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sábado, 31 de janeiro de 2015

Trash Tales



Conto inspirado em uma lenda que me foi relatada por Samuel Balbinot.


O Criador de Porcos



Frank McCurdy atirou longe o prato de comida.

– “Que porcaria de comida você me serve!” – esbravejou contra a esposa.

Norma olhava para a comida esparramada pelo chão do casebre.

– “Nem tem uma mistura decente!” – continuava Frank.
– “Frank, você sabe que estamos sem dinheiro para mistura” – a esposa respondeu em tom manso.

Frank ficou ainda mais nervoso, pensou em esbofeteá-la, mas – dessa vez – se conteve.

– “Como podemos ter algum dinheiro, se os malditos porcos não engordam! Sabe há quanto tempo não consigo vender um?” – Frank disse, levantou-se e passou pela comida no chão.
– “Tá esperando o que para limpar essa porcaria?” – esbravejou novamente contra a esposa.

Norma submissamente começou a limpar o chão, enquanto Frank olhava, pela janela, para o chiqueiro.

– “Você pode dar o resto dessa lavagem que você preparou para os porcos! Quem sabe eles engordem com ela!”.

Em um dos raros momentos em que a esposa teve coragem de falar como se sentia, Norma disse, com voz quase sussurrante:

– “Sinto falta que você seja mais carinhoso comigo!”.
– “O que você quer agora, Norma? Que te compre presentes? Você mesma acabou de lembrar que não temos dinheiro sequer para a mistura!”.
– “Poderia apanhar uma flor no campo para mim”.
– “Você quer uma flor do campo, você vai até lá e apanha, oras!” – respondeu ríspido o marido e saiu para ver os porcos.

***

Na noite do dia seguinte Frank reclamava com a esposa sobre os porcos não engordarem. Toda a renda do casal provinha da pequena criação.

– “Frank, acho que devemos rezar a Nosso Senhor, pedindo engorda para a criação. Podemos rezar uma novena” – disse a esposa, muito devota da fé católica.
– “É! Talvez isso ajude! Pode ser mau-olhado dessa gente!” – o marido respondeu, pensando nos lavradores vizinhos, os quais considerava invejosos.

***

Passaram-se alguns dias e os porcos continuavam magros.

***

Encostado à cerca do chiqueiro, Frank olhava para os porcos.

– “Esses malditos porcos estão melhor alimentados do que eu, comendo a miséria de dinheiro que me resta em ração, e não engordam!”.

Lembrou-se da novena, e, metendo a mão no bolso, puxou o crucifixo que a esposa lhe dera. Frank segurou o objeto sagrado diante dos olhos e esbravejou contra a imagem do Cristo:

– “Bela porcaria de deus surdo é você! Meus porcos continuam magros! Você vê os porcos magros? É cego também? Mas o que se pode esperar de um deus morto pregado nessa porcaria de cruz!”.

Blasfemando dessa forma, Frank McCurdy atirou a cruz com a imagem de Cristo na lama do chiqueiro – o crucifixo foi pisoteado, esmagado e enterrado na lama pelos porcos.

***

No dia seguinte pela manhã a esposa comentou:

– “Parece que você está um pouco mais gordinho, seu rosto está mais cheio”.
– “Até parece que eu iria engordar comendo mal como estamos comendo! Talvez se eu comesse a ração dos porcos!” – o marido respondeu com raiva.

***

Mas Frank estava realmente engordando, e muito rapidamente. O que se tornou muito evidente em pouco tempo.
Bem mais gordo, e suando muito, sentado à mesa, Frank ofegante pelo calor, disse à esposa:

– “Estou mesmo ganhando peso! Mas como? Tenho me alimentado mal!”.
– “Talvez devesse ir ao médico, você deve ter algo!”.
– “Médico a léguas daqui! Médicos cobram muito dinheiro! Não temos condição de ver médicos!”.

***
Frank, que não parava de engordar começou a fazer dieta. Mas a dieta em nada ajudava.

***
A cada dia que passava Frank McCurdy estava mais gordo, mais nervoso e mais rude e violento, física e psicologicamente, contra a esposa. Norma evitava dizer qualquer coisa, pois o que fosse que falasse ao marido, resultava em ignorância.

***
A pele de Frank começou a ficar estranha. Esta se tornara mais grossa.
Seu rosto também parecia se desfigurar com o passar dos dias.

***
Desesperado por estar cada dia mais gordo, Frank McCurdy parou de se alimentar. Mas nada alterava sua situação.

***

Certo dia, Frank foi jogar lavagem para os porcos.
Faminto, sem se alimentar por vários dias, Frank olhou para a lavagem no comedouro. Sentiu uma vontade incontrolável de provar aquilo. Entrou na pocilga, se abaixou e, com a mão, apanhou um pouco da lavagem.
Olhava as mãos cheias de lavagem, com muita vontade de levar à boca. Olhou para os lados – não havia ninguém: Provou.
Cedendo completamente à vontade de comer aquilo, meteu a cara no comedouro.

Norma foi procurar pelo marido, encontrando-o com a cara enfiada no comedouro, junto aos porcos. Enojada, levou a mão à boca, sentindo vontade de vomitar, correu de volta para a cozinha.
Frank a viu e a seguiu.
Com a cara toda imunda disse à esposa sobre a vontade incontrolável de provar aquilo.

– “Frank, você precisa do médico!” – disse Norma muito assustada com o aspecto do marido – “Limpa esse rosto, limpa a boca!”– disse em tom quase de súplica.

Frank foi ao banheiro e, depois de lavar o rosto, olhou-se no espelho. Seu nariz estava enorme – redondo demais, empinado.

Quando Frank voltou do banheiro, Norma disse:

– “O seu nariz! O que está acontecendo com você?”.

***

Certa noite, o enorme de gordo Frank, procurou a esposa desejando relação íntima.
Pela primeira vez, Norma negou.
Frank, mais uma vez, a esbofeteou, esbravejou contra ela os seus “direitos de marido”. Subiu sobre ela, com todo seu enorme peso, e obrigou-a a satisfazer seus anseios.
Frank gordo suava demais durante o ato sexual, e fazia ruídos muitos estranhos. Norma chorava debaixo daquele homem repulsivo.
Após o ato o marido teve dificuldades com a respiração, tendo um principio de asfixia.
Depois que se recuperou, deitou-se virado para o outro lado.

***

Norma mal conseguiu dormir aquela noite.
Pela manhã bem cedo se levantou, olhou aquele homem enorme de gordo e suado dormindo.
A esposa, então, fez o que deveria ter feito há muito tempo. Juntou as poucas coisas que tinha e deixou a casa, abandonando Frank.

Frank acordou. Não vendo a esposa deduziu que ela partira. Quis esbravejar algo contra ela, mas a voz não lhe saía da boca, tudo o que fazia era grunhir.
Foi ao banheiro e se olhou no espelho.
Seu nariz estava pior.
Passou a mão pela cabeça e os cabelos caíram – restando apenas poucos fios.
Percebeu que suas orelhas cresceram – estavam grandes e caídas.
Começou a andar em direção à porta da cozinha, quando suas costas doeram tanto, que só conseguia andar muito envergado para frente.
Ao caminhar pelo quintal passou a só conseguir andar de quatro. Assim, seguiu até o chiqueiro, onde se meteu na lama.

***

No dia seguinte Frank McCurdy acordou metamorfoseado em um enorme porco*
(* meu “momento Kafka”)

***

Após alguns dias, Norma resolveu voltar à casa deles. Em lá chegando não encontrou o marido. Andava pela casa pensando sobre todos os fatos das últimas semanas quando ouviu alguém chamando da porteira e foi atender. Era um homem conhecido, que costumava comprar porcos do casal.
Norma levou o homem até o chiqueiro.
O Frank-porco, ainda mantinha a consciência e lembranças de quando fora humano, reconhecendo Norma ao vê-la.
Norma passou alguns instantes fitando os olhos do Frank-porco.
“Ela me reconheceu” – pensou Frank.

– “O seu marido não está?” – perguntou o comprador de porcos.
– “Não, mas podemos tratar sem problemas” – Norma respondeu olhando para Frank-porco.
“Maldita, ela quer se vingar de mim!” – pensou Frank.
– “Como o senhor pode ver, temos um porco muito bom! Como meu marido não está, o senhor o abateria? Sabe abatê-los, não é?”
“Maldita! Maldita!” – pensava Frank.
– “Gostaria de ver abatendo... posso aprender para outra eventualidade quando Frank também não estiver” – disse satisfeita Norma.

Frank McCurdy morreu como um porco.



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 7


Noite Maldita 5

Capítulo Último

(Trilha sonora do último capítulo: Into the Nightmare – Demon)

Os sete forasteiros encontravam-se como prisioneiros. Tinham as mãos amarradas às costas e as bocas amordaçadas. Foram horas de muita agonia presos no meio do nada, e sabendo que seriam levados para serem mortos como sacrifício humano em um rito macabro – o qual, até chegarem onde estavam, não teriam acreditado existir.
Se pudessem conversar uns com os outros naquele momento: Aaron confessaria o quanto era apaixonado por Ellen e o quanto sofria ao vê-la com outros rapazes, e Ellen desejaria ter dado uma chance a ele. Joey e Amber também confessariam a atração e interesse mútuo nunca confessado. Bud provavelmente confessaria pela primeira vez que estava com muito medo. Chase falaria à Becky sobre o quanto ele os imaginava com filhos e um casamento feliz. Diante da morte eminente, Becky falaria quanto remorso sentia por estar brigada com sua mãe, o quanto amava seu pai de criação e que sentia tanto ter envolvido o namorado nessa situação!

