era quente, quente como sangue! Ele sentiu um calor tremendo misturado à dor imensa em seu pescoço, enquanto seu corpo esfriava e sua vida se desvanecia.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Creepypasta - "Jack Risonho"


Creepypastas são historias curtas ou coleção de histórias com elementos paranormais, bizarros, de terror ou suspense, encontradas na internet.
O nome surgiu da palavra “Copypasta”, uma expressão usada na rede para definir textos que são copiados e colados diversas vezes. Trocando “copy” (cópia) por “creepy” (assustador).
Resumidamente são lendas da Internet.

A História de hoje é uma creepypasta chamada “Laughing Jack”, que escolhi por considerar realmente horrenda e bastante “trash”. A história trata de um suposto amigo imaginário, além de lidar com o notório medo que os americanos parecem ter de palhaços!

Há algumas versões diferentes na internet e a partir delas escrevi a tradução que te ofereço hoje. Preferi não dividi-la em partes, ou resumi-la. A história nos prende à leitura, e o que começa com ar inocente se torna terrivelmente pavoroso.

Espero que você goste de conhecer essa creepypasta!

...beijinhos***


Jack Risonho


James era um menino de cinco anos de idade, filho de mãe solteira. Ele era uma criança quieta e introvertida que nunca teve muitos amigos.

Em um belo dia de verão, James brincava sozinho no quintal de casa. Sua mãe estava na cozinha alimentando Fido, o cão da família, quando ouviu o filho aparentemente conversando com alguém.

Ele teria finalmente um amigo? A mãe decidiu ir lá fora ver com quem o filho conversava. Chegando lá, James era a única pessoa no quintal. A mãe ficou confusa, pois havia tido a impressão de ter ouvido outra voz além da do filho. Ele estaria falando sozinho?

“James, é hora de entrar!” – chamou a mãe.

Ele entrou e sentou-se à mesa da cozinha, era hora do almoço, e a mãe lhe preparou um sanduíche de peito de peru.

“James, com quem você estava falando lá fora?” – questionou.

O menino demorou um pouco, olhando para a mãe.

“Eu estava brincando com o meu novo amigo” – respondeu sorrindo.

A mãe serviu um pouco de leite ao menino e insistiu no assunto:

“Será que o seu amigo tem um nome? Por que não o chamamos para almoçar com a gente?”.

James olhou para mãe e depois de algum tempo respondeu:

“Ele se chama Jack Risonho”.

“Ah, é? É um nome estranho! Como é esse seu amigo, digo, como é sua aparência?” – continuou a mãe.

“Ele é um palhaço. Ele tem cabelos longos e um nariz grande com uma espiral preta e branca. Ele tem braços e calças largas de comprimento, com meias listradas, e ele sempre sorri” – respondeu James.

A mãe entendeu que o filho estava falando de um amigo imaginário. Embora admirada com a descrição do palhaço e o estranho nome, ela considera que deva ser normal para as crianças da idade do filho ter amigos imaginários, especialmente quando ele não tem convívio com crianças de verdade para brincar.

O restante do dia transcorreu normalmente, e quando já estava ficando tarde, ela colocou o filho para dormir, levando-o ao quarto dele. Deu-lhe um beijo, e fez questão de ligar a luz noturna antes de fechar a porta.
Como estava muito cansada, decidiu ir para a cama, não muito tempo depois.

Ela teve um pesadelo horrível...

Estava escuro. Ela estava em uma espécie de parque de diversões decadente. Ela estava com medo, correndo através de um campo infinito de barracas vazias e cabanas de jogos abandonadas. Todo o lugar tinha uma aparência horrível. Tudo era preto e branco. Os bichos de pelúcia das cabanas de jogos, que serviam de prêmio, todos tinham sorrisos doentes costurados em seus rostos. Parecia que todo o parque estava olhando para ela, mesmo que não houvesse outro ser vivo à vista. Então, de repente, ela começou a ouvir uma música tocando – A melodia da canção de ninar "Pop! Goes the Weasel" sendo executada por uma sanfona ecoou pelo parque, era hipnotizante. Quase em transe, e incapaz de deter os passos, ela seguiu a melodia para a tenda do circo. Estava escuro e a única luz vinha de um único projetor que brilhava no centro da grande tenda. Enquanto ela caminhava em direção à luz, a música abrandou, ela começou a cantar, incapaz de parar.

