sábado, 30 de maio de 2015

Estranho e Extraordinário




Ele voltou de uma sessão de cinema, que fora com primos. Despediu-se da prima e do primo e foi para um bar, onde todas as noites encontrava alguns amigos. A visita ao bar foi rápida – apenas para manter o costume – e antes da uma hora ele já estava em casa: um prédio de apartamentos novo, recém-inaugurado. Estava completamente lúcido, pois não costumava beber em demasia. Chamou o elevador que estava parado no terceiro andar e esperou. Nada. Tornou a chamar com certa impaciência. Nada. Como ele morava no quinto andar, resolveu subir as escadas. Àquela hora da noite ninguém mais estava acordado para ficar segurando a porta de um elevador. Imaginou que a porta não tinha sido bem fechada e por isso ele não saía do lugar. Achou curioso que as luzes do terceiro andar estivessem apagadas. Isso não chegava a incomodar, pois uma certa claridade vinha do segundo e do quarto andares. Quando chegou perto do elevador para verificar se o problema era realmente a porta mal fechada, percebeu que um vulto se aproximava. Abriu a porta do elevador e acendeu um fósforo (a luz do elevador também estava apagada). O vulto já estava bem perto dele, mas não era um morador do prédio, como tinha pensado. Não era sequer um mortal, pois não tinha rosto. Com a rapidez do pensamento ele desceu as escadas e foi parar – quase sem fôlego – na calçada. E coragem para voltar? Voltou. Tinha que voltar. E nada aconteceu. Já em casa contou tudo aos seus pais que resolveram investigar o caso. Ficaram sabendo então que quando o prédio estava sendo construído, um operário tinha se enforcado justamente no terceiro andar.



Caso enviado à redação da revista Planeta por leitor e publicado na coluna ‘Casos Malditos’ da edição de Junho de 1974.

sábado, 23 de maio de 2015

Estranho e Extraordinário



Foi há mais de quarenta anos, em um bairro afastado da cidade de São Carlos. Estavam três amigos conversando calmamente na varada da casa do Sr. Antônio, que ficava próxima a um pequeno vale, de 50 metros de profundidade. A casa ficava bem isolada e o vale era completamente desabitado. A noite era clara e morna. Eram mais ou menos dez horas, quando perceberam um facho de luz sobre o vale. Era uma luz estranha, um facho curvo, como um arco-íris. Em um dos pontos, onde a luz tocava o solo, surgiu uma casa rustica. Os três amigos saíram da varanda e tentaram se aproximar do local o mais que podiam. Viram então que a casa era habitada. Para o espanto de todos, um homem surgiu na janela da casa. Tudo indicava ser um homem. O único detalhe destoante era sua cabeça – enorme. Sobre a cabeça um chapéu. Esse homem olhava atentamente para fora, como se procurasse alguém. Silenciosamente, a casa desapareceu como a imagem de um vídeo. Alguns minutos depois, a luz também desapareceu. O vale ficou novamente escuro, e os amigos se afastaram discutindo o caso. Como não chegaram a conclusão alguma, o Sr. Antônio resolveu voltar ao local na manhã seguinte. Nenhum sinal, Nenhuma casa podia ter estado ali, pois o terreno é muito acidentado. Mas todos eles juram tê-la visto.

Extraído de Revista Planeta, coluna “Casos Malditos” junho de 1974.

sábado, 16 de maio de 2015

Estranho e Extraordinário



Foi a 19 de fevereiro de 1969. Ana Renó estava em estado de coma, com câncer generalizado. Ela vivia com sua filha, Maria Apparecida, e sempre mostrou grande medo da morte. Seu maior desejo era morrer dormindo. Naquela madrugada – como sempre – Maria Apparecida dormia com o marido no sofá da sala, de onde podia ver a mãe no leito e dar-lhe a devida assistência. Ela já estava dormindo há um bom tempo quando acordou e viu a mãe perto do sofá. Ela era visível apenas da cintura para cima. Estava sustentada por alguém que Maria Apparecida não conhecia. Ouviu a mãe dizer: “Me larga, me larga”. A pessoa estranha respondeu: “Se nhá Maria larga, sinhá cai”. A moribunda chegou bem perto do sofá, onde Maria Apparecida já estava em pé. Olhou para o genro que dormia profundamente e o confundiu com seu irmão: “Olímpio, Olímpio, devo partir entre domingo e quarta-feira. Por favor, não me deixe sentir a morte”. Sabendo que Ana Renó não podia ficar ali, naquele estado, a filha falou energicamente: “Assim não pode ser, volte já para sua cama”. As duas figuras desapareceram e Maria Apparecida pode ver a mãe dormindo tranquilamente. Ela realmente morreu em uma quarta-feira, dia 10 de março. O estado comatoso não voltou desde aquela madrugada e a mulher não deve ter sofrido, pois morreu placidamente. Maria Apparecida afirma que teve dois contatos com a mãe, após sua morte. O primeiro foi pouco tempo depois da morte: a mãe apareceu para reclamar da sujeira da casa. Estava tudo desarrumado, com objetos pessoais espalhados pela sala e quartos. Mandou que a filha fizesse uma boa limpeza em tudo e que colocasse o que lhe tinha pertencido em vida, em um canto qualquer. Sua segunda visita foi para pedir que a filha visitasse uma tia que estava muito doente. Maria Apparecida foi visita-la e a mulher estava realmente de cama, precisando de ajuda. Depois disso, sua mãe nunca mais apareceu.

Extraído de Revista Planeta, coluna “Casos Malditos” junho de 1974.