Charles voltou a olhar para frente e a tentar, inutilmente, se afastar do sujeito que se aproximava. Desistiu quando percebeu que o homem já estava bem atrás dele.
O Assassino do Opala estava parado de pé logo atrás do professor...
Último Capítulo
– “Boa noite, professor” – disse o sujeito de pé.
A voz lhe era familiar. Charles se virou e viu o rosto do assassino.
– “Sargento Bernardi?”.
Bernardi, fardado, segurando a pá em sua mão esquerda, olhava friamente para Charles Mendez.
– “Parece surpreso, professor!”.
Charles voltou o olhar para a pá suja de sangue. Concluiu que era o instrumento usado para decapitar.
Bernardi continuou:
“O professor ficou tão assustado com a minha brincadeira! Foi muito divertido assustá-lo! Lembra-se dos corpos decapitados, não lembra? As cabeças estão enfileiradas nas minhas prateleiras. Como lhe disse na delegacia: é preciso ter uma boa cabeça para ser um físico, não é, professor Mendez?” – Bernardi segurou a pá com ambas as mãos. “Sua cabeça vai ter um lugar especial na coleção!”.
– “Espere!” – Charles disse, fazendo com que Bernardi se detivesse.
– “Antes você precisa me contar! Preciso saber! Você não é o assassino original! Por que você quer tomar o lugar dele?” – por suas pesquisas com jornais antigos, Charles imaginava que teriam existido três diferentes assassinos do opala, usando o mesmo carro – Estava certo.
Bernardi riu – “O carro! O carro é o assassino! Nós só damos o que ele quer! Eu me lembro bem do dia em que o vi na garagem de carros apreendidos! Não era apenas um carro! Não! Ele me chamava, ele queria sair dali! Era como se falasse e eu não era capaz de resistir-lhe! O opala escolhe seu condutor. Deu trabalho, ah se deu, tirá-lo daquela garagem! Pois bem, passou muitos anos lá. E está faminto. É hora de dar sua boa cabeça para ele”.
Bernardi ergueu a pá, preparando o golpe fatal contra Charles.
“Solte essa pá, seu assassino imundo!” – gritou uma voz atrás de Bernardi.
Bernardi abaixou vagarosamente as mãos, soltou a pá no chão, e foi se virando lentamente.
“Meu Deus, é o professor Mendez! Se afaste dele, assassino! E ponha as mãos pra cima!” – ordenou aquela que impedira o golpe e apontava uma arma na direção da cabeça de Bernardi.
– “Srª Cabot!” – exclamou Bernardi. “Não deveria estar dormindo para abrir sua lojinha de livros cedo? O que a faz estar aqui, bruxa?”.
“A história que o professor Mendez me contou não me saía da cabeça. E resolvi ir até o local onde ele teve as visões para examinar as energias e resíduos astrais do local. Então vi o opala partir em perseguição ao Passat e segui a direção em que foram. Levante as mãos acima da sua cabeça, sargento!” – ordenou Cabot. Bernardi não obedeceu. Charles reparou no fusca velho estacionado. Reconheceu o veículo no qual dera a fechada, metros antes do ponto da estrada onde vira o opala as primeiras vezes.
“Calma, velha! Tem certeza de que esse trabuco enferrujado ainda atira? Lembrou-se de conferir se está carregada?” – disse Bernardi.
“Levante as mãos, sargento! Eu não vou hesitar em disparar!”
“Vá com calma, velha bruxa! Alguém pode se machucar assim! Já atirou em alguém? Sabe o que é coice de revolver? Não! Sei que não! A senhora não atiraria em alguém, não é, bruxa?”.
“Levanta logo as mãos, sargento!” – disse Cabot, com a arma nas mãos tremulas.
“Vamos, Srª Cabot, seja boazinha e me entregue esse trabuco enferrujado e eu lhe livro de prestar conta sobre porte de arma ilegal”.
Os faróis do opala desocupado piscaram duas vezes. Foi então que a Srª Cabot cometeu um terrível erro. Deixou sua atenção se voltar para o carro.
Aproveitando-se do momento de distração da velha, Bernardi sacou a arma que levava na cintura e disparou, acertando um tiro certeiro no peito esquerdo da velha, que caiu morta.
Mas enquanto se ocupara da velha, o Sargento Bernardi deixou de perceber o que Charles fazia. O professor se levantou apanhando a pá e enquanto Bernardi ainda saboreava ter vitimado a velha Srª Cabot, Charles, com a pá, desferiu, com toda a força que o medo, o ódio e a dor por Monica lhe concediam, um golpe contra a cabeça do sargento, que caiu, deixando escapar a arma da mão.
Bernardi caído atordoado, com a cabeça sangrando, esticava-se para recuperar o revolver que lhe escapara.
Charles golpeou com a pá, arrancando a mão de Bernardi.
O sargento urrou de dor, se virando, ficando de frente para o professor.
A última coisa que Bernardi viu foi Charles erguendo a pá.
– “Mande lembranças ao Diabo por mim, sargento”.
Charles matou Bernardi, decapitando-lhe com a pá.
O professor olhou para seu carro em chamas, onde o fogo consumia o corpo de Monica, e olhou para a pobre Srª Cabot caída. Então voltou o olhar para o Opala diplomata.
Caminhou lentamente até ele. Ao se aproximar tocou-lhe a lataria. Escorregou a mão esquerda pela lateral do carro. De frente para a porta do motorista, colocou a mão direita sobre o teto. Ficou assim por alguns instantes. Examinou o interior do carro, apanhou as chaves na ignição. Pela janela, jogou a pá no banco trasseiro. Voltou até onde estava o corpo de Bernardi. Abaixou-se e apanhou pelos cabelos a cabeça do sargento. Erguendo-a olhou-lhe a cara.
– “Boa cabeça!” – disse.
Mendez levou a cabeça e a guardou no porta-malas do opala.
Entrou no carro, ocupando o acento do motorista, corria as mãos pelo volante, sentia satisfação por estar de posse do Opala assassino.
Olhou aquele local pela última vez, antes de partir.
A cena não lhe era nova. Sonhou várias vezes com esses eventos, nas noites em que acordara gritando em sua cama.
Charles Mendez deu a partida no opala e com ele ganhou a estrada.
Acelerava a morte sobre rodas pelo asfalto dentro da noite sombria – assim como a cigana lera em sua mão.
Nossa! Que reviravolta :| não imaginava nunca que iria terminar assim.
ResponderExcluirGostei muito! E como diria um amigo meu: doideiras mil!!!
Show.
ResponderExcluirNem desconfiei do Sargento.
Eu achava que era coisa da Cabot, tadinha.
Mas algo me dizia que o opala ia escolher o professor.
Qual será a próxima estória?
ResponderExcluirO maníaco da igreja?
Ou da lotação?
rssss
Alineeeeeee...é a Jujuba (que era dona do blog Coisas da Jujuba). Tava um tempo "fora do ar" porque tirei o CDJ da web e resolvi começar um novo projeto: o blog #Jujubices.
ResponderExcluirQueria um nome diferente com a minha cara, pois já existem muitos blogs "coisas da...". Cansei! rs
Te espero lá pra seguir e comentar nos posts que quiser, pois tô recomeçando do zero mesmo!
bJUs da Jujuba ;*
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