“Todos ao redor da amoreira;
O macaco perseguiu a doninha;
O macaco pensou que era uma grande piada;
Pop! Vai a doninha....”.

A música parou bem antes do seu clímax, e de repente as luzes a ofuscaram a vista. A intensidade das luzes praticamente a cegavam, tudo o que ela podia ver era uma pequena silhueta escura vindo em sua direção. Em seguida, outra apareceu, e outra, e outra... Havia dezenas delas, todas vindo em sua direção. Ela não podia se mover, suas pernas estavam congeladas, tudo o que ela podia fazer era ver as assombrosas e numerosas silhuetas se aproximarem. À medida que se aproximaram ela pode ver... Eram crianças! Quando olhou para cada uma ela percebeu que estavam todas terrivelmente desfiguradas e mutiladas. Algumas tiveram cortes em todo o corpo, outras foram severamente queimadas, e a outras faltavam membros, até mesmo os olhos! As crianças a rodearam, arranhando a sua pele, a arrastando para o chão, e começaram a dilacerá-la. À medida que as crianças a cortavam em pedaços, tudo o que ela podia ouvir era um riso horrível, um riso maligno!

Ela acordou na manhã seguinte, suando frio. Depois de respirar fundo várias vezes, olhou e viu que alguns dos bonecos de James foram posicionados de frente para ela, em cima de sua mesa de cabeceira. Ela suspirou, crendo que James provavelmente tinha acordado cedo e os colocou ali. Ela juntou os brinquedos e foi ao quarto do menino. No entanto, quando ela abriu a porta o filho estava dormindo.
Ela deu de ombros e colocou os bonecos de volta na caixa de brinquedos, e se dirigiu para a sala de estar.

Um pouco mais tarde, James acordou e sua mãe lhe preparou um pequeno lanche. Ele ficou quieto e parecia um pouco grogue. Talvez ele não tenha dormido bem também – pensou a mãe.

“James, você colocou alguns dos seus bonecos no quarto da mamãe, esta manhã?"

Seus olhos dispararam para a mãe por um momento, então, rapidamente olhou para baixo, na direção do prato de cereais.

“Jack Risonho fez isso”.

A mãe revirou os olhos.

“Bem, diga a Jack Risonho para manter os brinquedos em seu quarto!"

James assentiu e terminou seu café da manhã, em seguida, decidiu ir brincar no quintal.

A mãe foi descansar na sala de estar e acabou cochilando, acordou um par de horas mais tarde.

"Merda! Tenho que ver o que o James tá fazendo!” – exclamou a mãe, preocupada ao se dar conta do tempo que passou dormindo.

Ela foi ao quintal, mas James não estava mais lá. Ela ficou nervosa, e começou a gritar o filho.

“James! JAMES, Onde você está?!”.

Só então ela ouviu uma risada vindo da rua, em frente à casa. Ela correu até o portão. James estava sentado na calçada. Ela suspirou aliviada e caminhou até ele.

“James, quantas vezes eu já disse para você ficar no quint...” – “James, o que você está comendo?!”.

 O menino olhou para a mãe, então enfiou a mão no bolso e tirou um monte de doces em todas as cores. Isso deixou a mãe muito nervosa.

“James, quem te deu esses doces?”

O filho apenas olhou, sem responder.

“JAMES! Por favor, diga à mamãe, onde você conseguiu esses doces”.

O menino abaixou a cabeça, mirando o chão, e disse:

“Jack Risonho deu para mim”.

O coração da mãe disparou e ela se ajoelhou para olhá-lo nos olhos.

“James, eu já estou farta dessa maldita história de Jack Risonho! ele não é real! Agora, isso é muito sério e eu preciso saber quem te deu esses doces!”.

