terça-feira, 21 de maio de 2013

Histórias de Terror Assustador que dão Medo!



“Eu vi, vi um lobisomem!”

Essa afirmação receberia certamente muito pouco crédito, não fosse de um senhor muito respeitado por sua seriedade, o tom sério, a ausência de sinais que denotam uma mentira, e, especialmente pelo estado em que se encontrava quando a disse pela primeira vez.

Na cidade de Jacareí, no interior do estado de São Paulo, onde hoje há um loteamento, décadas atrás era uma campina sem nada, um tipo de local ao qual se costumava chamar de “esmaga-sapo”. Nessa campina existia um matadouro no alto de um morro.

O senhor de quem estou falando, cuja história me foi relatada, foi um funcionário desse matadouro. Ele se locomovia para o trabalho usando um cavalo, que deixava amarrado lá embaixo na campina.

O expediente acabava tarde da noite e os funcionários se reuniam em torno de um tanque, destinado a lavar os utensílios de trabalho, especialmente facas. Costumavam se apegar às conversas, de modo que não havia tanta pressa ao final do expediente.

Numa noite de sexta para sábado e de lua cheia, depois de terminado o trabalho, como fazia todas as noites, aquele funcionário foi buscar o seu cavalo na campina.

Mas algo lhe surpreenderia nessa noite, tornando-a uma assustadora lembrança.

Quando tinha acabado de desamarrar seu cavalo, segundo ele conta, ele avistou uma criatura se aproximar. A princípio um vulto, que lembrava um cachorro, porém muito maior e veio andando apenas sobre duas patas, suas orelhas, conta o senhor, eram enormes e as pontas se tocavam acima da cabeça. Ele fugiu apavorado em direção ao tanque, sendo perseguido pela criatura. Ele corria a toda velocidade que conseguia com a criatura, mais veloz, se aproximando. No meio da subida do morro para o tanque, quando a criatura o estava quase alcançando, ela subitamente parou e fugiu de volta para a campina.

O homem exausto, esbaforido, olhos arregalados, “tremendo feito vara verde” demorou a conseguir pronunciar “Eu fui perseguido por um lobisomem”. Seus colegas de trabalho não viram a perseguição devido à escuridão local, que apesar da lua cheia, sem nenhuma outra iluminação, se não uma lâmpada próxima ao tanque, não era possível à vista naquela distância. Os colegas argumentaram que poderia ter sido um lobo, um cachorro ou algum outro animal. Mas não duvidam que ele acreditasse piamente ter sido a lendária criatura do lobisomem que o perseguira. E ele assegura até hoje que o que ele viu, e que o perseguiu não era nenhum animal conhecido.

Terá sido por ser um lobisomem que a criatura deteve a perseguição para fugir por ter visto o brilho prata das facas no tanque do matadouro, uma vez que, reza-se que lobisomens tenham medo de objetos prateados? E teria sido isso o que salvou a sua vida?



...beijinhos***

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Histórias de Terror Assustador que dão Medo!


Eu não criei essa história. Ela é, com pequenas diferenças, contada como uma lenda urbana.

 

Medo de Cemitério  

Na subida para o cemitério, bem próximo à sua entrada, situava-se um bar, onde, numa fria e escura noite de inverno, aquele sujeito foi parar procurando por um lugar onde pudesse tomar uns tragos. Subiu os poucos degraus irregulares de cimento entrando no local, onde além do dono estavam uns quatro frequentadores do botequim que estava longe de ser refinado. O exterior do boteco era grotesco e pintado à cal branco e no interior haviam prateleiras com garrafas empoeiradas que cobriam a parede verde, necessitando pintura, uma placa avisando “Fiado só para quem já morreu” e entre as prateleiras havia uma cruz de madeira com a parte inferior afiada como uma estaca e pintada de branco, como aquelas que os cemitérios usam para as covas de indigentes.

O sujeito começou com algumas doses de cachaça, que bebeu encostado no balcão rudimentar do estabelecimento, depois se acomodou num canto do lugar, onde da mesa em que estava, e já um pouco alto por mais doses, começou a ter a sua curiosidade cada vez mais aguçada pela cruz de madeira mal pendurada. Até que se levantou voltando ao balcão e perguntou ao dono do lugar do que se tratava.

