segunda-feira, 16 de março de 2015
Te Wairoa - cap 8
Capítulo 8
O primeiro pico a entrar em erupção foi o pico Wahanga, mais distante para o norte, por volta das 01h30. Isto foi seguido de pico médio mais elevado e, Ruawahia em seguida.
Tamaohoi, o demônio da montanha, dormiu durante muitos séculos.
Sob a influência do homem branco, a moral da população local diminuiu até que Tamaohoi, invocado por Ariki, pode voltar para punir os pecadores.
Ariki proferiu seus encantamentos mais potentes, a magia fatal do makutu (magia negra maori), invocou Rūaumoko (divindade vulcânica) para punir os pecadores, e libertou Tamaohoi, o demônio da montanha, de seu abismo escuro para seu ato de vingança.
Charles Haszard, sua família e os hóspedes olhavam com admiração em todo o lago em um brilho vermelho. Enquanto observavam, uma nuvem negra e densa subiu acima do brilho, iluminado por uma exibição tremenda de um raio.
Línguas de chamas rugiam nos ares e bolas de fogo rolavam dos picos. Uma enorme coluna de fogo podia ser vista atirando para o ar, formando uma nuvem negra de fumaça e cinzas. Rochas fundidas foram arremessadas para fora do vulcão, caindo no lago com um assobio.
O Lago Tarawera era um espelho de cobre, refletindo a montanha da base à cúpula em um olhar sinistro. Dominando tudo, pendurou a grande cortina de nuvem, sombria e escura. A partir da nuvem, grandes bolas de chamas caiam de vez em quando, descendo com um respingo nas águas do lago.
O violento distúrbio atmosférico criado pelas erupções originou um temporal ao nível do solo, que arrasou uma floresta inteira no vale de Wairoa, a vinte quilômetros da montanha.
Nos primeiros momentos da erupção, poucas pessoas dali compreenderam o perigo potencial que ela representava para suas vidas. A maioria dos habitantes pensou sem dúvida que mesmo a maré de lava seria detida pelos oito quilômetros de largura do lago Tarawera.
Charlez Haszard, diretor da escola local, disse para sua esposa “Nós nunca mais veremos uma cena como esta”. Suas palavras foram tragicamente proféticas.
Às 3h30 da madrugada, formaram-se sob a superfície da terra pressões grandes demais para serem escoadas através das três crateras incandescentes, e, com uma série de explosões que foram ouvidas em Christchurch, a seiscentos e setenta quilômetros de distância. A parte sudoeste da montanha voou pelos ares. Uma fenda de forma triangular rachou uma das crateras de alto a baixo e uma fissura com um quilômetro de largura abriu-se no lago Rotomahana. Numa questão de segundos o lago e os Terraços Rosa e Branco desapareceram, deixando um buraco com aproximadamente dois quilômetros e meio de largura por cem metros de profundidade.
Toda a água do lago de cento e quinze hectares, assim como incontáveis toneladas de lama, foi atirada para os céus e desabou sobre Te Wairoa. A água e a lama foram seguidas por milhões de metros cúbicos de lava expelida do que viria a chamar-se a Fenda de Tarawera.
Uma nuvem negra e densa formou-se sobre as montanhas, mas em Te Wairoa continuou a desconhecer-se qual era sua constituição. Então uma chuva de lava, cinzas e poeira começou a cair. Iniciou-se um pesadelo para os habitantes da cidadezinha.
Um vento forte acompanhado por um barulho ensurdecedor de janelas quebradas.
Às três horas, os que estavam na casa da escola ouviram um barulho como de pedras caindo em cima da casa. O barulho era tão grande que não podiam ouvir um ao outro falar. Mr. Lundius pegou uma das pedras.
A chuva de pedras vulcânicas continuou a cair sobre a casa por cerca de uma hora.
Uma tremenda tempestade de vento começou e, em seguida, o vento desceu pela chaminé, com tal força, que quase os sufocou com a fumaça.
Por volta das quatro horas todos, excetuando os Mrs. Blythe e Lundius, se amontoaram no meio da quarto, acreditando, agora, ser este o lugar mais seguro, pois as paredes estavam esbugalhando e ameaçando vir dentro.
Clara andou até a porta – “Acho que ela não vai aguentar!” Mrs. Blythe e Lundius estavam parados no mesmo lugar, quando de repente houve um enorme estrondo e tudo ficou escuro, o teto caindo em cima deles.
Clara agarrou, instintivamente, de um lado a mão de Mr. Blythe, e de outro a de Mr. Lundius.
Enquanto isso, a lama caía sobre suas cabeças.
Mr. Lundius pulou e socou as janelas, cortando muito a mão. Terminou de rebenta-las com chutes. Lundius saiu pela janela e gritou para Clara – “Saia, Senhorita Haszard”, e ele a puxou para fora. Mr. Blythe saiu em seguida.
Ao estarem em campo aberto foram atingidos nas cabeças e nos corpos por pedaços de detritos. Correram para a porta.
Mr. Blythe queria voltar para dentro da casa, mas Lundius o deteve, temendo que o teto viesse a desabar. O telhado já estava tão curvado para baixo, que não era possível entrar em alguns dos outros quartos. Lundius que abriu a porta e ficou parado lá. Lundius convenceu Clara e Blythe de continuarem na varanda, de modo que se o telhado desabasse tivessem uma chance de escapar das consequências.
Clara estava morrendo de frio, e o Mr. Blythe conseguiu apanhar alguns cobertores para protegê-la do frio.
Os três correram para o jardim. Gritavam na tentativa de ouvir a alguma outra pessoa, mas o barulho era alto demais!
