terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Assassino do Opala - cap 5



Capítulo 5

Charles Mendez se tornou obcecado pelo opala! A explicação que o que vira poderia ser uma “assombração de resíduo” lhe parecia plausível. Ele poderia ter escolhido acreditar nisso, tomando-o como verdade, e seguir a vida, deixando o episódio para trás. Mas não era capaz! O professor não conseguia deixar de pensar sobre o opala. Ele queria saber toda a verdade sobre o “Assassino do Opala” – era isso em que ele quis acreditar. A verdade por trás de tudo era: Charles Mendez desejava estar frente a frente com o opala novamente.

Quando Monica, sua esposa, encontrou o livro sobre fantasmas, escrito por alguém que se proclamava ‘bruxa’ e com selo de uma loja esotérica, aumentou sua crença de que o marido estava mentalmente perturbado com as visões que afirmava ter tido do opala repleto de corpos decapitados. Essa também deveria ser a explicação para os pesadelos de Charles.

O professor passou a acordar aos gritos e assustado todas as noites. “Um sonho horrível, Monica, um pesadelo” – era o que respondia antes que a esposa, que acordava com os gritos, fizesse a pergunta pertinente. Monica se limitava a um “Era só um pesadelo, querido, fique calmo, está tudo bem, vamos voltar a dormir” – e ela se virava para voltar ao sono, sem disposição para ouvir novamente o marido falar algo sobre o opala.

Charles começou a sair sem explicar o que iria fazer e a demorar fora – O professor começou a frequentar a biblioteca municipal, onde pesquisava jornais antigos da cidade. Encontrou algumas poucas notas sobre o Assassino do Opala em jornais de maior renome. Nos jornais populares, dados a matérias sensacionalistas, no entanto, encontrou um vasto material: fotos de vítimas do assassino, relatos de pessoas que afirmavam que o teriam visto, retratos falados... Entre os casos havia todo tipo de assassinato e brutalidade: mortes por asfixia, uso de arma branca e de fogo, estrangulamento, atropelamento... Decapitação, estupro, esquartejamento... As vítimas eram de todas as faixas etárias, classes sociais e ambos os sexos... E as descrições do assassino eram diversas. – Tal como havia relatado o Sargento Bernardi, quando o professor esteve na delegacia. – A única coisa que unia todos aqueles crimes era: um opala diplomata preto. Mendez começou a criar sua tese pessoal sobre o assassino do opala.

Monica começou a cobrar de Charles a verdade sobre aonde ia e por que demorava tanto. Não que a esposa estivesse desconfiada de traição por parte do marido. Ela acreditava que fosse o que fosse, estava relacionado ao “Assassino do Opala”.

Em uma discussão o professor admitiu que vinha pesquisando sobre o caso do Assassino do Opala na biblioteca. “Charles, você tirou uma licença para procurar se acalmar sobre esse assunto e não para se afundar nele!” – disse Monica. E se seguiu uma discussão que terminou com a esposa expressando um sentimento inconfesso: “Charles, já se deu conta de que você tem se dedicado mais a esse Assassino do Opala do que a mim? Que não passamos mais tempo juntos? Eu tenho me sentido só!”. Mendez se lembrou da harmonia em que o casal sempre estivera antes do episódio em que ele vira o tal opala. “Desculpe-me, Monica” – disse o professor reconhecendo que sua esposa estava certa. Eles estavam se afastando desde as visões que ele teve do opala na estrada. Charles a abraçou prometendo que ela não voltaria a se sentir só e propôs que fossem jantar fora aquela noite.

O casal foi a um modesto, mas bom restaurante – de acordo com os recursos do professor. 
Charles foi romântico e procurou fazer com que as coisas entre ele e a esposa voltassem à harmonia. A noite se prolongou além do restaurante – Charles a levou a um motel, como nos tempos antes do casamento, onde estiveram juntos com entusiasmo semelhante ao de seus primeiros encontros íntimos.
Infelizmente era a última noite que passariam juntos.

Quando voltavam para casa Charles não quis fazer um caminho mais longo para evitar a estrada onde vira a cena do opala com os corpos. 
Quando Monica percebeu que eles passariam pela estrada onde tudo começou questionou o marido.

“Charles, você acha que tem condições de passar por aquela estrada?”
“Monica, não quero ser prisioneiro disso! Preciso enfrentar essa estrada!”
“Dê meia-volta, Charles! Você ainda não tem condição de passar por esse caminho!” – 
Monica percebia a aflição tomando conta do marido.
Ao fazerem a curva e ingressarem na estrada em que Charles vira o opala, o professor não percebeu outro veículo, dando-lhe uma fechada. Quase houve uma colisão.

“Meus Deus, Charles! Você não viu o fusca? Você quase bateu nele!” – gritou a esposa.
Charles não respondeu. O ponto onde vira o opala estava só alguns metros à frente. 
O professor sentiu a garganta secar, e o suor escorrer por sua testa. Estava pálido e tremendo. Monica parou de falar e assistia ao estado emocional do marido.
O ponto da estrada se aproximava, o coração de Charles parecia que lhe saltaria a qualquer momento pela boca. Sentiu dificuldade de respirar, suas mãos suadas escorregavam no volante. 

Passaram pelo exato ponto onde o professor vira o opala, sem que ele visse a cena se repetir ou qualquer coisa fora do normal acontecesse. Charles começou a se acalmar e a procurar voltar a respiração ao ritmo normal. 

Depois de terem se distanciado cerca de trezentos metros do local, Charles disse:
“Tudo bem, Monica! Está vendo? Está tudo bem!”
“Agora vamos para casa, querido! E prometa que vai esquecer toda essa história de opala, tá bem?”.

Pneus de carro cantaram alto atrás deles.

Charles ao ouvir o som dos pneus cantando se aterrorizou e virou rápido o pescoço todo para trás. 
E o viu! Saindo da mesma rua em que o professor o vira descer naquelas três noites seguidas, o opala diplomata preto fazia a curva em alta velocidade, vindo atrás deles! A visão do opala negro com os faróis acesos em meio à fumaça que provocou ao fazer a curva era como a visão do próprio demônio vindo em seu encalço exalando fumaça pelas narinas.


Continua...

2 comentários:

  1. Tô com mt pena do Charles e sua esposa.
    Ele vê tudo isso horrível q vê, mas ela acha q o marido está ficando maluco. Ambos sofrendo. Espero q logo alguém além do Charles, possa ver opala!! Torcendo p/ ele não ser realmente maluco. :S

    Beijos

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  2. Eu me lembrei de ti ontem.
    Tinha um opala estacionando aqui na frente, mas era verde. De qualquer jeito, passei longe kkk;

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