“É um desafio que fazemos aos frequentadores daqui. Quem tiver coragem para entrar no cemitério e cravar ela lá na seção de indigente, bem no final do cemitério, bebe por conta da casa na noite seguinte” – respondeu secamente o dono do bar, um sujeito gorducho e de cabelos cinza, enquanto lavava alguns copos.

A proposta de beber por conta da casa pareceu-lhe ótima, já atravessar o extenso cemitério, que tomava toda uma colina era algo que não toparia, se estivesse sóbrio, pois, tratava-se de um sujeito medroso. Mas à essa altura as doses já lhe davam a coragem que vem com a embriaguez.

“Eu poderia fazer isso” – disse ao dono do bar, que apanhou a cruz e lhe entregou dizendo: “Então pode levar, não esquece que tem que ser na seção dos indigentes, amanhã de manhã vou ao cemitério e confiro se você cravou lá mesmo, aí você recebe o prêmio pelo desafio.”

O sujeito partiu para invadir o cemitério, deixando atrás de si a curiosidade dos frequentadores do botequim, fazendo com que o tema das conversas se tornasse especulações se ele teria mesmo coragem ou se voltaria logo com medo.

O bar ficava para trás, enquanto se aproximava do enorme portão velho de ferro do cemitério. Ele já começava a sentir medo e a se arrepender de ter aceitado o desafio, mas não voltaria para trás, seria passar uma vergonha muito grande.
Não teve dificuldades para transpor a entrada, já que o portão velho, precisando de reparos, estava meio caído e deixava uma brecha suficientemente grande para que se passasse sem dificuldade.
Desde que passara pelo portão seu medo aumentava a cada segundo, estava invadindo a morada eterna dos mortos. Sentia medo de ser pego por algum vigia, mas essa preocupação passou tão logo avançou apressadamente por uma rua interna, que subia o cemitério por sua ala direita. O silêncio da madrugada no cemitério tornava audível o menor ruído. O assobio do vento, os sons feitos por roedores e outros pequenos animais, uma coruja longe, o chocalhar de algumas árvores, tudo se tornava uma macabra sinfonia de terror para ele, que sentia o corpo gelar de medo – Já tinha chegado longe demais para voltar amedrontado! À medida do tempo sua vista se acostumou com o breu e já lhe era possível enxergar algo dentro da escuridão. As histórias sobre assombrações que ouvira durante a vida lhe vinham à mente sem que ele as conseguisse deter. As sepulturas com seus restos de flores, as estátuas, o modo como os galhos pelados das árvores pareciam formar um túnel pelas ruas internas... Tudo lhe provocava cada vez mais medo. Por várias vezes pensou ter visto vultos andando entre as covas.

Com o coração acelerado, suando frio, tremendo de medo, a mente agitada, próximo de perder o controle, ele finalmente chegou à seção dos indigentes no final do cemitério. Estava completamente arrependido de ter topado aquilo, desejava mais que tudo sair dali o mais depressa possível.
Sem conseguir parar de tremer e certo de que os mortos o puniriam por aquilo, ele se ajoelhou no chão para se posicionar, ergueu bem alto a cruz e a cravou com bastante força na terra.
Pronto, ele o havia feito, agora era só sair dali o mais rápido possível!
Mas quando se moveu para se levantar sentiu algo lhe segurando pela roupa, fazendo com que sentisse um pavor maior do que em qualquer outro momento de sua vida até ali! Não teve coragem de olhar para trás, imaginando quem ou o que lhe teria agarrado, tentou mais uma vez e novamente sentiu-se segurado pela roupa. Ajoelhou-se e começou a rezar pais-nossos e ave-marias, errando e pulando frases das orações até que se transformassem apenas em gemidos de medo.

Enquanto isso no bar os frequentadores comentavam:

“Já tem bastante tempo que ele entrou, já deve tá na seção de indigentes”.
“O estranho não tem medo de cemitério!”


Mas depois de transcorrer mais tempo do que lhes parecia necessário para executar a tarefa os comentários mudaram:

“Será que fugiu de medo?”
“Mas teria que ter descido a rua aqui, o cemitério não tem outra saída”.
“Vai ver tá parado com medo no portão ainda!”