Os olhos do menino se encheram de lágrimas

“Mas mamãe, Jack Risonho me deu os doces”.

Ela fechou os olhos e respirou fundo.  James nunca mentia, mas o que ele estava dizendo era impossível! A mãe o fez cuspir os doces e jogar o resto fora. James parecia estar bem. Talvez estivesse exagerando, afinal, Tom e Linda, o casal da casa ao lado talvez tivessem dado os doces... ou o Sr. Walker, o outro vizinho... De qualquer maneira, ela decidiu que ficaria de olho em James! Naquela noite, ela colocou o filho para a cama como de costume, e decidiu ir para a cama cedo também.

De repente, a mãe acordou ao ouvir um estrondo vindo da cozinha. Ela saltou para fora da cama e desceu as escadas. Quando chegou à cozinha ficou horrorizada. Tudo que estava nos armários de cozinha estava espalhado pelo chão e Fido, o cão da casa, estava morto. Fora pendurado na luminária, amarrado pelas próprias entranhas e recheado com doces como uma piñata macabra. O mesmo tipo de doces que James estava comendo mais cedo naquele dia.

Seu choque, entretanto, foi rapidamente interrompido por um grito agudo vindo do quarto do filho. Ela mais do que depressa pegou uma faca na gaveta e subiu as escadas com a velocidade que só uma mãe cujo filho está em perigo poderia ter.
Ela entrou impetuosamente no quarto e acendeu as luzes. Tudo no quarto havia sido derrubado e jogado no chão.

James estava na cama chorando e tremendo de medo, uma poça de urina manjava o lençol. A mãe pegou o filho e correu para fora da casa e chamou na casa de Tom e Linda, o casal ainda estava acordado. Eles a deixaram usar o telefone, e ela ligou para a polícia, que não demorou muito tempo para chegar. A mãe de James explicou o que tinha acontecido. Os policiais a olharam como se ela fosse louca. De qualquer forma, vasculharam a casa, mas tudo o que encontraram foi um cão morto e os dois cômodos vandalizados. O oficial de polícia disse que provavelmente alguém entrou na casa e fez isso, fugindo rapidamente ao ouvi-la subindo as escadas.
Ela sabia que não era verdade. Todas as portas estavam trancadas e nenhuma das janelas estava aberta – o que quer que fosse que estava na casa não veio de fora.

Os policiais pensam que a mãe é desequilibrada quando ela balbucia sobre Jack Risonho, mas a evidência não pode ser ignorada e eles levam um relatório.

No dia seguinte, não querendo perder o filho de vista por um minuto que seja, a mãe não permite que o menino vá para o quintal, mantendo-o dentro de casa.
Na garagem ela encontra o seu antigo monitor de bebê e o configura em seu quarto, se alguma coisa entrasse em no quarto de James à noite, ela seria capaz de ouvir. Foi até a cozinha e apanhou a maior faca da gaveta e a colocou debaixo de seu travesseiro. Amigo imaginário ou não, ela não deixaria nada machucar o seu menino.

Assim que anoiteceu ela colocou James na cama, ele estava com medo, mas ela prometeu que não deixaria nada acontecer a ele. Deu-lhe um beijo, e acendeu a luz noturna. Antes de fechar a porta, sussurrou para ele – “Boa noite James, mamãe te ama”.

Ela tentou ficar acordada e aguentou o quanto pode, mas depois de algumas horas ela se sentia exausta. Acreditava que o filho estaria seguro e que ela precisava dormir. Assim que ela repousou a cabeça no travesseiro ouviu um barulho suave vindo do monitor do bebê, que ela tinha colocado sobre o criado-mudo. No início parecia uma interferência, como um rádio faria. Em seguida, o som que parecia interferência se transformou em um gemido. James estava dormindo? Então ela ouviu o riso do seu pesadelo, aquela risada horrível! Ela saltou da cama e pegou a faca debaixo do travesseiro. Correu para o quarto de James e abriu vagarosamente a porta, que rangeu... Ela apertou o interruptor, mas a luz não se acendeu. Ao dar um passo sentiu um líquido quente e grosso em seus pés. De repente, a luz noturna do quarto se acendeu para o horror absoluto!

