quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Última Noite - cap 7


Noite Maldita 5

Capítulo Último

(Trilha sonora do último capítulo: Into the Nightmare – Demon)

Os sete forasteiros encontravam-se como prisioneiros. Tinham as mãos amarradas às costas e as bocas amordaçadas. Foram horas de muita agonia presos no meio do nada, e sabendo que seriam levados para serem mortos como sacrifício humano em um rito macabro – o qual, até chegarem onde estavam, não teriam acreditado existir.
Se pudessem conversar uns com os outros naquele momento: Aaron confessaria o quanto era apaixonado por Ellen e o quanto sofria ao vê-la com outros rapazes, e Ellen desejaria ter dado uma chance a ele. Joey e Amber também confessariam a atração e interesse mútuo nunca confessado. Bud provavelmente confessaria pela primeira vez que estava com muito medo. Chase falaria à Becky sobre o quanto ele os imaginava com filhos e um casamento feliz. Diante da morte eminente, Becky falaria quanto remorso sentia por estar brigada com sua mãe, o quanto amava seu pai de criação e que sentia tanto ter envolvido o namorado nessa situação!

Depois de algumas horas um grupo de encapuzados foi até o local, e conduziu os forasteiros por uma longa trilha. Os encapuzados iluminavam o caminho com tochas, naquela noite escura. Ao final da trilha chegaram ao alto da Pedra dos Escravos – A Pedra da Maldição, onde séculos atrás os escravos, após uma revolta, assassinaram o feitor Richard Lempke.


No alto da pedra haviam mais encapuzados. Os prisioneiros foram colocados sentados em círculo em torno de uma grande bacia. 


Um dos encapuzados tocou um sino e todos os demais começaram a cantar algo que se assemelhava a cânticos gregorianos, porém em uma língua desconhecida.


O encapuzado que presidia o ritual macabro anunciou a presença da encarnação do “Espírito Maldito” – a reencarnação do feitor Richard Lempke.  
Damon surgiu para assistir aos sacrifícios. Este fez um sinal com a cabeça, então o encapuzado que presidia o rito mandou que a primeira vítima fosse executada.
Um dos encapuzados, o irmão de Mary, levou Ellen até à bacia, e, com uma adaga cortou-lhe a garganta, derramando seu sangue no interior da bacia.

Aaron, sem nada poder fazer, assistiu à morte de sua amada Ellen.

Todos os prisioneiros estavam tomados pelo horror. Mas nenhum estava tão horrorizado quanto Becky. Esta tinha a visão espiritual aberta e via o que acontecia no plano espiritual – quando Ellen foi levada, muitos demônios se aproximaram, e assim que o sangue foi derramado eles o bebiam.

A próxima seria Becky. 
Outro encapuzado – o padre da igreja satânica, onde mais cedo Becky e o namorado estiveram – conduziu-a até a bacia. Chase impulsivamente se levantou, mas logo foi golpeado na cabeça pelo membro da seita que estava ao seu lado.

Um vento forte começou a soprar no alto da Pedra nesse momento. 
Becky viu que os demônios não se aproximavam, como fizeram quando Ellen foi levada. 
O encapuzado inclinou Becky para a bacia, mas quando ergueu o braço segurando a adaga, sentiu o braço ficar duro e, em seguida seu braço foi torcido para trás. Uma forte chuva começou e o vento soprava ainda mais forte. O pingente de pentagrama do cordão de Becky saltou para fora de sua roupa. 

Damon olhou surpreso para o cordão e gritou com o mestre de cerimônias:
– “O pentagrama do meu pai, é o maldito cordão de Bryan Lempke!”.

Becky, então, compreendeu o sonho que tantas vezes a atormentou durante a adolescência! Era ali que ela se via, o alto da Pedra da Maldição, ali estavam os demônios, mas não podiam fazer-lhe mal, pois tinha uma joia consagrada. O encapuzado do sonho! Era Bryan Lempke! Bryan era seu pai! No sonho ele dizia “Derrame o meu sangue”. Becky olhou para o lado e viu a adaga que o membro da seita deixara cair quando teve o braço torcido para trás. Ela apanhou a adaga, ergueu um braço sobre a bacia dos sacrifícios, encostando a lâmina afiada em seu pulso. Olhando para Damon, disse:

– “Eu sou filha de Bryan, eu tenho o sangue dos Lempkes!”.

