quarta-feira, 11 de março de 2015

Te Wairoa - cap 7



Capítulo Sete

Tama encontrou Ariki, sentado serene em seu whare (casa).

“Tohunga, será que eu posso lhe perguntar” – disse o jovem.

“Pergunte e eu lhe responderei – de fato – eu já sei a pergunta que você traz no coração, jovem” – respondeu o feiticeiro – “Você está penoso pela destruição do povoado que virá em breve!”.

“O senhor, tem algo a ver com isso?” – perguntou receoso.

“Os de nossa tribo teem pecado, Tama, e os pecadores precisam ser punidos. Eu os avisei, eu os exortei a se converterem do mau caminho e voltarem a honrar aos antepassados! Você me pergunta se eu tenho algo a ver com isso! A culpa do que está para acontecer é do caminho escolhido pelos de nossa tribo!”.

Tama considerou a resposta do tohunga efusiva, mas se deu por satisfeito e respeitosamente assentiu.

***


Para todos os nativos em Te Wairoa aquilo era uma certeza! 
A aparição de Waka-Wairua, somado ao fato de que mais cedo no mesmo dia as águas do lago subiram de repente em toda sua extensão, era um presságio de desastre, terrível e inevitável.

Contudo, tais fatos não despertaram desespero e pânico, era para eles como uma profecia para um futuro longínquo. 

Mas ninguém pensou em nenhuma ameaça vinda do monte Tarawera, situado a catorze quilômetros de Te Wairoa. A sudoeste da montanha havia uma área de atividades termais: gêiseres de água quente, chaminés de vapores e charcos de lama fervente.
O monte Tarawera, porém, com suas três crateras, estava mais tranquilo que a morte.

Mr. Bird, cunhado de McRae chegou à Te Wairoa trazendo uma carga de mercadorias. Naqueles dias todas as mercadorias chegavam em vagões. Entre a carga havia algo para a escola enviada por Sr. E. Adams, que havia estado com os inspetores algumas semanas antes. Quando deste encontro haviam conversado sobre um novo explosivo. Entre o conteúdo da caixa havia um pedaço que, desde a sua aparência exterior, julgaram ser este explosivo, e, em consequência, trataram a caixa com muito cuidado, colocaram-na em um grande vaso de barro, sendo deixado na casa de lavagem, separado da habitação principal, a casa dos Haszards. 

***


Era uma noite fria e clara de lua cheia. Na verdade, houve uma ocultação de Marte pela Lua às 10h30 naquela noite. Não havia vento.

Na casa dos Haszards todos tinham ido para a cama às 23h

Por volta das 00h30 do dia nove de julho, uma série de tremores de terra sacudiu Te Wairoa, aumentando de intensidade na hora seguinte. 

Durante as três horas subsequentes, porém, as três crateras do monte Tarawera entrariam em erupção.

As pessoas despertaram pela agitação violenta da terra. Lá fora, o céu foi iluminado por relâmpagos.

Os terremotos foram sentidos em toda a Ilha do Norte. Residentes de Auckland, a duzentos e seis quilômetros de distância de Te Wairoa, confundiram o barulho com tiros de canhão distantes.

Às 1h15, Clara acordou com o barulho. Ao vê-la o professor Charles lhe perguntou – “Você sentiu o terremoto?”.

“Sim” – respondeu a filha.

Passou-se um grande período de tempo. Mr. Blythe também foi acordado pelo barulho.

No centro de uma região termal, tremores de terra, mesmo violentos, são “coisa normal”. 

Na casa estavam Sr. Haszard, o professor da escola, Sra. Haszard, suas quatro filhas, um filho, um sobrinho, os inspetores Harris Lundius e J.C. Blythe, e a mulher chamada Velha Maria Maori, criada da família Haszard. 
Estavam todos reunidos em um pequeno prédio perto da residência principal, que continha uma grande sala de estar e dois quartos.

A princípio não sabiam exatamente o que estava acontecendo do lado de fora, com exceção tremores de terra contínuos e um barulho terrível. Então veio uma queda de algum material sólido no telhado. 
Um grande pedaço de ferro, arremessado pelo vento, atravessou a parede e passou por um quadro pendurado na parede. 
Clara foi para a sala de estar, pensando ser esta a parte mais segura do edifício, por ter sido construído de ferro corrugado. 

Foi então que o Sr. Haszard pensou que seria melhor sua esposa e as crianças se sentarem no meio da sala, logo abaixo do cume. Lundius estava de pé na janela, o tempo todo tentando ver o que estava acontecendo do lado de fora, mas ele não conseguia ver nada. A escuridão era tão grande que se pode senti-la. 
Eles acenderam o fogo no fogão.

A Sra. Haszard se sentou no meio da sala, com todas as crianças ao seu redor. Clara e sua irmã Ina se revezavam tocando a harmônica enquanto a mãe cantava hinos religiosos. A Sra. Haszard se levantou e se inclinou para olhar para a parte inferior da porta, quando o teto fez um barulho. 

O professor Charles, Harris Lundius e J.C, Blythe olhavam pela janela. Agora era como ver a um grande lençol de fogo.
Havia uma grande nuvem negra pairando sobre Tarawera, com raios e bolas de fogo.

Prof. Charles disse – “É uma visão incrível, lá fora!” e foi para a varanda. 

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