Passado ainda mais tempo uma mulher, que estava entre os frequentadores, perguntou preocupada ao dono do bar:

“Será que não aconteceu algo de mal com ele?”
O dono respondeu:

“Bobagem! O que poderia acontecer? Ele tá lá com um monte de defunto. É dos vivos que a gente tem que ter medo!”.

Na manhã seguinte, sem que o sujeito retornasse antes de todos terem ido embora após o bar fechar, o dono do botequim e a mulher foram ao cemitério e subiram à seção dos indigentes para procurar algum sinal do sujeito ou da cruz.
Encontraram-no morto, encolhido em posição fetal, com a ponta do sobretudo que vestia atravessada e pressa pela cruz de madeira! Apavorado não reparou que quando cravou a cruz no chão, prendeu a própria roupa.
Ele, literalmente, morreu de medo.



...beijinhos***

segunda-feira, 6 de maio de 2013

"Alice & Ray" - Final Hollywoodiano!


Bianca começou a narrar “o final hollywoodiano” que imaginou para um filme “Alice & Ray”

“Posso chamar a senhora e o vovô só pelos nomes para narrar o final fictício e hollywoodiano, né?”

Vovó consentiu interessada em saber o final cinematográfico que Bianca estava pensando.

  
“É assim! Ray ficou com muita raiva do Jones por ter inventado aquele boato contra a reputação da sua amada Alice, a vovó, claro! Então ele foi atrás do malvado do Jones e o encontrou no estacionamento da lanchonete... Era de noite, tá, gente?... Aí o Jones estava lá todo convencido contando vantagens e se gabando pra duas garotas bobocas... Aí Ray o agarrou fazendo cair o cigarro que ele ficava fumando de lado...”.

“Estilo James Dean!”
– observei.


“Isso! Não sei quem é, mas é isso mesmo! Aí... O vovô, quer dizer, Ray deu um soco na cara dele, que caiu na lama!”

“Nuss Bia! Violência na história! E que lama? O estacionamento não era asfaltado?”
– eu disse.

“Só um soco! O público gosta quando o bandido apanha! Era asfaltado, mas ele tava perto de um canteirinho que tinha, ou no finzinho do estacionamento, pow! E aí o Jones ficou com muito ódio, muito mesmo e jurou que se vingaria! E esperou um momento oportuno! Até que um dia Ray recebeu uma notícia muito muito muito triste e ficou tão triste que saiu para beber e acabou se embriagando!”

“Peraí, Bia, qual foi a notícia tão triste?” – perguntei.

“Sei lá, eu tenho que inventar tudo? Bom, aí... O Jones, que também era um falso se fez de arrependido e fingiu que queria ajudar o Ray a voltar para casa! Mas aproveitou a situação para contratar uma prostituta para fingir estar com o Ray. Aí ele se fez de arrependido pra Alice também, e telefonou pra vovó, quero dizer, pra Alice e disse que Ray havia sido acometido por um mal súbito e estava muito doente! Aí Alice fugiu de casa no meio da noite desesperada pelo estado do Ray! Mas chegando lá ela o viu na cama com a garota e achou que Ray a estava traindo! Então ela saiu chorando pela rua de madrugada e chovia!”

“Coitada de mim, Bianca!”
– comentou a vovó.

“Não esquenta, Vó, é só o final hollywoodiano! Vai dar tudo certo! É assim nos filmes! Aí ela contou pra família dela que ficou furiosa com o Ray e ninguém queria vê-lo mais, nem pintado! Quando Ray acordou não sabia de nada. E Alice não falava com ele de jeito nenhum! Ray tentou muitas muitas muitas muitas muitas vezes falar com Alice... Mas ela não queria saber! Er... Ah, Vó, a senhora sofreu mais um pouquinho! Aí... Quando ele finalmente consegue conversar com ela, eles percebem que foram vítimas de uma trama cruel do malvado do Jones! Então Alice e Ray vão procurar Jones para ajustarem as contas... quando o encontram ele está numa racha de carros, já dentro de um carro e tinha uma garota levantando paninho pra dar a largada, sabe?”



Eu estava pasma já com o final hollywoodiano.