Uma chuva de pedras começou a cair.
Cortando o pulso Becky derramou seu sangue, sangue dos Lempkes, na bacia.
Nesse momento as cordas que prendiam os prisioneiros se arrebentaram.
Nos campos de Little Town, também se arrebentaram os grilhões que mantinham cativos os escravos fantasmas. Estes atacaram seus capatazes e, usando suas ferramentas de trabalho, os mataram. Os capatazes tentaram atirar nos escravos, mas as balas não lhes podiam ferir, também tentaram fugir, mas a multidão de escravos matou a todos, e em seguida os fantasmas escravos iniciaram sua marcha para a Pedra da Maldição.
Damon gritava para que seus seguidores matassem todos os forasteiros. No alto da Pedra teve inicio um caos! Muitos dos encapuzados eram atingidos pelas grandes pedras que caiam do céu...

No meio da confusão, Mary correu em direção à Amber.

– “Você vai morrer, sua vaca!” – gritou Mary, que atacou Amber com uma adaga.

Mas Amber segurou firme o braço de Mary, fazendo-a deixar cair a adaga, em seguida a derrubou e sentou-se em cima dela. Deu-lhe um soco na cara.

– “Você que é uma vaca, virgem de araque!” – esbravejou Amber.

Nesse momento, o irmão de Mary atacou Amber pelas costas, enforcando-a com uma gravata de braço. Mary limpou o sangue do nariz, que Amber quebrou com o soco, apanhou a adaga do chão e correu para esfaquear Amber, que estava sendo segurada pelo irmão de Mary. Nessa hora Joey surgiu e, usando a corda que amarrava suas mãos até o momento em que as cordas se arrebentaram, laçou o pescoço do irmão de Mary.
Quando Mary avançou, Amber segurou nos braços que a enforcavam e ergueu os pés chutando Mary para trás. Como estavam perto do final da Pedra, Mary tropeçou... esbugalhou os olhos e caiu do alto da Pedra – de mais de quarenta metros de altura.
Joey matou o irmão de Mary enforcado. Mas logo em seguida levou um tiro certeiro na testa, disparado por outro dos encapuzados. Amber gritou vendo o amigo, que acabara de salvá-la, cair morto para trás. 

Aaron chorava abraçado ao corpo inerte de Ellen, quando um dos membros da seita o matou, cortando-lhe o pescoço.

Amber fugia, quando viu Bud ainda sentado, correu até o amigo e o sacudiu gritando que acordasse e fugisse... Mas Bud não podia mais ouvir – estava morto – durante o inicio do ritual Bud borrou as calças e teve um infarto – morrendo, literalmente, de medo!
Chase lutava contra os encapuzados que o atacavam...

Teve inicio um terremoto! A Pedra dos Escravos tremia sob os pés dos que estavam sobre ela!

Os escravos fantasmas subiam a Pedra da Maldição nesse momento...

Damon correu para fugir do alto da Pedra... Mas em seu caminho estava Becky!

– “Aonde você pensa que vai, Feitor?” – disse Becky.

– “Saia do meu caminho, filha bastarda de Bryan!” – disse Damon.

Nesse momento a multidão de fantasmas escravos que chegou ao alto da Pedra, matando os demais membros da seita, encontrou Damon e Becky.

Os escravos capturaram Damon, a reencarnação do Feitor, e o carregavam...

“Não! Malditos! Não quero morrer da mesma maneira outra vez!”

Os fantasmas escravos lançaram Damon, do alto da Pedra da Maldição para a morte.

Chase encontrou Becky:

– “Vamos, Becky! Temos que sair daqui! Isso parece que vai explodir!”.
– “Vá você, Chase! Eu tenho que ficar aqui”.
– “Você tá louca, Becky? Se ficar aqui você vai morrer!”.
– “Você não entende, Chase! É por minha presença aqui que isto está acontecendo! Eu sou filha de Bryan Lempke! No Universo não existe nenhum poder sem que também exista um poder igual que se oponha a ele! Damon nasceu com toda a negatividade dos Lempkes, o universo depositou em mim, a outra filha de Bryan o poder oposto ao do Feitor! Foi o sangue dos Lempkes derramado na bacia ritual que libertou os cativos! E essa chuva de pedras e terremoto estão sendo provocados por eu estar aqui, não sei como, mas eu tenho que ficar aqui! Esta Pedra tem que ser destruída! Eu entendo a magia, e sei que toda maldição precisa ter um firmamento no mundo físico! A Pedra, ela é o firmamento da Maldição de Little Town, quando ela for destruída a maldição terá terminado para sempre!”