Depois de algumas horas um grupo de encapuzados foi até o local, e conduziu os forasteiros por uma longa trilha. Os encapuzados iluminavam o caminho com tochas, naquela noite escura. Ao final da trilha chegaram ao alto da Pedra dos Escravos – A Pedra da Maldição, onde séculos atrás os escravos, após uma revolta, assassinaram o feitor Richard Lempke.


No alto da pedra haviam mais encapuzados. Os prisioneiros foram colocados sentados em círculo em torno de uma grande bacia. 


Um dos encapuzados tocou um sino e todos os demais começaram a cantar algo que se assemelhava a cânticos gregorianos, porém em uma língua desconhecida.


O encapuzado que presidia o ritual macabro anunciou a presença da encarnação do “Espírito Maldito” – a reencarnação do feitor Richard Lempke.  
Damon surgiu para assistir aos sacrifícios. Este fez um sinal com a cabeça, então o encapuzado que presidia o rito mandou que a primeira vítima fosse executada.
Um dos encapuzados, o irmão de Mary, levou Ellen até à bacia, e, com uma adaga cortou-lhe a garganta, derramando seu sangue no interior da bacia.

Aaron, sem nada poder fazer, assistiu à morte de sua amada Ellen.

Todos os prisioneiros estavam tomados pelo horror. Mas nenhum estava tão horrorizado quanto Becky. Esta tinha a visão espiritual aberta e via o que acontecia no plano espiritual – quando Ellen foi levada, muitos demônios se aproximaram, e assim que o sangue foi derramado eles o bebiam.

A próxima seria Becky. 
Outro encapuzado – o padre da igreja satânica, onde mais cedo Becky e o namorado estiveram – conduziu-a até a bacia. Chase impulsivamente se levantou, mas logo foi golpeado na cabeça pelo membro da seita que estava ao seu lado.

Um vento forte começou a soprar no alto da Pedra nesse momento. 
Becky viu que os demônios não se aproximavam, como fizeram quando Ellen foi levada. 
O encapuzado inclinou Becky para a bacia, mas quando ergueu o braço segurando a adaga, sentiu o braço ficar duro e, em seguida seu braço foi torcido para trás. Uma forte chuva começou e o vento soprava ainda mais forte. O pingente de pentagrama do cordão de Becky saltou para fora de sua roupa. 

Damon olhou surpreso para o cordão e gritou com o mestre de cerimônias:
– “O pentagrama do meu pai, é o maldito cordão de Bryan Lempke!”.

Becky, então, compreendeu o sonho que tantas vezes a atormentou durante a adolescência! Era ali que ela se via, o alto da Pedra da Maldição, ali estavam os demônios, mas não podiam fazer-lhe mal, pois tinha uma joia consagrada. O encapuzado do sonho! Era Bryan Lempke! Bryan era seu pai! No sonho ele dizia “Derrame o meu sangue”. Becky olhou para o lado e viu a adaga que o membro da seita deixara cair quando teve o braço torcido para trás. Ela apanhou a adaga, ergueu um braço sobre a bacia dos sacrifícios, encostando a lâmina afiada em seu pulso. Olhando para Damon, disse:

– “Eu sou filha de Bryan, eu tenho o sangue dos Lempkes!”.

Uma chuva de pedras começou a cair.
Cortando o pulso Becky derramou seu sangue, sangue dos Lempkes, na bacia.
Nesse momento as cordas que prendiam os prisioneiros se arrebentaram.
Nos campos de Little Town, também se arrebentaram os grilhões que mantinham cativos os escravos fantasmas. Estes atacaram seus capatazes e, usando suas ferramentas de trabalho, os mataram. Os capatazes tentaram atirar nos escravos, mas as balas não lhes podiam ferir, também tentaram fugir, mas a multidão de escravos matou a todos, e em seguida os fantasmas escravos iniciaram sua marcha para a Pedra da Maldição.
Damon gritava para que seus seguidores matassem todos os forasteiros. No alto da Pedra teve inicio um caos! Muitos dos encapuzados eram atingidos pelas grandes pedras que caiam do céu...

No meio da confusão, Mary correu em direção à Amber.

– “Você vai morrer, sua vaca!” – gritou Mary, que atacou Amber com uma adaga.

Mas Amber segurou firme o braço de Mary, fazendo-a deixar cair a adaga, em seguida a derrubou e sentou-se em cima dela. Deu-lhe um soco na cara.

– “Você que é uma vaca, virgem de araque!” – esbravejou Amber.

Nesse momento, o irmão de Mary atacou Amber pelas costas, enforcando-a com uma gravata de braço. Mary limpou o sangue do nariz, que Amber quebrou com o soco, apanhou a adaga do chão e correu para esfaquear Amber, que estava sendo segurada pelo irmão de Mary. Nessa hora Joey surgiu e, usando a corda que amarrava suas mãos até o momento em que as cordas se arrebentaram, laçou o pescoço do irmão de Mary.
Quando Mary avançou, Amber segurou nos braços que a enforcavam e ergueu os pés chutando Mary para trás. Como estavam perto do final da Pedra, Mary tropeçou... esbugalhou os olhos e caiu do alto da Pedra – de mais de quarenta metros de altura.
Joey matou o irmão de Mary enforcado. Mas logo em seguida levou um tiro certeiro na testa, disparado por outro dos encapuzados. Amber gritou vendo o amigo, que acabara de salvá-la, cair morto para trás. 

Aaron chorava abraçado ao corpo inerte de Ellen, quando um dos membros da seita o matou, cortando-lhe o pescoço.

Amber fugia, quando viu Bud ainda sentado, correu até o amigo e o sacudiu gritando que acordasse e fugisse... Mas Bud não podia mais ouvir – estava morto – durante o inicio do ritual Bud borrou as calças e teve um infarto – morrendo, literalmente, de medo!
Chase lutava contra os encapuzados que o atacavam...

Teve inicio um terremoto! A Pedra dos Escravos tremia sob os pés dos que estavam sobre ela!

Os escravos fantasmas subiam a Pedra da Maldição nesse momento...

Damon correu para fugir do alto da Pedra... Mas em seu caminho estava Becky!

– “Aonde você pensa que vai, Feitor?” – disse Becky.

– “Saia do meu caminho, filha bastarda de Bryan!” – disse Damon.

Nesse momento a multidão de fantasmas escravos que chegou ao alto da Pedra, matando os demais membros da seita, encontrou Damon e Becky.

Os escravos capturaram Damon, a reencarnação do Feitor, e o carregavam...

“Não! Malditos! Não quero morrer da mesma maneira outra vez!”

Os fantasmas escravos lançaram Damon, do alto da Pedra da Maldição para a morte.

Chase encontrou Becky:

– “Vamos, Becky! Temos que sair daqui! Isso parece que vai explodir!”.
– “Vá você, Chase! Eu tenho que ficar aqui”.
– “Você tá louca, Becky? Se ficar aqui você vai morrer!”.
– “Você não entende, Chase! É por minha presença aqui que isto está acontecendo! Eu sou filha de Bryan Lempke! No Universo não existe nenhum poder sem que também exista um poder igual que se oponha a ele! Damon nasceu com toda a negatividade dos Lempkes, o universo depositou em mim, a outra filha de Bryan o poder oposto ao do Feitor! Foi o sangue dos Lempkes derramado na bacia ritual que libertou os cativos! E essa chuva de pedras e terremoto estão sendo provocados por eu estar aqui, não sei como, mas eu tenho que ficar aqui! Esta Pedra tem que ser destruída! Eu entendo a magia, e sei que toda maldição precisa ter um firmamento no mundo físico! A Pedra, ela é o firmamento da Maldição de Little Town, quando ela for destruída a maldição terá terminado para sempre!”

– “Não, não posso ir sem você! Você é tudo para mim!”.
– “Eu nasci para destruir essa maldição! Eu encontrei meu destino, Chase! Vá, não quero que morra. Eu também te amo! Diga aos meus pais que os amo!”. 


Chase, sem conseguir convencer Becky, fugiu do alto da Pedra.
Já longe da Pedra, Chase viu a grande explosão! A Pedra da Maldição voou pelos ares e em seu lugar surgiu um clarão de luz muito intenso! A luz eram as almas dos escravos, finalmente livres para sempre, e de todas as vítimas da Maldição de Little Town!


O clarão da explosão varreu Little Town, e todos os que compactuavam com a maldição foram mortos, desintegrados naquela luz!
Mas diante de tal espetáculo Chase chorava amargamente por ter perdido Becky!

Assim que voltou a enxergar – pois o clarão o cegava por alguns minutos – Chase viu um homem encapuzado vindo em sua direção, trazendo o corpo de Becky.
Chase estremeceu e sentiu medo do encapuzado.
Mas o encapuzado se aproximou e colocou suavemente Becky no chão, diante de Chase.

O encapuzado disse: “Cuide bem de minha filha”!

Becky não estava morta, apenas desmaiara.

Chase olhava incrédulo para o encapuzado, cujo corpo resplandecia.

“Você... você é... é...” – dizia Chase.

“Sou Bryan Lempke. Cuide bem de Becky”.

“Mas... você não... quero dizer... pensamos que você estava...” – Chase procurava a palavra.

“Morto? A morte não existe” – dizendo isto, Bryan Lempke desapareceu.

Becky acordou, viu Chase, viu onde estava, viu as luzes onde existira a Pedra dos Escravos... Então a luz se apagou – e com ela a maldição.