“Aí ficam esperando a corrida terminar para falarem com ele, mas ele sofre um acidente fatal nessa corrida e morre com o carro explodindo! Então Alice e Ray o esquecem para sempre e são felizes pra sempre! 

E atualmente eles teem netas lindas... Uma delas com dissésseis anos já!”


Minuto de silencio...

“Acho que Hollywood não sabe a roteirista de finais hollywoodianos que está perdendo!” – Vovó comentou se divertindo muito!

“Com certeza!” – concordei e comentei: “E eu já sei o que vou te dar de presente, um DVD do filme Grease! Acho que você vai adorar!”.

FIM – Hollywoodiano, claro!


...beijinhos***

sábado, 4 de maio de 2013

Alice & Ray - Último capítulo


“Os parentes do Ray souberam do boato e certamente contariam para ele. Mas algo inesperado aconteceu!”

“O que?” – Bianca estava mais empolgada do que com a história de qualquer filme.

“O Jones com sua mania de se gabar de tudo foi se gabar com a tal Mary do seu boato e de como isso iria acabar com o romance entre o Ray e eu. Foi, então, que disse sobre a carta falsa que fora mal sucedida, mas que agora ele conseguiria nos afastar. Então a Mary achando tudo aquilo muito absurdo me contou tudo e também contou para os parentes do Ray, que foram em cima dele. E no final das contas o Jones teve que desmentir o que disse para todo mundo e acabou desmoralizado e sendo motivo de chacota!”.

“Ah! Bem-feito!” – Bianca comemorou e disse, imaginando as chacotas da galera com Jones: “E aí, Jones? Quem mais você beijou essa semana?” =D

“E como foi quando o vovô Ray chegou?” – perguntei.

“Eu estava muito nervosa, e ansiosa! Eu coloquei a roupa mais bonita que eu achava das minhas...”.

“New look Dior!” – lembrou Bianca.

“... E fui à estação espera-lo. Eu fiquei tão aflita! Cada vez que eu imaginava o trem chegando meu coração parecia que iria sair pela boca! Eu sentia o tempo todo como se meu estomago estivesse cheio de mariposas! Então Ray chegou! Uma amiga minha, Heather, foi comigo. E ela enxergou o Ray no meio dos passageiros que desciam antes mesmo de mim. Então Ray veio e nos abraçamos por um longo tempo...”

“*-* Que fofo, Vó!” – comentei e perguntei: “E deu tudo certo com sua família?”

“O Ray foi lá, à princípio não os conquistou por completo...”

“O pessoal era jogo duro!” – comentou a Bianca.

“...Mas consentiram que nos víssemos, e aos poucos Ray os conquistou também! Depois Ray conseguiu trabalho em Salisbury, e passou uns tempos morando com os parentes, e se estabeleceu por lá... E tudo seguiu bem!”
“Ray e eu nos casamos... Tive dois meninos, os pais de vocês... E, vocês sabem! Nos mudamos para cá, seus pais cresceram, casaram, vocês vieram... Ray sempre quis uma menina, que eu não tive, mas temos essas duas netas lindas!”

“Felizes para sempre o/”
– Bianca disse a celebre frase dos finais felizes!

FIM

“Você tem razão, Vó! Se for amor verdadeiro vence a distância e também canalhas como o Jones!” – Bianca disse lembrando o início da conversa (Alice & Ray – Prólogo).

“Que lindo, Vó! Poderia ser roteiro de um filme romântico!” – eu disse.

“Poderia ser um filme sim! Mas não sem o final hollywoodiano que estou pensando!” – Bianca disse empolgadíssima!

“Que final hollywoodiano? =|” – eu quis saber!



Segunda-feira eu conto o “Final Hollywoodiano” imaginado pela Bianca.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Alice & Ray - penúltimo capítulo


“Eu vivia sonhando com o dia em que Ray apareceria e me levaria com ele, para longe de todo aquele sofrimento por não tê-lo comigo todos dos dias como eu queria e seriamos muito felizes”.
“Eu só pensava no Ray e adorava falar dele! No início eu contava toda feliz para as meninas. Mas  depois daquilo da Mary contar para o Jones tudo o que eu havia comentado com as meninas no colégio eu resolvi fazer segredo sobre a carta. A não ser para minha mãe, mas ela deu pouca importância, insistindo de que era tudo besteira”.


