Capítulo Dois
No dia seguinte Valéria foi para estrada e ficou esperando por Vanessa.
Valéria estava à beira da estrada, como se estivesse esperando a combi passar.
“Valéria!” – uma voz sussurrou.
Valéria não respondeu.
“Valéria!” – repetiu a voz.
Valéria assustada arregalou os olhos.
“Valéria!” – repetiu a voz, um pouco mais alto.
Valéria olhou para todos os lados, mas não via ninguém.
“Valéria!” – insistia a voz!
“Ave Maria cheia de graça...” – Valéria começou a repetir a oração.
“Valéria!” – a voz insistiu, dessa vez bem alto e com tom de impaciência.
Valéria então percebeu que a voz vinha do meio dos arbustos. E era uma voz familiar!
“Vanessa? É ocê?”
Vanessa surgiu erguendo a cabeça acima do arbusto.
“É Craro que sou eu! Quem ocê pensou que fosse, pastel?”
“Eu? Nada!”
“Ocê pensou que era assombração?” – Vanessa perguntou desconfiada.
“Não”.
“Então por que ocê tava rezando?”
“Não tava não”.
“Tava sim! Tava aí repetindo a Ave-Maria!”
“Tá bom! Tá bom! Eu pensei que fosse assombração! Pensei que era uma mula sem cabeça!”
“Ai ai ai! Eu não pareço mula não!” – disse Vanessa emburrada e continuou: “Além de que, se a mula não tem cabeça, também não tem boca! Como iria chamar seu nome?”
“Ah é verdade, mas sei lá!” – respondeu Valéria e continuou: “Deve ser porque eu fiquei impressionada com o ‘Causo de Terror Assustador que dá Medo’ que contaram lá em casa ontem!” – disse Valéria.
“‘Causo de Terror Assustador que dá Medo’? Eu quero saber, adoro causo de terror!”
“Eu vou contar!” – disse Valéria e começou a contar o causo:
“Falaram que as senhoras foram numa reza! Mas a reza foi numa casa bem longe! Aí as senhoras voltavam tarde da noite pela estrada! Foi aí que apareceu uma mula sem cabeça!”
“E aí, o que aconteceu?” – perguntou Vanessa.
“Aí a mula sem cabeça com fogo saindo do pescoço começou a correr em volta delas! E cada vez chegava mais perto! Era assustador! E o fogo do pescoço da mula era forte e as senhoras sentiam muito calor!”
“E aí, o que aconteceu?”
“As senhoras arrebentaram as cordinhas dos terços! E começaram a acertar a mula sem cabeça com as contas dos terços! E cada vez que uma conta de terço pegava na mula ela se afastava, mas tentava voltar! E as senhoras acertavam outra conta de terço e ela se afastava!”
“Mas quantas contas tinham?” – perguntou Vanessa.
“Ah! Isso depende de quantas senhoras eram! Se eram seis senhoras, por exemplo, e cada terço tem cento e cinquenta contas... Vanessa, quanto dá cento e cinquenta vezes seis?”
“Sei lá, uai! A gente só aprendeu até conta com decimal!” – respondeu Vanessa, e continuou: “Mas mesmo sendo muitas contas uma hora tinha que acabar! O que aconteceu?”.
“Eu não lembro bem... Acho que continuaram assim até que amanheceu e a mula foi embora!” – respondeu Valéria.
“Ah! Eu não acreditei nadica de nada nesse causo!” – disse Vanessa.
“Ocê não acredita em nada que a gente conta!” – respondeu Valéria emburrada.
“Mas se a mula vai embora quando o dia lumina, por que ocê pensou que ela tava aqui?” – perguntou Vanessa.
“Na hora do medo a gente não pensa em detalhes!” – respondeu a amiga.
“Quer saber? Deixa esse trem de causo pra lá! Temos que levar o Chico para algum esconderijo! Meus pais de certo já saíram pra roça enquanto ocê me contava esse causo aí!”.
“É mesmo! Vamos pegar o Chico!”.
Continua...
Muitas risadas nesse "causo" das meninas. xD
ResponderExcluirMorrendo de vontade d ler o próximo.
Tá muito gostoso td ^^
Parabéns!
beijos
A mula sem cabeça solta fogo pelo pescoço.
ResponderExcluirLogo, ela assaria o chico rss