sábado, 31 de agosto de 2013

O Assassino do Opala - cap 7


Charles voltou a olhar para frente e a tentar, inutilmente, se afastar do sujeito que se aproximava. Desistiu quando percebeu que o homem já estava bem atrás dele.
O Assassino do Opala estava parado de pé logo atrás do professor...


Último Capítulo

– “Boa noite, professor” – disse o sujeito de pé. 

A voz lhe era familiar. Charles se virou e viu o rosto do assassino.

– “Sargento Bernardi?”.

Bernardi, fardado, segurando a pá em sua mão esquerda, olhava friamente para Charles Mendez.

– “Parece surpreso, professor!”.  

Charles voltou o olhar para a pá suja de sangue. Concluiu que era o instrumento usado para decapitar. 

Bernardi continuou:

“O professor ficou tão assustado com a minha brincadeira! Foi muito divertido assustá-lo! Lembra-se dos corpos decapitados, não lembra? As cabeças estão enfileiradas nas minhas prateleiras. Como lhe disse na delegacia: é preciso ter uma boa cabeça para ser um físico, não é, professor Mendez?” – Bernardi segurou a pá com ambas as mãos. “Sua cabeça vai ter um lugar especial na coleção!”.  

– “Espere!” – Charles disse, fazendo com que Bernardi se detivesse. 
– “Antes você precisa me contar! Preciso saber! Você não é o assassino original! Por que você quer tomar o lugar dele?” – por suas pesquisas com jornais antigos, Charles imaginava que teriam existido três diferentes assassinos do opala, usando o mesmo carro – Estava certo.

Bernardi riu – “O carro! O carro é o assassino! Nós só damos o que ele quer! Eu me lembro bem do dia em que o vi na garagem de carros apreendidos! Não era apenas um carro! Não! Ele me chamava, ele queria sair dali! Era como se falasse e eu não era capaz de resistir-lhe! O opala escolhe seu condutor. Deu trabalho, ah se deu, tirá-lo daquela garagem! Pois bem, passou muitos anos lá. E está faminto. É hora de dar sua boa cabeça para ele”.

Bernardi ergueu a pá, preparando o golpe fatal contra Charles.

“Solte essa pá, seu assassino imundo!” – gritou uma voz atrás de Bernardi.

Bernardi abaixou vagarosamente as mãos, soltou a pá no chão, e foi se virando lentamente.

“Meu Deus, é o professor Mendez! Se afaste dele, assassino! E ponha as mãos pra cima!” – ordenou aquela que impedira o golpe e apontava uma arma na direção da cabeça de Bernardi.

– “Srª Cabot!” – exclamou Bernardi. “Não deveria estar dormindo para abrir sua lojinha de livros cedo? O que a faz estar aqui, bruxa?”.

“A história que o professor Mendez me contou não me saía da cabeça. E resolvi ir até o local onde ele teve as visões para examinar as energias e resíduos astrais do local. Então vi o opala partir em perseguição ao Passat e segui a direção em que foram. Levante as mãos acima da sua cabeça, sargento!” – ordenou Cabot. Bernardi não obedeceu. Charles reparou no fusca velho estacionado. Reconheceu o veículo no qual dera a fechada, metros antes do ponto da estrada onde vira o opala as primeiras vezes.

“Calma, velha! Tem certeza de que esse trabuco enferrujado ainda atira? Lembrou-se de conferir se está carregada?” – disse Bernardi.

“Levante as mãos, sargento! Eu não vou hesitar em disparar!”

“Vá com calma, velha bruxa! Alguém pode se machucar assim! Já atirou em alguém? Sabe o que é coice de revolver? Não! Sei que não! A senhora não atiraria em alguém, não é, bruxa?”.

“Levanta logo as mãos, sargento!” – disse Cabot, com a arma nas mãos tremulas.

“Vamos, Srª Cabot, seja boazinha e me entregue esse trabuco enferrujado e eu lhe livro de prestar conta sobre porte de arma ilegal”.

Os faróis do opala desocupado piscaram duas vezes. Foi então que a Srª Cabot cometeu um terrível erro. Deixou sua atenção se voltar para o carro.
Aproveitando-se do momento de distração da velha, Bernardi sacou a arma que levava na cintura e disparou, acertando um tiro certeiro no peito esquerdo da velha, que caiu morta.

Mas enquanto se ocupara da velha, o Sargento Bernardi deixou de perceber o que Charles fazia. O professor se levantou apanhando a pá e enquanto Bernardi ainda saboreava ter vitimado a velha Srª Cabot, Charles, com a pá, desferiu, com toda a força que o medo, o ódio e a dor por Monica lhe concediam, um golpe contra a cabeça do sargento, que caiu, deixando escapar a arma da mão.

Bernardi caído atordoado, com a cabeça sangrando, esticava-se para recuperar o revolver que lhe escapara.

Charles golpeou com a pá, arrancando a mão de Bernardi.
O sargento urrou de dor, se virando, ficando de frente para o professor.
A última coisa que Bernardi viu foi Charles erguendo a pá.

– “Mande lembranças ao Diabo por mim, sargento”.

Charles matou Bernardi, decapitando-lhe com a pá.

O professor olhou para seu carro em chamas, onde o fogo consumia o corpo de Monica, e olhou para a pobre Srª Cabot caída. Então voltou o olhar para o Opala diplomata.
Caminhou lentamente até ele. Ao se aproximar tocou-lhe a lataria. Escorregou a mão esquerda pela lateral do carro. De frente para a porta do motorista, colocou a mão direita sobre o teto. Ficou assim por alguns instantes. Examinou o interior do carro, apanhou as chaves na ignição. Pela janela, jogou a pá no banco trasseiro. Voltou até onde estava o corpo de Bernardi. Abaixou-se e apanhou pelos cabelos a cabeça do sargento. Erguendo-a olhou-lhe a cara.

– “Boa cabeça!” – disse.

Mendez levou a cabeça e a guardou no porta-malas do opala. 
Entrou no carro, ocupando o acento do motorista, corria as mãos pelo volante, sentia satisfação por estar de posse do Opala assassino. 

Olhou aquele local pela última vez, antes de partir.
 A cena não lhe era nova. Sonhou várias vezes com esses eventos, nas noites em que acordara gritando em sua cama.

Charles Mendez deu a partida no opala e com ele ganhou a estrada.
Acelerava a morte sobre rodas pelo asfalto dentro da noite sombria – assim como a cigana lera em sua mão.

4 comentários:

  1. Nossa! Que reviravolta :| não imaginava nunca que iria terminar assim.
    Gostei muito! E como diria um amigo meu: doideiras mil!!!

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  2. Show.
    Nem desconfiei do Sargento.
    Eu achava que era coisa da Cabot, tadinha.
    Mas algo me dizia que o opala ia escolher o professor.

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  3. Qual será a próxima estória?
    O maníaco da igreja?
    Ou da lotação?
    rssss

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  4. Alineeeeeee...é a Jujuba (que era dona do blog Coisas da Jujuba). Tava um tempo "fora do ar" porque tirei o CDJ da web e resolvi começar um novo projeto: o blog #Jujubices.

    Queria um nome diferente com a minha cara, pois já existem muitos blogs "coisas da...". Cansei! rs

    Te espero lá pra seguir e comentar nos posts que quiser, pois tô recomeçando do zero mesmo!

    bJUs da Jujuba ;*
    www.blogjujubices.blogspot.com
    www.facebook.com/JujubicesOficial
    Twitter/Instagram: @Jujubices

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