– “Não, não posso ir sem você! Você é tudo para mim!”.
– “Eu nasci para destruir essa maldição! Eu encontrei meu destino, Chase! Vá, não quero que morra. Eu também te amo! Diga aos meus pais que os amo!”. 


Chase, sem conseguir convencer Becky, fugiu do alto da Pedra.
Já longe da Pedra, Chase viu a grande explosão! A Pedra da Maldição voou pelos ares e em seu lugar surgiu um clarão de luz muito intenso! A luz eram as almas dos escravos, finalmente livres para sempre, e de todas as vítimas da Maldição de Little Town!


O clarão da explosão varreu Little Town, e todos os que compactuavam com a maldição foram mortos, desintegrados naquela luz!
Mas diante de tal espetáculo Chase chorava amargamente por ter perdido Becky!

Assim que voltou a enxergar – pois o clarão o cegava por alguns minutos – Chase viu um homem encapuzado vindo em sua direção, trazendo o corpo de Becky.
Chase estremeceu e sentiu medo do encapuzado.
Mas o encapuzado se aproximou e colocou suavemente Becky no chão, diante de Chase.

O encapuzado disse: “Cuide bem de minha filha”!

Becky não estava morta, apenas desmaiara.

Chase olhava incrédulo para o encapuzado, cujo corpo resplandecia.

“Você... você é... é...” – dizia Chase.

“Sou Bryan Lempke. Cuide bem de Becky”.

“Mas... você não... quero dizer... pensamos que você estava...” – Chase procurava a palavra.

“Morto? A morte não existe” – dizendo isto, Bryan Lempke desapareceu.

Becky acordou, viu Chase, viu onde estava, viu as luzes onde existira a Pedra dos Escravos... Então a luz se apagou – e com ela a maldição.

“Está tudo bem, Becky!” – Chase disse, e a abraçou.
“Tive a impressão de que você falava com alguém, enquanto eu acordava!”
“Bem... Estava... Acho que posso dizer que com meu sogro – Bryan”.

***

Chase e Becky encontraram seu carro e se preparavam para deixar Little Town, quando viram Amber e ofereceram-lhe uma carona.

***

Na estrada que deixava a cidade...

“Vamos ligar uma música?” – disse Becky.
“Pega um CD aí no porta-luvas!” – respondeu Chase.
“AC/DC?”
“Não, nesse momento estou com mais vontade de escutar Led Zeppelin, vamos ouvir Stairway to Heaven!”
“Não to achando o CD do Led”

Chase se inclinou para procurar o CD – enquanto ele e Becky olhavam para o porta-luvas, Mary surgiu na estrada (não sei como sobreviveu à queda da pedra e à explosão) e entrou na frente do carro erguendo uma adaga – Sem estar com os olhos na estrada, Chase atropelou Mary com o carro, passando com uma das rodas sobre sua cabeça (dessa vez ela morreu).

“O que foi isso?” – disse Chase, se assustando com o solavanco que o carro deu.
Do banco de trás, Amber, que viu a perversa entrar na frente, disse “Nada... Acho que você atropelou uma vaca!”.

FIM


Epílogo

Becky fez as pazes com Amanda, sua mãe. E Jimmy, seu pai de criação recebera um transplante e se recuperava bem...

Alguns dias depois de voltarem de Little Town:

“Mediante os resultados dos seus exames, Becky, posso dizer que está tudo bem com a sua saúde! Diria que não poderia estar melhor!” – o médico dizia a Becky.
“Mas e o mal-estar e tudo que venho sentindo?” – Becky contestou.
“Você está grávida! Parabéns!” – respondeu sorridente, o médico.

Becky e Chase, que a acompanhara ao médico, se olharam admirados, pois vinham tomando todos os cuidados para evitar uma gravidez.

Percebendo a reação deles o médico perguntou – “Algum problema?”.

– “Não, nenhum! Absolutamente! Só não espera!” – respondeu Becky.

Becky e Chase se abraçaram. Becky disse a Chase “Estou surpresa, usamos todos os métodos para evitar!”.

“Diferente da Magia... a Ciência falha! Lembra?” – respondeu Chase.

Becky sorriu e alisou carinhosamente a barriga... “Vamos amá-lo! Prefere menino ou menina?”.