“Está tudo bem, Becky!” – Chase disse, e a abraçou.
“Tive a impressão de que você falava com alguém, enquanto eu acordava!”
“Bem... Estava... Acho que posso dizer que com meu sogro – Bryan”.

***

Chase e Becky encontraram seu carro e se preparavam para deixar Little Town, quando viram Amber e ofereceram-lhe uma carona.

***

Na estrada que deixava a cidade...

“Vamos ligar uma música?” – disse Becky.
“Pega um CD aí no porta-luvas!” – respondeu Chase.
“AC/DC?”
“Não, nesse momento estou com mais vontade de escutar Led Zeppelin, vamos ouvir Stairway to Heaven!”
“Não to achando o CD do Led”

Chase se inclinou para procurar o CD – enquanto ele e Becky olhavam para o porta-luvas, Mary surgiu na estrada (não sei como sobreviveu à queda da pedra e à explosão) e entrou na frente do carro erguendo uma adaga – Sem estar com os olhos na estrada, Chase atropelou Mary com o carro, passando com uma das rodas sobre sua cabeça (dessa vez ela morreu).

“O que foi isso?” – disse Chase, se assustando com o solavanco que o carro deu.
Do banco de trás, Amber, que viu a perversa entrar na frente, disse “Nada... Acho que você atropelou uma vaca!”.

FIM


Epílogo

Becky fez as pazes com Amanda, sua mãe. E Jimmy, seu pai de criação recebera um transplante e se recuperava bem...

Alguns dias depois de voltarem de Little Town:

“Mediante os resultados dos seus exames, Becky, posso dizer que está tudo bem com a sua saúde! Diria que não poderia estar melhor!” – o médico dizia a Becky.
“Mas e o mal-estar e tudo que venho sentindo?” – Becky contestou.
“Você está grávida! Parabéns!” – respondeu sorridente, o médico.

Becky e Chase, que a acompanhara ao médico, se olharam admirados, pois vinham tomando todos os cuidados para evitar uma gravidez.

Percebendo a reação deles o médico perguntou – “Algum problema?”.

– “Não, nenhum! Absolutamente! Só não espera!” – respondeu Becky.

Becky e Chase se abraçaram. Becky disse a Chase “Estou surpresa, usamos todos os métodos para evitar!”.

“Diferente da Magia... a Ciência falha! Lembra?” – respondeu Chase.

Becky sorriu e alisou carinhosamente a barriga... “Vamos amá-lo! Prefere menino ou menina?”.


Alguns anos depois...

Um ônibus – cujo itinerário passaria por “Little Town” – estava prestes a partir da rodoviária da cidade de “Big City”. Quando um garoto, muito bem vestido, subiu os primeiros degraus, embarcando.
O motorista olhou para ele e disse:
– Oi, garotinho! Você está com alguém?
A expressão vazia do menino chamou a atenção do motorista.
– Quero que me leve até Little Town – disse a criança com uma voz tão perfeitamente sem entonação, que o motorista ficou perplexo.
– Preciso que você esteja acompanhado por um responsável – disse o motorista
Os olhos do menino se tornaram vermelhos e luminosos, como os de um demônio.
– Eu disse que quero ir até Little Town – a voz do garoto soou grave, gutural e distorcida, enquanto seus olhos se tornaram mais brilhantes.
O motorista engoliu seco e sentiu o corpo gelar.
– Err... tu- tudo bem! – respondeu o condutor.


sábado, 24 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 6


Capítulo Penúltimo

(Trilha sonora do penúltimo capítulo: Night of the Demon – Demon)


Algum tempo depois...

– Nada do Bud, desde que ele foi para aquele bar, ele deveria ter vindo à praia... E nada da Ellen também! Vamos procura-los e vamos dar o fora daqui! – Amber disse a Aaron e Joey.
– Na boa? O Bud é cheio de marra, deve ter arrumado confusão e pra dizer a verdade já estou de saco cheio dele, se arrumou encrenca ele que se vire... não é quadrado! Quanto à Ellen... bem... deve tá trepando com o caipira dela... E eu não vou perder o restinho de dia que tenho para procura-los. Se vocês quiserem, vão vocês! – disse Aaron.

– Isso não é hora de nos separarmos – disse Amber.
– Não saio daqui! – respondeu Aaron ríspido.
– Ele quer ficar aí, deixa ele aí! Você vem comigo ou fica, Amber? – disse Joey à amiga.
– Você tem certeza que não quer procura-los? – Amber perguntou a Aaron.
– Tenho.
Ao se afastarem de Aaron:

– Que deu no Aaron?
– Deve ter querido ficar lá por causa da Ellen, coitado!
– Acha que ele gosta dela até hoje?
– Ele faz que não, mas tá na cara que gosta... E deve sofrer bastante com as galinhagens dela!
– Complicado!

****

Joey e Amber andaram por toda a cidade, sem encontrar Bud, Ellen ou um lugar para se hospedarem.

–Não há nenhum maldito lugar para se hospedar aqui! – disse Joey
– Também não parece o tipo de lugar que atraia muitos turistas – respondeu Amber
– E não tem sinal de celular desde que passamos daquele maldito posto do velho! – disse Joey – Acho melhor continuarmos procurando um lugar para passarmos a noite e amanhã pela manhã procuramos saber sobre ônibus.
– Lembra que perto da praia tinha uma cabana com cara de abandonada?
– Quer saber? Vamos lá ver se Aaron e Ellen estão na praia... Depois vemos a cabana, se estiver vazia ficamos nela.

A dupla voltou à praia, não encontraram os amigos. Então foram verificar a cabana (a mesma cabana de “Noite Maldita 1”). A noite já caía.

Reparou uma coisa estranha? A gente viu um monte de plantação, mas não vi ninguém trabalhando nelas! – disse Amber.

Joey testou a porta da cabana, que se abriu. Para a surpresa dos dois, ao abrirem a porta se depararam com uma moça encolhida, sentada no chão, abraçando as próprias pernas – parecia muito assustada.
– Errrr... Calma, moça, nós não... digo... Não somos... Não sabíamos que tinha alguém na cabana... Não queremos lhe fazer mal... – dizia Joey.
– Espera! Você não mora aí... Não é? Essa cabana tá abandonada, certo? Você... está se escondendo aí? – perguntou Amber – Mary! – exclamou – Você é a moça da lanchonete! A que me deu o bilhete!
– Por favor, me ajudem! – suplicou a moça.
– Como sabe que o nome dela é Mary? – perguntou Joey
– Ouvi quando a mãe falou com ela – respondeu Amber.
– Ei, qual era a sua com aquele bilhete? – perguntou Joey
– Eu tentei avisá-los do perigo! Vocês estão em perigo! Eu também estou!
– Espera, espera aí! Qual o perigo? – perguntou Joey.
– Eu fugi, pois sou virgem! – respondeu Mary
– Você está em perigo por ser virgem? – admirou-se Joey, que sussurrou para Amber –Mas isso pode ser resolvido...
– Joey, por favor! – disse Amber, e se voltando para Mary – Explique tudo para a gente, e vamos te ajudar!
– Vocês não fazem ideia do que acontece aqui em Little Town nessa noite! O povo daqui pratica sacrifícios humanos pelas colheitas! Eles buscam por virgens, e também creem que forasteiros que venham aqui são mandados pelo destino para o sacrifício, por isso eu escrevi o bilhete. Vocês estão em grande perigo!
–Ela é louca! – disse Joey.
– Pode ser, mas ela está com medo de verdade – disse Amber.
– Na boa, cara, isso tudo tá muito estranho já, vamos dar o fora desse lugar – disse Joey.
– E a garota?
– Acha mesmo que fazem sacrifícios humanos aqui?
Mary tentava ouvir o que cochichavam – Se forem deixar a cidade, me levem com vocês, por favor – disse.
– Tá bom, que se foda, vamos dar o fora daqui! Mas como? – disse Joey
– E ela? – perguntou Amber, se referindo à Mary.
– A gente deixa ela aí na cabana – respondeu .......
– Não, vamos leva-la com a gente! – contestou Amber.
Mary se levantou e disse – Vocês precisam acreditar em mim, são fanáticos, toda a cidade cultua um rapaz chamado Damon, que acreditam ser a reencarnação de um espírito amaldiçoado, a quem atribuem a prosperidade das colheitas.

Amber se lembrou do pesadelo que teve na praia, e teve certeza de que algo muito mal realmente acontecia naquela cidade.

– Tá bom! – disse Joey, e se voltando para a garota – Então, Mary, a virgem, sabe um modo de sairmos desse lugar?
– Sei de uma trilha, através do Rubião, mas não tinha coragem de tentar sozinha, teria que atravessar pela mata e os morros...

****


Aaron, que havia deixado a praia – justo no momento em que Joey e Amber passaram por lá – para procurar por um banheiro. Continuou na praia até escurecer – sem que Ellen retornasse. Ele disse a si mesmo – Quer saber? Que se fodam eles! Deve ter algum tipo de festa nessa cidade, não é possível que sejam todos mórmons, ou oque seja lá o que forem! – E saiu pelas ruas, procurando algum lugar movimentado.
Aaron andava pelas ruas desertas... Até que viu algo estranho se aproximando. Com medo se escondeu.
Aaron não conseguia acreditar no que via! Fileiras enormes de negros acorrentados eram conduzidas por homens encapuzados – mas não eram negros vivos, eram escravos fantasmagóricos, sendo possível enxergar através de seus corpos.
Aaron olhava incrédulo para o que via. Seu coração disparou. Ficou completamente apavorado.

