terça-feira, 5 de agosto de 2014

Estranho e Extraordinário


Em “Histórias Estranhas e Extraordinárias” eu trago relatos sobre fatos estranhos, sobrenaturais, coincidências espantosas, pequenas aventuras que a lógica e o raciocínio humano não conseguem explicar, suficientemente.

Hoje trago mais uma história que foi enviada à redação da revista “Planeta” como um fato real, sendo publicada na coluna “Casos Malditos”, na edição de junho de 1973



Sangue no Vestido de Noiva

Quando Jorge foi trabalhar na fazenda, Ana e Luísa se apaixonaram por ele. Jorge era realmente muito bonito. Ao perceber o fato o dono da fazenda chamou-o e explicou que não gostava que seus empregados se metessem com as mulheres de lá, principalmente com sua filha e sua sobrinha. Jorge, trabalhador e honesto, respondeu que só olharia mulher direita quando tivesse interesse de casar. 

Ana, a filha do fazendeiro, tinha 16 anos e, apesar da meiguice e dos grandes olhos negros, não era bonita. Luísa, ao contrário, era muito bonita e sabia disso. A amizade entre elas vinha desde a infância e Luísa vivia elogiando as qualidades de Ana, enquanto esta elogiava a beleza de Luísa. Mas Luísa sabia que Ana era feia e que por isso mesmo Jorge jamais olharia para ela. Foi bem grande sua surpresa quando Ana contou que estavam namorando. “Não seja boba, prima, ele não pode gostar de você. Ele quer apenas enganá-la”. Ana respondeu: “Não faz mal, eu gosto muito dele e se ele não gostasse de mim não teria marcado noivado”. Luísa ficou desesperada e no dia do noivado jurou que eles não se casariam. Foi o que aconteceu: na véspera do casamento Ana foi encontrada morta no meio do mato, com um tiro no peito e outro no rosto. Jorge ficou desesperado, mas a polícia não conseguiu descobrir o autor do crime.

Sozinha na fazenda dos tios, Luísa foi aos poucos envolvendo Jorge até conquista-lo. Três anos depois resolveram se casar. Durante uma semana os empregados prepararam a casa. Pelos leitões, frangos e bolos que iam para o forno, esse casamento prometia ser uma grande festa. No Dia do casamento, quando os primeiros convidados começaram a chegar, Luísa foi vestir-se. Como estava muito nervosa, pediu ajuda para a tia. Foram para o quarto preparado para a noiva e perceberam que o vestido tinha desaparecido.  Imaginando tê-lo esquecido em seu próprio quarto, Luísa foi busca-lo. Em um dos cantos, usando seu vestido de noiva todo ensanguentado, estava Ana, a prima morta. Desesperada, Luísa correu para fora da casa gritando que Ana tinha voltado para acusa-la. Ela preferiu confessar o crime e enlouqueceu logo em seguida.
Luísa morreu pouco tempo depois em um manicômio, onde era considerada uma mulher bem pacata, quase normal. Passava o dia inteiro falando sozinha, dizia estar conversando com a prima Ana, com quem teria voltado a ter a amizade que tinham antes da chegada de Jorge.


2 comentários:

  1. Incrível esse conto,amiga!
    O crime foi descoberto de uma forma inacreditável, mas é lindo esse conto, gostei demais!
    A inveja é o pior sentimento que os humanos podem cultivar!
    Bjus e bom domingo!
    http://www.elianedelacerda.com
    seu estilo literário me encanta, entendi que retira de fatos verídicos, mas me lembra Nelson Rodrigues!

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