Alguns anos depois...

Um ônibus – cujo itinerário passaria por “Little Town” – estava prestes a partir da rodoviária da cidade de “Big City”. Quando um garoto, muito bem vestido, subiu os primeiros degraus, embarcando.
O motorista olhou para ele e disse:
– Oi, garotinho! Você está com alguém?
A expressão vazia do menino chamou a atenção do motorista.
– Quero que me leve até Little Town – disse a criança com uma voz tão perfeitamente sem entonação, que o motorista ficou perplexo.
– Preciso que você esteja acompanhado por um responsável – disse o motorista
Os olhos do menino se tornaram vermelhos e luminosos, como os de um demônio.
– Eu disse que quero ir até Little Town – a voz do garoto soou grave, gutural e distorcida, enquanto seus olhos se tornaram mais brilhantes.
O motorista engoliu seco e sentiu o corpo gelar.
– Err... tu- tudo bem! – respondeu o condutor.


2 comentários:

  1. Muito bom dia querida Aline..
    este final é como se tu trouxesse a tona uma regressão.. ou visão mais avançada.. visto que numa ajuda de uma regressão que fiz com meu amigo e professor na qual faziamos para uma pessoa da familia dele.. tinha muito disso..
    rituais de magia negra.. pentagramas, sangue e os encapuzados.. deve ter havido muito disso nos tempos passados.. e nós hj estamos mais melhores, mas não fomos santos não né srrs
    deve ser dificil ver a pessoa morrer na nossa frente como vc descreveu.. a morte assusta muito as pessoas.. morte é só a perda dessa carcaça que carregamos e por vezes é pesada.. fenomenos sempre acontecem quando algo muito denso é desfeito, as almas realmente podem ser libertadas..
    me lembrei agora daquele filme, evocando espiritos..
    muito show srrs levei uns sustinhos básicos para ver se eu acordava srsr
    já ouvi tb dizer que as vezes se a pessoa morre e não realiza tudo que tinha de realizar e alguém da familia espera um bebe esta pode retornar seguidamente..
    a vida e morte e seus mistérios..
    uma bela escolha do led .. é a música que mais gosto deles.
    tenho de te passar umas coisas sobre o lado oculto da música onde um professor que curto muito.. fala destas bandas é muito tri.. sobre teu comentário srrs
    mas quem de nós não é um pouco teimoso não é srrs
    tenho as minhas fases tb
    tu faz muito bem a parte de contos, quanto aos versos deixa com o cabeludo aqui srsr
    nisso eu me garanto a mais de 10 anos já..
    já tentei fazer contos, todos pela metade.. tudo meia boca sabe rsrs
    muita gente curte.. tb não sou muito fã do legião não.. de bandas brasileiras só capital inicial e alguma coisa.. eu curto é rock srrs
    imagino que sim.. ai muita coisa boa.. mas que eles calcam no preço isso calcam né..
    vi tempos atrás na tv uma matéria que era absurdo pagar tanto por tão pouca coisa..
    meses atrás fomos aqui numa cidade do interior. 3.000 habitantes
    por 15 reais a mesa vinha cheia com direito a um baita vinho e toravam a colocar bandejas na mesa..
    se vc não diz, chega vc morre comendo srrs
    não sei pq as pessoas são tão gananciosas..
    mas enfim..
    vou ver se posto semana que vem.. esta não tinha muito tempo de responder a todos dai não coloquei..
    aqui eu apareço com muito gosto, pois tu é sempre muito presente, gosta dos meus escritos, deixa comentários muito legais.. gosto desta interação..
    agora algumas pessoas já desanimei, vc vai lá.. lê, dá seu tempo e as vezes recebe cada coisa vazia que não dá meia linha..
    mas cada um é cada um né..
    sei valorizar quem me valoriza..
    beijos meus e até sempre querida Aline

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  2. Aline, que ritual forte !
    Mistérios sempre envolvendo nossa vida,amiga!
    Sabemos que nada sabemos, não é verdade?
    Muito bom seu final!
    Uma criança não esperada !!!!
    Podemos planejar nossa vida, mas as vezes rumos estranhos são tomados e nunca conseguimos entender o porquê, mas sabemos que algo mudou a direção e não havia como lutar e desviar!
    Bjus,amiga!
    Um lindo final de semana!
    http://www.elianedelacerda.com

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