segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mãe no Facebook


“Não! Não e ponto final!”

Dizia com tom de fim de conversa, minha prima Bianca, enquanto andava com expressão emburrada, sendo seguida por minha tia.

“Mas, Bia!” – dizia minha tia, alguns passos atrás.

“Bianca Thompson, eu sou sua mãe!” (com ênfase). – disse minha tia ao parar de andar, esperando que a Bia fizesse o mesmo.

Era essa a cena com que me deparei ao encontrá-las no final de semana.

Minha tia me olhou
“Aline, converse com sua prima” – disse.

“Aline, converse com sua tia!” (com ênfase no “sua tia”) – remendou Bianca em tom que significava que era a mãe quem precisava rever a posição!

Oh não! Mal cheguei e já estava, mais uma vez, na saia-justa, sendo incumbida pelas duas de mediar mais uma discussão! O que seria dessa vez?

“A Bianca, imagina, não quer me aceitar no Face!” – protestou minha tia, dizendo “Face” em total tom de intimidade com a rede social.

“Mas não mesmo!” – contestou Bianca.

Eu continuava parada no ponto em que me deparei com elas e eu “disse”:
“Err...”

“Minha própria filha não quer me aceitar no Face! Que desnaturada! Os amiguinhos dela todos me aceitaram e ela, minha filha, não quer me aceitar!” – disse minha tia.

“Tá vendo, Aline? Ela sem-noção adiciona todos os meus amigos e fica perturbando! E não é “aceitar”, é re-aceitar, porque tive que excluir a mamãe!” – disse a Bia.

“Mas eles me adoram! Me chamam de tia e tudo! É ciúme que ela fica por causa disso!”



“Dorme com esse barulho! E tem mais! Sabe aquilo que dizem no “F.B.” de “foto de perfil e foto que a gente é marcada pelos amigos”? Deveriam incluir “foto que sua mãe te marcou”! Ela posta uma foto minha de cem anos atrás e ainda escreve “Minha Bia-Bilubizinha”!!!!!!” – o tom da Bianca ao dizer isso “justifica” os muitos pontos de exclamação. – “Tem noção de quanto tempo fiquei sendo chamada de “bilubizinha” na escola? Isso sem contar o apelido de “orelhinha” que ganhei por causa da foto! “Plim” – notificação: “ ‘Sua Mãe’ te marcou numa foto!”– frio no coração!”– continuava a Bia.

“É apelido carinhoso! Sempre chamei de Bilubizinha e tá tão lindinha naquela foto! *--* – disse minha tia.

“Peraí, Aline, tem mais!!!” – continuava a Bia.

O que aconteceu com o “Oi, Aline, quanto tempo! Como você tá?”?

“Imagina, que minha mãe foi lá no “Bianca está em um relacionamento sério com Marcus” e comentou “Meu genro, cuide sempre bem da minha bebezinha”!!!!” – você já sabe o porquê dos muitos pontos de exclamação nas falas da Bianca, né?

A coisa era séria mesmo!

“Aline, a Bia – antes de me excluir – nunca me mandava mensagem!” – disse minha tia, com ênfase no “antes de me excluir” destacando o absurdo de ser excluída pela filha.

“Mas eu moro com você!!! Por que vou mandar mensagem se você está a alguns metros???” – os pontos de interrogação nas falas da Bia seguem a mesma lógica dos pontos de exclamação.

“Tá vendo, Aline? Ela não retribui o amor dos pais!”.

“Err...” – Eu tentava dizer algo, mas eu mal fazia o movimento de abrir a boca uma delas já tinha voltado a protestar.

“Sabe que isso dela me cobrando recado vira piada depois na escola, né? Além de que o assunto na sala já foram as fotos que a minha mãe postou dela de biquíni!” – disse a Bia.

A situação estava cada vez mais tensa! E pior, eu seria cobrada por dar um veredito sobre a contenda! Mais complicado ainda! Dessa vez a Bia tinha razão em várias reclamações e como dizer isso pra minha tia?

“Tem mais, Aline! Ela entra em conversas minhas com meus amigos, sem entender o assunto e dá pitaco! Fora curtir e compartilhar tudo que posto aí vem tio, tia, gato, cachorro, papagaio, entrar também na conversa! Fora quando algum amigo meu, que ela adicionou, posta uma piada ‘mô’ ultra-maldosa, que ela não entende, ou melhor, entende do jeito dela e ainda acha graça, e vai e curte e compartilha!!!”.

Oh-oh! Ih! Elas pararam e ficaram me olhando com ar de cobrando o veredito! Chegou a hora que eu mais temia!