– Olhe ali! – gritou um dos encapuzados que viu Aaron escondido.

Aaron correu, sendo perseguido pelos encapuzados – Vamos pegá-lo como se pega um ‘negro fujão’ – disse outro dos encapuzados.

Perseguiram-no até que laçaram suas pernas com cordas. Depois de captura-lo amarram-lhe e disseram – Vamos levar o negro forasteiro para o Rubião.

****

Mary conduzia Joey e Amber por uma trilha, e quando chegaram ao Rubião, lá foram cercados por homens encapuzados e capturados.
No entanto os encapuzados só prenderam a dupla de forasteiros. Um deles se aproximou e tirou o capuz. – Era o rapaz com quem Ellen paquerou – ele disse à Mary – Muito bem, mana! Trouxe os dois forasteiros que faltavam! Eu trouxe a vagabunda que engabelei, o negro foi apanhado na rua, e o xerife trouxe o outro!

– Filhas da puta! – gritou Amber, que levou um tapa na cara, dado por Mary.
– Cala a boca, forasteira! Aliás, não sacrificamos virgens, coisa que não sou faz tempo também... Sacrificamos forasteiros.



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 5




Capítulo Cinco   

(Trilha sonora do quinto capítulo: Stranger in a Strange Land – Ace Frehley)


Ao chegarem à Little Town, Chase e Becky procuraram pelo cartório da cidade. Lá, Becky tentou obter informações sobre “Bryan Lempke” e todos os “Bretts” com idade condizente com a que aquele que poderia ser seu pai biológico teria.

“Becky, aquela mulher do cartório nos olhou de um jeito bem estranho!”
“Deve ser porque perguntei pelo nome de alguém conhecido por ter sido preso por assassinato e ser descendente do tal feitor! Que se dane isso! Mas é muito estranho não ter registro dele! Acho que talvez encontremos algo nas igrejas, se ele foi batizado, pode haver algum registro...”.


“Não podemos descansar um pouco antes... viajamos desde três da manhã...”.
“Não viemos aqui descansar, viemos procurar informações sobre quem é meu pai de verdade!”
“Ou ‘pai biológico’, afinal o Sr. Jimmy foi quem te criou, amor...”
“Que seja! Agora entra no carro e vamos procurar as igrejas daqui!”

Em frente a uma igreja...

“Essa parece ser a única igreja na cidade!” – disse Chase, pois já haviam rodado por toda Little Town.
“Vamos lá procurar o padre...” – respondeu Becky.

Quando estavam prestes a entrar na igreja, o padre surgiu.

“Bom dia! Posso ajudar ao casal?” – perguntou o pároco.
“Gostaríamos de consultar registros antigos de batismo... Procuramos por parentes...” – dizia Becky, quando, fazendo uma expressão de que lastimava, o padre disse – “Sinto muito, infelizmente não será possível ajudar! Há muitos anos essa igreja sofreu um terrível incêndio e todos os registros se perderam! Lamento muito!”.
“Essa é a única igreja da cidade?” – perguntou Becky.
“É sim”
“Está certo, então, muito obrigada!”
“Lamento não ter podido ajudar!”.

Voltaram para o carro e Chase disse – “Você não achou estranho?”.
“Não sei... essa igreja me passou algo estranho desde que paramos em frente a ela... Mas do que você fala?”
“O modo como o padre apareceu de repente, e como se colocou entre nós e a frente da igreja... parecia que não queria que entrássemos nela... E o modo como ele falou do tal incêndio... parece que inventou aquilo!”.

Becky olhou para frente da igreja e viu que o padre havia ido – “Vamos voltar lá!” – disse abrindo a porta do carro e descendo novamente. Chase fez expressão com o rosto de ter se arrependido do comentário.
Entraram de vagar no templo, enquanto Becky olhava para os lados, Chase olhou em direção ao altar.

“Ai, meu Deus do céu!” – Chase, incrédulo, exclamou.
“O que?”
“Olhe!” – Chase respondeu apontando para o altar – onde havia uma enorme imagem do Demônio.
“Melhor sairmos daqui!” – respondeu Becky.

“Tarde demais!” – disse a voz do padre que surgiu novamente, acompanhado de mais quatro homens armados, que tinham o casal sob suas miras.

“Vocês são muito fuxiqueiros!” – continuou o padre – “Por que andam pela cidade perguntando sobre Bryan Lempke?” – o padre sabia sobre a visita do casal de forasteiros ao cartório.

“Somos repórteres e investigávamos sobre a história da cidade” – Becky rapidamente respondeu. Chase percebeu que a namorada quis evitar que soubessem de seu possível parentesco com os Lempkes.

“O que exatamente da nossa história, forasteira? Quer saber sobre a maldição? Vocês vão saber tudo sobre ela! Querem saber sobre Bryan Lempke, vão poder perguntar tudo o que quiserem quando o encontrarem no Inferno” – disse irônico, o padre – “Levem esses dois para a cabana no Rubião!” – o pároco ordenou aos homens armados.

***

Na praia...

Amber estava deitada sobre a canga tomando sol, quando de repente viu um homem negro, todo ferido, em trajes de escravo correndo em sua direção. Ela ficou muito assustada, mas não teve reação. O negro escravo parecia apavorado, correu até a frente de Amber e se lançou à areia. Olhando para ela disse: “Fujam! Fujam!”.
Então ela percebeu um homem, com roupas como as dos antigos feitores, que chegou atrás do negro e atirou em sua cabeça, fazendo o sangue do escravo espirar em abundância sobre Amber! Ainda mais horrorizada viu o homem, que matou o escravo se transformar em um jovem de aproximadamente 20 anos, e seu rifle se transformar em uma adaga. Então o garoto sorriu macabramente e, com a adaga, cortou-lhe a garganta.

Amber acordou gritando!

– Calma, Amber! Está tudo bem! – disse Joey

Recuperando-se do pesadelo Amber disse, depois de uns instantes – “Acho que deveríamos dar um jeito de sair dessa cidade! Está tudo estranho demais! Eu tive um pesadelo muito estranho!”.

– Você deve ter ficado impressionado por causa daquele bilhete no restaurante – disse Joey.

– Nada do Bud? Ei, cadê a Ellen?

– Nada dele, a Ellen... – Joey olhou em volta procurando pela amiga, avistou-a ao longe conversando com um rapaz da cidade – Ah, olha ela lá! E de papo com aquele carinha que ela paquerou mais cedo, está bem até demais! Tá vendo?

Aaron chegou correndo, voltando do mar.
– O que foi esse grito?
– Só a Amber que cochilou e teve um pesadelo – disse Joey
– Certo, ‘ufa’, você me assustou, Amber! E a Ellen?
– Ah, ela está... Joey olhou novamente para onde Ellen conversava com o rapaz...
– Bem... estava ali conversando com o carinha daqui que ela flertou mais cedo...
– É... já deve estar se agarrando com ele em algum lugar...



sábado, 17 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 4



Capítulo Quatro


Enquanto Chase dirigia, Becky mexia no notebook que levara consigo.

“O que está vendo aí, Becky?”
“O que acha que estou vendo? O Facebook? Estou pesquisando os nomes dos meus possíveis pais... ‘Brett’, mesmo associando à ‘Little Town’ tem resultados muito amplos... ‘Bryan Lempke’ tem pelo menos um nome com sobrenome... e não tem muitos ‘Bryan Lempkes’... Mas quando pesquiso por ‘Bryan Lempke – Little Town’, encontro algo realmente impressionante!”
“O que é esse algo?”
“Aqui fala de um Bryan Lempke que foi preso acusado pela morte de sete pessoas em Little Town, cinquenta e dois anos atrás!”.
“Não pode ser esse... Poderia?”.
“Escuta! O pai desse Bryan, Anthony Lempke, fora preso anos antes, pela mesma razão! E tem mais com esse sobrenome! Encontrei coisas realmente estranhas em blogs sobre lendas urbanas, maldições e etc. Diz que há cada treze anos fatos estranhos, envolvendo sempre a morte de forasteiros acontece em Little Town. Que o lugar se tornou amaldiçoado desde que houve uma revolta de escravos, na época em que o local era uma fazenda, e os escravos assassinaram um feitor de nome ‘Richard Lempke’”.
“Você não está acreditando em uma maldição, está? Isso é cientificamente um absurdo!”
“Entendo seu pensamento ‘cientificista’, mas, diferente da Magia a Ciência falha! Se pesquiso sobre a cidade, as informações são intrigantes! Foi uma fazenda nos tempos da escravidão... o tal feitor existiu e seu assassinato pela revolta dos escravos é fato histórico... também são fatos as prisões de Anthony e Bryan Lempke... Agora – a antiga fazenda se tornou uma cidade... Mas nas duas últimas décadas seus moradores abandonaram o estilo de vida moderno, optando por uma vida mais rústica... o que é creditado a conversão em massa dos habitantes...”.
“Isso tudo é louco demais!”
“Pela idade desse Bryan quando foi preso ele teria uns setenta e tantos hoje...”.

***

Na manhã do mesmo dia em que o grupo de amigos formados por Bud, Joey, Aaron, Amber e Ellen chegou a Little Town, um pouco mais tarde do que o grupo, Chase e Becky passam, sem parar, pelo posto de gasolina onde o velho advertira aos primeiros.

O velho observa o carro com o casal se aproximando pela estrada, e, depois de ver o veículo seguir em direção a Little Town, diz para si mesmo: “Com mais esses dois se completam as sete vítimas dessa noite!”.

