domingo, 25 de agosto de 2013

O Assassino do Opala - cap 4



Capítulo 4

O professor Charles Mendez chegou ao endereço de livraria esotérica mais próxima. Um local completamente excêntrico! A loja era repleta de coisas estranhas dependuradas por todos os lados, prateleiras com os itens mais esquisitos que já vira! Charles se sentia desconfortável ali. Era um homem da Ciência e estava numa loja de livros esotéricos. Perguntava-se se não estaria sendo ridículo ao procurar respostas em um lugar assim, e se sentia envergonhado. Mas já estava ali, então, resolveu encontrar algo sobre “fantasmas”. Procurou por bancas de livros e encontrou algo sobre fantasmas na seção de Bruxaria. Apanhou o livro e se dirigiu ao caixa da loja. Lá estava uma senhora, que aparentava ter por volta de oitenta anos, tão, ou mais exótica do que a loja em que se encontrava. Vestia algo que lembrava as roupas dos hippies, tinha os cabelos pintados na cor castanho, completamente bagunçados e... tão estranho: enfeitados com várias penas coloridas. Mendez, bastante sem jeito, a cumprimentou.

“Boa tarde” – o professor disse nervoso.
“O que houve?” – perguntou simpática a atendente – “parece que você viu um fantasma!” – comentou em tom de brincadeira.
“Er... Talvez eu tenha visto mesmo” – Charles respondeu, entregando o livro para ela registrar.
Ela reparou no livro sobre o balcão: “Guia das Bruxas sobre Fantasmas e o Sobrenatural”
“Parece que eu não estava errada ao lhe perguntar sobre fantasmas” – ela comentou.
“Isso é embaraçoso, sabe? Quero dizer, eu, sabe, nunca acreditei em coisas assim mas...” – ele se deteve.
“Mas... o senhor tem algo para o qual não tem uma explicação racional” – disse a mulher exótica.

Aquela estranha senhora na loja de livros esotéricos transmitia uma espécie de paz a Charles. Ela, tirando todo aquele visual exótico, o fazia se lembrar de sua mãe.
Desde que vira o opala não tivera paz. Charles se sentiu confortável para confessar-lhe.

“Eu... vi algo, algo numa estrada e bem... não encontro explicação”.

O professor falou-lhe então detalhadamente sobre as três vezes em que vira o tal opala.

“Como o senhor se chama?”
“Charles...”
“Senhor Charles, sou Sarah Cabot. Se veio até um local como este e está levando um livro da Gerina Dunwich, talvez não se importe de saber a minha opinião!”
“Eu...” – hesitou por um instante – “gostaria, sim”.
“Pelo o que o senhor me contou, creio que o que o senhor viu é uma Assombração de Resíduo”.
“O que seria isso?”
“É o seguinte: a assombração ‘está lá’, mas não há um fantasma, um espírito, o senhor me entende?”
“Confesso que não”.
“Acho que posso explicar melhor! Quando algo muito dramático acontece, especialmente envolvendo mortes, uma cena pode ficar ‘gravada’ e se repetir incessantemente, como se fosse um DVD! A cena do opala com os corpos foi algo real, concreto, material que aconteceu e ficou gravada naquele lugar! A cena se repetiu no momento em que o senhor esteve lá, mas essa repetição da cena não aconteceu apenas quando o senhor esteve lá, ela se repete o tempo todo! Quando o senhor esteve lá, o senhor foi, por sua capacidade psíquica, capaz de ver a cena! Quando há uma assombração de resíduo não há muito que se fazer! Talvez essa cena se repita ainda por séculos naquele local, mas é completamente inofensiva!”

Ela sorriu, pois estava segura de que não havia perigo envolvendo o que lhe fora relatado.

“Entendo o que diz, mas... Eu nunca fui de ver vultos ou qualquer coisa assim, sei de gente que vê... Mas eu nunca!”
“Isso é comum, senhor... Charles! Muitas pessoas passam a vida sem nunca terem permitido que suas mentes tivessem uma percepção como estas... nunca viram nada, mas um dia a capacidade psíquica aparece, porque todos a temos. O senhor vai ler algo nesse livro sobre assombração residual certamente”.
“Estou envergonhado, mas... longe de mim querer parecer muito cético, afinal, vim até aqui e... bem! Mas confesso que tenho dificuldade em acreditar que tais coisas realmente existam!”
“Não é porque você não acredita em algo, que esse algo deixará de existir!”
“Está certo! Obrigado, muito obrigado pela conversa senhorita...”.
“Cabot”
“Cabot! Vou ler o livro!”



Continua...

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