sábado, 29 de março de 2014

Íncubo 2



Íncubo 2


Durante o sono em seu quarto, à noite, Deanna se contorcendo e gemendo agarra os lençóis, cerrando forte as mãos. Ela está tendo mais um de seus sonhos eróticos!
Faz tempo que todas as noites, enquanto o marido, que é funcionário noturno em uma fábrica está no trabalho, ela tem sonhos ardentes!
Às vezes sonha estar mantendo relações com o marido, outras vezes são outros homens, colegas do trabalho, amigos do tempo de escola ou atores do cinema, pelos quais nutre atração – ainda que não assumida conscientemente, que assumem o papel de um super amantes que a levam a um prazer muito intenso!
Quando acorda, no entanto, Deanna nunca se lembra de nada do que sonhou. Mas sempre acorda muito cansada, e permanece todo o dia sem forças. De fato seus sonhos eróticos veem a deixando em condições frágeis.

No trabalho Carl comenta com um colega de trabalho, com quem mantem maior amizade, sobre o fato de que Deanna faz tempo tem se mostrado desinteressada sexualmente. Ela nunca o procura e quando a iniciativa é dele ela se diz cansada, sem animo, com mal-estar ou tem dor de cabeça.
O amigo inicialmente aborda o tema com algum rodeio e um pouco sem jeito:
“A mulher deve dar-se ao respeito. Ela deve obediência ao marido...”.
 Mas acaba por disparar sua sentença:
“Abre teu olho, amigo! Se ela não tá tendo nada com você, está tendo com outro”.
A palavra “outro” ecoa como um tormento na cabeça de Carl, que ainda atordoado pelo golpe disparado pelo colega o ouve dar mais opiniões: “Se eu estivesse no seu lugar sabe o que eu faria? Tiraria isso a limpo! Deixaria ela pensar que viria pro serviço e então daria uma incerta em casa, chegando lá no meio da noite”.

Nos dias seguintes Carl não volta a conversar sobre o assunto, mas ele não lhe sai da mente. “Outro”, “Ela está com outro” se repete sem trégua em sua cabeça. Carl se convence de que Deanna o está “chifrando”, como se costuma dizer e que ele só demorou a aceitar, mas o amigo do trabalho teria razão.

Não querendo ser “corno manso” decide tomar medidas drásticas. Numa noite Carl falta ao trabalho e para em um bar para deixar algumas horas passarem para voltar e dar um flagra nos amantes. Levava consigo o revolver que há tempos tinha guardado em casa, o comprara julgando ser necessário para proteção doméstica.
Carl se embriaga enquanto pensa sobre a traição da esposa. Até que decide que é a hora certa para chegar a casa e, encontrando o “ricardão”, dar-lhe cabo da vida.

Mas Carl jamais imaginaria encontrar a cena que realmente viu ao entrar no quarto aquela noite!

Quando chega à porta do quarto, ao pé da cama, ele vê uma criatura horrenda de forma semelhante a um homem grande com enormes asas de morcego, pele grossa, como a de um animal, rabo e pés de bode sobre sua esposa que urra durante o coito. Tomado de pavor Carl dispara cinco vezes contra as costas do demônio. Mas tudo o que há sobre a cama ao fim dos disparos é Deanna morta e ensanguentada sobre a cama.

Carl cumpre pena de vinte anos pelo homicídio. Na prisão vive atormentado pelas lembranças. Teria o demônio sido uma alucinação? Deanna o estaria, de fato, traindo ou sua constante indisposição teria sido um problema de saúde ignorado por ele por conta da convicção de que estava sendo traído?

Deanna se foi. Carl agora encarcerado convive com seus próprios demônios.




2 comentários:

  1. Não sei se sinto mais dó da mulher q foi julgada errada ou do tufão. Na vdd espero nunca ter a visita desse tal íncubo =s história genial. Parabéns, Aline.
    Até mais

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