terça-feira, 24 de junho de 2014

Noite Maldita 4 - cap 4




Capítulo Quatro

Algumas semanas depois...

– “Senhora Lempke, eu poderia dormir aqui, se a senhora quiser. Creio que poderia, assim, auxiliar mais com o Damon” – Melinda disse à Irene, quando estava para ir, após o dia de serviço.

– “Não tomaria todo o seu tempo? Digo, você é jovem e...” – dizia Irene.

Melinda sorriu e, interrompendo, disse:

– “Não tenho tempo para namorados e coisas assim, Senhora Lempke. Nesse momento da minha vida estou mais interessada em economizar. Tenho poucos pertences, que poderiam caber em qualquer canto. E se eu não precisar mais pagar pelo quarto onde estou morando...”.

Irene entendeu que a moça pensava no futuro. E Damon aceitava muito bem a companhia de Melinda. Além de que, de fato, seria ótimo ter a jovem auxiliando em tempo integral.

– “Bem, tenho um quartinho de empregada, não é muito grande, você sabe, se ele estiver bom para você...” – respondia Irene.

– “É perfeito para mim, Senhora Lempke”.

– “Bem, então, quando vier amanhã pode trazer as suas coisas. Mas faço questão de aumentar seu ordenado pelo tempo integral!”.

– “Muito agradecida, Senhora Lempke” – Melinda respondeu, e em seguida despediu-se de Damon.

***

Algum tempo depois, Irene se lembrou de que havia convidado Gina e seu namorado, Ray para o almoço do dia seguinte.

– “Oi, Gina, Você pode ficar um segundinho com o Damon... Eu me esqueci de passar no mercado para comprar as coisas para o almoço de amanhã, e a Melinda já foi faz algum tempo... Pela manhã o horário ficaria apertado...” – disse Irene, ao ser atendida pela amiga e vizinha de andar.

– “Claro que posso ficar com Damon! Mas eu poderia ir ao mercado e comprar o que você queira para o nosso almoço amanhã!” – Gina respondeu, interrompendo.

– “Não! Faço questão de comprar, e é bom que posso escolher pessoalmente! Sabe, vai ser mesmo bom poder ter a Melinda em tempo integral aqui!”

– “A Melinda vai morar aqui? Isso vai ser ótimo pra você e o Damon...”.

– “Vai sim! Mas deixa eu ir logo, amiga, preciso pegar o mercado ainda aberto! Já volto!”.

Irene foi a pé ao mercado, afinal era muito mais simples do que pegar o carro na garagem do prédio, já que eram apenas algumas quadras.

Quando estava voltando com as compras, ao passar por um trecho pouco movimentado, percebeu que a estranha figura, com roupas que lembravam as vestes de um monge e que tantas vezes vira, a estava seguindo.

Primeiro apertou os passos, em seguida começou a correr. Mas o homem a alcançou, próximo à entrada de um beco.
Ele a segurou e começou a dizer coisas estranhas, com sotaque italiano.

– “Você precisa me ouvir, Irene! Damon não é uma criança! Ele é o espírito de uma maldição! Ele precisa ser detido, caso contrário instaurará o horror!”.

– “Por favor, me solte!” – dizia Irene em pânico.

– “Há sentinelas! Não pude falar com você de outra forma! Eles estão vigiando! Precisa escutar! Damon provocou a morte do pai, e também a morte de Glaxton! Eu vim de muito longe, eu demorei a ter certeza de que era você a esposa de Bryan! Nós nos enganamos quando pensamos que a maldição de Little Town estava extinta! Ele precisa do sangue dos Lempkes! Estamos perto de completar treze anos desde a última Noite Maldita!”.

Irene estava apavorada. Ele sabia seu nome, o nome do seu filho e de seu ex-marido, falava sobre Little Town, cidade de Bryan.

Um homem apareceu e agarrou o velho estranho.

– “Solte-a!”- gritou o homem para o velho, acertando-lhe um murro no estomago.

O homem segurou o velho com uma das mãos e levou a outra dentro do casaco, como quem fosse sacar uma arma, um revolver, talvez uma faca. E estava prestes a arrastar o velho para o beco, quando um policial apareceu intervindo na situação.

