terça-feira, 3 de junho de 2014

Noite Maldita 4 - cap 2




Capítulo Dois

Alguns anos depois...

–“Espero que a senhora entenda, Sr.ª Lempke, Damon não está apto a frequentar esta escola”.
– “Mas, Sr.ª Beaumont...”
– “Entenda, por favor, que esta decisão está fundamentada no fato dele ter uma agressividade muito grande para um menino de nove anos”.
– “Sr.ª Beaumont, a escola não está exagerando por um caso normal de uma briga entre crianças?”.
– “A criança em que Damon bateu está hospitalizada em estado grave, Sr.ª Lempke. Acreditamos que Damon necessita de acompanhamento especial, com o qual não contamos nessa escola”.

A expressão de Irene se tornou surpresa ao saber da gravidade da agressão de Damon ao outro aluno.

A diretora continuou: – “A professora deles nos relatou que Damon justificou a agressão dizendo que o menino, agredido por ele, “não passava de um escravo imundo”. Diga-me Sr.ª Lempke, Damon está exposto a algum tipo de influencia racista?”.

Irene se sentiu perplexa e constrangida. Afinal, ela abominava preconceitos e jamais permitira qualquer influencia do tipo ao pequeno Damon. E a situação fazia parecer que ela implantasse pensamentos dessa natureza no filho.

– “Eu não entendo como ele possa ter dito algo assim, Sr.ª Beaumont. Não terá sido algo que ouviu dos coleguinhas? Eu não crio meu filho dessa forma”.
– “Bem, Sr.ª Lempke, aqui estão todos os papeis” – a diretora disse esticando os papeis sobre a mesa para Irene. – “Aconselho que procure um tratamento psicólogo para o menino, para tratar da questão da agressividade e comportamento ou uma escola que disponha de recursos para tanto. Sentimos muito, esperamos e temos certeza de que Damon ficará bem com acompanhamento adequado. Ele é, afinal, apenas um menino de nove anos de idade. Boa sorte!”.

Dizendo isto, a diretora se despediu de Irene.
Uma jovem, fiscal de corredor, chegou à sala da diretoria, conduzindo Damon, que segurava sua pasta com seu material escolar.

“Vamos, filho, vamos para casa. Em casa vamos precisar conversar sobre algumas coisas” – Irene disse colocando a mão sobre o ombro do filho e deixou o prédio da escola.

No estacionamento do colégio, Irene colocou Damon no banco de trás de seu carro, e tomou o acento de motorista. Quando estava prestes a dar a partida, ela vê, pelo espelho retrovisor central, uma figura se aproximar. Um homem velho que vestia um manto, como os mantos dos monges.
Aflita, Irene deu partida apressadamente, e deixou o estacionamento o mais rápido que pode.
Alguns metros adiante, olhou para o banco de trás, preocupada em ver se Damon havia avistado o estranho homem. Damon parecia tranquilo e alheio ao fato.

***

Em casa, Irene contou sobre a reunião com a diretora da escola e tudo o que fora conversado para Gina, sua vizinha do apartamento ao lado.

– “Sabe o que poderia ser bom? Dessas pessoas que são tipo babás, mas que também dão aula pra criança, sabe? Como ‘a gente chique’ costuma ter!” – disse Gina.
– “Sei, sim” – respondeu Irene, se servindo uma xícara de café.

Irene pensou sobre se deveria compartilhar com a amiga sobre o estranho homem de manto. Depois de vacilar um pouco, disse em tom de voz bem baixo, para que Damon não escutasse do quarto:

– “Tem algo muito estranho acontecendo comigo, e estou com medo do que possa ser”.
– “Algo grave? O que é?” – Gina questionou, seguindo a conversa em tom baixo, sussurrado.
– “Várias vezes eu vi um homem muito estranho, parece que ele tem me seguido e vigiado”.
– “Como assim? Como ele é?”.
– “Ele... usa um manto, parece um monge católico, aparenta uns setenta anos...”
– “Um monge?” – Gina estranhou.
– “Eu já o vi próximo ao meu trabalho, já o vi perto do nosso prédio... E hoje ele estava no estacionamento da escola, digo, ex-escola do Damon”.
– “Ai, isso é muito estranho! Tem certeza?”.
– “Claro que tenho!”.

