sábado, 13 de junho de 2015

Histórias de Vampiros



O Vampiro de Susak

Há cerca de 70 anos, em Susak, uma ilha de areia do Adriático, contava-se um caso curioso. Os habitantes, pelos escassos contatos com o continente, conservaram, através dos séculos, os hábitos, costumes, tradições.
O filho de uma mulher da ilha foi morto nos últimos dias da guerra. Agonizou por uma noite inteira, sem que ninguém fosse socorrê-lo. Morreu ao amanhecer, pouco depois de o encontrarem, e as últimas palavras foram uma desesperada invocação: “Quero viver, viver”.
Enterram-no na colina arenosa de Susak. Mas ele voltou, porque sua vontade de existir era mais forte do que a própria morte. Voltou para buscar o sangue que havia perdido, como fazem frequentemente os vampiros, cujo instinto é um misto de agressão e amor. E voltou-se para quem amava mais: a mãe. No momento de sua reaparição, a mulher toma consciência do que devia fazer. Ora, o vampiro, segundo a tradição, é sempre um ser infeliz, prisioneiro de seu instinto de vida. Um morto que agoniza, procurando inutilmente ressuscitar.
Em casos semelhantes, devem-se afastar os sentimentos, para o próprio bem do “doente”. Deve-se fazê-lo voltar à paz. A força que move aquele pobre corpo atormentado não é uma alma, mas uma mecânica de terror. E a mulher não teve dúvida. Confiou a um irmão, dois cunhados e outro filho a destruição daquela coisa que a chamava de mamãe.



Extraído da edição de setembro de 1973 da revista Planeta.

2 comentários:

  1. Nossa,amiga!!!!!
    Que sinistro esse conto!!!!!
    Bjus e aguardo continuação!
    Http://www.elianedelacerda.com
    Avise-me qdo postar!

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  2. Boa tarde Aline.. todos deveriamos ter esta sede de viver..
    muitos jogam a vida fora, suicidam-se..
    quando no fundo o que a vida quer é apenas se manter existindo..
    o sangue sempre teve poder.. o sangue virginal nem se fala por ser envolto em pureza..
    bjs e feliz sempre

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