Algum tempo depois

“Merda, a droga da Internet caiu!” – disse Becky.
“Bem-vinda a Little Town!” – replicou Chase, mostrando a placa na estrada.

***

Bud entrou no bar e se dirigiu até o balcão.

– Uma cerveja – pediu.
O barman, um homem mal encarado, colocou ambas as mãos sobre o balcão e fitou Bud, enquanto os demais frequentadores o observavam.
– Documento – disse ríspido, o barman.
– Ah, qual é! Só pedi uma cerveja! – respondeu Bud.
– Documento – repetiu o homem.
– Em que lugar do mundo se pede documento para se vender uma cerveja? – respondeu, irritado o jovem.
– Algum problema, Ben? – um homem grande se levantou e perguntou ao barman.
– Parece que o rapazinho forasteiro aqui quer criar algum problema! – respondeu o barman.
Dois outros homens se levantaram e todos se aproximavam de Bud, um deles disse – O que você quer dizer com isso de ‘que lugar do mundo’?  – “Acho que ele quer nos chamar de caipiras!” – disse um dos outros, seguido pelo terceiro – É isso que você quis dizer “menino da cidade”?
Os homens estavam a ponto de espancar o jovem quando um policial entrou no bar e aplacou a situação.
– Um policial! Que bom! – disse Bud, e seguiu – Policial, esses homens estavam me cercando de modo ameaçador...
O policial sem dar a menor atenção ao jovem forasteiro, perguntou ao barman o que estava se passando.
– É um criador de encrenca – afirmou.
– Muito bem! – disse o policial, que segurou Bud, colando seu rosto de lado no balcão e levando suas mãos às costas e o algemou.
– Ei, isso é um absurdo, eles que estavam sendo hostis... – dizia Bud.
– Cala a boca, moleque, e agradeça por eu te levar antes que eles te dessem boas bofetadas.

Joey, Amber, Aaron e Ellen encontraram um restaurante.

– Pelo menos a comida é boa! – comentou Amber.
– Comida no Interior é sempre boa, diferente da cidade grande – comentou Joey.
Aqui parece que o povo tá no século passado – disse Amber.
– Eu gostaria de encontrar o gatinho que vi agora a pouco– disse Ellen se referindo ao rapazinho com quem flertara.

A mocinha da lanchonete se aproximou para perguntar se queriam algo mais. O grupo respondeu que não e pediu a conta. A mocinha então trouxe a conta. Parecia estar nervosa. E, se abaixou um pouco e sussurrou para Amber, enquanto disfarçadamente lhe entregava um bilhete – “Não leia aqui”.
– O que está acontecendo aí, Mary? – gritou uma mulher gorda, que estava atrás do balcão, para a mocinha.
– Nada, mãe! Só estou limpando a mesa deles. – respondeu, e olhou para Amber, com olhar de quem pedia sua cumplicidade. Amber estranhou e guardou disfarçadamente o bilhete em sua bolsa.

O grupo deixou o restaurante. Amber procurou o bilhete e o leu. Este dizia –
“Fujam enquanto podem”.
– Fujam enquanto podem? – se perguntou, mostrando o bilhete à Ellen.
– Ela deve ter escrito escondido, viu que parecia nervosa? Deve querer nos avisar de algo! – comentou Amber.
– Bem que eu queria estar a quilômetros daqui! E isso deve ser algum tipo de brincadeira, como aquele velho do posto com a conversa dele. Sei lá! Deve ser a diversão do povo daqui! Assustar aos forasteiros! – disse Joey.
– Vamos para a praia! O mar vai fazer a gente se sentir melhor! Nós viajamos para irmos à praia, não é? – disse Aaron.
O grupo seguiu as indicações das placas, chegando à praia de Little Town.




terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 3



Capítulo Três
“Bem-vindo a Little Town”

(Trilha sonora do terceiro capítulo: Welcome to Hell – Venom)

O carro do grupo de amigos (Bud, Joey, Aaron, Amber e Ellen) passou pela placa que indicava que entravam nos limites da cidade de Little Town. Alguns quilômetros depois a estrada passava entre grandes plantações.
De repente alguém saiu do meio das plantações atravessando a estrada, correndo pela frente do carro. “Cuidado!” – berrou Amber. Bud institivamente tentou frear e virou o volante. O carro derrapou, de modo que Bud perdeu o controle do veículo que só parou após bater em uma pedra, afundando a frente do carro.
O grupo desceu para averiguar o estrago.
Maldito filho da puta! – xingou Bud – Olha o que o maldito caipira fez! Se eu pego aquele desgraçado!
Quem atravessara na frente do carro, provocando o acidente sumira dentro das plantações.
– Bud, a pancada ferrou o radiador! – disse Joey.
– Vai, vai, vai! Desce todo mundo! – Bud gritou para os demais.
– Vamos levar o carro para o acostamento. Talvez a cidade não esteja muito distante, faz algum tempo que passamos por uma placa de “Bem-vindo à Little Town” – disse Joey.
– Não vamos deixar o carro aqui nesse nada! Vamos empurrá-lo até a maldita cidadezinha! – disse Bud.
– A gente tem que empurrar também? – perguntou Ellen. Bud esfregou a mão pelo rosto.
– Vocês meninas vão andando e nós empurramos – respondeu Aaron.
– Eu ajudo – disse Amber.
– Mas antes deixa eu pegar o protetor solar que está nas nossas coisas de praia no porta-malas, esse sol vai me marcar toda! – disse Ellen.

Seguiram empurrando o carro, enquanto Ellen caminhava próximo.

Após pouco mais de um quilometro chegavam à cidade. (sem que Ellen tivesse ajudado a empurrar).

Passaram por alguns grupos de pessoas, que observavam em silêncio os forasteiros.

O grupo de amigos cochichava entre si.

– Todos aqui usam essas roupas? – disse Bud
– Parece que sim... Parecem roupas de mórmons! – comentou Joey.
– Será que são todos de alguma religião? – questionou Amber.
– Reparei uma coisa, não tem ninguém que seja negro nessa cidade! – disse Aaron.
Bud achou graça e comentou – Que foi, Aaron, está com medo que sejam da Ku Klux Klan?
– Isso não tem a menor graça, Bud! – disse Amber.
– Mas estamos no Sul, e, sabe o povo aqui costuma ser racista, talvez seja por isso que aquele velho do posto de gasolina tenha olhado tanto para você!
– Ali! Uma oficina de carro! – alarmou Joey, interrompendo a conversa.

Levaram o carro até a oficina. Um homem alto e gordo, com o topo da cabeça careca e cabelo comprido desleixado dos lados, e que vestia uma camiseta branca, suja, completamente suada e colada ao corpo, apareceu vindo em direção ao grupo, enquanto limpava as mãos sujas de graxa em um pano. Ellen se mantinha afastada, olhando enojada para o repulsivo mecânico.

– O senhor pode dar uma olhada no nosso carro... Tivemos um acidente... O radiador... – dizia Joey.
O homem gordo levantou o capô para olhar.
– De onde vocês são? – perguntou o gordo, interrompendo Joey.
– Do Norte... Viajávamos para as praias... – continuou Joey, sendo novamente interrompido pelo mecânico:
 – Vai levar três dias pra ficar pronto!
– Pera aí! Três dias? – questionou Bud se alterando. – Mas acho que foi só o radiador...
– Você acha, né? Você é mecânico? Pode consertá-lo sozinho? Pensa que eu fabrico peças aqui? Ou que se encontra peça nessa cidade sem que se tenha que mandar buscar? Pagamento adiantado e voltem em três dias ou arrastem essa lata velha para longe da entrada da minha oficina e não me façam perder meu tempo com vocês!

Bud intimidado engoliu tudo o que o homem gordo falou. Os rapazes fizeram uma “vaca”, que implicou em quase todo o dinheiro que tinham e pagaram ao mecânico.

– Em que bela merda nos metemos! – bravejou Bud – Três dias presos nessa porcaria de cidadezinha caipira!
– Talvez tenhamos algo para fazer, olha ali, tem uma placa que indica praia, estamos de qualquer forma no litoral, talvez a praia daqui seja boa... Quem sabe até melhor que nosso destino original... Talvez tenha um hotel bom... – dizia Joey.
– Hotel bom? Com a miséria de dinheiro que nos sobrou?! Aquele mecânico filho de uma puta nos furou os olhos pelo conserto do carro!
Ellen que só observava a cidade sem dar palpites na conversa, reparou em especial em um rapazinho em um dos grupos pelos quais cruzaram, e comentou assanhadamente – Até que alguns desses caipiras são gatinhos!
O rapazinho em que ela reparou, olhou para ela de forma simpática, e ela sorriu para ele de volta, dando um “tchauzinho”.
– Fica frio, deve ter uma pousada, albergue, algum lugar barato! Vamos procurar enquanto é cedo. Depois de deixarmos nossas coisas lá, a gente confere a praia! – disse Joey.
– E vamos ver algo pra comer, estou morrendo de fome – disse Amber.
– Ou algo para beber – pra relaxar! – disse Bud.
– Vamos primeiro procurar um lugar para comer, as meninas estão com fome – disse Joey.
– Se quiserem vão atrás da comida de vocês eu preciso de um trago! E... Ei, olhe ali! Tem um bar! Talvez nem todos aqui sejam “mórmons” – respondeu Bud, atravessando a rua.
– Depois de comermos vamos ver a praia daqui! Ok? – Joey gritou para Bud, sem obter resposta.
– Deixa ele pra lá! – disse Aaron.



sábado, 10 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 2



Capítulo Dois
‘Ela tem o toque mágico’


(Trilha sonora do segundo capítulo: Magic Touch – Kiss)


Muitos anos antes...