“Ei, ei, ei! O que está havendo aqui?” – perguntou o policial.

O homem, então, soltou o velho e disse ao policial: “Este louco estava atacando a esta senhora”.

– “Está tudo bem com a senhora?” – o policial se dirigiu à Irene.

– “Sim, senhor!”.

– “Grato pela sua intervenção, cidadão, antes que algo acontecesse à senhora. Agora deixe o trabalho da polícia para a polícia”. – o policial disse se dirigindo ao homem.

O homem pareceu contrariado em deixar que o policial lidasse com o velho. Disfarçadamente tirou a mão de dentro do casaco. E deixou o local, antes que o policial quisesse saber mais sobre ele. Foi embora sem tornar a olhar para Irene.

– “A senhora está bem mesmo? Precisa de algo?” – o policial insistiu com Irene.

–“Tudo bem comigo! Não preciso! Obrigada, policial!” – Irene respondeu e voltou para casa.

Enquanto voltava para casa Irene tentava se lembrar de onde conhecia o nome “Glaxton”, que o estranho velho mencionou. Ela se lembrou. Era o nome do padre que batizaria Damon. Irene também tinha a estranha sensação de que o homem que apareceu e agarrou o velho não lhe era completamente estranho! Mas onde, onde o teria visto antes, de onde se lembraria dele?

***

Quando viu Irene entrando, Gina se levantou depressa espantada com a expressão da amiga e o modo como ela estava ao entrar em casa.

– “Meu Deus, Irene! Você está pálida! E ofegante! Aconteceu alguma coisa?”.

Com uma mão no peito e controlando a respiração agitada, Irene respondeu sussurrado para a amiga:

“Eu fui atacada! Na hora um cara apareceu e me livrou dele. Depois te conto. Como está o Damon?”

Damon veio do quarto e perguntou à Irene:

– “Aconteceu alguma coisa, mamãe?”.

Irene o abraçou, e beijou-lhe a cabeça.

– “A mamãe só demorou um pouco, meu filho!”.

***

No dia seguinte, enquanto Melinda estava com Damon no quarto do garoto, Irene contou sobre o ocorrido à Gina, enquanto elas preparavam o almoço.

Gina se impressionava com o relato.

– “Que loucura, Irene!”.
– “E você achava que eu estava tendo visões e precisava ir ao psicólogo!”.
– “E que coisas estranhas ele disse?”.
– “Coisas estranhas demais. O que me assusta é que Damon possa correr algum perigo!”.
– “Nossa, agora estou me lembrando! Enquanto você estava fora ontem, teve uma hora em que Damon, de repente, parou de desenhar e disse que você estava demorando demais e que alguma coisa estava acontecendo! Eu lhe disse que você só deveria estar demorando nas compras!”.

***

Algum tempo depois, à hora marcada, Ray chegava para o almoço. Sendo recebido por Gina e Irene, que disse à Melinda para vir com Damon, para apresenta-lo ao namorado da amiga.

– “Damon, este é Ray, namorado da tia Gina” – disse Irene ao filho.

Ray se ajoelhou em frente a Damon e conversou com o garoto.

– “Prazer em conhecê-lo, Damon!”.

– “Prazer, Ray. O senhor trabalha com segurança, não é?” – Damon disse a Ray.

Gina comentou com Irene: “Tá vendo como as crianças são espertas? Damon prestou a atenção quando te contei que Ray trabalha como segurança!”.

Ray sorriu para Gina e Irene, como quem se divertisse com o garoto. Então, voltando-se a Damon, respondeu:

– “Sim, senhor Damon, eu trabalho como segurança”.

– “Sentinelas precisam ser muito, muito atentos em seu trabalho. Pequenas falhas na segurança podem trazer muitos problemas!” – Damon respondeu em tom sério.

Os adultos se divertiram com a esperteza do menino.


Continua...


3 comentários:

  1. Sentinelas.... humm coitada da mãe do Damon.

    Bjs

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  2. estou amando ler seus textos,amiga!
    nossa, coitada da mãe de Damon, será que ele tem algum poder mesmo sobrenatural e malígno?
    Estou ansiosa pelo próximo capítulo!
    Bjus querida
    http://www.elianedelacerda.com

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