sexta-feira, 14 de junho de 2013

Noite Maldita - cap 5



Nos posts anteriores: Um grupo de amigos decide passar um agradável final de semana numa região de praias, sem imaginar o terror que viveriam. Acabam tendo que passar a noite numa fazenda. Uma série de fatos estranhos acontece. Até que Pedro, um dos amigos, retorna à cabana onde tentavam passar a noite com a notícia da morte de dois amigos, que teriam sido assassinados sob a estranha circunstância de serem jogados do alto de uma pedra de cerca de quarenta metros de altura. Max, que havia permanecido na cabana junto com as duas garotas do grupo, acusa Pedro de ser o assassino e estar criando situações para ficar sozinho com cada um do grupo por vez, e o ataca com um punhal. Eles travam uma luta que resulta na morte de Max. As duas meninas, Shayla e Cynthia deixam a cabana, junto com Pedro, que saiu ferido em sua perna esquerda, do confronto com Max. Cynthia temendo que Pedro seja o assassino entra desesperada na frente de um carro na estrada gesticulando para o veículo parar. No entanto ele acelera, atropelando e matando Cynthia. Pedro e Shayla seguem procurando por alguma casa onde pudessem pedir por ajuda. Ao encontrarem um poço. Pedro decide apanhar água para seu ferimento, mas antes confessa seu interesse por Shayla, pedindo-a em namoro. Ela aceita. Mas quando ele vai buscar a água é jogando dentro do poço pelo verdadeiro assassino. Shayla vê Pedro morto com o pescoço quebrado. Sabe que o assassino está perto. Ela foge desesperada pelo mato...


último capítulo

Depois de fugir por bastante tempo Shayla chegou à outra cabana de madeira. Que tinha varanda e várias mesas do lado de fora, parecendo ser uma venda, um bar ou ambas as coisas. Ela bateu desesperada à porta. Que não demorou a se abrir.
Um velho a atendeu, e a fez entrar, a acalmou e disse para que se sentasse.

“Você teve sorte de eu estar acordado” – disse o velho, que de fato havia acabado de chegar. “Tenho o sono pesado e talvez não a escutasse lá de trás, do quarto”.

O velho serviu à Shayla uma xícara do café que acabara de preparar, perguntando: “Você não é daqui, não é? O que faz aqui nesse lugar deserto e há essa hora? E o que houve?”.

Shayla lhe contou tudo o que acontecera com ela e com os amigos. O velho saiu-lhe do campo de visão, como se fosse apanhar uma xícara de café para si. Shayla que estava agora mais calma levou a xícara à boca, para terminar o café já frio, que ia bebendo enquanto contava sua longa história.
No instante em que colocava a xícara na boca ela viu por uma porta entreaberta, que dava para a garagem, o carro. Reconheceu ser mesmo modelo que atropelou Cynthia. Sentiu o corpo gelar e aquela incomoda sensação de haver alguém atrás de si. Ela voltou o olhar para trás. O velho lhe apontava uma espingarda.

“Sinto muito, minha filha! Você precisa morrer! Acredite, eu não gosto de fazer isso! Mas eles escolheram você e seus amigos para o sacrifício! E eu não vou te deixar escapar! Não quero que aconteça de novo a alguém da minha família! Há treze anos perdi um filho num estranho incêndio! Entre você e eu ou alguém da minha família, é a sua alma que os malditos escravos vão levar!”

“Do que o senhor está falando? Não atira! Não! Por favor!”

“Os malditos espíritos dos escravos! Aquela pedra de onde seus amigos foram jogados é a “Pedra dos Escravos”, no tempo deles, os escravos rebeldes depois de serem surrados e passarem o dia todo presos lá no alto dela, tendo os miolos cozidos pelo sol, eram jogados lá de cima para a morte! Mas seus espíritos ainda estão na fazenda e eles querem almas mortas numa chacina para manter a nós da região em paz! Vocês não perderam aquele trem por acaso! Quando vi uma forasteira desesperada na estrada logo entendi que era alguém escolhida pelos espíritos para morrer na fazenda amaldiçoada e por isso eu a atropelei! Agora, lamento, é a sua vez!” – dizendo isso o velho ergueu a espingarda à altura de poder mirar e posicionou o dedo para disparar contra Shayla.

Shayla paralisada pelo medo esperava o disparo que lhe tiraria a vida. Ela fechou os olhos e ouviu um disparo. Mas não foi da arma do velho! Ao abrir os olhos ele viu o homem que intentava mata-la caído no chão, abatido com um tiro certeiro no coração. Ela, então, olhou para trás, de onde poderia ter vindo o disparou que lhe salvou e vê o xerife à porta, empulhando a arma com a qual matou o velho.

