quinta-feira, 17 de julho de 2014

Contos Trash de Aline Thompson



O Balanço


–“Olhe, Phil! Tem um balanço naquela árvore do jardim! Ele me faz lembrar de quando eu era criança e adorava balançar em um que papai fez pra mim, em nossa casa!” – disse Audra ao marido, logo que o casal Reardon, chegara para ver a casa que viriam a adquirir em Princeton - Maine. Uma bela casa vitoriana em ambiente campestre, com vista para a floresta.

Após a mudança, Audra arrumava um dos quartos do segundo andar da casa, quando experimentou a vista da janela, observou de lá, o balanço na árvore do quintal.
O balanço se movia, para frente e para trás.

– “Que estranho, Phil! O balanço está se movendo como se tivesse alguém nele!” – comentou com o marido, que cuidava de alguns papeis de seu trabalho, no cômodo contíguo.

– “Com certeza é o vento, querida!” – ele respondeu de lá.
– “Deve ser” – assentiu a esposa.

Audra tornou a observar o balanço, que continuava a se mover. Mas percebeu que as folhas da copa da árvore não se moviam como fariam com o vento, estando completamente paradas. Ela abriu a janela para confirmar a ausência do vento.
Então ouviu baixinho uma voz de criança cantarolando. Estranhamente parecia vir do balanço no jardim.

– “Querido, sabe se os vizinhos ao lado têm crianças?” – perguntou Audra.
– “Não sei, meu amor. Os corretores não comentaram nada sobre isso e não tive contato com os vizinhos. Isso tem alguma importância?” – disse Phil.
– “Não, nenhuma. Apenas me pareceu ter ouvido uma menininha cantando lá fora!” – respondeu a esposa.

Audra tornou a olhar pela janela. Acreditou que a voz infantil viesse de qualquer lugar próximo, parecendo vir do jardim pela ilusão acústica. Mas lhe intrigava o movimento do balanço.

– “Phil, não está ventando, não pode ser o vento que está movendo o balanço”.
– “Deve ter sido nosso cão, que passou lá e esbarrou nele!” – Phil respondeu sem dar importância ao assunto.

Não poderia ser o cão – pensou Audra. O balanço não se moveria tanto tempo, além do mais, se o fosse, o balanço já teria diminuído seu movimento e parado há algum tempo, mas mantinha-se constantemente no ritmo. Ela, então, voltou à janela e observou que o cão dormia tranquilamente, próximo ao portão, e muito distante do balanço.

– “Phil, não foi o cachorro!”.
–“Ah, Audra, pode ser alguma criança. Você não escutou crianças lá fora?”.
A esposa voltou a observar o balanço. Ele continua a se mover, sempre no mesmo ritmo. Audra se manteve na janela, observando.
Então, repentinamente, o balanço parou, causando ainda mais estranheza para a esposa.
E em seguida, retomou o movimento e o ritmo.
Avaliando o mistério, Audra se deu conta que da janela, não lhe era possível ver o galho, onde as cordas do balanço estavam presas, e, poderia haver alguma criança oculta na copa da árvore, se distraindo em fazer o balanço se mover.

– “Phil, pode ir ao jardim e verificar a árvore do balanço?”.
– “Meu Deus, Audra! Eu estou ocupado com o trabalho! Depois vou lá, se quiser!” – bramiu o marido.
– “Acho que tem crianças na copa da árvore!” – a esposa insistiu.
– “Por que você, que não está ocupada, não vai lá e diz para elas que não podem entrar no nosso quintal?” – o marido respondeu.

Audra se irritou com a resposta do marido e resolveu ir jardim.
Quando ela chegou ao quintal o balanço estava parado. Ela foi a passos apressados até a árvore, investigar se haviam crianças em seus galhos.
Mas quando estava diante do balanço viu algo, que lhe fez gelar de medo. Algo que não vira lá de cima. O balanço estava vazio, contudo a sombra no chão era a de uma menininha sentada no balanço.
Audra quis gritar, mas a voz não lhe saiu, seu coração disparou, as pernas lhe falharam primeiro, e quando conseguiu se mover tentou correr, mas sentiu-se agarrada pelos tornozelos e caiu na grama. Tentava gritar, mas engasgava sem conseguir. Ouviu uma vozinha de menina dizer “alguém pra brincar comigo”. Começou a ser arrastada para o balanço, tentou infrutiferamente se agarrar na terra.

Horas depois, quando Phil procurou pela esposa, foi ao jardim, onde a encontrou sentada no balanço com os ombros apoiados nas cordas Audra pendulava morta.



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