O corpo de James fora pregado na parede. Grandes pregos transpassavam suas mãos e pés. Seu peito fora cortado e aberto e seus órgãos pendiam para o chão. Seus olhos e língua haviam sido removidos junto com a maioria de seus dentes. Ela sentiu nojo, mal podia acreditar que era o seu menino. Então ouviu novamente o desesperado gemido suave. JAMES AINDA ESTAVA VIVO!
A pobre criança sofria terrivelmente e se agarrava à vida.
A mãe correu através do quarto e vomitou no chão, mas seu mal-estar foi interrompido por uma gargalhada horrível vindo detrás dela, ela se virou, enquanto ainda enxugava a boca.
Em seguida, emergiu das sombras o demônio responsável por todo esse horror – Jack Risonho.

Ele tinha cabelos negros emaranhados que lhe caíam até os ombros, olhos brancos penetrantes cercados por anéis pretos escuros. Seu sorriso torto revelava uma fileira de dentes afiados irregulares, e sua pele branca, como tinta branca, não se parecia em nada com a pele humana, ele parecia mais ser de borracha ou plástico, usava uma roupa de palhaço desigual, preta e branca com mangas e meias listradas, seu corpo era grotesco, com longos braços e o modo como se sustentava parecia quase sem ossos, como uma boneca de pano.

Ele soltou uma risada doentia, como se quisesse que ela soubesse que estava satisfeito com sua reação ao seu “trabalho”. Ele, então, virou-se lentamente para de James e começou a rir de modo ainda mais horrível.

“Saia de perto dele, seu bastardo!" – gritou a mãe, correndo em direção ao monstro, segurando a faca acima da cabeça.

Ela desfere um golpe contra Jack Risonho, porém o golpe atravessa o demônio, passando reto por seu corpo fantasmagórico, atingindo o coração de James, que ainda batia, fazendo espirrar sangue quente no rosto da mãe, enquanto Jack Risonho se desmanchou em forma de fumaça negra.

Ao ver que o golpe desferido atingira fatalmente o coração de James, a mãe se desespera e começa a chorar compulsivamente.

“Não... o que eu fiz? Meu bebê, eu matei o meu bebê!”

Ela imediatamente cai de joelhos. Aos prantos ouve as sirenes de polícia se aproximar.

“O meu menino, o meu doce bebê ... Eu prometi a mamãe iria protegê-lo ... Mas eu não ... Me desculpe, James ... Eu sinto muito ...”.

A polícia logo chegou e a encontrou em frente ao filho, ainda empunhando a faca coberta de sangue do menino.
O julgamento foi breve: “Insanidade”.
Ela foi internada no “Phiropoulos - Casa para Criminosos Insanos”, onde permanece. Costuma se queixar de não conseguir dormir, pois, segundo ela, há alguém que fica tocando “Pop! Goes the Weasel” debaixo de sua janela.



sábado, 16 de agosto de 2014



Agora além das “Histórias de Terror Assustador que dão Medo”, e das “Histórias Estranhas e Extraordinárias”, teremos aqui no O Diário Thompson, as “Histórias Bizarras, Sinistras, Macabras”.


A história a seguir aconteceu no Rio de Janeiro e foi publicada no Jornal carioca “Meia Hora” em 22/02/2014 (meiahora.ig.com.br).



Cabeça da Mãe

O toque na porta da casa, às seis horas e trinta minutos da manhã, despertou Antônio, um viúvo quase recente. Do lado de fora, o filho Leonardo de 31 anos, segurando uma sacola, avisou assim que o pai abriu: "Estou com a minha mãe". Antônio foi espiar e viu uma cabeça, em decomposição. Era parte do corpo da sua falecida esposa, Marlene, que estava sepultada desde março de 2013.

