quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Lobo e O Coyote - cap 3



Penúltimo Capítulo


“Eu acredito que era um lobisomem” – disse Sally.

“Então tal coisa é real? Foi de um lobisomem que eu te salvei, pequena?” – disse Billy.

“Eu não acreditaria se não o tivesse visto frente a frente!” – disse Sally.

“E o que uma pequena como você fazia sozinha a essa hora andando pelas ruas?” – perguntou Billy.

“Eu tinha ido ver meu pai na delegacia” – ela respondeu.

“Pelo o que ele foi preso?” – perguntou Billy.

“Não foi preso! Ele é o xerife e como não voltou hoje para casa eu fui levar algo para ele jantar”.

“Então já conversei algumas vezes com o seu pai! Sujeito simpático com os que visitam a cidade!”

“Perdoe-o, forasteiros costumam trazer problemas!”

“Como seu lobisomem? Acho que é um lobo forasteiro! Quer que eu a leve para casa ou para a delegacia? Mas dessa vez acho melhor levar a pistola!”

“Não, Senhor Coyote, em casa eu estaria sozinha, somos só meu pai e eu, e aquela criatura pode ter se soltado daquela cerca e pode ser perigoso. E o senhor não pode matá-la com balas comuns. Eu já li muitas coisas sobre lobisomens e é preciso uma bala de prata para matá-los!”.

“Billy! Já lhe disse para me chamar de Billy! Então onde pretende passar a noite?”

“Er... aqui?”

“Não nesse hall de hotel, não é pequena? Venha, vamos subir”.

Sally hesitou, ficando parada olhando para seu salvador. Billy e pegou pela mão e a conduziu ao quarto.

“Nesse hotel pelo menos temos cama macia. Eu vou acomodá-la” – disse Billy.

***

Contam que a bela jovem escapou assim das garras do Lobo, mas não escapou do Coyote!

No dia seguinte, bem cedo pela manhã, o xerife encontrou um sujeito nu desmaiado próximo a uma cerca.

***

O xerife McCamon, com a carabina, cutucou o homem nu desacordado.

“Acorde, vagabundo! Vou prendê-lo por atentado ao pudor, seu bêbado!” – disse o xerife.

O homem acordou e olhou em volta de si e depois olhou para o xerife.

“Eu não bebi, xerife! Eu viajava quando fui atacado por um fora-da-lei, pistoleiro! Ele me tomou a montaria e... não me lembro do que houve depois! O sujeito deve ter me golpeado e me levou até as roupas!” – respondeu o homem.

O xerife coçou a barba e torceu a boca pensando por algum tempo.

“Acho que você diz a verdade!” – disse o xerife desconfiando que o forasteiro que há alguns dias estava na cidade (Billy, claro) fosse o autor do assalto. Então o xerife jogou seu chapéu para o homem e disse – “Cubra sua vergonha com isso e venha comigo, vou lhe arrumar umas roupas para que você siga seu caminho como puder. Vamos logo antes que o povo da cidade acorde!”.

Na delegacia o xerife deu ao homem roupas usadas.

“O que pretende fazer?” – perguntou o xerife.
“Seguir minha viagem caminhando” – o homem respondeu.
“Certo. E pode ficar com o chapéu! Vai precisar para que o sol do oeste não lhe cozinhe os miolos” – disse o xerife, que então reparou marcas no pescoço do sujeito. – “O fora-da-lei te enforcou no momento do assalto?”.

O homem pensou por alguns segundos e respondeu “Eu... Eu acho que foi isso sim”.

“Bem, siga seu caminho, rapaz!” – respondeu o xerife.

***

Naquele dia à tarde o xerife tornou a encontrar Billy e novamente, montado em seu cavalo, se pôs carrancudo à frente de Billy. Ostentando a carabina, o xerife disse a Billy:

“Forasteiro, parece que eu estava enganado quanto aos cavalos e gados! Acho que seu ramo de atividade é outro! Anda assaltando à noite?”.

“Vejo que continua muito simpatizante de mim, xerife! Como escapei da acusação pelos cavalos e gado?” – respondeu Billy.

“Encontrei os animais mortos com a carne devorada! E sabe o que mais encontrei? Um viajante que foi enforcado até ficar desacordado e tudo o que tinha lhe foi levado! Você sabe algo sobre isso, forasteiro?” – disse o xerife.

“Essa estrela que traz no peito – de que é feita, xerife?” – perguntou Billy.

“Hã?! É de prata, mas por quê?” – disse o xerife. Mas antes que terminasse a frase, Billy tomou-lhe a carabina e o golpeou com ela, derrubando-o do cavalo em seguida apontando-lhe a própria arma tomada. Então o conduziu, sob a mira da carabina, até uma cerca onde havia cavalos amarrados e usando uma corda, que estava pendurada ali, Billy amarrou os braços e as pernas o xerife e o amordaçou com um lenço.

“Sinto muito por isso, xerife!” – disse Billy.

O xerife amordaçado tentava resmungar pela humilhação.

“Agora, com sua licença, preciso dessa estrela!” – disse Billy arrancando o distintivo do xerife. E acrescentou – “Ah! Estou um pouco cansado do termo ‘forasteiro’, o nome é Billy Coyote”.

***

Contam que o velho xerife McCamon borrou as calças quando ouviu o nome da boca de Billy! Rs rs rs.

Billy foi até um estabelecimento com placa de loja de armas.
O artesão de armas arregalou os olhos ao ver Billy colocar um distintivo de xerife sobre o balcão. Em resposta à expressão do artesão Billy disse: “Essa estrela foi um presente. Pode fabricar uma bala de colt com a prata dela?”.
O artesão achou melhor não contrariar um pistoleiro que talvez tivesse matado um homem da lei de quem teria obtido aquilo. E sob o olhar supervisionador de Billy, derreteu a estrela e moldou uma bala de prata.

“Obrigado, você foi muito prestativo!” – assim Billy despediu-se do artesão, que preferiu não cobrar o serviço.

Continua...


2 comentários:

  1. E vamos caçar lobisomem.
    O cara é corajoso mesmo, vai pegando logo a filha do xerife, se bem que este xerife se borra fácil kkkk.

    ResponderExcluir