O casal Jimmy e Amanda começou a lidar com fatos muito estranhos quando a filha deles, Becky, tinha quatro anos de idade. Pedras caiam frequentemente sobre a casa, sem que se fosse possível identificar de onde vinham. Por vezes tal fenômeno se constituía em uma verdadeira chuva de pedras.
Certa vez ao chegar à porta do quarto da menina, Amanda viu os brinquedos flutuando no ar e Becky sentada no chão. De fato, Becky os fazia flutuar, ligava tevê ou o aparelho de som com o pensamento.
Mas com o passar dos anos tais fenômenos cessaram. E Becky sequer tinha lembrança das antigas habilidades.
Quando se tornou adolescente, Becky passou a conviver com estranhos e terríveis pesadelos.

No sonho ela se via em um lugar alto, como uma pequena montanha, ou algo parecido. Onde era cercada por demônios horríveis e sentia muito medo vendo-os se aproximar. Então ela reparava um desenho no chão – um círculo contendo em seu interior uma estrela de cinco pontas, um pentagrama. Os demônios não podiam transpor a linha do círculo. Então surgia à sua frente um homem alto e encapuzado, de quem não lhe era possível ver a face. O encapuzado dizia: “Derrame o meu sangue”. Só então se dava conta de que estava segurando um estranho punhal. Então ela se aterrorizava com o pedido do homem e acordava gritando.

Alguns anos depois, Becky passou a se interessar por Wicca – uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural. Entendia que o pesadelo que se repetia frequentemente tinha significados que precisava desvendar. Entendia que o sonho revelava que o pentagrama – um dos símbolos sagrados da Wicca – era o símbolo que a protegia.
Amanda desaprovava o interesse de Becky por tal religião, por razões que a filha desconhecia. Dizia à filha que não deveria se envolver com bruxaria. Becky definia a oposição da mãe como “ignorância, oriunda de uma visão demonizada criada pelo cristianismo das crenças pagãs”.
Certo dia, mexendo em coisas antigas no sótão, Becky encontrou um cordão com pingente de pentagrama. Pediu o cordão à mãe – Amanda se viu sem ter como negar o pedido, explicou tal pingente como “coisa antiga de quando eu comprava tudo que parecesse coisa de roqueira”, sem explicar a real origem de tal cordão.
O cordão de pentagrama completou o visual de ‘bruxa wiccana’ de Becky, que se vestia sempre com vestidos pretos longos, botas e maquiagens pretas; e usava cabelo longo pintado de preto, contrastando com sua pele muito clara.
Becky se abarrotou de livros sobre magia e bruxaria. Ao praticar exercícios mágicos propostos em seus livros, Becky começou a fazer objetos levitarem. Isso aumentou seu entusiasmo com a bruxaria – aquilo era real! Escondia da mãe opositora sua habilidade supostamente adquirida com a prática wiccana, pois desconhecia que tais dons lhe eram naturais quando da idade de quatro anos.

***

Chase acordou com uma pedra que acertou o vidro da janela de seu quarto, no segundo andar da casa de seus pais. Ele levantou e abriu a janela para ver o que havia. Ao abrir a janela viu sua namorada, Becky no jardim.

“Becky?” – disse em voz baixa para evitar acordar os pais.
“Chase, desça aqui!” – respondeu a namorada.
“O que há?”
“Desça logo!” – Becky disse impaciente.
“Está bem!”.

Chase vestiu-se apressadamente e foi ter com Becky no jardim.

“Becky, o que há? São três da manhã!”
“Pegue o seu carro, preciso que você me ajude. Eu explico no caminho”.
“Ah! Está bem! Eu vou avisar...”.
“Avise depois do caminho!”.

No carro:

“Preciso que me leve para uma cidade chamada Little Town” – disse Becky.
“Está bem, Becky, está bem! Vou programar o GPS!”.

No caminho:

“Por que essa urgência no meio da madrugada?” – Chase perguntou.
“Estou saindo escondida de casa. Você não vai acreditar no que vou te contar”.
“Por que vamos para essa cidade?”
“Uma coisa de cada vez, Chase!” – Becky respirou fundo – “Você sabe da situação do meu pai!” – Becky se referia à doença renal que Jimmy vinha sofrendo e estava internado, necessitando de transplante. – “Eu procurei o hospital para o exame de compatibilidade e...” – Becky se interrompeu e tornou a respirar fundo, seus olhos lacrimejaram.
“Ei, meu amor, o que houve” – Chase perguntou afagando a namorada com um cafuné.
“Eu não sou filha do meu pai” – Becky respondeu. Chase não soube o que dizer, a namorada prosseguiu “Confrontei minha mãe a respeito! Ela me disse que casou grávida de outro! Ela não tinha o direito de me ocultar isso por vinte e cinco anos!”.
“Ela falou algo sobre seu pai biológico?” – Chase estava surpreso e desconcertado.
“Ela não quis falar muito! Disse que era muito boba e inocente e havia se deixado seduzir por um rapaz de nome Brett, com quem perdeu a virgindade. E depois este se revelou ser muito perigoso e tentou mata-la”.
“Como?” – Chase disse muito admirado.
“Tem muito mais! Disse que foi salva desse Brett e os amigos deles por um homem mais velho de nome Bryan Lempke”.
“Você tinha razão, é difícil acreditar...”.
“Não me interrompe, Chase! E agora fica “melhor” ainda! Ela disse que transou com esse Bryan Lempke! Disse que depois de ter sido resgata por ele, se sentiu como tendo um herói e que tanto vez que acabaram tendo relação! Só que na manhã esse Bryan havia desaparecido! Disse que depois disso voltou para a cidade, pois tais eventos aconteceram nessa Little Town. Já grávida de mim, começou a namorar o meu pai, o Jimmy...”.
“Mas seu pai, o Sr. Jimmy, sabia da gravidez?”
“Sim, mas que decidiram me criar como filha legitima deles... E não quis me falar melhor sobre o que aconteceu entre ela, o tal Brett e tal Bryan... Me disse que o Brett morreu na noite em que ela foi salva pelo tal Bryan... E que eu não deveria jamais procurar pelo tal Bryan ou pela família do tal Brett! E um desses dois é o meu pai verdadeiro!”.
“Errr... E aí?”
“E aí? Aí ela chorou e chorou, me implorou que não procurasse meu pai biológico... E estamos aqui!”.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 1




Capítulo Um
 'Autoestrada para o Inferno'


– Ei, Bud, faz tempo que não vejo um posto de gasolina – disse Joey, que estava no banco do carona.
– Pra dizer a verdade, faz tempo que não vejo nada nessa estrada, além do nosso carro – complementou Amber, lá do banco de trás.
– É mesmo, cara, desde a última saída, lá atrás, só tem a gente na estrada – disse Joey.
– Tá legal, só nós estamos indo para as praias! E no próximo posto eu completo o tanque – respondeu Bud, que estava ao volante.
– Será que a gente não tá no caminho errado? – questionou Amber.
– Não! Essa é a porra da interestadual! – Bud respondeu ríspido.
Ellen, que também estava no banco de trás, parou de se olhar no espelho e observou a estrada, em seguida perguntou – Falta muito ainda?
– Só mais alguns quilômetros e vamos estar no próximo estado! – respondeu Bud.
– Sei lá, eu não gosto muito desse trecho da estrada! Só essa estrada reta atravessando o deserto – disse Amber.
– É só um deserto, só isso! – Bud respondeu sem paciência.
– É, e logo estaremos nas praias, com o mar e areias cheias de gatas de biquíni! – disse Aaron, que estava no banco de trás, com as meninas.

– Ei, ali adiante tem um posto – disse Joey.
– Beleza, vamos parar nele para abastecer – disse Bud.

Entraram com o carro no velho posto, parando próximo às bombas de gasolina.

– Cadê o frentista? – perguntou Joey.
– O cara deve tá dormindo lá dentro – respondeu Bud, descendo do carro.
Joey, Amber e Aaron também desceram. Ellen aproveitou o carro parado para acertar as sobrancelhas com seu espelhinho.
Bud se aproximou dos vidros da cabine do posto procurando ver alguém lá dentro.
– Pede um refrigerante diet pra mim? – Ellen pediu de dentro do carro.
Joey olhou ao redor e comentou – Esse lugar parece abandonado!
Depois de algum tempo um velho surgiu repentinamente, vindo de trás da cabine, assustando o grupo. Amber chegou a dar um pequeno pulo para trás com o susto, levando a mão ao peito esquerdo.
O velho tinha uns poucos cabelos brancos, que saiam por debaixo de um boné vermelho torto em sua cabeça, era bastante idoso, sendo muito enrugado e tinha o olho esquerdo caído. Ele vestia camisa xadrez e calças jeans surradas.
– Opa! O senhor que atende aqui? – Joey perguntou.
Ellen espichou o pescoço de dentro do carro e torceu a boca ao ver o velho. A essa altura já havia se esquecido do refrigerante.
O velho fitou o grupo, parecia contar quantas pessoas havia. E se deteve por mais tempo olhando para Aaron, que se sentiu bastante incomodado com isso, estranhando a atitude do velho.
– O que vocês querem? – enfim perguntou o velho.
– Completar o tanque, pode ser? Tem gasolina nessas bombas, não é? – disse Bud.
Lentamente o velho apanhou a pistola de gasolina, enquanto Bud abria o capô do carro, apertando a boca em um gesto de impaciência, enquanto olhava para Joey, que deu de ombros.
– Para onde estão indo? – perguntou o velho.
– Para o próximo estado – respondeu Joey. E Bud balançou a cabeça por achar que não devia explicações a um velho em um posto de estrada.
– Vocês deveriam retornar e pegar outra estrada interestadual – disse o velho.
– Err... Nós estranhamos mesmo não ter outros carros na estrada. Achamos que teriam mais carros indo para lá... – Amber começou a dizer timidamente, quando foi interrompida pelo velho: – Esta estrada não é popular nessa época do ano! Como eu disse o melhor que vocês fazem é retornar e seguir por outra estrada! Este é o último posto antes da cidade de Little Town.
– Little Town? – perguntou Joey.
– É um lugar que vocês não vão gostar de visitar, especialmente, nesse mês – continuou o velho.
Bud balançou a cabeça perdendo a paciência – Aí, velho, faz o seu serviço e nos poupe de “conselhos”, valeu?
O velho terminou de abastecer, e Bud tirou da carteira o valor mostrado na bomba, entregando ao velho.
Todos entraram no carro.
– Seria melhor se vocês me dessem ouvidos! – o velho disse em tom de um último alerta.

