sexta-feira, 3 de abril de 2015

Os Sanfoneiros e a Sexta-feira da Paixão.


A história de hoje, um senhor conhecido meu, me contou tê-la ouvido em um programa de rádio nos anos 1960. Achei muito divertida e por isso resolvi contá-la aqui. Mas fique registrada a origem da história.


Era uma sexta-feira santa... Em uma região rural, dois homens percorriam um longo caminho em estrada de terra. Iam buscar uma sanfona, uma vez que a que possuíam havida dado problema, e na noite seguinte, a do sábado de aleluia tocariam em um forró.

Depois que pegaram a sanfona que foram buscar, quando estavam para iniciar o caminho de volta, um dos amigos sugeriu:

“Acho que deveríamos testar a sanfona, compadre! Imagina se não estivar boa! Teríamos que voltar aqui, e não sei se daria tempo antes do forró!”.

“Mas, compadre, hoje é sexta-feira santa e você sabe que não se pode tocar sanfona!”.

“‘Ara’, mas só um acorde, e isso a modo de verificar a sanfona apenas! Não há de ser mal!”.

O homem então tocou um acorde. Os amigos ouviram outra sanfona responder ao longe

“Tá vendo? E isso?”.

“Larga a mão de ser besta deve ser o eco! Bem, ela tá funcionando, vamos seguir nosso caminho de volta, que temos muito o que andar!”.

“Toca de novo! Pra gente ver se é mesmo o eco, ou é outro sanfoneiro aí pelas estradinhas!”.

O sanfoneiro tocou novamente. Dessa vez um acorde com intervalo de sétima – chamado em música de acorde de preparação. Os companheiros ouviram, então, a outra sanfona ao longe responder tocando o acorde maior correspondente ao de preparação.

“Ouviu isso? Não é eco, é outro sanfoneiro por perto!”.

“Ainda não ‘to’ gostando disso! Outro sanfoneiro a essa hora da madrugada numa sexta santa, não acha estranho?”.

“Olha o tanto que é cismado!”.

O sanfoneiro, então, tocou a primeira parte de uma frase musical. A sanfona misteriosa, então, completou a frase. – Mas dessa vez pareceu estar mais próxima

Crendo que o sanfoneiro oculto fosse algum conhecido deles, os companheiros começaram a gostar da brincadeira de tocar e ouvir o outro responder. A cada vez que o sanfoneiro misterioso respondia parecia estar mais perto.

Quando já estavam em frente à porta da casa de um deles, o amigo com a sanfona tocou mais uma frase musical. Dessa vez a outra sanfona soou bem atrás deles.
Ambos os amigos se viraram risonhos e alegres para verem que seria o outro sanfoneiro.
Mas jamais esperavam ver aquilo com se depararam!

Quando os amigos olharam para trás deram de cara com o próprio Demônio e sua forma bizarra. Viram sua face horrenda, seus chifres, o longo rabo, o corpo coberto de pelos negros, os olhos vermelhos como o fogo do Inferno, seus pés de cascos de animal, e ele tinha nas mãos a sanfona com que estivera respondendo aos amigos

Os dois correram apavorados para dentro da casa, implorando ao Senhor que os perdoassem e os livrassem do Cão. E nunca mais ousaram faltar com o respeito com a sexta-feira santa!

O Diabo foi embora rindo bastante.



2 comentários:

  1. bom dia querida Aline.. e não duvido que algo assim aconteça... meus pais sempre falaram nessas coisas de não fazer barulho.. mas o que vemos hj é só um desrespeito.. vi vários passando com a porcaria do funk todo volume.. sem falar que meu tio que cuida num restaurante.. até carne vermelha serviram.. não há respeito.. depois não sabem pq certas coisas acontecem né.. beijos querida amiga.. segunda devo postar algo.. até sempre

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  2. Eu também acredito que coisas assim possam acontecer, meus pais contam que não podiam ouvir música, ligar tv e nem falar alto na sexta-feira santa, minha vó falou que nem os cabelos podiam ser penteados!
    Hoje a única tradição que ainda é respeitada é a de não comer carne vermelha e mesmo assim apenas na sexta e não durante o tempo que deveria ser respeitado, talvez isso explique o caos que o mundo enfrenta atualmente!

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