E o que aconteceu a seguir? – Bianca perguntou.

“Eu recebi uma carta, que supostamente, seria uma carta de Ray terminando comigo e falando sobre estar com alguém em Londres. Mas eu soube logo que se tratava de uma farsa. Não era a caligrafia do Ray!”

“Quem fez isso, Vó?” – Bianca perguntou.

“Depois vim a saber que foi o Jones, tentando que eu acreditasse que tudo que ele falava do Ray fosse verdade”.

“Como soube?” – perguntei.

“Eu chego lá! O importante é que logo vi que se tratava de uma farsa!”
“Então chegou outra carta do Ray, essa verdadeira! Onde ele dizia em que dia iria à Salisbury. Eu fiquei radiante! Fiquei tão feliz! E ele dizia que iria conversar com minha família e falar das suas intenções! Eu estava, como se diz, nas nuvens!”


“Que fofo, vó!”
– Bianca comentou contente! “Então os dias seguintes foram só felicidade e expectativa pela chegada do vovô Ray!”

“Não. Por que Jones percebendo que eu não me abalei com a ridícula carta falsa fez uma coisa horrível!”

“O que aquele palhaço fez?” – Bianca com raiva do tal, perguntou.

“Ele começou a espalhar para todos que havia me beijado”.

“Não acredito! Que ridículo esse Jones!” – Bianca disse e continuou: “Os meninos são assim! Quer dizer... Já eram assim naquela época! Eles tentam não conseguem nada e inventam mentira! Leva um toco e diz que beijou! Se der um beijo diz que deu um amasso...”.

“E o que aconteceu depois, Vó?” – perguntei.   
“Eu fiquei muito triste e chorei muito pelo boato! O que iriam pensar de mim? Que eu saía beijando todo mundo! Que beijei um sujeito como o Jones! E se o Ray certamente saberia do boato pelos parentes e poderia achar que era verdade, e que eu não prestava e que traí seu amor!”

“Que horror tudo isso!” – comentei.
“É! O Jones era um canalha!” – disse a Bianca revoltada.
“Mas o vovô Ray soube desse boato? O que aconteceu?” –  perguntei.

Continua...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Alice & Ray - capítulo VII


“Jones morava na mesma rua que eu, ele era um sujeito convencido, vivia se gabando por um monte de besteiras, se achava o máximo por ter conseguido uma motocicleta, usava jeans e se julgava o cara mais moderno da cidade, dizia que Salisbury era um buraco no sul da Inglaterra e que iria se mudar para os Estados Unidos”.

“Ah! Ele devia pensar que era o Elvis Presley!” – disse a Bianca.

Vovó respondeu:

“O Elvis ainda viria a ser sucesso dali a coisa de uns cinco anos. Digamos que ele se achava um Marlon Brando, que começava a fazer sucesso por aqueles tempos”.

“Esse Jones com certeza era um mané, um convencido e ainda por cima um americanizado! Mas esse nome ‘Marlon Brando’ não me é estranho” – Bianca comentou.

“Marlon Brando, Bianca, fez o psiquiatra do filme ‘Don Juan de Marco’, ele fez muito sucesso como galã no cinema dos anos 50, não é, Vó?” – eu disse.

“Sim, Aline”.
“Mas voltando ao tal Jones, ele cismou de me paquerar e ficava me importunando sempre que me via na calçada, e vinha me dizer bobagens! Eu ficava muito indignada pelo atrevimento dele de convidar para passear e dizia que não estava interessada e que eu tinha namorado”.


“Então ele era rival do vovô Ray!” – Bianca disse indignada e perguntou: “Mas o que era que ele dizia e aprontou que a senhora disse?”.

“Ele saiu perguntando sobre mim para as garotas do meu colégio, e uma fofoqueira de nome Mary andou lhe contando sobre o que sabia de Ray e eu. Eu fui boba de comentar sobre meu Ray com todo mundo! Minhas colegas a maioria também ficavam me dizendo que não acreditavam que Ray, em Londres, só pensasse em mim e que deveria estar me fazendo de boba”.
“Então, por vezes, eu estava voltando da escola e ele vinha me perturbar me perguntando quantas garotas eu achava que havia em Londres, e dizia que eu não sabia nada sobre Ray, além do que ele me contara quando estava em Salisbury, que eu não conhecia a família, que não tinha como averiguar a veracidade do que me dizia, que Ray tinha outra em Londres e talvez fosse até noivo de alguém, que me prometera voltar por pena e que aquele namoro só existia na minha cabeça...”