Ainda meio sonolento, Antônio ouviu o filho, segurando a sacola, afirmar: "Trouxe minha mãe para que ela possa ver o que você anda fazendo" – disse, indignado com a vida amorosa do pai. – O viúvo, mais espantado ainda, viu Leonardo beijar duas vezes o crânio, que ainda tinha uns poucos fios de cabelo.

Antônio correu para a sala, pegou o celular e ligou para o telefone de emergência da Polícia Militar. Para justificar a chamada de uma patrulha, Antônio teve que explicar várias vezes o caso à atendente. Até que conseguiu convencê-la de que não era trote.

Os policiais que correram para atender a ocorrência levaram todos para a delegacia: o pai, o filho... e a cabeça da mãe. A sacola macabra, ainda com certo odor, afastava policiais e outros que esperavam atendimento na delegacia. Leonardo, agitado, não se conformava com a atitude do pai que, além de chamar a Polícia, era acusado de ser mulherengo. "Mesmo durante o casamento com a minha mãe", repetia o filho, indignado.



terça-feira, 5 de agosto de 2014

Estranho e Extraordinário


Em “Histórias Estranhas e Extraordinárias” eu trago relatos sobre fatos estranhos, sobrenaturais, coincidências espantosas, pequenas aventuras que a lógica e o raciocínio humano não conseguem explicar, suficientemente.

Hoje trago mais uma história que foi enviada à redação da revista “Planeta” como um fato real, sendo publicada na coluna “Casos Malditos”, na edição de junho de 1973



Sangue no Vestido de Noiva

Quando Jorge foi trabalhar na fazenda, Ana e Luísa se apaixonaram por ele. Jorge era realmente muito bonito. Ao perceber o fato o dono da fazenda chamou-o e explicou que não gostava que seus empregados se metessem com as mulheres de lá, principalmente com sua filha e sua sobrinha. Jorge, trabalhador e honesto, respondeu que só olharia mulher direita quando tivesse interesse de casar. 

Ana, a filha do fazendeiro, tinha 16 anos e, apesar da meiguice e dos grandes olhos negros, não era bonita. Luísa, ao contrário, era muito bonita e sabia disso. A amizade entre elas vinha desde a infância e Luísa vivia elogiando as qualidades de Ana, enquanto esta elogiava a beleza de Luísa. Mas Luísa sabia que Ana era feia e que por isso mesmo Jorge jamais olharia para ela. Foi bem grande sua surpresa quando Ana contou que estavam namorando. “Não seja boba, prima, ele não pode gostar de você. Ele quer apenas enganá-la”. Ana respondeu: “Não faz mal, eu gosto muito dele e se ele não gostasse de mim não teria marcado noivado”. Luísa ficou desesperada e no dia do noivado jurou que eles não se casariam. Foi o que aconteceu: na véspera do casamento Ana foi encontrada morta no meio do mato, com um tiro no peito e outro no rosto. Jorge ficou desesperado, mas a polícia não conseguiu descobrir o autor do crime.

Sozinha na fazenda dos tios, Luísa foi aos poucos envolvendo Jorge até conquista-lo. Três anos depois resolveram se casar. Durante uma semana os empregados prepararam a casa. Pelos leitões, frangos e bolos que iam para o forno, esse casamento prometia ser uma grande festa. No Dia do casamento, quando os primeiros convidados começaram a chegar, Luísa foi vestir-se. Como estava muito nervosa, pediu ajuda para a tia. Foram para o quarto preparado para a noiva e perceberam que o vestido tinha desaparecido.  Imaginando tê-lo esquecido em seu próprio quarto, Luísa foi busca-lo. Em um dos cantos, usando seu vestido de noiva todo ensanguentado, estava Ana, a prima morta. Desesperada, Luísa correu para fora da casa gritando que Ana tinha voltado para acusa-la. Ela preferiu confessar o crime e enlouqueceu logo em seguida.
Luísa morreu pouco tempo depois em um manicômio, onde era considerada uma mulher bem pacata, quase normal. Passava o dia inteiro falando sozinha, dizia estar conversando com a prima Ana, com quem teria voltado a ter a amizade que tinham antes da chegada de Jorge.