Último Capítulo
No tribunal Vanessa e os pais ficaram sentados no banco dos que acusavam e eram defendidos pelo promotor público, do outro lado, o lado da defesa, estava o sujeito e seu advogado particular. Os jurados sentavam-se à esquerda. Entre as balaustradas que separavam o júri dos espectadores, encontrava-se o padre Francisco como testemunha.
“Vamos dar início ao caso do Porco Chico!” – anunciou o juiz.
“Meritíssimo, meu cliente está sendo difamado, caluniado por estas pessoas de má fé!” – disse o advogado do sujeito.
“Mãe, o que ele disse? Meritiss... o que?” – perguntou Vanessa.
“Meritíssimo! É o mesmo que juiz!” – a mãe respondeu.
“E difamado e caluniado?” – perguntou a menina.
“É falar mal”
“Por que não diz, então, juiz e falar mal, que a gente entende?”
O juiz com cara de bravo bateu o martelo: “Silêncio no tribunal!” – bradou.
“Xiiiiii” – fez a mãe de Vanessa.
“Como eu dizia, Meritíssimo, essas pessoas sem nenhuma prova contundente, fazem acusações difamatórias contra meu cliente, o senhor Guilherme, que é um contribuinte honesto desse município!” – disse o advogado do sujeito.
“Não entendi nada, mãe! Que município?” – perguntou Vanessa.
“É o mesmo que cidade! Fica quietinha, filha, o juiz vai brigar!” – respondeu a mãe.
“Por que não diz cidade, que todo mundo entende?” – comentou Vanessa.
O juiz voltou a bater o martelo: “Silêncio!” – bradou novamente.
“Desculpa, meritíssimo ou juiz!” – disse Vanessa.
“Padre Francisco!” – chamou o escrivão.
“Padre, o senhor pode contar ao juiz e ao júri o que se passou?” – perguntou o promotor.
“A menina Vanessa e sua amiga foram à minha paróquia hoje pela manhã levando o porco...” – respondia o padre.
“Mãe, o que é paróquia?” – perguntou Vanessa.
“É quase o mesmo que igreja! Agora fica quietinha!” – respondeu a mãe.
“Ára, por que não diz igreja, que todo mundo entende?” – comentou Vanessa.
“Mocinha, vou ter que pedir que se retire, se não parar de falar!” – disse o juiz se dirigindo à Vanessa.
“Me retire?” – perguntou Vanessa.
“Que saia do tribunal” – respondeu o juiz.
“Por que não diz sair, que todo mundo entende?” – perguntou Vanessa e depois apontou para o sujeito, dizendo brava:
“Esse moço malvado mentiu pra mim e pra Valéria e roubou o meu porquinho!”
“Protesto! A menina não pode advogar!” – bradou o advogado do sujeito.
“Protesto? E o que eu não posso?” – Vanessa perguntou ao advogado.
“Er... Quer dizer que não concordo e que você não pode se defender por si mesma!” – respondeu o advogado.
“Ára! Ocês ficam falando tudo enrolado! Eu posso sim! E quero chamar minha testemunha!” – respondeu a menina.
“Tudo isso é absurdo! O porquinho Tico é meu!” – gritou exaltado o sujeito que afanara (que é o mesmo que roubar) o porco.
“É Chico o nome dele, seu bocó! Tá vendo, seu juiz, ele nem sabe o nome do porquinho!” – disse Vanessa.
Os pais de Vanessa passaram as mãos na cabeça. O advogado do sujeito o disse para que ele ficasse calado. O juiz bateu o martelo e tornou a pedir ordem.
“Quem você quer chamar como testemunha?” – o juiz perguntou à menina.
“Protesto!” – bradou o advogado do sujeito.
“Protesto negado” – respondeu rispidamente o juiz – “Vai, menina, chama logo essa testemunha e vamos acabar logo com isso!”.
“Eu chamo o porquinho Chico!” – disse Vanessa.
“O porco?” – admirou-se o escrivão.
O policial ficou tentando levar o porco puxando a corda.
“Chico!” – Vanessa chamou o porquinho.
O porquinho Chico foi correndo, e se esfregou nas pernas da menina.
Quando essa lhe fez carinho, ele se virou, deitando-se de costas para receber carinho na barriga. Depois se levantou e corria alegre em torno de Vanessa.
O Juiz bateu novamente o martelo e disse:
“É obvio que esse porco é dessa garotinha faladora! E está decidido que o porco é da menina!”
O sujeito e seu advogado ficaram muito bravos! Os pais de Vanessa e o padre festejavam a vitória.
Mas Vanessa estava muito triste.
“O que houve, filha?” – perguntou a mãe – “Nós ganhamos!”
“Mas ocês querem assar o Chico! De que adianta?” – a menina respondeu muito triste.
“Foi por isso que ela e a amiga foram à igreja com o porco! Queriam que eu escondesse o bicho lá na paróquia!” – disse o padre Francisco.
Os pais olharam para menina, que agora, abraça o porco com carinho.
“Filha” – chamou a mãe. Vanessa olhou. – “É causo você ouviu que a gente ia assar o porco... quero dizer: o Chico para a ceia, não é?” – perguntou a mãe.
“É!”.
A mãe fez cara de pensando. – “Então, a gente não assa! Ocê pode ficar com seu porco... o Chico!” – disse a mãe.
“Sério? De verdade, verdadeira? Posso ficar com o Chico?”
“Pode sim!” ^^
E caso encerrado!
Ou melhor... Fim! Que todo mundo entende!
...beijinhos***