sábado, 3 de março de 2012

Deve ser Amor.

parte I

Quando eu era criança tinha algo que ficava na minha cabeça: por que as pessoas dizem “eu me apaixonei” e “te amo”? O que me deixava invocada era que apaixonar vinha da palavra paixão e não da palavra amor, então me pareciam falar de coisas diferentes (até eu que nem tinha me apaixonado ainda já tinha escutado uma série de pessoas dizendo que ‘paixão’ era uma coisa e ‘amor’ outra e me parecia claro, senão pra que duas palavras?). “Aline, existe também o verbo enamorar” me informou minha mãe quando lhe falei de minha cisma com o vocabulário. “Enamorar! Palavra bonita!” eu pensei. “Mas vem de amor ou de namorar?” continuei invocando com o vocabulário.

Chegou uma época em que eu me apaixonei pela primeira vez, e claro, fui logo chamando aquele sentimento de “meu primeiro amor”!
“Ai Aline! Isso é uma paixão! Você ainda é muito novinha pra já estar amando” me disse minha mãe, e a opinião se repetia por parte de todos! Eu ficava indignada pensando “e por que sendo nova não posso já estar amando de verdade? E não tem gente que casa com alguém por quem se apaixonou ainda criança, ainda mais nova do que eu sou?” eu reclamava e matutava comigo mesma! Considerava um abuso que não aceitassem que aquele sentimento tão incrível que eu sentia não fosse amor!
Acho que estamos todos fadados a chamar de amor todas as nossas paixões até sentirmos de verdade o amor!

“Aline, pense numa fogueira! A chama é a paixão, agitada, intensa, consome tudo... mas... vem um vento e apaga... só que resta a brasa. A brasa é calma, suave, é diferente da chama e o vento não a apaga, ao contrário, ele a alimenta! A brasa é amor!” explicou a sabedoria da minha avó Alice. E vovó me contou sobre sua história com vovô e sobre ele ser seu único e verdadeiro amor. Não, não foi chato ouvir. Ouvir as histórias da vovó era sempre muito mágico, fossem sobre qualquer coisa era sempre gostoso ouvir. Também quis ter meu único e verdadeiro amor!

A metáfora da fogueira não me saiu mais da cabeça! E agora parecia claro porque para amar se apaixonavam! Para que ‘a brasa’ existisse antes precisava existir ‘a chama’. Era necessário incendiar o coração, apaixonar-se, ser consumida na tal chama da paixão até vê-la tornar-se brasa do amor! Portanto era certo que as pessoas para amar se apaixonassem antes e não se “amorassem”, palavra louca que eu queria quando pequena!

E eu fui me apaixonando e chamando as minhas paixões de amor, em todas querendo saber se daquela vez seria o amor finalmente. E também fui descobrindo o que seria “o vento” de que minha avó me falou. O vento eram problemas, decepções, crises de ciúme, dificuldades... E tantas vezes não restou brasa! #fail
Porque vovó não me avisou sobre o que era o vento? Talvez tenha querido me poupar dessa explicação até que eu fosse maior! E por que era tão sofrido se apaixonar?

“Aline, A palavra ‘paixão’ vem do grego pathos, que quer dizer sofrimento” explicou-me papai. “Já percebi! =/” pensei. “Então não tem como né pai? A gente tem que sofrer antes de ser feliz?” perguntei. “Ah Aline, acho que o amor pode fazer a gente se sentir muito feliz ou sofrer muito, é como uma loteria! Vai ver a gente tem que ter sorte!” continuou papai. E aquilo me preocupou bastante, por que eu já tinha ouvido o ditado “sorte no jogo, azar no amor” e eu tinha sorte nos jogos, vai ver eu não tinha mesmo sorte no amor. =( “Aline, amor é um só, a gente só ama de verdade uma vez na vida!” me disse a mamãe. “Então só terei uma chance de ganhar na tal loteria que papai falou, e ganhar na loteria todo mundo sabe que é difícil!” – desânimo.

Continua...

4 comentários:

  1. Acho que falo por todos seus leitores qnd digo q estamos loucos para ver a continuação.
    MUITO BOM!

    ResponderExcluir
  2. Oi. Adoro seu blog. Marquei você em uma Tag no meu blog. Passa lá e da uma olhada.

    http://mundofabulosodamia.blogspot.com/

    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Vim lhe visitar com o intuito de retribuir a atenção que deu ao meu blog com sua visita e me peguei presa a esse texto maravilhoso, bem escrito e cheio de emoção. Estou ansiosa pela continuação.. E devo lhe dizer que agora te sigo não como retribuição mas com o prazer de quem admira o talento de uma boa escritora.

    ResponderExcluir
  4. muito bonito texto, ainda não me apaixonei por um ser concreto (só o Bill mesmo) e ja tenho 15 anos, essa coisa de paixão amor são realmente diferentes ne! apesar de não entender por mim, porque nunca passei por isso, conheço muito esse vento, essa brasa (tem as brasas parasitas que são horríveis) as chamas acessas nas brasas *-*
    e no começo, qualquer garoto/a que a gente gosta acha que ja ta "amando" aaaaaaa daí voce cresce e ve que nao era bem isso, aí voce sabe que amor verdadeiro até chegar e um companheiro é pelos seus pais, bichinhos de estimação <3
    e essa loteria que a gente (pelo menos eu) nunca ganhar? "mas o q?? vc é nova, tem bastante tempo pra ganhar" mas noise jovem apressado como sempre né, ai vem as menininhas de 12 anos e fala "ninguem me ama, nao consigo achar meu amor verdadeiro, vou me matar" menininhas de 12 anos nao acham o "amor" e eu nao acho o 3° toddynho que minha mãe escondeu pra eu nao tomar!! a fala serio né! o amor é uma coisa super fofa e rara de se ver hoje em dia, mas ainda tem! bom, nem sei oq to falando, alias, falando demais,até a continuação q quero falar mais ainda!
    483 kusses..~^~

    ResponderExcluir