“Não tive escolha, ele iria atirar” – disse o xerife.

Shayla mal podia acreditar na visão do homem fardado. Uniforme impecável, das perneiras lustrosas ao chapéu de aba larga, que tinha a estrela que o identificava como xerife no peito. Ela desaba em choro, sendo acolhida por ele.

“Conte-me o que aconteceu” – disse o oficial.

Ela contou tudo o que acontecera. Ele saiu com ela da venda. Lá fora estavam mais dois policiais e dois carros da polícia estacionados, um do xerife, e no outro havia um homem branco, cabelo com corte militar e olhar de louco, algemado no banco de trás.

“Sua sorte, moça, foi nós termos vindo à fazenda! Procurávamos por aquele homem preso ali na viatura! Ele é um desertor, fugiu esses dias de um quartel nas proximidades e estava se escondendo nesses matos. Parece ter enlouquecido. Foi ele quem matou seus amigos. Confessou-nos ter jogado dois rapazes do alto daquela pedra e mais um, que empurrou dentro de um poço” – ouvindo o xerife contar isso, mais uma vez ela chorou por seus amigos e a morte de Pedro.
  
O xerife abriu a porta de trás de seu carro para Shayla e o outro veículo da polícia partiu levando o desertor assassino.

Enquanto Shayla e o xerife seguiam pela estrada ele disse:

“Lamento ter precisado atirar no velho Renfield! Acredite, ele não era má pessoa. Acontece que as pessoas daqui costumam acreditar em superstições”.

– “Ele me falou algo sobre espíritos de escravos assassinados” – ela comentou.

“As pessoas daqui acreditam que espíritos dos antigos escravos da fazenda, voltam a cada treze anos e reclamam um número de almas para apaziguar sua maldição. Chamam a essa noite de “Noite Maldita”! Coincidentemente hoje.” – o xerife deu um sorriso de canto de boca e continuou – “São tão supersticiosos que se souberem do desertor que prendemos, o que perseguiu a vocês, acreditariam que ele estaria, na verdade, possuído por tais espíritos, para ser um instrumento da chacina que exigem em troca de não espalharem mortes por treze anos”.

Shayla admirou-se da lenda da Noite Maldita, quando o xerife parou o carro e virando-se para trás, com a arma, em punho disse: “Infelizmente para você, essas mesmas pessoas supersticiosas acreditam que os escravos pedem sete almas”.

Shayla fechou os olhos, sentiu o frio cano do revolver colt em sua testa.
O disparo da arma do xerife ecoou no silêncio da noite.



Fim



E você? Para onde irá viajar no próximo verão?
...beijinhos***



8 comentários:

  1. Adorei sua história e esse final ficou surpreendente e muito assustador.

    bjs

    rodrigobandasoficial.blogspot.com

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    1. Muito obrigada, Rodrigo!
      Muito feliz e lisonjeada por seu comentário!

      ...beijinhos***

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  2. Como tu és mau Aline - rsss.
    Show de final.
    Bem estilo daqueles filmes de terror que não sobra mocinho algum.

    Bjs

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    1. Obrigada, Claudio!
      Muito feliz por você considerar "Show de final"!
      Enquanto eu criava o conto eu pensava em deixar sobrar a personagem Shayla, mas não resisti quando imaginei dessa forma que ficou! xD

      ...beijinhos***

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  3. Eu sei o que vocês fizeram no verão passado...
    a história parece ser muito boa, mas me detenho em ler os posts anteriores para compreender efetivamente esse final.

    http://mmelofazminhacabeca.blogspot.com.br/

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  4. Ai credo que terror ela escapou do velho + não escapou do xerife
    credo fim trágico http://www.jeitosimplesdeser.com.br/
    https://www.facebook.com/jeitosimplesdeser/app_154246121296652
    Bjim e boa tarde!

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    1. Né, Núbia? Muito terror!
      Como comentei acima respondendo ao Claudio, enquanto eu criava o conto eu pensava em deixar a personagem Shayla escapar. Mas, apesar de 'final em que não escapa ninguém' não ser o mais popular, eu achei que seria muito interessante ter as autoridades locais crendo na maldição e estando presente para se certificar que a exigência dos espíritos se cumprisse, visando assim garantir treze anos livres de uma série de mortes provocadas por eles.

      ...beijinhos***

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