Depois de um curto período de tempo, que para eles parecia uma eternidade, ouviram uma explosão próxima, olhando para trás, descobriram que a casa de onde fugiram estava em chamas.
Um raio havia atingido a escola e provocado o incêndio
Uma parte do edifício explodiu em chamas, foi quando o teto desabou. Charlez Haszard e seu jovem sobrinho foram mortos instantaneamente. Ina e a criada Velha Maria se protegeram sob uma resistente mesa de carvalho. A Sra. Haszard estava sentada no meio da sala, rodeada pelos seus três filhos mais novos, com as idades de dez, seis e quatro anos. Um alto guarda-louça deteve as madeiras e as chapas do teto, impedindo-as de cair sobre o grupo. A Sra. Haszard, porém, ficou presa no chão por uma viga que lhe esmagou uma perna. Impossibilitada de ajudar seus filhos, ali ficou, totalmente, consciente, durante sete horas, enquanto, uma por uma, as três crianças morriam a seu lado, sufocadas pela lama.
Mona, de quatro anos, que estava nos braços da Sra. Haszard, gritava que lhe desse mais espaço, porque o corpo da mãe a apertava contra a viga, mas a lama não a me deixava. A criança acabou esmagada. Adolphus, de dez, disse – “Mamãe, eu quero morrer com você” – e não voltou a falar. A pequena Flora, de seis, morreu pouco depois.
No hotel de McRae, uma das duas hospedarias da aldeia, a princípio a erupção não preocupou muito os doze hóspedes, mas quando a lama, as pedras e as bolas de fogo começaram a amontoar-se no teto, o proprietário, Joseph McRae, começou a ver que estavam em perigo. Era tarde demais para fugir. Uma lama profunda cobria o solo. Nem cavalos nem homens já seriam capazes de atravessar o atoleiro.
Uma hora depois de a erupção ter começado, o teto do hotel desabou com estrondo, esmagando o andar superior. Os andares de baixo aguentaram-se.
“Vamos nos abrigar na sala da recepção!” – McRae levou seus hóspedes para a recém-construída nova sala de recepção.
Na sala de recepção todos se amontoaram no escuro, rezando e acendendo fósforos de vez em quando para examinarem o teto.
Edwin Bainbridge, o jornalista, escreveu em suas anotações – “Estamos sob uma forte chuva vulcânica. Este é o momento mais terrível da minha vida. Eu não posso dizer quando eu posso ser chamado a comparecer diante de nosso bom Deus. Eu sou grato por encontrar forças n’Ele”.
Em pouco tempo este teto começou a mover-se ameaçadoramente.
“Precisamos deixar o hotel! Temos que sair!” – McRae convocou a todos para deixarem o local – Por mais aterrorizante que fosse a perspectiva de enfrentar a torrente de lama e rochas que caía do lado de fora, estava claro que permanecer no hotel significava morte certa.
McRae e seus hóspedes foram para fora. Neste momento a sacada do hotel desabou, esmagando e matando o jornalista inglês Edwin Bainbridge.
Através das trevas infernais os sobreviventes do hotel viram uma luz a trinta metros de distância. Avançando a custo, desesperadamente através do atoleiro, McRae e três dos hóspedes conseguiram chegar à sólida casa da guia Sophia, onde haviam muitas outras pessoas abrigadas – mais de 60 pessoas se abrigaram no whare (casa) de Sophia. Ao contrário de muitos dos edifícios da aldeia sua casa resistiu ao poder destrutivo da erupção, devido ao seu telhado agudo e paredes de madeira reforçadas fortes, típicos de um whare.
Cinco dos turistas, no entanto, tinham ficado para trás, perdidos na escuridão.
McRae, sem hesitar, pôs um xale dobrado sobre a cabeça.
– Preciso voltar, alguns dos que me acompanhavam se perderam! – disse o dono do hotel.
– Não, Mr.McRae, o senhor não pode voltar, morrerá – Sophia exortou o escocês.
– Preciso tentar!
McRae correu de volta para o Inferno, a fim de buscar os que faltavam. Encontrou dois deles abrigados em outra casa, dois outros perdidos na escuridão e um escondido sob uma árvore.
O trio, formado por Clara e os inspetores, se esforçava para encontrar algum abrigo, corriam tropeçando em algumas árvores desenraizadas na escuridão. Enfrentando agora um vento quente e sufocante.
Podendo enxergar, graças à claridade gerada pela escola em chamas, viram que o galinheiro estava em pé, e correram para se abrigarem lá. De onde observavam de lá a escola pegando fogo.
Lundius tomou a precaução de escorar as vigas do galinheiro com algumas madeiras que encontrou lá.
Clara, Lundius e Blythe permaneceram no galinheiro até a luz do dia seguinte.
Durante a noite que passaram no galinheiro Lundius se perguntava o que aconteceria se o fogo se disseminasse até o lavadouro, onde o vaso de barro com a caixa de explosivos foi depositado.
A erupção continuou furiosamente até às seis da manhã. Nisto, tão subitamente como havia principiado, a chuva de lama parou.
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Boa noite querida Aline..
ResponderExcluira parte final que culmina com a erupção ficou primordial..
vc colocou muitas cenas, fatos.. pessoas, dando a cada um o seu último momento..
vulcões... e o poder de eliminar o carma de nós humanos... o fogo e seu poder...
que possas criar mais dessas maravilhas.. tenha uma linda noite bjs e até sempre
Amiga,
ResponderExcluiressa parte da erupção foi fantástica,amei!
o fogo sempre nos assusta muito, há um simbolismo também contido nele!
Muito bom texto!
Bjus querida
http://www.elianedelacerda.com