Bud deu a partida, arrancando rápido com o carro, fazendo a poeira levantar. O velho frentista permaneceu olhando o carro se afastar.

Bud comentou indignado com os demais: – Dá pra acreditar nesses caipiras daqui? Voltar? Ele acha que eu vou gastar um dia a mais de viagem ou o que? E por quê?
– Ele me deu medo! – comentou Amber.
– E aquele olho caído? – comentou Ellen, torcendo a boca manifestando nojo pela aparência do velho.
– E qual é a daquele papo de “último posto antes de Little Town”? – questionou Joey.
– Deve ser algum lugarejo que essa gente daqui tenha alguma superstição idiota! – disse Bud.
– Ele me olhou de um jeito muito esquisito – disse Aaron.
– Ele olhou esquisito pra todo mundo, ele era esquisito! – disse Amber.
– Deve ser um pervertido – disse Ellen.
– Chega de falar desse velho esquisito! – disse Bud, ligando o rádio do carro. E depois de tentar sintonizar alguma estação continuou – Coloca algum CD aí, Joey!
Joey abriu o porta-luvas, pegou o primeiro CD da pilha e colocou para tocar.
Era um CD do AC/DC. Começou a tocar a música “Highway to Hell”.



Hoje meu blog completa cinco anos! 
Começou como um diário virtual/ blog pessoal e coisa de dois anos pra cá comecei a postar as histórias de terror, que se tornaram o tema predominante por aqui... 
Em 2013 escrevi “Noite Maldita” – minha ideia era criar uma história de terror trash muito clichê! E um terror clichê não seria clichê sem as intermináveis continuações – sempre com as “desculpas mais esfarrapadas” para uma sequência! 
Acho que o aniversário do blog é uma boa ocasião para eu começar a postar a última Noite Maldita! Pretendo não escrever mais nenhuma continuação – até porque com uma maldição que acontece a cada treze anos, eu iria parar em um futuro longínquo, aí teria que adicionar suposições sobre o futuro, coisas como naves espaciais... (até que não é má ideia!).

Não é preciso ter lido Noite Maldita 1, 2, 3 e 4 para entender “A Última Noite”. Mas quem quiser dar uma conferida, aqui os links dos primeiros capítulos de cada uma delas (partindo do primeiro capítulo, é só seguir ‘postagem mais recente’) – Confesso que Noite Maldita 1 continua sendo minha favorita!
Espero que você goste de acompanhar “Noite Maldita 5 – A última noite”!

...beijinhos***



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal Macabro 2




Michael Crandall sempre foi muito bom marido e bom pai. Levava uma vida feliz e estável ao lado de sua esposa Jessica e o casal de filhos. Michael era sempre muito amoroso com as crianças e de conduta exemplar com a esposa. De modo que ninguém esperava pelo o que aconteceu na noite de Natal. Michael desapareceu sem dar notícias.

Jessica procurou pelo marido nas listas de atendimento médico e ocorrências policiais – nada. Chegou à conclusão de que o marido, depois de todos aqueles anos, a abandonara.

“Como ele pode fazer isso com você e as crianças?” – comentava a amiga.

Mas se Michael era um exemplo de marido, Jessica era menos virtuosa. A senhora Crandall há tempos tinha lá uma queda por seu médico ginecologista, este, aliás, ajudou a procurar por Michael fazendo contato com todos os hospitais. O médico costumava investir em Jessica, mas esta, apesar de no fundo se sentir atraída pelo doutor, resistia às investidas... Mas depois do que Michael fizera, e justo na noite de Natal!

Antes do ano novo, o médico já ocupava o lugar deixado por Michael em sua bela casa, junto à sua esposa e filhos...

Antes do ano novo... Começou-se a sentir um cheiro muito desagradável na casa, mas não se descobria de onde vinha. Até que, numa noite mais fria Jessica e seu novo parceiro – o médico – resolveram acender a lareira. O cheiro se tornou muito forte, e a fumaça voltava pela lareira... O médico apanhou uma vassoura, e cutucando, investigou o duto da chaminé.

O corpo queimado de Michael caiu diante deles, morto, vestido de Papai Noel. Diante da cena do cadáver, Jessica levou a mão à boca e sentiu vontade de vomitar, a empregada tapou os olhos das crianças, e as levou para longe. O médico rapidamente buscou sacos de lixo e tratou de retirar o corpo.

Ao tentar entrar pela Chaminé vestido de Papai Noel, Michael caíra e batera com a cabeça quebrando o pescoço.

O funeral, com caixão fechado, foi triste. As crianças choravam abraçadas à empregada, que fez questão de participar do funeral de Michael, que sempre fora bom patrão. Não havia muitos amigos – Michael trabalhava demais, e vivia quase que exclusivamente para a família... Já Jessica, chorava no ombro do médico, que consolava a viúva.

“Jamais imaginaríamos! Enfim, Michael sempre foi um bom homem, bom marido e pai” – dizia, com falso pesar, o doutor.

Na noite seguinte ao dia do enterro. Jessica estava na cama com o doutor, quando ouviram barulhos na casa.

“Vou ver o que é” – disse o médico.
“Tenha cuidado, querido! Pode ser perigoso!” – respondeu Jessica
“Vou ter, não se preocupe” – respondeu o médico, apanhando um revolver, que passou a manter no criado mudo, desde que se mudara para a casa de dos Crandall.

Minutos depois, Jessica vê surgir na porta do quarto uma criatura macabra – de corpo em decomposição, coberto de terra e vermes, trapos de roupa e a face como de uma caveira humana. Jessica gritava desesperada, quando a criatura exibiu a cabeça decapitada do médico. Em seguida a criatura avançou contra ela. Com voz gutural a criatura dizia “Vagabunda! Piranha! Traidora!” – enquanto a estrangulava até a morte.

As crianças acordaram com os gritos, mas, com medo não saíram do quarto. A empregada correu para lá. A criatura, então, surge na porta do quarto das crianças. A doméstica ficou sem reação, enquanto as crianças apavoradas olhavam paralisadas de medo. A criatura passou pela empregada e se dirigiu às crianças, as abraçou e disse – “Amo vocês, meus filhos! Amo vocês, meus filhos!”.



Feliz Natal!

sábado, 18 de outubro de 2014

A Menina que Curava




Hope olhou para Job, que estava ao volante, e segurou-lhe carinhosamente a mão direita. Sentia-se mais feliz do que em qualquer época da vida de que se lembrasse. 
O casal deixava o extremo nordeste dos Estados Unidos, onde Hope nascera e vivera até então, e viajavam com destino a Denver.
Tudo o que Hope mais desejava era deixar tudo para trás, tudo ficaria no Maine e começaria uma vida nova e feliz com Job em Denver.
Amy, filha de Hope, fruto do seu primeiro casamento, estava sentada no banco de trás do carro.
Job era completamente diferente de Vince – seu primeiro marido – Ele a amava e queria de verdade ser feliz com ela e a pequena Amy, diferente de Vince, interesseiro.
Era linda a vista a partir daquele ponto da estrada, que contornava as montanhas, era a vista de um verdadeiro milagre!

Uma curva longa, sem visão devido à encosta, Job virou o volante bruscamente por causa de um caminhão em sentido oposto, que fazia uma ultrapassagem imprudente – talvez houvesse óleo na pista – era um trecho com muito trafego de caminhões madeireiros, e era comum haver óleo no asfalto – Job tentou manter o carro na pista. Poderiam acabar caindo pelo desfiladeiro. O carro derrapou e capotou várias vezes.

***

30 anos antes...

Algo faltava à vida do Reverendo Issac Donaldson e de sua esposa Olivia. Responsável há mais de dez anos por sua igreja, o reverendo já beirava os cinquenta anos e ainda não tinha filhos. Há muitos anos esperava que sua esposa engravidasse. Olivia era apenas dois anos mais jovem que seu marido. Estavam casados há mais de vinte anos.
Olivia sofria pela ausência de gravidez, pensava que talvez fosse estéril, ou o marido o fosse... pensava em adotar uma criança. O reverendo discordava. – Tentavam há tantos anos! “A razão para ainda não termos tidos filhos, pode ser que o Senhor tenha algum proposito, um plano para nossas vidas” – dizia Issac Donaldson à esposa. E em respostas às preocupações da esposa sobre ‘gravidez de risco’, respondia “Abraão e Sarah eram já avançados em idade quando Sarah concebeu Isaque... O Deus daqueles tempos é o mesmo Deus hoje!”. – dizia citando o livro de Genesis.
Olivia colocava a intenção de engravidar em todas as campanhas de oração com as irmãs de fé.

