segunda-feira, 16 de junho de 2014

Noite Maldita 4 - cap 3




Capítulo Três

Alguns dias depois...

– “Damon, esta é a Senhora Pritchard. Ela tomará conta de você, enquanto a mamãe estiver fora trabalhando. Ela também será sua nova professora” – Irene apresentou ao filho a governanta. Senhora Pritchard era uma professora aposentada e tinha licença para lecionar em casa.

Damon voltou seu olhar para a senhora grisalha, de coque e casaco pesado, que segurava uma pasta à frente com ambas as mãos.

– “Cumprimente a Senhora Pritchard, meu filho” – disse a mãe.

Damon permaneceu calado, seu olhar, no entanto era penetrante, como se pudesse ver a alma da senhora. A senhora sentiu um frio lhe subir pela coluna. A expressão de Damon não se alterou, e depois de mirar a senhora, voltou a desenhar.

– “Não repare, Senhora Pritchard, ele às vezes demora um pouco a se acostumar com pessoas novas” – Irene, sem jeito, procurou justificar.
– “Tudo bem, sem problemas, Senhora Lempke, logo Damon e eu nos daremos bem!” – respondeu a senhora.
– “Me chame de Irene, sem ‘senhora’! Venha, vou lhe apresentar minha vizinha, a Gina, qualquer coisa, além de me telefonar, a senhora pode chama-la, ela mora logo aqui ao lado!”.

***

Damon continuou fechado à Senhora Pritchard. Após duas semanas, numa tarde, perto do horário da Senhora encerrar seu expediente, ela se aproximou de Damon, que desenhava e tentou melhorar seu relacionamento com o menino.

– “O que está desenhando, Damon?” – a governanta perguntou.
– “É uma fazenda, Senhora Pritchard” – o menino respondeu mostrando o desenho.
– “Poxa, que bacana! É a fazenda que você quer ter?”.
– “Eu não quero ter, Senhora Pritchard, eu a tenho, é minha”.
– “Sim, claro! E o que é isso aqui?” – a senhora perguntou apontando para o desenho.
– “É uma pedra muito grande!”.
– “E isso aqui perto da pedra?”.
– “São pessoas mortas, Senhora Pritchard, não é fácil manter uma fazenda, às vezes é preciso algum sacrifício”.

A senhora estranhou muito o desenho e o que o menino dizia e o tom em que dizia.

– “Eu fiz esse desenho para a senhora, Senhora Pritchard” – Damon disse entregando outra folha que guardava à governanta.
A Senhora Pritchard sentiu um medo intenso ao segurar a folha, e estranhou muito o desenho.

– “Er... O que é exatamente, Damon” – perguntou engasgando.
– “Não está claro? Aqui é um ônibus” – o menino respondeu apontando sua ilustração.
– “Sim... Mas... e isso aqui... também é uma pessoa morta?” – a governanta perguntou sobre o desenho de uma mulher caída.
– “Esta é a senhora, Senhora Pritchard. Aqui está sua pasta, e aqui sangue saindo da sua cabeça”. – Damon respondeu apontando os detalhes do desenho.

A governanta deixou a folha sobre a mesa e deu passos para trás, entrando em pânico. Olhou por um instante para o menino, que permanecia sentado à mesa com a mesma expressão serena com que conversava com a governanta. Não eram apenas os desenhos e o que Damon dizia. A senhora sentia que Damon não era uma criança comum.

Em pânico a Senhora Pritchard, apanhou suas coisas e correu para a porta do apartamento de Gina.

– “Olha, você pode olhar o Damon por meia hora? Eu preciso ir mais cedo hoje! Depois eu falo com a senhora Lempke!” – Pritchard disse apressada à Gina, assim que esta abriu a porta.
– “Posso, mas não pode esperar dez minutos, estou com algo no fogo...” – disse Gina, sendo interrompida.
– “Eu preciso ir agora, ele está desenhando, adeus!” – respondeu a governanta e desceu apressada as escadas.

Gina se admirou e viu Pritchard descer o primeiro lance de escadas. Segurando uma colher de pau e preocupada com o fogão, Gina berrou para o lado do apartamento de Irene: “Damon, a tia Gina já vai, só vou tirar a panela do fogo!”.

Damon da janela observa a Senhora Pritchard cruzar apressada a rua. No meio da travessia sua pasta caiu, e a senhora instintivamente abaixou no meio da via para apanhar a pasta. Um breve instante, o suficiente para que um ônibus não fosse capaz de evitar apanhá-la em cheio.
Da janela, Damon assistiu à senhora Pritchard paralisada ao se levantar e gritar com os olhos esbugalhados, olhando para o ônibus, cuja freada soou alto. O impacto arremessou a governanta ao asfalto, fazendo-a bater forte com a cabeça, e morrer instantaneamente por traumatismo craniano.
Da janela, Damon sorriu satisfeito.

No instante seguinte, Gina entrou na casa de Irene, viu Damon à janela, e ouviu o barulho vindo da rua.

– “O que está fazendo aí, Damon?”.
– “Tem alguma coisa acontecendo, tia Gina, estou tentando ver o que é!”.

Ao chegar à janela, ela vê o ocorrido, reconhecendo a Senhora Pritchard. Imediatamente cobriu os olhos do menino, afastando-o da janela, e o abraçando.

– “Não olhe para isso, Damon” – disse, preocupada com a possibilidade do garoto se traumatizar ao ver um acidente com alguém de seu convívio, que acabara de deixar sua casa.

***

A agência providenciou imediatamente uma substituta. Uma jovem de nome Melinda, vinda do interior, recentemente pós-graduada, com muito boas indicações da universidade.

– “Damon, meu filho, se lembra de que lhe disse que a Senhora Pritchard não poderá mais vir ficar com você? Esta é a Senhorita Marinville! Ela ficará com você e será sua nova professora!” – disse Irene, apresentando a nova governanta ao filho.

Damon olhou para a jovem, que sorria simpaticamente. Ele a fitou por alguns segundos, então lhe sorriu de volta. O que surpreendeu Irene.

– “Vejo, que você simpatizou com a Senhorita Marinville!” – Irene comentou satisfeita.
– “Estou muito honrada em estar aqui para tomar conta de você!” – Melinda disse ao menino.

Damon assentiu com a cabeça e voltou a desenhar.


Continua...

4 comentários:

  1. Tá muito boa a sua história. Não perco a continuação por nada.
    Beijos

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  2. ou esta Melinda joga no time dele, ou vai ganhar um desenho rssss.
    Bjs

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  3. Amiga, estou super interessada em saber o que vai acontecer ...vc escreve muito bem!
    Como se comportará a nova governanta e Damon?
    Acho que gostou dela!!!!!
    bjus
    http://www.elianedelacerda.com

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  4. Não sei não eu acho ele quer mas amizade!!?

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