terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 3



Capítulo Três
“Bem-vindo a Little Town”

(Trilha sonora do terceiro capítulo: Welcome to Hell – Venom)

O carro do grupo de amigos (Bud, Joey, Aaron, Amber e Ellen) passou pela placa que indicava que entravam nos limites da cidade de Little Town. Alguns quilômetros depois a estrada passava entre grandes plantações.
De repente alguém saiu do meio das plantações atravessando a estrada, correndo pela frente do carro. “Cuidado!” – berrou Amber. Bud institivamente tentou frear e virou o volante. O carro derrapou, de modo que Bud perdeu o controle do veículo que só parou após bater em uma pedra, afundando a frente do carro.
O grupo desceu para averiguar o estrago.
Maldito filho da puta! – xingou Bud – Olha o que o maldito caipira fez! Se eu pego aquele desgraçado!
Quem atravessara na frente do carro, provocando o acidente sumira dentro das plantações.
– Bud, a pancada ferrou o radiador! – disse Joey.
– Vai, vai, vai! Desce todo mundo! – Bud gritou para os demais.
– Vamos levar o carro para o acostamento. Talvez a cidade não esteja muito distante, faz algum tempo que passamos por uma placa de “Bem-vindo à Little Town” – disse Joey.
– Não vamos deixar o carro aqui nesse nada! Vamos empurrá-lo até a maldita cidadezinha! – disse Bud.
– A gente tem que empurrar também? – perguntou Ellen. Bud esfregou a mão pelo rosto.
– Vocês meninas vão andando e nós empurramos – respondeu Aaron.
– Eu ajudo – disse Amber.
– Mas antes deixa eu pegar o protetor solar que está nas nossas coisas de praia no porta-malas, esse sol vai me marcar toda! – disse Ellen.

Seguiram empurrando o carro, enquanto Ellen caminhava próximo.

Após pouco mais de um quilometro chegavam à cidade. (sem que Ellen tivesse ajudado a empurrar).

Passaram por alguns grupos de pessoas, que observavam em silêncio os forasteiros.

O grupo de amigos cochichava entre si.

– Todos aqui usam essas roupas? – disse Bud
– Parece que sim... Parecem roupas de mórmons! – comentou Joey.
– Será que são todos de alguma religião? – questionou Amber.
– Reparei uma coisa, não tem ninguém que seja negro nessa cidade! – disse Aaron.
Bud achou graça e comentou – Que foi, Aaron, está com medo que sejam da Ku Klux Klan?
– Isso não tem a menor graça, Bud! – disse Amber.
– Mas estamos no Sul, e, sabe o povo aqui costuma ser racista, talvez seja por isso que aquele velho do posto de gasolina tenha olhado tanto para você!
– Ali! Uma oficina de carro! – alarmou Joey, interrompendo a conversa.

Levaram o carro até a oficina. Um homem alto e gordo, com o topo da cabeça careca e cabelo comprido desleixado dos lados, e que vestia uma camiseta branca, suja, completamente suada e colada ao corpo, apareceu vindo em direção ao grupo, enquanto limpava as mãos sujas de graxa em um pano. Ellen se mantinha afastada, olhando enojada para o repulsivo mecânico.

– O senhor pode dar uma olhada no nosso carro... Tivemos um acidente... O radiador... – dizia Joey.
O homem gordo levantou o capô para olhar.
– De onde vocês são? – perguntou o gordo, interrompendo Joey.
– Do Norte... Viajávamos para as praias... – continuou Joey, sendo novamente interrompido pelo mecânico:
 – Vai levar três dias pra ficar pronto!
– Pera aí! Três dias? – questionou Bud se alterando. – Mas acho que foi só o radiador...
– Você acha, né? Você é mecânico? Pode consertá-lo sozinho? Pensa que eu fabrico peças aqui? Ou que se encontra peça nessa cidade sem que se tenha que mandar buscar? Pagamento adiantado e voltem em três dias ou arrastem essa lata velha para longe da entrada da minha oficina e não me façam perder meu tempo com vocês!

Bud intimidado engoliu tudo o que o homem gordo falou. Os rapazes fizeram uma “vaca”, que implicou em quase todo o dinheiro que tinham e pagaram ao mecânico.

– Em que bela merda nos metemos! – bravejou Bud – Três dias presos nessa porcaria de cidadezinha caipira!
– Talvez tenhamos algo para fazer, olha ali, tem uma placa que indica praia, estamos de qualquer forma no litoral, talvez a praia daqui seja boa... Quem sabe até melhor que nosso destino original... Talvez tenha um hotel bom... – dizia Joey.
– Hotel bom? Com a miséria de dinheiro que nos sobrou?! Aquele mecânico filho de uma puta nos furou os olhos pelo conserto do carro!
Ellen que só observava a cidade sem dar palpites na conversa, reparou em especial em um rapazinho em um dos grupos pelos quais cruzaram, e comentou assanhadamente – Até que alguns desses caipiras são gatinhos!
O rapazinho em que ela reparou, olhou para ela de forma simpática, e ela sorriu para ele de volta, dando um “tchauzinho”.
– Fica frio, deve ter uma pousada, albergue, algum lugar barato! Vamos procurar enquanto é cedo. Depois de deixarmos nossas coisas lá, a gente confere a praia! – disse Joey.
– E vamos ver algo pra comer, estou morrendo de fome – disse Amber.
– Ou algo para beber – pra relaxar! – disse Bud.
– Vamos primeiro procurar um lugar para comer, as meninas estão com fome – disse Joey.
– Se quiserem vão atrás da comida de vocês eu preciso de um trago! E... Ei, olhe ali! Tem um bar! Talvez nem todos aqui sejam “mórmons” – respondeu Bud, atravessando a rua.
– Depois de comermos vamos ver a praia daqui! Ok? – Joey gritou para Bud, sem obter resposta.
– Deixa ele pra lá! – disse Aaron.



3 comentários:

  1. Boa noite querida Aline..
    é uma riqueza tão grande de detalhes que eu fico me dizendo, isso eu ainda não sei fazer..
    acho um máximo poder descrever e manter presa a atenção da pessoa que lê..
    pois a cada final de paragrafo tem outro com uma visão mais avançada..
    sobre a história. coitado de quem se pega nessas circunstancias.. estragar o carro é o fim. tem que se ter uma paciência e esta só vem como tu pude ler rsrs com um belo trago e tendo um belo rock não é..
    fico feliz que tenha adorado a poesia sobre gestação.. estou tentando abordar esses assuntos em uma obra.. desde a gestação até as demais fases.. vamos ver o que minha mente alcança não é... beijos e até sempre doce amiga

    ResponderExcluir
  2. Muito bem elaborado seu texto,amiga!
    Gostei demais e estou ansiosa para ver o final....
    nunca sabemos o que pode nos acontecer numa estrada quando o carro quebra....é contar com a sorte mesmo!!!
    Bjus querida!
    http://www.elianedelacerda.com

    ResponderExcluir