“Que raiva desse Jones! E dessa Mary” – Bianca disse.

“Como soube da fofoqueira?” – perguntei.

“Quando o tal Jones começou a saber demais sobre Ray e eu, eu lhe perguntei quem tinha dito essas coisas para ele!”

“Eu acreditava no Ray, mas minha família vivia dizendo que ele estava me iludindo, e também as minhas amigas diziam isso e ainda vinha esse sujeito me dizer essas coisas!
Tudo isso ficava na minha cabeça! Eu tinha recebido a primeira carta de Ray! Ele escreveu coisas tão bonitas! Eu me sentia especial para ele! Mas de tanto que falavam na minha cabeça eu ficava pensando se Ray estaria me iludindo, se dizia aquelas coisas bonitas para outras garotas também. Era horrível imaginar isso!”


Bianca disse: “Ai, Vó! Essas meninas eram umas invejosas isso sim! Principalmente essa tal Mary!”.


Continua...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Alice & Ray - capítulo VI


“Como foi o beijo? Tem que contar!” – Bianca impôs!

“Bem! Nós andávamos pelo gramado próximo à Catedral, estávamos de mãos dadas, ora eu corria os olhos pelos jardins, ora olhava para Ray... Então paramos próximo a uma árvore, ele segurou minhas mãos juntas entre nós. Olhei para nossas mãos e depois para o rosto dele, então ele levou as mãos deles à minha cintura e eu o abracei, passando meus braços em torno do pescoço dele, e nos beijamos apaixonadamente!”.

“Que fofo, Vó!” – Bianca comentou e perguntou “Mas, no dia seguinte ele voltou para Londres, não é?”
 
“Sim! Eu o acompanhei à estação de trem... A estação em que você deve ter estado, Aline. Bem, hoje ela deve estar muito diferente desde quando deixei a cidade nos anos sessenta!”

“Quando estive lá (faz uns três anos), eu fiz o percurso Waterloo-Salisbury.” – respondi.

“Então era a mesma! Naquele dia estávamos muito felizes, por estarmos namorando, Ray não sabia precisar quando poderia voltar, prometeu que voltaria o mais breve possível e que me escreveria cartas... Vimos o trem que o levaria se aproximar e demos um longo abraço que durou até que ele embarcasse... Ele conta que eu não reparei, mas um funcionário da ferrovia nos reparou e sorriu nos olhando ao perceber que era uma despedia emocionada de amor... Eu fiquei vendo o trem partir e ainda ali na estação comecei a chorar e chorei tanto! (...) Ray conta que também chorou pelo caminho, segundo ele, até Waterloo!”

“Carta!” – exclamou Bianca e comentou “Imagina esperar carta!”.

“Mas carta tem um lado romântico e muito gostoso também!” – comentei.

“Sim, eu as lia várias vezes, as segura junto a mim, imaginava-o escrevendo-as e as guardava com muito amor! Ray tinha uma caligrafia muito bonita, gostava especialmente do modo como escrevia meu nome!” – comentou a Vovó.

Bianca ficou um tempo pensando e disse “O Marcus bem podia me mandar carta também!”.

“E ele demorou muito a voltar?” – perguntei.

“Mais ou menos um mês. Eu contei à mamãe sobre as promessas dele, na esperança dela perceber que ele gostava de mim sinceramente. Mas ela me disse que aquilo de “o mais breve possível” era “conversa de garoto”, e que provavelmente não teria intenção real de voltar, nem me escreveria, e que só queria me roubar beijos. Eu acreditava no Ray, mas todos falavam muitas coisas e eu me perguntava se teriam razão... Com a chegada da primeira carta eu fiquei com mais confiança nas promessas do Ray, mesmo assim continuava a ter receios. E tinha também as coisas que o Jones me dizia e as que aprontou...”

“Peraí!” – Bianca interrompeu e perguntou “Quem era esse Jones?”.


Continua...