Os Mortos Falam - parte 2
Os Mortos dão instruções
Em muitas ocasiões, o Dr. Raudive gravava uma pergunta pedindo às vozes que respondessem. O gravador era posto a funcionar e, após certo tempo, desligado. A fita era então repassada com o som aumentado ao máximo para conhecer a resposta dada.
Outro método, usado pelo Dr. Raudive e que foi ensinado pelas próprias vozes, é o de lentamente procurar no rádio uma onda adequada para as gravações. Assim que esta era encontrada, ouvia-se um sibilante agora! e o Dr. Raudive iniciava as gravações. Ainda hoje as vozes mostram franca preferência por essa forma de gravação, pois dizem que o microfone limita as possibilidades tanto de transmissão quanto de gravação.
Durante as gravações recomenda-se calma no ambiente e concentração por parte dos assistentes. As vozes explicam que a concentração ajuda o processo de gravação e “atrai entidades”. As conversas dispersivas e inúteis não agradam nem tampouco a descrença daqueles que assistem aos trabalhos, pois as ouvimos dizendo que “certas pessoas são inúteis à recepção”. Ouvimos, também, recomendações para que “desenvolvam as energias e as conservem”. Será que esse “desenvolvimento de energias” é equivalente ao desenvolvimento mediúnico?
Elas podem ver o experimentador e os que assistem aos trabalhos. Ouvem o que é dito, e respondem com inteligência às perguntas, mesmo que estas não lhes tenham sido dirigidas diretamente. Distinguem cores, fazem comentários sobre a “bonita cor” do oscilógrafo (é vermelha). Pedem para que as luzes sejam atenuadas, preferem a vermelha, que condiz com o que sabemos ser necessários nas sessões de efeitos físicos – penumbra ou uma luz vermelha fraca. Não gostam que se fume durante os trabalhos, pois se queixam da “neblina”, causada pela fumaça dos cigarros!
Durante a gravação os assistentes nada ouvem, pois as vozes dos mortos são inaudíveis aos ouvidos nus. Mas quando a fita é repassada com o som aumentado escutam-se ruídos rítmicos que se tornam, aos poucos, mais claros e compreensíveis. São “elas” falando e suas vozes lembram as “humanas”, pois têm timbres diferentes, masculinos, femininos e até infantis. Essa enunciação rítmica e a construção das frases recordam as fórmulas mágicas empregadas pelos feiticeiros africanos e mesmo certas línguas secretas. Cada sentença contem palavras de dois a seis idiomas diferentes, mas os vocábulos são encurtados, existem neologismos, faltam artigos, preposições e verbos auxiliares. Além do mais, são estruturadas numa gramática especialíssima.
Ouvindo-as repetidamente, observa-se que existem regras e características decorrentes nas sentenças, que não podem ser atribuídas à simples coincidência; cada voz tem uma forma inalterada de falar e certas singularidades na linguagem, que a identificam com a pessoa que ela diz ser. Essas características transparecem sempre que a voz conversa. Não podemos deixar de lembrar que geralmente conhecemos as vozes dos nossos amigos quando nos telefonam sem que seja preciso que eles se identifiquem. Há um timbre e um modo de falar que são seus. É o que acontece com as vozes.
Outro detalhe interessante é que a maioria das palavras, em cada sentença, está fundamentada na língua que o experimentador melhor conhece. Na Inglaterra elas falam o inglês.
As vozes se identificam pelo nome, profissão ou parentesco com um dos assistentes. O famoso “Jung” deu seu nome e disse que era um “psicólogo”. A irmã do Dr. Raudive identificou-se pelo nome e deu outros detalhes conhecidos pela família. Pessoa que em vida falava o francês, continuou usando muito o francês nas sentenças, lembrando os ouvintes que a conheceram antes de morrer, os fatos ocorridos em vida, na França. Não pode, pois, haver dúvida quanto à sua identidade. Elas dão provas de sua inteligência, pois não só respondem acertadamente como têm o dom da precognição, da retrocognição e conseguem ler os pensamentos dos que estão na sala. Estes são dons paranormais.
Extraído de Revista Planeta - fevereiro de 1974