“Er, tia, bem... É legal ter um perfil no Facebook, ficar um pouquinho de olho na Bia e tal, afinal, a internet tem muita gente mal intencionada e etc. É legal conversar com ela sobre o que pode ser perigoso, tal como, dizer onde mora, onde estuda de forma que exponha isso ao acesso de estranhos e talz... Mas tem algumas coisinhas aí que não são muito legais (na verdade não são nada legais, mas estava falando com minha tia, sabe como é!). A Bia já é “uma mocinha” e o ambiente dela entre os amigos, na escola... tem muita importância pra ela e algumas coisas, assim, que nem os apelidos carinhosos é melhor usar só em casa... E coisa tipo as fotos de família, a deixam com vergonha, melhor deixar só pra reunião de família...”.

Minha tia parecia estar aceitando bem minha opinião.

“Mas o que tem de mal em ter os amigos dela que eu gosto como amigos? E o que tem eu por uma foto minha na piscina?” – disse minha tia.

A Bia ameaçou voltar a falar.
Eu continuei:

“Er... (certo receio agora, parte muito tensa) É que, mesmo a senhora gostando muito deles, são amigos dela" (acho que a tia entendeu e assimilou até bem demais o subentendido: “dela e não seus”)

“Imagina ouvir os comentários sobre minha mãe de biquíni e a conversa sobre a coroa enxuta e a ter que olhar a mãe pra ver como vai ficar a filha quando tiver a mesma idade e os garotos falando isso com o Marcus!” – Bianca não se conteve e interrompeu.

“Er... (que situação, hein?!) Os meninos são fogo! Foto de biquíni ou que possam parecer sensuais (muito tato pra dizer “sensuais”) pode não ser muito bacana (“não ser bacana” é uma expressão que minha tia assimila bem). A Bia não mandar mensagem não quer dizer que ela não te ame. Tem conversas dela com os amigos que são coisa deles... Dar palpite no namoro via Facebook também não é muito maneiro. (“maneiro” também está no vocabulário que minha tia assimila bem). E isso de curtir e compartilhar todos os posts dela não é muito bacana".

“Coisa da idade, né? Os tais “micos” e etc., né?” – disse minha tia, entendendo a posição da Bianca.

Bia fazia cara de “tá vendo, mãe?”, mas ao mesmo tempo com jeito de certo “dó” da mãe se sentir excluída.

“Tá! Vou aceitar o convite de amizade! Marco no família e tudo! Mas maneira nessas coisas que a Aline falou, tá?” – Bianca disse à mãe.

Abraço delas – Ufa! Ficou tudo bem!

“Aline” – disse minha tia, voltando-se para mim

 – “Sua mãe bem podia ter um Face também! Por que não faz um pra ela?”.

A minha mãe?

No Facebook?!! =|

D=




6 comentários:

  1. Huhsuahsuhau Faz um p/ ela Aline!! rs
    Eu entendo bem Bianca!
    Adorei Aline

    Beijinhos e boas férias ^^

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  2. Ficou muito bom!!!! - com muitos pontos de exclamação!!! =D
    Adorei o post!!!

    Né? Mo produção na foto do perfil, um preto e branco pra dar um charme e tudo e te marcam numa foto com cara de dormindo! --'
    A "bilubizinha" - sem comentários!!!!

    Entende, né, Vanessa? Você tem mãe no FB também!

    beeeeeeeeeeegs ******

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  3. hasuahs eu ri desse post, ainda mais no final, que ficou tipo final de filme hasuhas muito engraçado! Minha mãe nao tem face, e acho que nem pretende! o nosso mundo jovem, misturado com os mais velhos (com espíritos de adultos mesmo) nao combina muito, eles nao entenderiam muito nossas piadas! sdds daqui <3

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  4. Para alguns, mãe no facebook é realmente história de terror kkkk
    Até que tu te saíste bem.
    Ri um monte que o teu dilema.
    Agora se a tia é gata tem que postar mesmo, o que é belo tem que ser mostrado he he he.

    Beijos;.

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  5. Rsss ainda não tive essa experiencia + sei q vai acontecer


    http://www.jeitosimplesdeser.com.br/
    https://www.facebook.com/jeitosimplesdeser
    Boa dia

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  6. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Eu ri!
    E lembro que minha mãe descobriu que eu tava namorando pelo face. Porém minha mãe é mais contida. Apesar de já ter feito uns comentários constrangedores. Me chamando de Rei nas fotos e tals.
    Mas enfim, adorei a postagem!

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