Gina pensou um pouco sobre o assunto e disse:

– “Será que não é imaginação, digo, você pode projetar essa imagem. Tipo, você o vê, mas ele não existe! Eu sei dessas coisas, tem muita coisa assim... Eu escuto um quadro no rádio com um psicólogo que responde cartas de ouvintes e fico sabendo muito sobre esse tipo de coisa! Pode ser algo que sua mente criou depois...”.

Gina se deteve por pudor a tocar na forma como Irene perdera o marido, mas já havia começado a falar, então continuou:

“Er... depois da experiência traumática que você viveu! Quando você for procurar um psicólogo para o Damon, poderia marcar consulta pra você também!”.

Irene decidiu que conversar sobre isso com Gina, não ajudaria em nada e cessou o assunto. Damon poderia ouvir e ficar assustado.
Gina entendeu que Irene cessou a conversa por se lembrar de Bryan, e resolveu falar de outra coisa:

– “Mudando de assunto... Sabe o Ray, de quem te falei? Você vai conhecê-lo em breve, amiga! A gente resolveu assim, se juntar, sabe?” – Gina comentava entusiasmada.
– “Não acha muito rápido, Gina?”.
– “Que nada, amiga! E eu já venho a bom tempo encalhada, você sabe! E ele é um tipão: grande e robusto, como eu gosto! Ai! Além de tudo, muito diferente dos crápulas com que me envolvi nos últimos tempos!”
– “Se você acha que está tudo bem!”.
– “Você não o conhece, ele é muito amoroso, cavalheiro, um tipo de homem que não se encontra mais no mercado! Deve ser por vir do interior! Aqui, nessa cidade... não tem mais homem assim, Irene! A gente não pode bobear, vou é agarrá-lo antes que umazinha qualquer o roube de mim! E ele está gostando sinceramente de mim! Eu sei pelo modo que me trata!”.

Irene parecia distante, enquanto a amiga falava do namorado.
Gina, notando esse distanciamento diz, enquanto mastiga uma torrada com geleia:

“Hmmm! Você não pensa em conhecer outra pessoa? Digo, desde que...” – Gina se deteve com receio de mencionar Bryan por uma segunda vez, mas já havia começado a falar, então continuou – “Er... Desde o Bryan”.

Irene se sentou à mesa e, cortando um pedaço da broa, disse:

– “Não, não saberia viver com outro depois do Bryan. E... Damon agora é ‘o homem da minha vida’, além de ser uma parte do Bryan, que ele deixou comigo”.
– “Você está preocupada com o Damon, não é?”.
– “Sim” – Irene respondia, olhando para o café na xícara “E até se resolver essa questão, devo ter que faltar ao trabalho, sem o Damon na escola...”.
– “Eu posso ficar aqui nos primeiros dias e olhar o Damon para você, enquanto você trabalha. Não me daria trabalho nenhum e...”.

Damon apareceu na porta da cozinha

– “Ei, olha ele aí!” – disse Gina, que em seguida cumprimentou o filho da amiga:
– “Oi, Damon!”.
– “Oi, Gina” – Damon respondeu.
– “Chame-a de ‘Tia Gina’, meu filho! Diga, Damon, você gostaria que a Tia Gina te olhe enquanto a mamãe vai trabalhar nos próximos dias?” – disse Irene.

Damon permaneceu sem responder, olhando para amiga da mãe.

– “Nós vamos nos dar super bem” – Gina disse, enquanto levava a mão para mexer no cabelo de Damon, mas não o fez pelo modo que o menino a olhava.
– “Tudo bem! Er... Damon, o que você pensa em ser quando crescer?” – Gina diz, tentando puxar conversa com o menino.
– “Eu vou ser dono de uma fazenda muito grande, e possuir toda a região em torno dela” – Damon respondeu.

Elas sorriram pela resposta de Damon.


Continua...


5 comentários:

  1. Nossa, esse menino de 9 anos de idade é mesmo muito estranho, agressivo e quer dominar tudo e todos.
    Vamos ver o que acontecerá de novo com ele....fiquei curiosa com a atitude de Damon!
    Ótimo texto,bjus
    http://www.elianedelacerda.com

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  2. O guri pensa grande, só que no fundo ele deseja um monte de escravos. Não é?
    Bjs

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  3. Eu tô pensando q ele irá fazer alguma maldade p/ Gina. Será? Fiquei curiosa.

    bjs

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  4. afinal ele é a continuação do mau!!!!

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