Até que, finalmente, um dia, chegou a grande notícia: Olivia, esposa do reverendo, estava grávida – houve grande regozijo da comunidade...

Os exames revelaram que seria uma menina – como foram tantos anos de expectativa e anseio por essa gravidez, decidiram dar à menina o nome “Hope”.*

* (hope = esperança)

Houve o caso de uma mulher que frequentava a igreja que ao passar a mão na barriga de Olivia - quando esta estava de oito meses – desmaiou instantaneamente e ao acordar vomitou uma estranha gosma negra, e, a partir desse momento nunca mais voltou a fumar – lutava contra esse vício desde que passara a frequentar a igreja do reverendo Donaldson.

Após o nascimento, muitas irmãs foram visitar a recém-nascida. Uma mulher que lutava contra uma doença e os médicos já haviam marcado a data para amputar-lhe uma das pernas, sentiu-se “eletrificada” ao segurar a bebê.
Após isso os médicos constataram que estava sã – o fato foi considerado milagre, e atribuído ao bebê. 

Quando Hope tinha sete anos, sua mãe a observava da varanda da casa paroquial, quando viu a menina se aproximar de um gato ferido – ela o segurou por um tempo e o animal ficou curado. Olivia contou o ocorrido ao marido.

Hope possuía um dom! A menina era uma dádiva de Deus.

Hope ministrava orações de cura durante os cultos, e muitas pessoas eram curadas pela imposição de suas mãos. 
Os cultos de cura, realizados às quintas-feiras passou a lotar de pessoas em busca de milagres. Muitos casos de curas milagrosas eram atribuídos à menina. Os fiéis caíam às pencas, quando a pequena Hope erguiam as mãos em direção à assembleia ali reunida; e quando levantavam estavam curadas.

Hope ganhou notoriedade nacional e pessoas de várias partes dos Estados Unidos viajavam ao estado de Maine para serem curadas pela menina milagreira.

“Não executo os milagres, se acontecem é pela Graça de Deus, que me usa como um canal para as Suas bênçãos” – a menina respondia ao jornalista com a frase que refletia o que aprendera de seu pai, o reverendo.
“O que eu faço é orar a Deus e peço que as cure”.

Entretanto, a vida da pequena Hope, de rosto angelical, cabelos loiros e olhos de anjos, não era tão boa na escola.
As demais crianças a julgavam “estranha” e a menina vivia isolada pelas demais.
Hope observava de longe as outras garotas sem ter coragem de se aproximar.
Certa vez viu Megan Stark cair de um brinquedo. Megan chorava no chão – havia quebrado o braço na queda. Hope se aproximou e a tocou – o braço de Megan se curou na hora. Megan ficou olhando para Hope, que apenas sorriu, e voltou ao seu canto isolado.

Anos mais tarde, quando Hope tinha já onze anos. As outras meninas da escola a cercaram e caçoavam dela, chamavam-na de “bruxa” e a ameaçavam... Megan Stark – a quem Hope curara anos atrás – sentiu vontade de se colocar contras as demais meninas, mas não teve coragem. Hope correu e entrou no prédio da escola. Ao entrar na sala de aula vazia a porta atrás dela bateu sozinha, se trancando. Hope se sentou com os pés em cima da carteira e colocou a cabeça entre os joelhos. Inexplicavelmente um incêndio começou na sala. Tentavam sem êxito arrombar a porta e o incêndio rapidamente se alastrou por toda a escola. Um bombeiro, finalmente, entrou no prédio em chamas, e com um machado arrebentou a porta da sala onde se encontrava Hope – o bombeiro saiu do prédio com a menina nos braços. A menina em estado muito grave foi levada ao hospital. 
Os médicos deixaram a sala onde tentaram salvar a criança – apesar de todos os seus esforços não puderam evitar seu falecimento. Quando estavam se preparando para notificar o óbito da filha ao reverendo Donaldson, Hope surgiu no corredor – sem uma marca sequer das queimaduras.

Hope passou a ter aulas particulares em casa. Seu mundo se resumia basicamente à igreja, e a casa paroquial... Certa vez, fora reconhecida na rua, enquanto acompanhava a mãe, e uma multidão as cercou – foi preciso ajuda policial para conter a histeria de uma multidão, que pediam cura para si e para parentes. Depois do assédio histérico em massa Hope sentia-se esgotada – como se uma grande parcela de energia se tivesse desprendido dela. – Desde então, a menina viveu confinada.

Aos catorze anos aconteceu o evento mais traumático da vida de Hope. Ao entrar em casa o reverendo Donaldson percebeu uma música tocando dentro do quarto fechado de Hope. Ele subiu as escadas e encontrou a filha dançando uma música secular – “Baby one more time” de Britney Spears. Issac Donaldson arrancou o cinto e surrava a menina enquanto gritava para esta sobre “a música do mundo” e sobre “como aquela música serviria de entrada para Satanás naquela casa e na vida dela”, sobre “a luxúria daquela dança sensual”...
Naquele instante Hope sentiu muito raiva! Gritava para que o pai parasse... o reverendo foi arremessado para trás e sentiu o peito apertando... ficou sem ar... uma dor horrível no tórax... Hope agora se desesperava ao ver o pai se contorcer...
O reverendo Donaldson morreu de enfarte do coração.

Olivia Donaldson ocultou a todos o que exatamente aconteceu no exato momento da morte do marido.

Céticos – os mesmo que duvidavam que Hope fora socorrida já em estado gravíssimo do incêndio que provocara (certamente com fósforos e algo inflamável) na escola – se perguntavam por que “a menina que ressuscitou em um hospital de Maine” não ressuscitou o pai.

A morte do pai fez Hope acreditar que – dom de Deus, ou o que fosse – aquele “poder” que trazia consigo, não era algo que servia apenas como “benção”, mas que também poderia ser “maldição”. O modo como vivia e a perda do pai, certamente não eram uma benção. 

Aos vinte anos Hope deixou sua casa, sua congregação e sua mãe, mudou-se para uma cidade vizinha, onde esperava viver livre e não ser mais “a menina dos milagres”.

Foi quando conheceu Vince Lachance. 
Vince era bonito, e parecia corresponder a todos os anseios de vida de Hope. Ele era muito galanteador e em pouco tempo envolveu a inocente Hope, fazendo-a se apaixonar perdidamente por ele.

Algum tempo depois que já estavam juntos, Vince revelou que desde o início sabia tratar-se da garota que fora conhecida como a criança milagrosa. Vince também deu a Hope um novo entendimento sobre “seu dom”. Hope se converteu ao Espiritismo e agora se definia como “paranormal”. Nesses tempos recebeu a notícia da morte da mãe, com quem não conversava há dois anos.
Vince se aproveitava de Hope, e, com muita habilidade em manipula-la a transformou novamente em “grande atração”, conseguindo, inclusive, espaço na tevê para “shows de milagres da paranormal Hope”...

No entanto... À medida que o tempo passava Hope era cada vez menos capaz de executar os tais milagres... Antes era capaz de grandes curas... e agora apenas casos mais simples eram confirmados... 

Muitas pessoas que acreditavam terem sido curadas pela Hope, a paranormal, eram depois internadas e suas momentâneas melhoras dadas como psicossomáticas.
Vince procurou forjar milagres – primeiro sem o conhecimento de Hope, e posteriormente a envolvendo nas farsas... Hope aceitou isso por um tempo... Mas com o passar de alguns anos, de mau convívio com Vince, de desconfiar que o marido a traía... Hope deixou de amar Vince e de ser manipulada por ele... Hope foi, inclusive, a público falar sobre sua vida, sobre as farsas de Vince e sobre seus “dons”.

Hope acreditava que seu “Dom” diminuíra ao longo dos anos – era como se o poder de curar fosse uma energia que trouxe consigo ao nascer, mas que ao ser usado ia se gastando... por esta razão era capaz de curas maiores quando criança...

O divorcio com Vince Lachance foi um processo longo na justiça, assim como a disputa pela guarda de Amy – filha do casal. Talvez tivesse sido ainda mais difícil se Amy tivesse “herdado algum dom da mãe”...

Nesse momento da vida, que Hope conheceu Job Newsome. 
Job – recebera esse nome dos pais mórmons – era um bom rapaz, trabalhador, honesto... e sinceramente apaixonado por Hope. Também se deu muito bem com a pequena Amy.
Job tinha uma boa oportunidade em sua área profissional oferecida por uma companhia de Denver... Lá casaria com Hope e iniciariam vida nova.

***


– Após as capotagens do carro, que parou virado de cabeça para baixo à beira da estrada, e perigosamente próximo ao guard-rail. Job estava desmaiado e Hope muito ferida se esforçava para retirar a pequena Amy do carro...

Hope viu a filha morrer em seus braços... abraçou forte contra o peito o corpo da filha morta...

Momentos depois quando outro carro parou ao ver o veículo capotado e o motorista encontrou e despertou Job, estes encontraram Amy sentada ao lado do corpo caído de Hope, que jazia à beira da estrada.

Hope fizera sua escolha e precisara usar tudo o que lhe restara.