segunda-feira, 28 de abril de 2014

O Perdão do Caiçara


A história de hoje eu, como uma caçadora de histórias, encontrei em uma revista dos anos 1970. A “Planeta” solicitava aos seus leitores que enviassem casos “sobrenaturais” vivenciados por eles ou que fossem de seu conhecimento.

“O Perdão do Caiçara” é uma história que foi enviada à redação da citada revista por uma leitora como um caso real. Eu alterei a narrativa, sem alterar os fatos da história, para tentar criar algum suspense.
Espero que você goste de ler!




Francisco era pobre e vivia em uma casa mal construída, na beira do litoral, em uma comunidade com milhares de outros caiçaras e havia obtido repentinamente uma quantia em dinheiro alta para o seu padrão de vida.
‘Tivera muita sorte na pescaria’ – explicava assim sua pequena fortuna, proveniente das muitas ostras com pérolas com as quais retornara de uma noite de pesca em alto mar. 

Dois depois da sorte enriquecedora de Francisco, o mar devolveu um corpo, que foi reconhecido. Tratava-se do cadáver de Pedro, outro caiçara da comunidade. O enterro foi simples, despojado, mas tocante. Pedro não chegara a ter filhos, apesar de gostar muito de crianças.

Imaginava-se que Pedro morrera no mar traiçoeiro. Ninguém cogitava o modo como realmente morrera. 

Pedro e Francisco, certa noite, saíram juntos para pescar em alto mar. E fora de Pedro a “sorte” de pescar muitas ostras com pérolas. Ao pensar no dinheiro que poderia obter com a soma de tantas pérolas Francisco se deixou tomar pela ambição e não hesitou em matar Pedro e jogar no mar o corpo daquele que fora seu vizinho e amigo por muitos anos.

Apesar da impunidade, Francisco, desde o enterro de Pedro, passara a ter pesadelos terríveis. Francisco passou a visitar todos os dias o túmulo do ex-amigo, rezando pela salvação da alma de Pedro. Temia que o ex-companheiro voltasse para prejudica-lo em vingança e pedia, à alma do caiçara assassinado, perdão pelo o que tinha feito.

***

Um ano depois, Joãozinho, filho de Francisco, veio pedir ao pai para dar um passeio de barco com alguns vizinhos. Apesar de viver sobressaltado, ele não podia recusar o pedido. Algumas horas depois, ele já estava apavorado com a demora do garoto.

Antes do fim do dia, porém, Joãozinho voltou todo molhado e contou assustado ao Pai: “O barco bateu nas pedras e todo mundo caiu na água. Tio Pedro estava lá e me carregou até a praia. Ele disse que gostava muito de mim e do senhor”. Alguns dias depois, os corpos dos demais ocupantes do barco foram encontrados na praia.



Bibliografia consultada: Revista Planeta, nº 13 – setembro 1973. 

2 comentários:

  1. Caraca!
    Que alma boa deste pedro que não descontou no garoto.
    Se fosse o Francisco, será que ele ajudaria?
    Surpreendente a final.
    Bjs

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