sábado, 17 de agosto de 2013

A Velha dos Gatos - cap 3



Terceiro e Último Capítulo

Os desaparecimentos do velho e da viúva já haviam sido percebidos e as pessoas do bairro especulavam o que poderia ter acontecido. Contudo, sem jamais desconfiar que a velha dos gatos tivesse algo a ver com os desaparecimentos.

A velha já não sentia remorso por ter matado. Sentia-se justa por eliminar inimigos. Estava disposta a eliminar qualquer inimigo que atacasse aos gatos.

Como podem odiar os amáveis gatos? Como podem ser capazes de fazer maldade com eles? Quem odeia um bichinho assim é ruim, não presta! E como a maioria das pessoas não gosta de gatos, a maioria das pessoas não presta. Quem faz maldade com gato não merece viver! Ninguém nesse bairro presta. Mas ninguém vai maltratar os meus gatos, eu não vou deixar! Ninguém

Dias mais tarde, a velha estava no quintal da frente de sua casa. Ouvira um barulho e acreditava que alguma bola teria caído lá e a procurava para furar.
Essas pestes não param de deixar essas bolas caírem aqui!

Então ela viu o carteiro chegando. Várias vezes a velha havia visto, de dentro de casa, aquele carteiro chutando algum de seus gatos que estivesse na calçada. E não foram só duas ou três vezes. 
Por que chutar o gato sem que o bicho tenha feito algo? Só por não gostar deles!

A velha estava tomada de ódio pelo sujeito, mas quando este foi colocar as contas em sua caixa de correio, ela o cumprimentou com falsa simpatia. O carteiro sorriu e respondeu de modo simpático.
É um fingido! Maldito fingido! Se ao invés de mim fosse um dos meus bichos que estivesse aqui ele chutaria o pobre!
A velha reparou no quanto suava a testa do carteiro – era a tarde de um dia muito quente. 
Ela fez um comentário sobre o calor, e o carteiro comentou sobre o árduo trabalho sob um sol daqueles! 
Ela consentiu com o que ele disse, e lhe ofereceu água gelada. Chamou-o para entrar na casa. Conduziu-o até a cozinha. À porta da cozinha, a velha, indicando a geladeira, o fez entrar na frente dela. Enquanto o sujeito se servia da água, ela apanhou uma faca muito afiada, que deixava pendurada na parede.
Ele virava o copo, quando ela, sem que ele a percebesse, se aproximou por trás e com precisão cirúrgica passou o lâmina na garganta dele. 

O copo de vidro se estilhaçou no chão, caindo da mão do homem que engasgava sangue, em seguida o carteiro caiu morto no chão da cozinha da velha.

Dessa vez ela nem teria o trabalho de levar o corpo, a carne fresca já estava lá.
Gatinhos! Gatinhos! Comida!

***

Mas aconteceu que um dia, depois de não vir se sentindo bem há algum tempo, sem dar muita importância ao seu estado. A velha amanheceu passando muito mal. Sua cabeça doía demais, sentia um enjoo muito forte. Demorou a tentar se levantar, e quando o fez, vomitou e sentiu muita tontura, parecendo que iria desmaiar. Apressou-se em voltar para a cama. Ficou lá ardendo em febre. Ela pensava em sair para ir ao médico, mas se sentia mal a ponto de não conseguir, sequer, chegar à porta da frente. Pensou em se arrastar até o telefone, mas se lembrou de que esse havia sido cancelado por atraso no pagamento das contas. 
Ficou quatro dias assim sobre a cama. Muitas vezes gemia ou chorava. Algumas pessoas que passaram em frente à casa ouviram os gemidos e choros, mas pensaram serem os gatos miando por causa de cio.

O gato preto, o primeiro que ela abrigou, apareceu na porta do quarto. E logo todos os demais gatos começaram a irem até lá. A velha se viu rodeada por seus mais de cem gatos. Ela, vendo todos ali, se enterneceu. Eles sentem que não estou bem! Eles vieram ficar comigo! Ficar com “a mamãe”! 

Ela os chamava e eles continuavam ao redor. O gato preto se aproximou vagarosamente, olhando para ela com seus enormes olhos amarelos.
Meu pretinho! – ela dizia esticando a mão para acariciar o animal.
Subitamente o gato preto abriu a boca de modo ameaçador e com suas garras afiadas arranhou violentamente a cara da velha. Sua ação foi seguida pelo ataque em conjunto dos mais de cem gatos! Desfalecida de todas as suas forças a velha foi incapaz de reagir e de suportar o ataque coletivo dos gatos, que não eram alimentados fazia quatro dias, gostavam de carne humana e estavam com muita fome.

Pela última vez, a velha dos gatos alimentou seus animais... 
com a própria carne!

3 comentários:

  1. :| Que horror, virar comida dos próprios gatos!
    Aii ainda bem q isso não existe, né? D: imagina morar perto de gatos famintos e loucos por carne humana.
    Fica aí a moral: não dê carne humana p/ seus felinos xD

    Adorei a história o/ cada uma melhor que a outra.

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  2. kkk
    Eu tinha dito no facebook que ia acontecer isto.
    Não sei se estraguei o fim ou se dei ideia.

    Agora que a bruxa se foi posso falar.
    Não gosto de gatos. Não os maltrato, mas não gosto.
    Ufa.. não estava mais aguentando este segredo, mas não poderia falar para não virar comida kkkk.

    Beijo

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  3. Pois é, quem esperava por um final desse? fiquei com dó da velha pelo fato dos gatinhos meio que mostrar 'ingratidão', mas, eles estavam com muita fome e estavam acostumados com a carne humana, então, pagou por tudo que fez aos humanos, não que os outros estavam certos em maltratar os bixanos, que isso, gatos são SÓ amores!!! <3
    muito boa a historia!! entrou na mente da velha!
    483 kusses..~^~

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